terça-feira, agosto 30, 2011

quarta-feira, agosto 24, 2011

Os Pilares da Terra


Toda uma nova forma de olhar para os homens das obras.

(a série também é muito boa, by the way)

domingo, agosto 14, 2011

A teoria do alçapão

É uma teoria que eu já tenho há algum tempo, e que sempre fica reforçada nesta altura do ano, em que as televisões generalistas se desdobram em programas em directo do género "Verão Total", e outros cujo nome felizmente não retenho. Também sai reforçada pelo facto de ter passado as últimas semanas de férias, logo com mais disponibilidade para estar em frente à televisão, e de vez em quando lá me distraio e sintonizo demasiado cedo (antes dos telejornais da hora de almoço) estes maravilhosos canais.

Neste programas das manhãs e das tardes proliferam actuações de pessoas denominadas de "artistas", e todos cumprem mais ou menos o mesmo padrão: as músicas passam em play-back. Os homens suam dos sovacos à bruta e têm ar de ter saído de trás da banca da feira onde vendem cassetes-pirata, directamente para a frente da câmara da televisão. Muitos deles precisam de arranjar os dentes. As mulheres vestem coisas demasiado justas e curtas, repletas de cores vivas e lantejoulas, usam demasiada maquilhagem e parecem ter saído directamente, não da banca da venda de música, mas talvez da esquina mais próxima. A música que ecoa tem sempre uma base de ter-lin-tin-tin constante, e os "performers" saltitam furiosamente de um lado para o outro, com um grupo de duas ou três bailarinas atrás.

Olho para aquilo como quem abranda o carro para ver um desastre e sempre me surgem os mesmos três pensamentos. O primeiro é, que horror. O segundo, mas quem são estas pessoas? E por fim, de onde é que vêm e para onde é que voltam quando terminam a sua actuação saltitante?

Sim, quem são estas pessoas? Onde é que os canais de televisão os desencantam nesta altura do ano, porque embora sejam todos mais ou menos iguais, a verdade é que existem numa quantidade absurda, em diferentes feitios, tamanhos e cores. É aí que surge a minha teoria do alçapão dos cantores pimba.

Tomai atenção, porque este pode muito bem ser o segredo mais bem guardado de sempre das televisões generalistas. Existe um alçapão, a porta de entrada para um buraco bem fundo debaixo do chão. É lá que estão enterrados todos os cantores pimba deste país. RTP, SIC e TVI partilham este segredo e só existem 3 chaves para o alçapão, presas ao pescoço do Jorge Gabriel, da Júlia Pinheiro e do Manuel Luís Goucha. Os cantores pimba na verdade não são pessoas, são bonecos de corda. Antes de cada programa em directo, eles abrem o alçapão, tiram cá para fora aqueles de que necessitam, tiram-lhes o pó, dão-lhes corda e eles vão a saltitar directamente para a frente das câmaras. Fazem lá aquela cena que eles fazem e logo que termina, voltam a empurrá-los para o buraco. Por isso é que depois já ninguém mais os vê ou ouve falar deles.

É disto que se alimentam as televisões generalistas, meus amigos. Bonecos de corda escondidos em buracos. Só que isto nem sempre corre bem. Já houve casos de alguns que fugiram numa das vezes em que os deixaram sair. Fazem concertos regulares, atraem multidões e enchem pavilhões. Aprenderam a dar corda a eles próprios e agora já ninguém os consegue agarrar.

quinta-feira, agosto 11, 2011

Candida Albicans, epílogo

Já se passaram quase cinco anos sobre este post. Na altura, escrevia com o peso de um problema que parecia não ter solução à vista, quando tudo o que queria era poder descrever de que maneira ele tinha ficado resolvido. A conversa com um amigo fez-me hoje reflectir que ainda nunca escrevi este epílogo, e sobretudo numa fase em que os epílogos parecem avolumar-se na minha vida, aqui fica registado mais um, na forma de um resumo do que passei durante mais de um ano em que vivi com uma inflamação vaginal por candida albicans.

Devo dizer, aliás, que este blog acabou por se tornar (sem que fizesse mais por isso do que o conjunto de posts relativos ao assunto) num ponto de referência, ponto de encontro, muro de lamentações, eu sei lá, para muitas centenas de mulheres desesperadas e angustiadas com um problema de saúde que é de facto desesperante e angustiante, e que estranhamente parece continuar a ser pouco valorizado. Essas mulheres que aqui vêm também já mereciam este post, até porque muitas delas têm-me contactado por email ou através dos comentários no blogue, pedindo ajuda, informações, ou apenas alguma forma de apoio moral. A muitas tenho respondido, à medida do que também me vai sendo possível. No conjunto de posts sob o marcador "candida albicans" registo, à data de hoje, 1095 comentários. Mil-e-noventa-e-cinco.

