quinta-feira, dezembro 11, 2008

Natal: a saga #1

Prendas a comprar: 11 (mas aposto um braço em como me estou a esquecer de alguém)

Ideias concretas sobre prendas a comprar: 2

Horas passadas hoje às compras: 6

Prendas compradas: 1 (e 1/2)

Quilómetos percorridos de carro: 87 (boa parte deles a tentar estacionar)

Quilómetros percorridos a pé: 5.973

Tentativas frustradas de encontrar estacionamento perto de uma superfície comercial: 1 (Há muito mais jovens preocupados com o seu futuro do que eu imaginava, ou então não)

Fatias de bolo-rei comidas vorazmente para dar conta da frustração: 2 (podia ter sido pior)

Amanhã é outro dia, e coiso e tal...

segunda-feira, novembro 24, 2008

Salsicha não te desgraces

Este é dos blogues mais engraçados, bem escritos e imaginativos que tenho encontrado, no género "blogue de gaja".

A maior pena que tenha é não ser eu a escrevê-lo! :-)

segunda-feira, novembro 17, 2008

A aula de ginástica mais cara da minha vida

Deve ter sido hoje.

Indo eu atrasada, a grande velocidade a caminho do ginásio, não parei numa passadeira na qual tentavam atravessar dois cidadãos, que se viram obrigados a parar para eu passar.

Eram dois polícias de segurança pública.

Ainda tive tempo de ver pelo espelho retrovisor um deles a puxar de um bloco de notas e de uma caneta, daí que tenha ficado com esta ideia, não sei...

Episódio vagamente semelhante a um sketch de gato fedorento

(No balcão do bar do ginásio, depois da aula)

- Vem buscar a sopinha?
- Sim, se faz favor.

(embrulhando a sopa)

- Então, correu bem o treininho?
- Sim... Depois não se esqueça de registar também a água que levei há pouco...
- Uma aguinha de meio-litro, certo?
- Certo (inho).

quinta-feira, novembro 13, 2008

A viagem do Elefante

"(...) Comandante, a religião hinduísta é muito complicada, só um indiano está capacitado para compreendê-la, e nem todos o consequem, Creio recordar que me disseste que és cristão, E eu recordo-me de ter respondido, mais ou menos, meu comandante, mais ou menos, Que quer isso dizer na realidade, és ou não és cristão, Baptizaram-me na índia quando eu era pequeno, E depois, Depois, nada, respondeu o cornaca com um encolher de ombros, Nunca praticaste, Não fui chamado, senhor, devem ter-se esquecido de mim, Não perdeste nada com isso, disse a voz desconhecida que não foi possível localizar, mas que, embora isto não seja crível, pareceu ter brotado das brasas da fogueira. Fez-se um grande silêncio só interrompido pelos estalidos da lenha a arder. Segundo a tua religião, quem foi que criou o universo, perguntou o comandante, Brama, meu senhor, Então, esse é deus, Sim, mas não o único, Explica-te, É que não basta ter criado o universo, é preciso também quem o conserve, e essa é a tarefa de de outro deus, um que se chama vixnu, Há mais deuses para além desses, cornaca, Temos milhares, mas o terceiro em importância é siva, o destruidor. Queres dizer que aquilo que vixnu conserva, siva o destrói, Não, meu comandante, com siva, a morte é entendida como princípio gerador da vida, Se bem percebo, os três fazem parte de uma trindade, são uma trindade, como no cristianismo, No cristianismo são quatro, meu comandante, com perdão do atrevimento, Quatro, exclamou o comandante, estupefacto, quem é esse quarto, A virgem, meu senhor, A virgem está fora disto, o que temos é o pai, o filho e o espírito santo, E a virgem, Se não te explicas, corto-te a cabeça, como fizeram ao elefante, Nunca ouvi pedir nada a deus, nem a jesus, nem ao espírito santo, mas a virgem não tem mãos a medir com tantos rogos, preces e solicitações que lhe chegam a casa a todas as horas do dia e da noite (...)"
José Saramago, A Viagem do Elefante

quinta-feira, novembro 06, 2008

Ódios de estimação

A senhora doutora antes de o ser, já o era. Soube sempre o que queria e chegou lá depressa. Nada se atravessou no seu caminho.

Programou a sua vida ao minuto e ao segundo, escolheu a dedo amigos e namorados, estes sim, que são respeitáveis e estão feitos à minha imagem e semelhança, estes não, que são inconstantes e embebedam-se, não vão à igreja, são promíscuos. Agora estudo, agora namoro, agora saio com amigos e sou muito divertida, agora caso-me e sou uma mãe de família exemplar e só me dou com gente ao meu nível. Hoje em dia é uma mulher de suceso.

Outra senhora doutora usa o título mas não o deixa entranhar-se.

Demorou muito tempo a crescer e a perceber o que queria, avançou por tentativa e erro, seguiu por caminhos pouco utilizados e isso trouxe-lhe do melhor e do pior. Portou-se mal, teve amantes, não acredita nos deuses das igrejas, nunca casou. Hoje em dia é uma mulher de sucesso.

Encontraram-se hoje por acaso, velhas conhecidas do tempo em que uma e outra não eram mais do que um projecto de mulheres adultas. Caminhos opostos percorridos, a animosidade desses tempos foi a mesma nestes tempos. Os sorrisos foram amarelos, os cumprimentos hipócritas. Ambas preferiam não se terem encontrado, não se respeitam mais hoje do que há 15 anos atrás. Apenas um pouco mais de base, baton e talvez, mais uns centímetros nos saltos dos sapatos.

Acontece que hoje, uma delas estava mais bem vestida, eh eh....

terça-feira, outubro 28, 2008

Mamas para que vos quero

De vez em quando, a mim como a toda a gente, acontecem coisas que não lembram a ninguém. E digo a mim como a toda a gente, porque embora seja habitual o recurso à expressão "isto só comigo!", mal seria que realmente o fosse, que era no mínimo uma grande injustiça para com a minha humilde pessoa, que certas coisas só se passassem comigo, logo eu que não faço mal a ninguém, para além de que ficava eu com o exclusivo de coisas para contar no blogue do género "isto só comigo", e as outras pessoas não tinham nada para contar, o que era chato.

Mas realmente, isto há coisas que só comigo. E assim introduzo a problemática da mama, ora aí está, dirão alguns, até que enfim vem aí algum assunto com interesse, por esta altura já finalmente captei a atenção de todos os que não desistiram logo ao primeiro parágrafo, para além de que a partir daqui vai ser vê-los a cair que nem tordos à procura de mamas, mais outra, isto nas próximas semanas o contador de visitas vai andar sem saber para que lado se há-de virar.

Falemos pois de mamas, mas aviso já, caro leitor e/ou pesquisador incauto, que não se vai tratar bem disso de que anda à procura. Mas como não quero deixar nenhum cliente insatisfeito, tenha a bondade de clicar aqui, e faça o favor de ir à sua vida. Obrigadinha.

Levei as minhas mamas a fazer uma ecografia mamária. Coisa banal, julgava eu, mas como disse, há coisas que só comigo. Que o meu ginecologista acha que eu, com 36 anos, sem nunca ter fumado um único cigarro na vida (é verdade, nem sequer para experimentar), nem queixas de coisa nenhuma, não tem necessidade de fazer mamografia antes dos 40. E eu, tudo bem. Lá fui eu, as mamas, a requisição do médico, bater de frente com uma outra médica que diz não senhor, a partir dos 35 ou faz as duas coisas ou não faz nenhuma. Se vem para fazer "eco" tabém tem que fazer "mamo", o seu médico é uma besta que só a manda fazer uma coisa quando devia mandar fazer as duas e ponha-se mas é a andar que já me está a maçar.

O meu doutor ginecologista (porque será que esta especialidade médica me dá sempre tanta história para contar na minha vida, valha-me a santa) manteve o que disse. Não vê necessidade nenhuma de uma mamografia. Solução? "Vá a outro lado"!...

E uma pessoa fica assim a perguntar-se quem terá razão. Já não é a primeira vez que penso nisto, dantes havia certos profissionais no mundo nos quais era suposto ter-se uma total confiança. Hoje em dia já não é mesmo nada assim. Sinto muitas vezes que antes pelo contrário, temos é que arranjar maneira de nos apetrecharmos para podermos defender os nossos interesses apesar da existência deles!

