quarta-feira, fevereiro 01, 2017

conta quilómetros

Um dia saíram juntos. Andaram 100 quilómetros e regressaram. Noutro dia, quando deram por isso já tinham chegado aos 200 quilómetros. Tornaram a voltar. A cada novo encontro, maior era a distância percorrida, maior o tempo e o esforço para o regresso. Um dia perceberam que estavam a milhares de quilómetros do ponto de origem e que regressar se tornara impossível.

Então, viveram.

quinta-feira, junho 23, 2016

Minimalismos

- Consegues descrever um amor perfeito numa única frase?

- Claro que sim.

- Então diz lá.

- Antes de me fazer vir, tem que me fazer rir.

segunda-feira, abril 04, 2016

Mesmo ausente há tanto tempo, não perco a oportunidade de vos causar uma má impressão

Querid@s leitor@s, quem vos fala é uma pessoa com uma licenciatura, uma pós-graduação e um mestrado. Alguém dotado de elevadas capacidades intelectuais que se tornou possuidora de uma impressora, gentilmente cedida pela sua irmã, que desde logo alertou para prolongado desuso do dito equipamento, e que por isso carecia de lhe serem colocados novos tinteiros.

Hoje, munida da referência precisa da impressora, lá foi a licenciatura, pós-graduação e etecetera comprar os tinteiros que serviriam na dita cuja. E por favor, não me ofendam com essa ideia mesquinha de que não fui capaz de comprar os tinteiros certos. É só saber ler, pelamordedeus, entra-se na loja, olha-se para as embalagens, vê-se a marca e o modelo e voilá, toma lá 57€, dá cá os tinteiros.

Cheguei a casa. Abri a impressora e fui colocar os tinteiros. Não serviam de maneira nenhuma.
E atenção, eu não sou propriamente inexperiente nisto de colocar tinteiros em impressoras. Já tive várias e sempre fui garota de colocar os meus próprios tinteiros nos respetivos lugares que lhes competem. Nunca, mas nunca, ficou um tinteiro por colocar. Hoje, depois de meia hora a marrar com a bicha do demónio sob o nome infame de "HP Photosmart", com as mãos, impressora e tudo à volta esborratado de tinta, cartuchos teimosamente a não encaixar em lado nenhum, descabelada e furiosa, fiz a primeira de duas coisas razoáveis desde que tinha chegado a casa: primeiro, chamei a minha sobrinha, pedindo ajuda ao mesmo tempo que me lamentava do triste karma da minha vida, sobre como tudo à minha volta é castastrófico e nada me corre bem. A miúda, perante o meu desespero e suponho que o receio de que eu pegasse fogo à casa, vestiu-se a correr e descambou pela rua abaixo, com risco da própria vida. A seguir, fui à internet.

O resultado da minha pesquisa levou-me a um brasileiro no youtube a explicar como se punham tinteiros em impressoras de uma forma que me era claramente dirigida, já que parecia que ele falava para um qualquer atrasado mental. Embora o tom paternalista estivesse apenas a contribuir para aumentar o meu estado de nervos, continuei a ver. Poucos segundos depois, já enrubescida pela humilhação, voltei a olhar para o cu da minha impressora. Os tinteiros velhos ainda lá estavam. Os tinteiros velhos ainda lá estavam.

OS TINTEIROS VELHOS AINDA LÁ ESTAVAM.

Removi os tinteiros velhos. Introduzi os tinteiros novos. Imprimi a folha de teste. Quando a minha sobrinha chegou ofegante e pronta para me levar para o hospital, encontrou-me na cozinha a lavar as mãos com água quente, detergente da loiça e um esfregão abrasivo.

terça-feira, março 24, 2015

Transcendência

- Tantas pessoas no mundo e não há ninguém para mim.

Dito isto, encolheu os ombros e seguiu o seu caminho.

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

terça-feira, dezembro 02, 2014

Natureza morta

Era uma vez um fotógrafo de excelência, reconhecido e respeitado pelo seu olhar sobre o mundo. Bem protegido por trás da sua preciosa câmara, retratava a vida e assim se escondia dela, aterrorizado. De cada vez que carregava no botão, convencia-se a si próprio de que também ele estava vivo.

terça-feira, julho 08, 2014

Que tempos, estes

No início de cada ano, oferecia-lhe sempre uma agenda. Arranjou aquela maneira de lhe dar o tempo que não tinham.