A minha infecção por candida albicans surgiu em Janeiro de 2006 e durou até Março de 2007. Hoje em dia está ultrapassada, mas infelizmente a medicina convencional não chegou para resolver o problema. Costumo dizer que passei das drogas leves (gino-canesten, gino-pevaryl) às drogas duras
(fluconazol) no que aos tratamentos possíveis para a candida dizem respeito e, ao fim de um tempo, tinha a sensação de que quanto mais medicamento tomava ou aplicava, pior me sentia.

Na verdade, tudo começou por ser uma infecção mista (bactéria e fungo), o que só piorou as coisas. Piorou porque para se tratar uma coisa foi inevitável piorar a outra. Ou seja, para matar a bactéria com antibióticos tive que enfraquecer (ainda mais) o sistema imunitário, o que fortaleceu a candida. A candida é um fungo, não é tratável com antibióticos. Ela habita no nosso organismo naturalmente. Se o nosso sistema imunitário estiver a funcionar bem, mantém a cândida a níveis controlados. Se o sistema imunitário enfraquecer (e isso sucede muitas vezes com a toma de antibióticos), é natural que a cândida tenha terreno para se esticar. Foi o que me aconteceu.

Informação importante que acho que qualquer mulher deve conhecer sobre este problema e, de resto, sobre a nossa flora vaginal, é que o princípio de combate à candida é na verdade muito básico: a nossa flora vaginal é naturalmente ácida, porque a acidez destrói as bactérias. É um sistema de defesa natural do nosso organismo, que tem uma "porta aberta para o mundo". Mas os fungos florescem em ambiente ácido. Logo, para combater um fungo, é necessário aumentar o ph da flora vaginal. Ou de todo o organismo, se o fungo estiver a generalizar-se pelo corpo, através do intestino.

E agora, aquilo que realmente interessa: como é que me livrei da candida? A resposta é, com a homeopatia. Os tratamentos têm o grande contra de serem muito caros, mas no meu caso foi a única alternativa. Consultei também um alergologista, fiz uma vacina contra o fungo durante quatro anos. Só tive alta recentemente. Fiz análises de tudo e mais alguma coisa e a candida está desaparecida. O alergologista despediu-se de mim, ao fim deste tempo todo dizendo, durante muito tempo, espero que esteja imunizada. Se a coisa voltar, sabe onde me encontrar... Portanto, isto é sempre uma coisa da qual não se está propriamente curada... Mas estou agora há vários anos sem qualquer crise, o que me deixa muito satisfeita e, por outro lado, mais confiante, porque ao mínimo sinal de alarme já saberei agora melhor o que devo fazer.

Quanto à homeopatia, para quem queira seguir esse caminho, a única coisa que aconselho é que procurem profissionais que vos dêem algumas garantias de fidedignidade. O que eu receio nestas medicinas alternativas é a proliferação de pessoas a praticá-las sem que possamos comprovar se prestam para alguma coisa ou não... no meu caso consultei um homeopata em Lisboa, que dá consultas na Ervanária Científica Garcia da Orta, em Alcântara. O nome é Dr. Amândio Marques e a lista para marcação de consultas costuma ser longa. O que ele fez comigo foi muito simples. Deu-me antiácidos, para eliminar a acidez dos próprios alimentos que eu comia. Alguns antifúngicos naturais. E suplementos alimentares para fortalecer a imunidade. Ao fim de pouco tempo comecei a melhorar e até hoje. Quanto ao custo dos medicamentos, pensai cada uma de vós quanto dinheiro já enterrou em medicamentos que não vos trataram, e é uma questão de verem qual o caminho a seguir.

Em relação à alergologia, consultei um médico na Clínica de Santo António, em Sacavém, o nome é Dr. Marques Ferreira. Para mim a surpresa a este nível foi perceber que muitos ginecologistas desconhecem totalmente que existe uma vacina contra a candida albicans... Acho estranho. Mas pelos vistos a medicina também tem as suas quintas, o que nos deixa a nós, doentes, com a obrigação de nos documentarmos e promover a interdisciplinariedade...

Outras dicas importantes. Começo por produtos que não são medicamentos, mas podem ajudar. O Alkagin tornou-se num amigo para a vida. Uso a solução íntima na minha lavagem diária. Quanto ao gel, pode ser um grande alívio para quem se sinta muito "seca", por vezes alguns tratamentos locais podem deixar essa sensação.

Há ainda outro produto excelente, e que me foi aconselhado a dada altura num comentário aqui mesmo no blogue, por um ginecologista, chamado Geliofil. Há nas farmácias convencionais, se não tiverem peçam para encomendarem. É óptimo para limpar logo a seguir ao período e também não tem contra-indicações. Outra curiosidade: na altura em que recebi esta "dica", eu andava em consultas de ginecologia na Maternidade Alfredo da costa. Quando lá cheguei e falei deste medicamento, desconheciam que ele existisse... É verdade que era algo muito recente, mas de novo estranhei que, no sítio que supostamente está na vanguarda, precisasse de uma utente para lhes levar a boa nova...