É realmente bizarro que para se lidar com os médicos o melhor seja também sabermos alguma coisa de medicina, que para se entender os advogados seja melhor irmos nós estudar as leis, para se falar com os informáticos tenhamos que... não, espera. Aí não adianta de nada estudar informática. No caso dos informáticos nada que a gente leia nos ajuda, estamos nas mãos deles. E nas dos mecânicos de automóveis também.

Médicos e advogados tudo bem, a gente pesquisa umas coisas na net, lê umas merdas e ficamos mais ou menos capazes de apresentar argumentos ou perceber quando alguma coisa não está a bater certo. Agora, informáticos e mecânicos não vale a pena, estamos nas mãos deles.

E assim termino o meu dia, um par de mamas perfeitamente ecografáveis, e ninguém que as queira ecografar. Nem mamografar, pelos jeitos.

sábado, outubro 11, 2008

Método indutivo

A verdade é que a minha casa anda no chamado desleixo, visto que há umas boas três semanas que não a limpo como deve ser (excepto no que toca a casas de banho e lençóis lavados na cama, que isto por enquanto ainda há mínimos de higiene que se impõem).

Por outro lado, nas mesmas três semanas, pouco tem sido o tempo que tenho passado em casa, o que por vezes me leva a questionar se verdadeiramente cá moro.

Logo impõe-se esta questão: também que obrigação tenho eu de manter limpa uma casa onde não vivo? Hein?...

(deixa-me cá mas é limpar o monitor, parece impossível, de onde vêm estas manchas e dedadas, que raio...)

domingo, outubro 05, 2008

Deolinda



Olha a banda filarmónica,
A tocar na minha rua.
Vai na banda o meu amor
A soprar a sua tuba.
Ele já tocou trombone,
Clarinete e ferrinhos
Só lhe falta o meu nome
Suspirado aos meus ouvidos.

Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E o meu coração rendido
Só responde fon-fon-fon-fon
Com ternura e carinho.

Os meus pais já me disseram
"ó filha não sejas louca!
Que as variações de Goldberg
P'lo Glenn Gould é que são boas!"
Mas a música erudita
Não faz grande efeito em mim:
Do CCB gosto da vista,
Da Gulbenkian, o jardim.

Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E cá dentro soam sinos!
No meu peito fon-fon-fon-fon
A tuba é que me dá ritmo.

Gozam as minhas amigas
Com o meu gosto musical
Que a cena é "electroacustica"
E a moda a "experimental"...
E nem me falem do rock
Dos samplers e dicotecas,
Não entendo o hip-hop,
E o que é top é uma seca!

Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E, às vezes, não me domino.
Mando todos fon-fon-fon-fon
Que ele vai é ficar comigo!

Mas ele só toca a tuba
E quando a tuba não toca,
Dizem que ele continua
Quem em vez de beijar ele sopra

Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E é a fanfarra que eu sigo.
Se o amor é fon-fon-fon-fon
Que se lixe o romantismo!

Espectáculo!... Alguém me manda isto em mp3?...

quarta-feira, setembro 24, 2008

domingo, setembro 21, 2008

Males que vêm por bem

Até aos 30 anos de idade fui uma absoluta nulidade em termos de actividade física. As aulas de Educação Física foram o pesadelo de toda a minha vida escolar, e cresci com a firme convicção de que não gostava de praticar qualquer desporto.

Até ao dia em que ganhei de presente uma hérnia discal. Dores de pescoço frequentes (vulgo torcicolos), mãos dormentes, dois ou três exames que tornaram a coisa oficial, um neurocirurgião a dizer que a solução era operar e que depois da operação podia ficar tudo na mesma ou pior. Estas coisas todas puseram-me a pensar que um pouco de exercício era capaz de me fazer bem à hérnia e ao resto. Foi assim que, aos 30 anos, fui nadar.

Com grande pena minha, este período negro da minha vida ditou o abandono da natação. Mesmo depois de tudo ultrapassado, alguma espécie de receio irracional de que tudo volte ao mesmo impede-me, ainda hoje, de lá voltar (mesmo sem ter garantias nenhumas de que a causa do problema tenha sido a piscina). Em contrapartida, descobri o step e a ginástica localizada, e é por lá que tenho andado nos últimos anos.

Nunca mais deixei de fazer exercício. Tornou-se numa coisa que necessito de praticar com regularidade para manter o meu bem-estar, inclusivamente o mental (a coisa mais aproximada de "não pensar em nada" que eu consigo atingir são aqueles 45 minutos de concentração absoluta em "três joelhos, sobe-e-desce, salta, corre, rápido, deita bem o ar fora, três joelhos"). E dou comigo a espantar-me com as coisas que o meu corpo se dispõe a fazer, com as suas capacidades.

Sinto-me a maior da minha rua, hoje que fiz quase 27 kms de bicicleta com toda a satisfação e boa disposição, coisa que, estou firmemente convencida, há seis anos atrás não seria possível.

Afinal, eu sempre gostei de fazer exercício. Demorei foi 30 anos a descobrir qual o exercício físico que me dá prazer fazer. E deste ponto de vista, esta hérnia discal que me acompanha foi das melhores coisas que me podiam ter acontecido.

Isso e umas calças com enchumaços no rabo, que se vendem nas lojas de desporto.

domingo, setembro 14, 2008

Alguém que me ajude pelamordedeus

Que raio aconteceu ao "sitemeter" de ontem para hoje?

Para onde foram parar os meus registos de visitantes desde Julho de 2005?

Codename? Password? Devem estar a gozar...

domingo, setembro 07, 2008

"Não gosto das suas perguntas..."

Foi o primeiro jogo do Mourinho lá naquele clube de Itália para onde ele agora foi, onde já estava o Luís Figo.

O conteúdo desta notícia, toda ela em futebolês incompreensível na maior parte do tempo, não me interessaria para nada, não fosse a resposta ao jornalista brasileiro.

Inimitável na frieza, no desprezo, na arrogância. Já vi isto umas poucas de vezes e dá-me sempre vontade de rir, põe-me bem disposta.

Não se arranja um toque de telemóvel com este "não gosto das suas perguntas"? Hein?...

Admirável. Este homem é o maior.

Oh pá, é.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Mr. U

Que saudades do Cabaret da Coxa...

Boca pouco doce

Hoje fiz um pudim instantâneo "boca doce" de morango.

Não me saiu bem.

Assim se percebe um pouco melhor até onde pode chegar a minha disfuncionalidade no que respeita à culinária.

Tenho que me dedicar antes às marcas que não precisem de juntar açúcar, porque isto desta maneira torna-se demasiado complicado...

P.S.: É claro que eu agora poderia aqui discorrer sobre a lei das compensações e de como, em contrapartida, sou extraordinariamente boa de cama, mas isso era vulgar e acima de tudo demasiado óbvio, de maneiras que vou ficar-me por aqui, ok?

P.S.2: E muito menos vou fazer trocadilhos brejeiros que relacionem o "extraordinariamente boa de cama" com a marca do pudim, que isso então, era de um mau gosto tal, que eu fico chocada só de pensar que eu pudesse eventualmente pensar numa coisa dessas.

P.S.3: Francamente, pá.

terça-feira, agosto 26, 2008

Arrependimento, consciência e responsabilidade

Esta coisa do arrependimento, julgo, é algo de inevitável na vida de qualquer um. Todos nós, num momento ou noutro, já tomámos opções das quais nos arrependemos. Ou melhor, à luz da experiência entretanto adquirida, muitas vezes até após vivenciar as consequências das opções tomadas, verificamos que afinal não tomámos a melhor decisão, dando-se aí o tal do arrependimento.

Mas sinceramente eu considero que, em situações dessas, há pouco lugar para o dito. Porque olhando para trás, para os muitos erros que fui cometendo, a verdade é que no momento em que tomei as decisões, elas eram para mim a melhor coisa a fazer, e optei com a alma e a razão, convicta de que era aquele o caminho a seguir. A compreensão do porquê de um determinado passo, que parecia tão seguro, ser afinal um passo em falso, isso veio depois, e não tinha como chegar antes. Então aí, de que serve o arrependimento? "Se soubesse o que sei hoje" é uma frase muito gira mas consola pouco e não justifica nada. A verdade é que na maior parte das ocasiões não sabia o que sei hoje, e isso é afinal a tal constante da vida.

