domingo, junho 03, 2012

Considerações de uma mulher de meia-idade que foi ao Rock in Rio

- Afinal ir ao Rock in Rio é mais ou menos como ir à praia: a malta faz umas sandes, compra sumos de pacote e mete o protector solar na mochila.

- Afinal estar no Rock in Rio é mais ou menos como estar no parque de campismo: há fila para comer; fila para fazer xixi; fila para tomar café.

- Afinal estar no Rock in Rio é tomar consciência da moda deste ano adoptada pelas adolescentes no que toca a vestuário. Alguém já se apercebeu? Eu só dei conta naquele dia, parecia que andavam todas fardadas. Calções (muito) curtos, de cintura subida. Vestidos por cima de collants (!), vulgo meias de vidro, indiferentes à temperatura acima dos 30 graus. É claro que usados de forma generalizada (pois se é moda), tanto pelas que saem favorecidas, como por aquelas que ficam um total desastre com aquilo vestido. Sendo que, depois de umas horas espojadas pelo meio do chão, não há collants que resistam e é ver malhas pelas pernas abaixo, deixando-as a todas com um aspecto mais ou menos igual, com um certo ar de prostituta gasta por muitos anos de profissão, o que de certa forma é a democratização do mau aspecto. É a justiça feita às gordas que nunca deviam ter optado pelos calçõezinhos logo de início e justiça feita a mim, que na idade delas também teria andado com uns vestidos, sem que o meu corpinho mo permitisse.

- Afinal o que é que se passa com as tampas das garrafas de água, pá? Deixem estar que para a próxima já não me apanham com esta. A vantagem de não vestir calções curtos é a quantidade de sítios onde imagino ser possível esconder tampas de garrafas de água, seus palermas...

- Afinal o que realmente vale a pena no Rock in Rio são mesmo os concertos. Não fosse pela experiência avassaladora de ver e ouvir os artistas do nosso coração, se calhar nalguns casos em oportunidades únicas, aquilo não seria mais do que uma concentração excessiva de pessoas e de hormonas de reprodução num espaço limitado, ainda por cima cheio de pó e de mershandising.

Mas assim, com a alma cheia de música, mal posso esperar pelo cartaz de daqui a dois anos, para decidir em que dia vou outra vez.