Figura pública

A dona de todas as verdades, decisora certeira no limite de cada momento, seguida e idolatrada por milhares, fechou a porta atrás de si. Sentada no chão e em silêncio, chorou sozinha as suas angústias.

quarta-feira, abril 02, 2014

Introdução teórica aos gurus do emagrecimento

Leitores e leitoras, desenvolvi uma aturada investigação científica e apurei um conjunto de propostas verdadeiramente credíveis e infalíveis ao nível do emagrecimento, que agora venho partilhar convosco! (Na verdade folheei uma revista enquanto chafurdava numa torrada ensopada de manteiga, hoje de manhã, mas vai dar ao mesmo). Então, tomai nota:

Uma coisinha leve para começar: o "Body-Slim" é um adelgaçante com cafeína, que me inspirou logo a tomar mais um café, só mesmo naquela, mas acho que tenho que aumentar para 5 litros por dia para ver algum resultado, se calhar.

A "My Clinique", nutrição e estética, promete fazer-nos nascer de novo, sem gordura localizada e com menos uns "aninhos". Mas meus queridos, se é para nascer de novo não é com menos uns aninhos, é sem os aninhos todos. E ainda se tem que passar outra vez pela adolescência?... Hum, não sei se me apetece emagrecer a esse ponto... Adiante.

A "Clínica de Nutrição de Lisboa" fala de mais firmeza sem cirurgia. A "Body Concept", de uma estética que funciona e da confiança de ser mulher. Portanto, firme e confiante, gira e funcional, e isto tudo sem ir à faca. Espectacular. Mas isto sem nascer outra vez, atenção, que em matéria de reencarnação é com a clínica dos outros senhores.

Mas falemos de coisas sérias, vamos lá a encarar a coisa de frente. É para ficar magra? Então é preciso passar fome, darlings, toda a gente sabe isto! A "LEV" é por isso muito mais honesta, mas como eles são muito simpáticos e também querem vender coisas dizem antes assim, está na hora de substituir alimentos por refeições ricas em proteínas e suplementos vitamínicos e minerais. Ah, assim está bem, dito desta forma passar fome até parece ser uma coisa mesmo muito agradável.

E finalmente, a já clássica "Clínica do Tempo" oferece lipoaspiração não-invasiva, sem anestesia, sem cortes e sem tempo de recuperação. E sem ter que ir às consultas nem pagar? É que assim estaria perfeito. Pensem nisso, amigos, falta-vos só um bocadinho assim.

E pronto, mais um contributo fundamental para a investigação científica e SEM DIREITO A BOLSA! Para os incautos que duvidam do rigor do meu estudo, saibam que a minha fonte foi a Revista "Caras" da última semana de Março.

A conclusão do estudo, como quase sempre acontece quando a investigação é de elevada profundidade, termina com outra questão que convida agora outros arrojados cientistas a prosseguirem na busca da verdade:

Mas porque diabo, se há tantas e tão fáceis e tão boas soluções para emagrecer, ANDA POR AÍ TANTA GENTE GORDA, PÁ?... Não lêem revistas, tu queres ver?...

terça-feira, março 11, 2014

domingo, março 02, 2014

Manual de sobrevivência para mulheres solteiras #11/12

11. Encontras muitas alegrias na companhia dos gatos. Não te rales com insinuações palermas sobre leis da compensação. Os gatos não são compensação para nada. É apenas bom olhá-los nos olhos e sentir que lhes pertencemos.

domingo, fevereiro 23, 2014

Manual de sobrevivência para mulheres solteiras #10/12

10. Toma cuidado, não vão as regras para a sobrevivência tornar-se mais importantes que as próprias vivências. Se tal acontecer, deves parar para reflectir. Volta à regra n.º 5 sempre que necessário.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Manual de sobrevivência para mulheres solteiras #9/12

9. Receita para combater o envelhecimento: investir na carreira profissional. À medida que ficares enrugada, não te faltará dinheiro para comprar bons cremes.

domingo, fevereiro 16, 2014

Manual de sobrevivência para mulheres solteiras #8/12


8. Se não tiveres companhia nas férias, vai sozinha. Na certeza de que a experiência será bastante melhor do que esperas, não sendo tão boa quanto imaginas.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Manual de sobrevivência para mulheres solteiras #7/12


7. Ao longo da tua vida de solteira, vão começar por perguntar-te se já namoras. Mais tarde, perguntar-te-ão quando é que te casas. Por outro lado, amigas e conhecidas tuas casadas e com filhos irão falar do quanto te invejam, porque acham que tens tempo para fazer imensas coisas interessantes que elas não têm oportunidade de fazer. Para todas estas conversas, se não vires nelas maldade, basta que tenhas previamente preparado um sorriso de mofa e uma resposta tão superficial quanto o conteúdo das observações. A mais não estarás obrigada.