Do meu ponto de vista, o que há a fazer é aquilo que, a cada momento, identifico dentro mim como a minha maior verdade, aquilo em que eu acredito mais profundamente e no fim, esperar pelo melhor. "Põe quanto és no mínimo que fazes", é realmente a melhor forma de andar para a frente. Não sem cometer erros, porque eles são fatais como o destino e precisamos deles para aprendermos a ser melhores do que aquilo que somos. Mas para dormir todos os dias descansada, que estou a fazer tudo, mas tudo o que me é possível, com aquilo que sou em cada momento.

Para mim, o arrependimento mora noutros momentos. Naqueles em que tomei opções que não vieram cá de dentro, em que me deixei levar em coisas nas quais não acreditava totalmente, em que disse "sim" quando queria verdadeiramente ter dito "não" ou vice-versa, e pior, quando olho envergonhada para trás e verifico que já sabia então exactamente aquilo que sei hoje, e ainda assim, incorri no erro. É aí que mora o meu arrependimento. Porque para esses erros eu não (me) dou desculpas ou panos quentes. Eu tinha tudo o que era preciso para saber melhor.

Continuo no entanto a achar que o arrependimento é uma coisa inútil. Não ensina nada, não minimiza nada, prende-nos ao passado e não nos deixa avançar. Está lá, e é tudo. Quanto aos erros, não é bem assim. Há sempre algo para fazer com eles. Por mim, encaram-se de frente e carregam-se juntamente com a restante bagagem, pois se fazem parte de nós e nos fizeram chegar aqui, não se podem largar no meio do caminho sem mais nem menos, se o que se pretende é seguir viagem.

Porque o erro de não assumir um erro pesa sempre mais do que o primeiro e para a frente é que é caminho, entre o arrependimento, a consciência e a responsabilidade, que venham elas, e ele se deixe estar por aí num canto qualquer a lamentar-se.

terça-feira, agosto 19, 2008

Anúncio do "Expresso", a 02 de Agosto

DIRECTORES DE ARTE (m/f) ( 02-08-2008 )

Perfil do candidato: O Departamento Criativo precisa de gente com bom feitio, interessante, divertida, descontraída, imaginativa, culta, bonita, com bom gosto e que cheire bem. O Departamento Comercial diz que o que faz falta é pessoas responsáveis e cumpridoras. E, uma vez mais, a Produção afirma que - dados os prazos - nada disto é possível.

Contacto: Contudo, acreditamos que por aí haverá quem queira participar neste nosso projecto. Se for assim, contactem-nos o mais depressa possível, para que não tenham de ser sempre os mesmos a trabalhar.

Observações: Seniores e Juniores

segunda-feira, agosto 11, 2008

Murphy, esse gajo incontornável

Roubei aqui. Uma delícia:

Ley de Murphy para os homens


1 - Os homens simpáticos são feios.

2- Os homens bonitos não são simpáticos.

3 - Os homens bonitos e simpáticos são gays.

4 - Os homens bonitos e simpáticos e heterossexuais estão casados.

5 - Os homens que não são lá muito bonitos, mas são simpáticos, heterossexuais e que não estão casados, não tem dinheiro.


6 - Os homens que não são lá muito bonitos, mas são simpáticos, heterossexuais, não estão casados, mas têm dinheiro, pensam que andamos atrás deles pelo dinheiro.

7 - Os homens bonitos, simpáticos, heterossexuais mas sem dinheiro andam atrás do nosso dinheiro.

8 - Os homens bonitos que não são lá muito simpáticos mas são heterossexuais e não ligam ao dinheiro, acham que não somos suficientemente bonitas.

9 - Os homens bonitos, simpáticos, heterossexuais, não casados, com dinheiro e que acham que somos lindas, são cobardes.

10 - Os homens ligeiramente bonitos, algo simpáticos, não casados, com algum dinheiro e, graças a Deus heterossexuais, que nos acham lindas, são tímidos e Nunca Dão o Primeiro Passo.

11 - Os homens que nunca dão o primeiro passo, perdem logo o interesse quando as mulheres tomam a iniciativa.

Eu acrescento: Os homens bonitos, simpáticos, não casados e heterossexuais que seriam perfeitamente capazes de dar o primeiro passo e de nos acharem lindas se nos chegassem a conhecer, têm o problema de desaparecerem ao fim de 45 minutos, quando entra o genérico final do Lost:

domingo, agosto 10, 2008

Beijing

No meio de conversas sobre este mundo e o outro, em que o denominador comum é o aniversário de uma amiga, assiste-se à repetição do espectáculo de abertura dos Jogos Olímpicos.

Espectacular, esmagador, impossível ficar indiferente.

Perante tantos milhares de jovens chineses a participar no espectáculo, há alguém que rompe o êxtase:

"Tantas bolas da Nike que podiam estar a ser feitas, pá. Sinceramente."

Fartámo-nos de rir, claro. E o vinho também era excelente. :-)

Post vagamente semelhante a uma letra da Rosa Lobato Faria

Maçãs, bananas, peras e laranjas, sim senhor, nada contra.

Mas então o que dizer das cerejas, dos pêssegos, das ameixas, dos melões, das meloas, das uvas e dos alperces?...

Do ponto de vista das frutas não há dúvidas, o Verão é de longe a melhor altura do ano!... :-)

Desabafos de volta

Está de volta o primeiro blogue que comecei a ler com regularidade. Os desabafos de um médico que tem sabido contar as histórias clínicas do ponto de vista do médico, mas também do ser humano que é. E muito, muito bem escritas. É de ler, meus amigos, é de ler.

sábado, agosto 09, 2008

"É abatê-los!..."

Ontem, SIC Notícias, aquele programa em que as pessoas telefonam para lá a dizer coisas. Inevitável o assunto do assalto na agência do BES.

E dizia um espectador, inflamado (se não me engano, polícia de profissão):
"Eu não sou violento e sou aliás contra qualquer tipo de violência. Mas nestes casos, é abatê-los, é abatê-los!..."

Mais outro que ainda acredita em sol na eira e chuva no nabal... A mim, a contradição dos termos e a convicção expressa na voz só me deu vontade de rir.

PS: E como deve estar a ser difícil ser-se brasileiro no nosso País por estes dias...

sexta-feira, julho 25, 2008

Não, não é...

"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!..."
Álvaro de Campos

segunda-feira, julho 07, 2008

Envelhecer é...

Quando aquele tipo que conhecemos e apreciámos devidamente, quer pelo facto de ser mesmo atraente e bonito, e ainda por cima divertido, e ainda por cima inteligente, e ainda por cima simpático e educado, e alto, pá, umas mãos lindas, um sorriso de enfraquecer os joelhos a uma pessoa, uma voz daquelas mesmo masculinas, não sei se estão a ver, quente, bem timbrada. Canta bem como o raio, aliás...

Onde é que eu ia?... Ah, dizia eu, quando uma pessoa conhece um tipo como este, qual poderá ser a pior coisa que pode suceder? Não, não é ele já ter namorada, porque isso não chega a ser uma coisa má, quer dizer, é uma inevitabilidade da natureza, é um dado consumado do destino que um homem daqueles não estará disponível nunca, no momento em que repararmos nele. Nada disso. A pior coisa que nos pode acontecer na presença de tal musa inspiradora é ele tratar-nos por... você.

"Olá, está boa? Já foi àquele site ver as fotos do outro dia?...". Por você, trata-me ele. E nisto uma pessoa estatela-se no meio do chão, caída das nuvens aos trambolhões, porque ó desgraça das desgraças, onde eu ganho em experiência e maturidade, ele ganha em anos a menos. Onde ele está pleno de energia para percorrer os 100 metros, eu já vou com a endurance dos corredores de fundo. E vamos aqui reconhecer, constatar isto é coisa para desgostar uma pessoa.

Mas ainda assim, sendo tudo isto verdade, sinto-me algo injustiçada. Aquele você coloca-me mais anos em cima do que aqueles que tenho, bolas.

Vai daí, fico com vontade de lhe dizer um dia destes, amigo, não me trates por você, não me reduzas a essa condição de tia a quem se deve respeitinho. Afinal, não tenho sequer idade para ser tua mãe. Trata-me antes por tu, que é um tratamento mais compatível com as coisas que eu penso e imagino quando estou à tua frente, e que se resumem a uma certa vontade de verificar empiricamente que, na tua idade, já não precisas que eu te ensine nada.

