domingo, julho 26, 2009

É que não há limites para a competição feminina

Ele (casual, descontraído): Eh pá, que noite tão agitada. Tive dois sonhos eróticos!...

Ela (curiosa, fingindo-se indiferente): Sim?... Com quem?...

Ele (sincero, totalmente inconsciente do perigo): Um deles, contigo. O outro, com uma garota que já não devo ver há uns 20 anos. Que raio de coisa...

Ela (ligeiramente ressabiada): Então e qual dos dois é que foi melhor? O que tiveste comigo ou o que tiveste com a outra?!...

sábado, julho 25, 2009

Assim, sem mais nem menos...

... vem a pergunta do banco de trás do carro, saída do pirralho com 9 anos:
- Já cometeste erros?

A resposta, politicamente correcta porém sincera, sai em tom pedagógico e afectuoso:
- Ehr... Já, claro, sabes que é normal errar, toda a gente comete erros...

Breve pausa e nova pergunta:
- Que erros cometeste?...

Resposta irreflectida, deitando abaixo toda a pedagogia da anterior:
- Queres que te fale do maior de todos, ou ficamo-nos por um ou outro mais corriqueiro?!...

(esta miudagem pequena não imagina o que são 37 anos de bagagem emocional!...)

quarta-feira, julho 22, 2009

Rotinas de Verão

São boas. Mesmo com um tempo meio estranho, agradam-me estes dias a um ritmo menos acelerado.

Sair de casa mais tarde porque já sei que não há trânsito e há mais lugares disponíveis para estacionar. Ler o jornal enquanto se toma o pequeno-almoço sentada, com calma.

Invariavelmente pergunto-me qual a razão objectiva de não me dar a estes luxos também no resto do ano. Aparentemente, nenhuma. Mas a verdade é que... não dá. Porque é preciso chegar cedo para adiantar qualquer coisa, porque o telefone começa a tocar antes das nove da manhã e se calhar depois das nove da noite ainda não parou, porque por mais livros de auto-ajuda que a malta leia, não me venham com tretas, o ritmo não somos nós que o queremos assim, mas não querendo ficar para trás, resta-nos correr atrás dele.

Ah e tal, mas só é assim porque queres, ou permites, ou qualquer coisa do género. É verdade. A opção por um ritmo menos exigente é sempre possível. Lá chegaremos, o Alentejo não se vai acabar tão depressa.

Por agora, é aproveitar bem o prazer das rotinas de Verão. Ou como diria alguém, aproveitar as descidas, que as subidas custam muito...

terça-feira, julho 07, 2009

Requiem

A questão é que penso demasiado na morte, ultimamente. E não é por nenhuma tendência suicida, por mania ou outro qualquer problema do foro mental. É só porque há alturas em que a consciência da morte se impõe mais do que outras, e esta é seguramente uma delas.

Toda a gente sabe que a morte existe e não poupa ninguém. Toda a gente se depara por vezes com esse olhar sobre si próprio, sobre aqueles que ama, e nessa altura pensamos, existe esta coisa da morte que faz com que tudo termine. A grande vantagem é logo de seguida a nossa cabeça se ter que ocupar com outras coisas da vida, e rapidamente o nosso cérebro produz aquele pensamento reconfortante, está bem, isso vai ser assim, mas por enquanto ainda não, segue em frente.

Acontece que por estes dias a morte materializa-se e não me permite esse conforto. Curiosamente, já há uns meses me deu um sinal muito claro, quando me acidentei na Auto-Estrada, e só por mera casualidade (essa entidade de longe muito mais misteriosa que a própria morte), aqueles segundos não foram os meus últimos e/ou os últimos de quem ia comigo. Qual dos dois cenários o pior.

Mas a maior consciência da morte vem hoje em dia dos meus pais, especialmente da minha mãe, à medida que a vejo mais debilitada dia após dia. A pergunta que se impõe é o que fazer, não contra a morte em si, porque essa já sabemos que nada podemos contra ela, mas o que fazer face ao tempo que antecede a morte, face ao sofrimento físico, mental e emocional inerente aos dias que passam sem que possamos ser aquilo que sempre fomos. E que pode ser de dias, meses, anos.

O que fazer? O que é que cada um de nós (filhas, netos, marido) podemos e estamos dispostos a fazer, que sacrifícios poderemos nós fazer em nome de algo que diminua esses sofrimentos? E se o que fizermos apenas contribuir para os aumentar? E se aquilo que imaginamos ser apoio e bem-estar para os dois for apenas infelicidade, isolamento, abandono? E se com isto estivermos a abrir as portas à demência para quem está são?...

Hoje, no dia em que os levo a ambos ao funeral de um parente próximo, todos mais ou menos da mesma idade, temos bem presente a consciência de que qualquer um deles poderá ser o próximo, tal como diz a anedota. Não imagino, não consigo imaginar quanto me fará sofrer a morte dos meus pais. Mas tenho já uma noção muito clara do quanto me atormenta a ideia de que, pelas minhas acções bem intencionadas, possa estar a contribuir para que qualquer um deles morra mais depressa, ou lhes traga mais sofrimento à sua vida.

Estou certa de que nada pode continuar como está, e por isso alguma coisa tem que se fazer. Mas levar os meus pais para uma instiuição está a ser das decisões mais dolorosas que já tive que tomar em toda a minha vida.