Isto para dizer que, infelizmente, há muitos ginecologistas que continuam a achar que a candidíase é um problema menor, facilmente tratável, e que não representa nada de especialmente grave. Relativizam o sofrimento por que se passa quando se sucedem os tratamentos sem que hajam melhoras, insinuam que estamos a imaginar coisas (aconteceu-me, mais um bocadinho e dizia que eu
era maluca), e desvalorizam o mal que isto faz à nossa auto-estima quando percebemos que não conseguimos ter uma vida sexual normal. Ignoram que isto nos pode levar à depressão, como chegou a acontecer comigo.

Que conselhos mais vos posso dar? Se o vosso ginecologista desvaloriza o problema, mandem-no passear. Arranjem outro, e outro, e outro, até acertarem. Explorem outras especialidades médicas, especialmente a alergologia, se virem que associados a estes problemas estão outros, tais como pele atópica, intolerância alimentar, alergias. Não me entendam mal, eu nunca desprezei os médicos. Agarrei-me a eles como lapa, faço os exames todos, vou a consultas regulares. E nada do que aqui digo ou sugiro substitui o acompanhamento médico. Absolutamente nada. Mas nenhum médico pode substituir-nos no nosso empenho de zelarmos pelo melhor acompanhamento possível.

Mas não é menos verdade que há coisas muito importantes que só dependem de nós, desde logo os hábitos alimentares. Água, muita água. Chá, bebi litros e litros de chá. A camomila é um anti-inflamatório natural, e eu também gosto muito duma erva chamada tomilho-limão, faz um chá super agradável e o tomilho é anti-fúngico. Há alimentos que é imperativo evitar durante as crises: cogumelos, coisas com amido ou fermento (pão, bolos), álcool, açúcares. Alimentos ácidos, tais como alguns frutos, laranja, limão, ananás. O leite e o café também devem ser evitados.

E finalmente, o mais difícil de tudo: Não nos deixarmos deprimir, porque a depressão também enfraquece a imunidade e é claro, só dá ainda mais força à candida. Se for preciso tomar
anti-depressivos, pois que seja. Tudo o que for preciso para dar cabo dela.

Isto de certa forma resume tudo o que aprendi e vai ao encontro das muitas perguntas que tantas de vós me têm feito sobre este assunto. Espero que o meu testemunho sirva para vos ajudar a encontrar um caminho para um tratamento que resulte convosco, e que não será necessariamente igual ao meu. O meu epílogo está feito. Desejo a todas as que chegaram a este último prágrafo (e só o farão aquelas a quem isto realmente interessa, de certeza), que o vosso epílogo possa ser escrito o mais brevemente possível.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Mas afinal que karma é este com as ecografias à tiróide?

Que eu tenho, de um modo geral, sempre histórias ridículas para contar em torno de exames médicos. Na verdade não é preciso serem ecografias à tiróide. É um karma cujo sentido cósmico ainda não alcancei, quem sabe quando um dia destes for fazer um retiro espiritual para o Tibete consiga almejar a sua compreensão, por enquanto, permaneço na ignorância.
No caso das ecografias à tiróide, a primeira que fiz, aos 19 anos, entrei na sala para o dito e prontamente disseram-me, "dispa-se da cintura para baixo". Confesso que fiquei ali uns segundos a fazer contas de cabeça e a pensar que eu afinal era tão ignorante em matéria de saúde que chegava ao consultório convencida que a tiróide era no pescoço. Ou que de alguma forma perversa, para chegarem à observação da tiróide tinham que ir por... ou pelo... bem, não interessa, a situação foi rapidamente esclarecida com um "ai desculpe lá, mas hoje têm sido tantas grávidas...".

Hoje. 20 anos depois. Ecografia à tiróide e às partes moles do pescoço, que é logo um exame com uma designação algo deprimente, porque uma pessoa tem consciência que, aos 39 anos e daqui para a frente, o que não faltarão são partes moles observáveis, no pescoço e em todo o lado... E face ao humilhante nome do exame, perguntarão os estimados leitores, pode ficar pior? A resposta é: pode sim senhor.

Ora deixa cá ver o recibo: eco tiroideia e eco prostática. "Eco prostática?", penso eu, e de novo aqueles segundos para fazer contas de cabeça. Mas como é que?... E por onde?...

Quando retomei a compostura, fui acertar contas com a recepcionista. Bati com o recibo no balcão e gritei em plenos pulmões, ó sua cabra, corrija-me lá isto ó fáxavor, porque das partes moles já eu sei que não me livro e ao menos são minhas, agora próstata, nesta encarnação que eu saiba não me calhou nenhuma!...