Vontade essa que inclui, muitas vezes, vãos de escada ou lugares ermos.

quarta-feira, julho 02, 2008

A louca

Impõe-se na assistência. Fala claro, dá nomes, datas, factos. Toda a gente a escuta, impotentes todos, porque nada mais se pode fazer do que ouvi-la. Alguns arriscam sorrir ou gracejar com o vizinho do lado, outros mexem-se nas cadeiras, incomodados. A louca fala e todos a escutam, desejando não estar ali, e que ela não estivesse ali.

Por fim, cala-se. E aos nomes, datas, factos que não existem senão nela própria, são-lhe contrapostos nomes, datas, factos que existem para todos os outros, excepto para ela.

Sai invariavelmente gritando injúrias, revoltada com todos quantos, por maldade, a querem fazer passar por louca, e não vêem aquilo que é tão óbvio aos seus olhos. Na sua cabeça, já se vão formando novas realidades cujas razões e contornos não somos capazes de compreender, nem sequer de imaginar.

Na próxima oportunidade que tiver, dar-nos-á conta delas, com toda a força das suas convicções. Do lado de cá da muralha, escutaremos, derrotados.

segunda-feira, junho 16, 2008

...

Cenário:
Bomba de gasolina, de volta da maquineta que dá ar aos pneus.

Personagens:
Um gajo (ele) e uma gaja (eu), mais dois gajos, mais uma outra gaja com o filhote. E respectivas bicicletas, todas a precisarem do mesmo, ou seja, dar ar aos pneus.

Acção:
Os dois gajos já lá estavam quando chegámos. O meu gajo entabulou conversa com os outros, muito mais experientes nesta coisa de andar de bicicleta ao fim-de-semana do que nós, e ao fim de pouco tempo estava em curso conversa animada entre gajos sobre bars e outra coisa que já nem me lembro como se chama, valores inscritos nos pneus, valores a inserir na máquina, e uma coisa absolutamente misteriosa chamada "calibragem automática".

A senhora e o filhote chegaram entretanto com o mesmo objectivo e ela colocou-se a ouvir a conversa na expectativa de perceber alguma coisa. Veja-se a pequena diferença entre estar com gajo e estar sem gajo. A minha postura era totalmente diferente. Estava numa de, está aqui a bicicleta, vocês conversem lá isso, eu quero é os pneus rijinhos para quando for andar. Estivesse eu sem gajo e estaria tão à rasca quanto estava a outra senhora, a tentar ler letras e números escritos em pneus que nunca reparámos que lá estão, nem para que servem, nem o que é que dizem.

Às tantas diz a senhora, meio a desabafar, meio num tom tipo estou-mesmo-a-ver-que-não-me-desenrasco: "mas não se pode marcar um valor qualquer na máquina e está a andar?...". Como a compreendi naquele momento. Os gajos lá lhe explicaram que era melhor não, e que tinha que ser um valor igual ao que estava indicado no pneu, e assim. E a senhora ficou a contas com a máquina, aposto que se desenrascou a pôr um valor qualquer e está a andar, que era exactamente o que eu teria feito se estivesse no lugar dela.

Passeando de bicicleta, diz o meu gajo: "então mas não é óbvio para qualquer pessoa que os pneus não possam levar todos a mesma quantidade de ar?". E continua, "é que isto não é o mesmo que lavar a cabeça, em que serve um champô qualquer..."

Reflexão:
Lá está, pensei eu. Assim de repente, num Sábado de manhã que nada mais fazia prever do que um passeio de bicicleta, eis que surge, cristalino, um profundo exemplo de relevância filosófica sobre esta coisa premente que é a diferença de género. Eles até podem ser muito bons a colocar o ar adequado nos pneus. Mas são totalmente incapazes de reconhecer o champô adequado ao seu tipo de cabelo.

Conclusão:
(...) Taditos.

terça-feira, junho 10, 2008

Get Carried away

Fui ver o "Sexo e a Cidade". E se já me estava a borrifar para os críticos neo-velhos do restelo antes de ver o filme, depois de o ver então... "I curse the day you were born!", é o que tenho para vos dizer, meus caros, e ilustro o meu comentário por um gesto típico da Samantha Jones (piada apenas compreensível para quem tiver visto o filme).

Dizem que o filme é outro episódio mais longo, e pergunto eu, que mal tem isso? Para mim foi um prolongamento do prazer, foi um mudar de posição em vez de "despachar a coisa duma vez". A quem preferir a segunda possibilidade à primeira, o melhor é ir de urgência fazer depilação e repensar as suas prioridades! (outra piada apenas compreensível, e tal e tal).

É um tremendo dum desfile de moda. Cheio de coisas que sim senhor, e de outras tantas que valha-me-deus-o-que-é-aquilo. E com montanhas de sapatos, pois é. Mas convenhamos, um príncipe dos nos nossos tempos, de certezinha que nos mandava fazer um armário daquele tamanho. Encantador, simplesmente encantador. O armário. E o Mr. Big, sempre, raios o partam.

De resto, o filme declara a rotina como o inimigo n.º 1 das relações. Diz-nos que em nome destas, nunca poderemos deixar de ser quem somos, nem tão pouco esperar que os outros se tornem naquilo que não são. Fala-nos de amizade e de amor. De risos e lágrimas por conta de uma qualquer parvoíce. É mais do mesmo? Que seja. Pois se não é de tudo isto que se fazem os sonhos? E não é disto tudo que se fazem os filmes?...

"Life doesn't allways turn out to be your fantasy. That's why you need friendships that are real, to get you through it all."

PS1: E a banda sonora? Fabulosa!...

PS2: Mais em www.sexandthecitymovie.com

terça-feira, junho 03, 2008

Aquilo

"A defesa da moral pública ou dos ditos bons costumes foi, durante muitos anos, pretexto para a repressão dos cidadãos no seu quotidiano. No início dos anos 50, o beijo na boca quase só era permitido no altar, entre recém-casados (...).

A postura municipal da Câmara de Lisboa, n.º 69 035, de 2 de Janeiro de 1953, regulando o policiamento de logradouros públicos e zonas florestais, constatava que, apesar do frio, se verificava «o aumento de actos atentatórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se vêm verificando nos logradouros públicos e jardins (...)».

Determinava, por isso, «à Polícia e Guardas Florestais uma permanente vigilância sobre as pessoas que procurem frondosas vegetações para a prática de actos que atentem contra a moral e os bons costumes» e estabelecia uma curiosa tabela de multas.

A saber:
1. Mão na mão ............ 2$50
2. Mão naquilo ............ 15$00
3. Aquilo na mão ............ 30$00
4. Aquilo naquilo ............ 50$00
5. Aquilo atrás daquilo ............ 100$00
§ único - Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado."

António Costa Santos, "Os Anos de Salazar", Vol. 10

Fico a perguntar-me (entre as muitas dúvidas que esta tabela de multas me suscita): era fotografado enquanto ainda tinha a língua naquilo, ou já depois de a ter tirado?...

segunda-feira, junho 02, 2008

Ser e Tempo

Nos meus tempos de faculdade, dediquei-me especialmente ao estudo de Heidegger. Encontrei nos seus escritos várias coisas que para mim fizeram muito sentido, em contraponto a outros autores cujos escritos nunca me fizeram sentido nenhum (limitações minhas, não deles, certamente).

Faz sentido para mim, por exemplo, que o que determina o nosso percurso pela vida seja a nossa consciência de que vamos morrer. Não fôssemos nós mortais e o nosso projecto seria, de certeza, completamente diferente daquilo que é. O tempo determina a nossa existência (e a nossa essência?), sem Tempo não há Ser.

Carpe Diem, dizem-nos os poetas, e a gente vai tentando. Aproveitamos o dia ao máximo, ou pelo menos adormecemos convencidos de que foi isso que fizémos, e olhamos confiantes para a linha do tempo que se estende à nossa frente, para o projecto de vida que queremos concretizar, um dia de cada vez, nesta coisa maravilhosa de deixarmos de ser aquilo que já fomos, para nos transformarmos naquilo que havemos de ser, e no entanto, sendo iguais a nós próprios a cada passo do caminho. Mesmo sendo a morte o único facto verdadeiramente incontornável da nossa existência, nada nos prepara para que essa linha do tempo não cumpra, vá lá, os mínimos obrigatórios.

A verdade é que às vezes não cumpre. Olhamos para o lado e vemos linhas do tempo partidas em momentos ridículos, cretinos, bons projectos de vida que se dão por terminados, sem contemplações ou margem de negociação.

E então pensamos, há que aproveitar bem o dia, realmente. Não, é claro que não é tudo maravilhoso apenas pela graça de estamos vivos. O trânsito é uma merda, o trabalho esgota-nos mais do que devia, os combustíveis estão caríssimos, só comemos porcarias e não dá nada de jeito na televisão. Mas para nós ainda há tempo. A nossa linha é tão frágil como outra qualquer, mas por enquanto, por enquanto, temos o nosso projecto nas mãos. Ainda há Tempo para Mais Ser. É aí que reside a diferença.

Para muito boa gente, esse tempo foi curto demais para tudo o que podiam e queriam ser. Acredite agora quem quiser no sentido oculto das coisas, ou em alternativa, que as coisas não têm sentido oculto nenhum.

quarta-feira, maio 21, 2008

É assim, que eu quero ser, como a Barbiiiiiee!...

O gajo que dorme comigo tem uma teoria. Que os estilistas só fazem roupa para mulheres escanzeladas porque eles são todos maricas e odeiam as mulheres, mais as formas que lhes são características. Daí que se dediquem a fazer roupa mais apropriada para vestir tábuas de engomar.

Ando há meses a tentar comprar um fato. Um fato, um simples fato de casaco e calça. Não consigo. E porquê? Porque não tenho o tal corpo de tábua de engomar.

As calças são concebidas para mulheres sem ancas. A tirania do "corte direito", já para não falar da maldita da cintura descaída, faz com que, para me caberem decentemente nas pernas, fique com meio metro de tecido a sobrar na cintura.

Os casacos, com um botão. Deixem-me que vos diga o que acontece aos casacos com um só botão, vestidos em mulheres que têm mamas. Enfolam, é o que acontece. As mulheres com mamas precisam de casacos com dois botões, dois.

Descarrega-se assim a frustação de uma mulher com ancas, cintura e mamas, após nova tentativa frustrada de encontrar um fato, num mundo dominado pelas tábuas de engomar e por quem as acha o melhor da vida...

Se alguém souber de uma loja, uma marca, que vista decentemente uma mulher de características portuguesas, a gerência agradece do fundo do coração!

terça-feira, maio 20, 2008

Moderadamente, protesta-se


É tão tipicamente português, este protesto contra o preço dos combustíveis. Vamos então fazer boicote na Galp, BP e Repsol, porque lá a gasolina e o gasóleo estão muito caros.

Então e nos outros, estão baratos, queres ver?

Mas o que será que nos impede de fazer boicote nos tais três dias, em TODOS os postos de combustível? Nos que vendem mais caro, e nos que vendem menos caro, mas ainda assim, a preços obscenos. O brando costume não chegará para tanto? Ou será que os combustíveis ainda não estão caros o suficiente, hein?...

terça-feira, maio 13, 2008

Olha! Cem mil!

A ocasião justifica. Mesmo em crise existencial, muito e muito e mesmo muito obrigada. :-)

domingo, maio 11, 2008

Ah, e tal

Até que já tinha valido a pena vir aqui escrever umas coisas. Se eu não chegasse ao fim do dia tão cansada que só o pensar nisso já me dava sono.

Também me podia justificar com a falta de tempo, e não estaria a mentir, mas a verdade é mais profunda, e é esta: auto-censuro-me. Estou para este espaço como para quem utiliza uma casa de banho pública com a porta aberta, nunca se sabe quem vai entrar e descobrir-nos com as calças para baixo.

Já não me sinto à vontade a escrever aqui, antes de escrever uma linha pergunto-me que consequências terá, e outras opções começam a perfilar-se. Orgulho-me tanto destas quase 100.000 visitas que estou prestes a celebrar... Mas este blogue está assumidamente em crise existencial. E logo se vê.

sexta-feira, abril 25, 2008

A Democracia

"A DEMOCRACIA (aforismos)

A democracia é o pior
de todos os sistemas
com excepção de todos os outros

Inda há quem se acanhe
com a pronuncia que tem
mas com cinco letras apenas
se escreve a palavra mãe
que é de todas a mais bela
mais bela que o céu azul
e aqui tem mais letras que no sul

Abel foi morto por Caim
irmão nunca vi mais ruim
trespassou Abel
que ao tombar gritou: Mãe!

A mãe, por sinal, já defunta
Levantou-se mesmo assim
Disse pra Caim
Já não és meu filho
Meu filho da mãe

A democracia é também
uma mãe mais doce que o mel
só que às vezes Abel mata Caim
Caim mata Abel

Por aqui se prova, afinal
que mãe, afinal não há só uma
só em Portugal
são mais que as mães.
Em suma:
A democracia é o pior
de todos os sistemas
com excepção de todos os outros

Há muitos países que julgam
que têm democracia
inclusive às vezes o nosso
mas encha-se de justiça o fosso
e erga-se a liberdade ao meio
que só de intenções está o inferno cheio

Não há justiça sem liberdade
e o vice-versa é também verdade
essa é a luta, no fundo
p’los direitos humanos no mundo."

Sérgio Godinho

Que pena que tenho de não encontrar isto em video. Ainda assim, Viva o 25 de Abril. Sempre, sempre.

domingo, abril 20, 2008

quinta-feira, abril 10, 2008

Pescadinha de rabo na boca

Fui às Finanças pedir uma declaração, para entregar na Segurança Social, para pedir uma declaração, para entregar nas Finanças. :-S

terça-feira, abril 08, 2008

Correntes?

Meu caro, o desafio é interessante e puxa pela imaginação, para além de imbecil, demasiado pessoal e parvo, de facto. E por isso tudo, apeteceu mesmo responder-te.

Mas depois lembrei-me de frase sábia, tão antiga que já não lhe conheço a origem.

Quem muito fala, pouco fode.

E por aqui me fico. :-)

quinta-feira, abril 03, 2008

Vivem em nós inúmeros

"Vivem em nós inúmeros, se penso ou sinto, ignoro quem é que pensa ou sente, sou somente o lugar onde se pensa e sente, e, não acabando aqui, é como se acabasse, uma vez que para além de pensar e sentir não há mais nada. Se somente isto sou, pensa Ricardo Reis depois de ler, quem estará pensando agora o que eu penso, ou penso que estou pensando no lugar que sou de pensar, quem estará sentindo o que sinto, ou sinto que estou sentindo no lugar que sou de sentir, quem se serve de mim para sentir e pensar, e, de quantos inúmeros que em mim vivem, eu sou qual, quem, quais, que pensamentos e sensações serão os que não partilho por só me pertencerem, quem sou eu que outros não sejam ou tenham sido ou venham a ser."
O Ano da Morte de Ricardo Reis
José Saramago

Foi disto que me lembrei, quando vi isto. Via Pedro Aniceto.

quarta-feira, abril 02, 2008

Mais links

É verdade, como me dizem ultimamente, que isto dos blogues nos leva por vezes a que estejamos demasiado expostos, sujeitos a amores e ódios, gratuitos todos, e por isso mesmo vazios de sentido.

No entanto, acho que também na comunidade blogueira se passa o fenómeno de nos aproximarmos tendencialmente daqueles com quem mais nos identificamos. Como acontece em qualquer situação em que se juntem grupos de pessoas, há aqueles que já conhecíamos, há os que gostamos desde o primeiro dia, há os outros que vão aparecendo e dos quais aprendemos a gostar.

Nos limites do irreal que é a blogosfera, e não confundindo afinidades com amizades (embora a alguns dos links correspondam de facto amigos e amores da vida real), mantenho a convicção de que por algum motivo são estes os que cá estão, e não outros.

E é assim que todo um conjunto de gente interessante (do meu ponto de vista, é claro), blogueira ou não, se vai agrupando aqui nesta coluna à direita. Sempre que actualizo isto penso sempre como seria interessante um dia juntar esta gente toda numa almoçarada qualquer.

Mas depois acordo, sei perfeitamente que não sou o Júlio Machado Vaz.

sábado, março 29, 2008

A donzela, o bandido e os heróis

Mais ou menos, quer dizer. Os heróis também não foram assim uma coisa completamente espectacular, até porque o bandido, coitado, era mais uma pessoa perturbada mentalmente que outra coisa, e quanto à donzela, enfim, aos anos que isso já lá vai, quem é que pensas que ainda enganas. Mas que ficou um título giro, lá isso...

Falando a sério só por um bocadinho, apanhei um susto dos grandes. Um tipo que começa por rondar o prédio e o parqueamento, apanha a porta do prédio aberta e entra, e a seguir se dirige a passos largos para tentar entrar-me em casa! Tive que dar dois passos atrás a toda a velocidade e fechar a porta à bruta, parecia filme de terror.

Nisto, chamei a polícia. Já na companhia de alguns vizinhos solidários, lá fomos controlando o louco nas suas deambulações pela vizinhança, e esperando pela salvação que tardou a chegar. Fosse o louco algo mais agressivo e mal intencionado, tempo não lhe teria faltado para o que lhe desse na vontade. Não era o caso. E já alguém até lhe reconhecia as origens, onde morava, enfim, não era de fiar, mas também não seria ele o causador de todos os males do nosso bairro.

Já o bandido andava perdido uns tantos quarteirões mais abaixo, chegou a carrinha com os heróis. Oito. Sim senhor, pensei eu, o gajo está mesmo tramado. O exagero do contingente policial era evidente e fazia sorrir os presentes, mas as mulheres riam-se mais que os homens, porque já que não nos tínhamos livrado do susto, ao menos aquilo foi uma coisa digna de se ver, ele eram polícias e mais polícias a saírem de dentro da carrinha, cada um mais, digamos, bem preparado para enfrentar qualquer ilegalidade, que o anterior.

O resto foi a chatice do costume, o que é que se passou, foi isto assim assim, muito bem, vamos abordar a pessoa, e tal, ao fim dum bocado apareceram-me em casa outra vez (já só eram dois), bilhete de identidade, papelinho, muito obrigada, ora essa, é para isso que cá estamos.

Mas sinceramente. Com um grupo tão bem preparado de agentes policiais, foi até uma pena que o delito fosse tão insignificante. Na minha imaginação, consigo ainda neste momento "visionamentalizar" os oito heróis a sairem da carrinha, e conceber perfeitamente outras formas de apoio que poderia ter sido prestado à minha frágil e delicada pessoa. Só que se calhar, nessa altura o título do post não podia ser este. Tinha que ser qualquer coisa como... Algo que eu nem sequer consigo imaginar, claro, ou pensam que eu sou o quê, alguma ordinária, queres ver?...

segunda-feira, março 24, 2008

1988

No ano bissexto de há vinte anos atrás, foi dos anos mais felizes da minha vida. Paixões platónicas? Borbulhas na cara? Amores eternos por cantores pop que afinal eram (e são!) homossexuais? Claro que sim. Mas também a descoberta de uma biblioteca com "O Memorial do Convento", de José Saramago, com poemas de Casimiro de Brito, e aulas onde haviam professores de filosofia, que falavam de coisas deslumbrantes para uma cabecinha muito oca, e por isso mesmo, muito disponível para absorver tudo o que lhe quizessem ensinar. Esqueci muitos dos meus professores de Ensino Secundário, e Superior. Mas nesse ano, houve professores que eu jamais irei esquecer.

Então não é que de repente, um destes professores aparece-me pelo google, regressado das minhas memórias de há 20 anos atrás, e fica-se-me ali, ao simples alcance de um e-mail? Cliquei no enviar sem grandes hesitações, porque o meu entusiasmo nem deu margens à timidez. E o hoje em dia catedrático professor doutor respondeu-me prontamente, mas é o mesmo, o mesmo que dava aulas ao Ensino Secundário e se sentava no bar da escola a comer bifanas! E que me dizia assim, "tiveste 17". E eu respondia, "não estava nada à espera", e dizia ele, "pois, nem eu!". Então não deixa de ser irónico, numa semana em que tanto se fala, e eu própria já falei, da miséria em que andam as nossas escolas, que um desses bons professores que felizmente também existem, surja de novo no meu caminho.

Já não sei onde li em tempos que o professor só aparece quando o aluno está preparado para aprender.

A minha descoberta resultou de pesquisas por mais estudos, que se eu pudesse era estudante sempre. Este meu professor diz que tem coisas novas para me ensinar, e que conta comigo. Eu, em estando preparada, vou.

Mas para já, para já, estou apenas a saborear este presente (mais um) que a vida me deu! :-) :-)

Nota: Coincidências? Bah!... Isso é para meninos!...

domingo, março 23, 2008

Don't you get me wrong



I only want to say
If there is a way
Take this cup away from me
For I don't want to taste its poison
Feel it burn me,I have changed I'm not as sure
As when we started
Then I was inspired
Now I'm sad and tired
Listen surely I've exceeded
Expectations
Tried for three years
Seems like thirty
Could you ask as much
From any other man?

But if I die
See the saga through
And do the things you ask of me
Let them hate me, hit me, hurt me
Nail me to their tree
I'd want to know, I'd want to know my God
I'd want to know, I'd want to know my God
I'd want to see, I'd want to see my God
I'd want to see, I'd want to see my God
Why I should die
Would I be more noticed
Than I ever was before?
Would the things I've said and done
Matter any more?
I'd have to know, I'd have to know my Lord
I'd have to know, I'd have to know my Lord
I'd have to see, I'd have to see my Lord
I'd have to see, I'd have to see my Lord

If I die what will be my reward?
If I die what will be my reward?
I'd have to know, I'd have to know my Lord
I'd have to know, I'd have to know my Lord~

Why, why should I die?
Oh, why should I die?
Can you show me now
That I would not be killed in vain?
Show me just a little
Of your omnipresent brain
Show me there's a reason
For your wanting me to die
You're far too keen on where and how
But not so hot on why
Alright I'll die!
Just watch me die!
See how, see how I die!
Oh, just watch me die!

Then I was inspired
Now I'm sad and tired
After all I've tried for three years
Seems like ninety
Why then am I scared
To finish what I started
What you started
I didn't start it
God thy will is hard
But you hold every card
I will drink your cup of poison
Nail me to your cross and break me
Bleed me, beat me
Kill me, take me now
Before I change my mind



Voice of Judas
Every time I look at you
I don't understand
Why you let the things you did
Get so out of hand
You'd have managed better
If you'd had it planned
Now why'd you choose such a backward time
And such a strange land?

If you'd come today
You could have reached the whole nation
Israel in 4 BC had no mass communication

Don't you get me wrong
Only want to know

Jesus Christ Jesus Christ
Who are you? What have you sacrificed?
Jesus Christ Jesus Christ
Who are you? What have you sacrificed?
Jesus Christ Superstar
Do you think you're what they say you are?
Jesus Christ Superstar
Do you think you're what they say you are?

Tell me what you think
About your friends at the top
Now who d'you think besides yourself
Was the pick of the crop?
Buddah was he where it's at?
Is he where you are?
Could Muhammmed move a mountain
Or was that just PR?
Did you mean to die like that?
Was that a mistake or
Did you know your messy death
Would be a record breaker?

Don't you get me wrong
Only want to know

Jesus Christ Jesus Christ
Who are you? What have you sacrificed?
Jesus Christ Jesus Christ
Who are you? What have you sacrificed?
Jesus Christ Superstar
Do you think you're what they say you are?
Jesus Christ Superstar
Do you think you're what they say you are?

Andrew Lloyd Webber Tim Rice

quinta-feira, março 20, 2008

Assustador



A vários níveis, diria. Primeiro, pela degradação a que chegam aquelas duas pessoas. Depois, pelos risos e ambiente de festa generalizada que se vive perante uma violência daquelas, contrariado apenas por, talvez, dois alunos que lá vão sentindo vagamente que aquilo não está certo e que alguma coisa tem que ser feita.

Depois ainda, pela(s) inconsciência(s) da gravidade da situação, que se vêem em expressões como "espectáculo!" e "a velha vai cair". Como se fosse tudo uma grande paródia.

Entretanto, oiço na SIC uma pedopsiquiatra a dizer que hoje em dia, para os jovens, o telemóvel é como que uma "extensão do próprio corpo", mais ou menos a justificar a reacção da aluna. Pode ser que tenha razão. Mas esta mania que Freud tem de explicar tudo às vezes irrita-me um bocadinho. Por vezes parece-me que se está a nivelar por baixo, a exigir pouco ou quase nada, e ainda assim, cada vez menos. Que quantidade brutal de erros ao nível da educação, dos afectos, é que levam um jovem àquele ponto? E mais assustador do que descobrir isso, será talvez descobrir que não há assim tantos erros, e que ainda assim foi ali que ela chegou...

Em jeito de escape, deixei-me invadir por um pensamento feito do mais puro egoísmo: aquela miudagem é a que vai andar a trabalhar para me pagar a reforma. Perante isto, é inevitável pensar cada vez mais seriamente em fazer um PPR. Seriously...

sábado, março 08, 2008

Duas mulheres encontram-se na esplanada para beber cerveja e falar de futebol

- Olá, como estás? Não vens nada com boa cara. Aconteceu alguma coisa?

- Nem te conto. Acabei de dar de caras com o Rabiola do meu ex-marido!

- Então, não levantes mau testemunho, ele até pode ter muitos defeitos mas nunca teve fama de gostar de homens...

- Acredita que eu sei muito bem. Ainda nem há um mês me deixou, vê lá tu que ainda agora dei de caras com ele no meio da rua, agarrado àquela Makukula da inglesa, a loira de farmácia com pernas até ao pescoço, que trabalha na sapataria, estás a ver quem é?... Uma vergonha, é só o que te digo.

- Bem, amiga, faço ideia o teu estado. Deves ter ficado completamente Sektioui com essa novidade!

- Quem, eu? Nem penses nisso. Quem anda a fazer figuras tristes é ele. Oh, é claro que fiquei capaz de pregar um valente par de Stepanov a cada um, mas é nas situações mais difíceis que uma mulher deve saber manter o nível, e aquilo é gente que não interessa a ninguém.

- Pois, realmente. Mas e ele, não te viu?

- Viu, pois! Sentiu-se tão mal com a figura que ia a fazer que até veio atrás de mim com explicações da treta. Ainda teve a lata de me dizer que a inglesa agora "Izmailov, Adelaide, tenta compreender!". Palhaço!... Mandei-o à Mrdakovic, que é o que ele merece ouvir, e vim-me embora.

- Os homens são uns ingratos. Pensar nos anos que lhe dedicaste, a aturar-lhe as bebedeiras. Sim, que alturas houve em que ele vivia agarrado ao Tonel, não interessava que fosse branco ou tinto, e tu ali, sempre presente...

- Oh, tu sabes lá o que eu passei. Mas não me arrependo, sabes, fiz tudo por amor. No princípio, aquele homem era um ídolo para mim, um Zoro! Mas a coisas mudam, amiga. Quem ma prega uma vez não ma prega segunda. Por mim, pode-lhe cair um Kazmierczak em cima que o deixe paralítico para o resto da vida! Sempre queria ver nessa altura onde ia parar o "Izmailov" pela Makukula!... Não quero saber, já N'Doye.

- Ai, olha, estou a ver que esse encontro te deixou muito perturbada. Tens que ultrapassar, pôr esse Fajardo para trás das costas! Vamos mas é mudar de assunto, que tal comermos qualquer coisa? Já são horas de almoço.

- Sim, é o melhor. Ainda por cima aqui servem um Fucile Carbonara que é mesmo o que me está a apetecer. Com uma Sepsi, que é para ver se refresco as ideias! E eu nem te perguntei a ti como estás, cheguei aqui a despejar as minhas mágoas, grande amiga que eu sou, realmente...

- Oh, eu estou bem. Tirando esta maldita constipação, que já ando Romagnoli há mais de quinze dias. Até já perdi a conta aos pacotes de lenços de papel que gastei...

- Não te dás bem com o Farnerud? Eu não quero outra coisa, quando me ponho assim como tu estás, ataco logo com dois de oito em oito horas, e em meia-dúzia de dias fico óptima!...

- Boa ideia, agora em acabando de almoçar, vou ali à farmácia comprar.

Cabecinhas ocas

Terminada a minha aula de ginástica, costumo ser rápida a deixar o balneário. Prefiro a minha própria casa de banho à do ginásio. Costumo demorar meia hora no duche e não me parece nada prático andar a transportar os frascos todos que são necessários: shampô, amaciador, gel de banho, roll-on, body milk, reparador de pontas... De maneiras que a minha rotina é, terminada a aula, chegar ao cacifo, vestir dois casacos por cima da roupa suada, agarrar no saco e vamos embora que se faz (mesmo!) tarde.

Nisto, passo por um grupinho de meninas na casa dos 15-16 anos, máximo. Alegremente, preparam-se para a aula de step que se segue à minha, a mesma monitora já as espera no andar de cima. E no que consiste a preparação daquelas alimárias, com perdão da expressão, mas que considero plenamente justificada dada a idiotice a que pude assistir? Pois a preparação consiste em enrolarem o abdómen em película aderente! Bem apertadinho, que é para o ventre ficar liso! E depois coloca-se a roupa por cima, ninguém dá por nada, e as meninas "maximizam" o esforço que vão praticar para terem a certeza que perdem mesmo peso à séria!...

A sério, eu nem queria acreditar em tamanho disparate. Naturalmente, já não abandonei o ginásio tão rápido quanto contava. Antes disso fui dar conta do observado a quem de direito, e estou para saber na próxima semana que fim levou esta história. Espero que alguém lhes explique com calma os riscos que aquela ideia triste lhes traz para a sua saúde, nomeadamente cairem para o lado durante a aula, que por sinal é bem puxada, já que a monitora até é bastante exigente.

Espero que alguém tenha uma conversa calma e pedagógica com as cabecinhas ocas. Eu não era de certeza a pessoa indicada para o fazer. Enquanto me ia embora permaneciam na minha cabeça apenas duas coisas: estalos na cara, ou então obrigá-las a engolir o raio da película aderente. e definitivamente, nenhuma destas duas hipóteses serviriam para algo de construtivo...

sábado, março 01, 2008

Teoria da relatividade #2

Não deixa de ter o seu interesse, isto de gerir imponderáveis ao mesmo tempo que se limpam casas de banho (ora cá está uma vantagem de não ter contratado nenhuma empregada doméstica).

É que assim fica-se com uma perspectiva completamente diferente, quer da limpeza da casa de banho, quer do imponderável. Muito enriquecedor, é o que me apraz dizer.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

36

Em regra não costumo fazer nada especial neste dia, e para todos os efeitos é um dia como os outros, mas na verdade não é. Porque no meio das felicitações, do aconchego dos amigos mais próximos, do beijo do pai e da mãe, nunca deixo de meditar um pouco mais profundamente sobre o meu percurso de vida, aquilo que sou, e o que tenho ainda pela frente.

É um aniversário em ano bissexto, e estou de muito bem com a vida. Há que aproveitar esta fase tão boa, porque em boa verdade não sei se alguma vez estive tão realizada em tantos aspectos ao mesmo tempo: pessoal, familiar, profissional. Sinto-me inteira. E estou capaz de seguir em frente para outras coisas, porque ainda é muito cedo para calçar as pantufas.

Ainda pensei em dizer mais umas tantas coisas, mas em boa verdade não iria dizer muito mais do que isto: hoje estarei bem perto daqueles que me saboreiam o doce e o amargo ao longo de todos os dias de cada ano. E sei que os meus motivos de celebração também são os deles, e vice-versa. Isso é tudo o que importa. Muito obrigada a todos vós, porque são a minha estrutura.

E embora num outro nível, obrigada também a todos e todas os que passam por aqui, e que acabam por fazer também parte dos meus dias, quantas vezes com a sensação de que já somos velhos amigos... :-)

domingo, fevereiro 24, 2008

Chocolate a dar com um pau







Que isto, nem tudo pode ser trabalho. Hoje o dia passou-se em Óbidos, entre alguns amigos, uma vista magnífica (que a chuva infelizmente não deixou explorar como deve ser), e autênticas overdoses calóricas.


Foi a primeira vez que fui a Óbidos, e tenho a certeza que não foi a última. Da próxima vez pode ser com menos chocolate, mas por hoje, as "espetadas" de frutas envoltas em chocolate, a ginja dentro do copo de chocolate, entre outras coisas começadas por "c", acabadas em "e" e com "hocolat" pelo meio, deixaram este dia mesmo muito doce. E ligeiramente nauseado para o final do dia, mas nada que não se possa combater à base de água com gás.

PS: A foto aqui de cima foi também colocada com o propósito de me lembrar na próxima semana do tamanho em que o meu cabelo já estava, antes de eu decidir debastá-lo sem dó nem piedade. Isto é claro, se não chegar a mudar de ideias antes desta Quinta-Feira!...

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Água

Vivi toda a minha infância e adolescência numa casa pequenina e muito degradada, que hoje em dia já não existe, e da qual guardo as melhores e as piores lembranças. Recordo-me perfeitamente da pior de todas: a água que teimava em pingar do tecto do meu quarto, por cima da minha cabeça, enquanto eu dormia. Até ao ponto de um fenómeno ainda hoje por explicar, que foi o de, desviada a cama no minúsculo quarto para evitar a goteira por cima da cabeceira, a água deixasse de aparecer do lugar onde aparecia de início para voltar, teimosamente, a pingar por cima da almofada.

Lembro-me doutra ocasião em que foi preciso abrir sulcos no chão (dessa vez resolveu aparecer por esse lado) e da sensação de desalento e desconsolo que era ver aqueles circuitos de água a fazer-me sentir que estava pouco menos do que na rua. E lembro-me do rosto do meu pai nessa época, e dele a subir ao telhado para ver se havia telhas partidas, e a pôr lonas por cima do telhado, e a cavar os sulcos no chão de cimento. Ele punha uma expressão que eu não entendia na altura mas que hoje percebo melhor, que era a cara de um pai que tinha uma casa que metia água pelo quarto da filha, e isso ser o melhor que se podia arranjar.

Agora que penso nisso acho que me ficou alguma coisa de trauma em relação a esses tempos. Naquela altura, o mais simples aguaceiro representava para mim algo de negativo e motivo de angústia, e ficava ali a torcer para que parasse depressa, antes que descobrisse o caminho para o meu espaço. Esta angústia permanece até hoje. Não gosto de chuva. Bole-me com os nervos. E acho que vai ser assim para todo o sempre.

Curiosamente, ainda não consegui ter nenhuma casa onde o problema de lá entrar água não se coloque. Na que tinha anteriormente, a marquise mal amanhada e já ressequida pelo sol, deixava entrar água quando ela vinha tocada a vento. Era um desconsolo. Actualmente, são os bidés das casas de banho que devem ter alguma coisa nos canos a entupir, e quando são usados, lá vem uma pequena, porém irritante, quantidade de água, destruir o meu refúgio, que ser quer aconchegado e principalmente, seco.

(Que isto são doces comparado com o que aconteceu a muitas pessoas hoje. Longe de mim. Mal por mal, nunca tive que ir com a roupa do corpo dormir sabe-se lá onde. Adiante.)

Hoje também foi dia de muita água. Sozinha dentro do carro, passei lençóis de água sempre a acelerar e a rezar para que o carro não me falhasse, levei horas intermináveis nas filas de trânsito, e enquanto olhava para fora e via carros e mais carros, toda a gente parada, e a chuva, maldita chuva cada vez mais violenta, o sentimento que surgiu foi o daquela mesma angústia do tempo em que acordava de noite, com a água a molhar-me a cama.

Passada a borrasca, paragem na casa dos pais para cumprimentar e contar as desventuras do dia. Manifesto a apreensão, de certeza que infundada, de que ao longo do dia, a água tenha subido para dentro de casa, afinal é um rés-do-chão e os bidés andam armados em parvos. Falo no assunto de modo despreocupado, é só um pequeno receio, nada objectivo o faz esperar, a casa é quase nova. Mas sei que o que fala cá mais fundo é esta angústia que nunca mais desapareceu totalmente, e me faz andar de janela em janela sempre que começa a cair com mais força, pelo sim pelo não.

Já de mão na porta para sair, o pedido veio da sala inevitável, "depois quando chegares, diz qualquer coisa". Quando cheguei as apreensões dissiparam-se e fui de imediato dissipar as dele, que estava tudo bem, fica descansado.

De maneiras que por hoje, pai, apesar da muita água que caiu, podemos mandar calar o nosso pequeno trauma. A angústia que ambos conhecemos tão bem vai poder dormir descansada, porque a água permanece do lado de fora, enquanto que nós estamos secos e a salvo, do lado de dentro.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Ser diferente

Não ser capaz de alinhar com o rebanho em que se nasceu. Haverá maior provação do que essa?

Se estás destinado a ser carpinteiro tens que ser carpinteiro e mais nada, escultura é coisa para maricas. Desde quando é que os serventes de pedreiro se põem a desenhar casas? Se nasceste no meio de analfabetos para que te agarras aos livros como se fossem a coisa melhor do mundo? Se aqui toda a gente arrota e dá traques à mesa, para que te pões tu com esses modos de senhora chique, a virar a cara para o lado?

E então fica-se a um canto da sala, a congeminar outros mundos que não aquele a que se está confinado. No dia de Carnaval os outros põem as máscaras, a sua fica agarrada à cara o ano inteiro. Passam-se muitas horas em silêncio, a sós com desejos e sonhos e raivas e medos, tantos medos, tantos. A casa é pequena e tem tectos baixos, obriga a andar curvado. Mas é uma casa, e nunca nos vai abandonar, se não a abandonarmos. Fora dela é a escuridão, o vazio, o desconhecido.

O diferente.

Quantos não ficam vergados por esses medos e se deixam ficar, num esforço eterno para alinharem com o rebanho onde, por fatalidade ou desafio divino, foram parar. Quem os poderá censurar, a solidão custa tanto a suportar.

Outros porém, não conseguem lidar com esta insatisfação. Aceitam a solidão como boa companheira e desalinham do rebanho. Colocam uma nova máscara, feita de bom-humor perante a incompreensão, indiferença face à rejeição. Revestem-na com determinação, para assegurar que a parte da frente não se desmorona. E com ela caminham, à procura dos mundos que lhe pertencem, não por nascimento, mas pela vontade de mais Ser.

Para os que caminham, para os que ficam parados, a provação é grande e o preço a pagar é elevado. Em dia de Carnaval tiram as máscaras e choram baixinho a dor das escolhas que ficaram por tomar.

sábado, janeiro 26, 2008

Não anda a dar

É por isso que não tenho escrito. Não anda mesmo a dar.

O mês de Janeiro entrou com a exigência que se esperava, e a par disso, umas complicações de saúde novas que me têm deitado um pouco abaixo, resumem o meu silêncio.

Para além de outras merdas, que agora não me apetece referir.

E então é isso. O dia resume-se a levantar às sete e meia, trabalhar, trabalhar, trabalhar, comer nos intervalos, chegar a casa tarde, engolir anti-inflamatórios e comprimidos para a febre, que não pode ser, tenho que me aguentar para o dia seguinte, que horas são, onze, vou-me deitar.

De maneiras que é isto, e como se pode ver, não anda a dar.

Tá-se. :s

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Antecipação

Ele (atencioso, preocupado): Tens que contratar alguém para te tratar da casa.

Eu: (suspiro) Eu sei.

Ele (insistindo): Tu depois não vais ter tempo...

Eu (ligeiramente abespinhada): Eu-sei.

(silêncio)

Eu (já a elevar a voz): A questão é que eu já estou mesmo a ver no que é que isso vai dar, percebes, essas pessoas regra geral limpam o que está à vista, eu já sei que sou esquisita com a limpeza da casa, vou começar a espreitar por baixo da cama, a olhar para o exaustor cheio de gordura, o frigorífico, os tapetes que às vezes, tipo, de vez em quando, convém sacudir e limpar a parte do chão que eles tapam...

(pausa para tomar fôlego)

... e depois a seguir lá estou eu a pagar todos os meses e a ter que arranjar tempo para limpar eu na mesma!

Ele (contemporizador): Mas então, também não deves generalizar, às tantas até podes encontrar alguém competente, que limpe como tu gostas, estás aí a fazer um bicho de sete cabeças, e quem sabe, até pode perfeitamente correr bem! E ganhas qualidade de vida, ao fim e ao cabo...

Eu: Mas como (angustiada), é que pode correr bem, se eu ainda não contratei a mulher da limpeza e já estou irritada com ela?...

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Verdade irrefutável como esta não há

Entrei obviamente de dieta, como aliás se impõe depois desta quadra repleta de disparates de ordem alimentar.

O bolo de bolacha e a tarte de natas que ainda estão no frigorífico é que não sabem disto.

Mas isso é um problema que é deles, não é meu.

E Deus me livre de começar o ano a desperdiçar comida, era o que faltava.

Ou seja, na minha cabeça o conceito da dieta já está interiorizado. E isso é o mais importante de tudo, não me venham com merdas. Ah e tal, mas estás a comer porcarias na mesma. Não senhora. Estou a zelar para que a comidinha não se estrague, que isso é que não pode ser.

É dentro desta lógica inabalável que é possível, verdadeiramente, estar de dieta enquanto se come bolo de bolacha.

Mai nada.