Já se passaram quase cinco anos sobre este post. Na altura, escrevia com o peso de um problema que parecia não ter solução à vista, quando tudo o que queria era poder descrever de que maneira ele tinha ficado resolvido. A conversa com um amigo fez-me hoje reflectir que ainda nunca escrevi este epílogo, e sobretudo numa fase em que os epílogos parecem avolumar-se na minha vida, aqui fica registado mais um, na forma de um resumo do que passei durante mais de um ano em que vivi com uma inflamação vaginal por candida albicans.
Devo dizer, aliás, que este blog acabou por se tornar (sem que fizesse mais por isso do que o conjunto de posts relativos ao assunto) num ponto de referência, ponto de encontro, muro de lamentações, eu sei lá, para muitas centenas de mulheres desesperadas e angustiadas com um problema de saúde que é de facto desesperante e angustiante, e que estranhamente parece continuar a ser pouco valorizado. Essas mulheres que aqui vêm também já mereciam este post, até porque muitas delas têm-me contactado por email ou através dos comentários no blogue, pedindo ajuda, informações, ou apenas alguma forma de apoio moral. A muitas tenho respondido, à medida do que também me vai sendo possível. No conjunto de posts sob o marcador "candida albicans" registo, à data de hoje, 1095 comentários. Mil-e-noventa-e-cinco.
A minha infecção por candida albicans surgiu em Janeiro de 2006 e durou até Março de 2007. Hoje em dia está ultrapassada, mas infelizmente a medicina convencional não chegou para resolver o problema. Costumo dizer que passei das drogas leves (gino-canesten, gino-pevaryl) às drogas duras
(fluconazol) no que aos tratamentos possíveis para a candida dizem respeito e, ao fim de um tempo, tinha a sensação de que quanto mais medicamento tomava ou aplicava, pior me sentia.
Na verdade, tudo começou por ser uma infecção mista (bactéria e fungo), o que só piorou as coisas. Piorou porque para se tratar uma coisa foi inevitável piorar a outra. Ou seja, para matar a bactéria com antibióticos tive que enfraquecer (ainda mais) o sistema imunitário, o que fortaleceu a candida. A candida é um fungo, não é tratável com antibióticos. Ela habita no nosso organismo naturalmente. Se o nosso sistema imunitário estiver a funcionar bem, mantém a cândida a níveis controlados. Se o sistema imunitário enfraquecer (e isso sucede muitas vezes com a toma de antibióticos), é natural que a cândida tenha terreno para se esticar. Foi o que me aconteceu.
Informação importante que acho que qualquer mulher deve conhecer sobre este problema e, de resto, sobre a nossa flora vaginal, é que o princípio de combate à candida é na verdade muito básico: a nossa flora vaginal é naturalmente ácida, porque a acidez destrói as bactérias. É um sistema de defesa natural do nosso organismo, que tem uma "porta aberta para o mundo". Mas os fungos florescem em ambiente ácido. Logo, para combater um fungo, é necessário aumentar o ph da flora vaginal. Ou de todo o organismo, se o fungo estiver a generalizar-se pelo corpo, através do intestino.
E agora, aquilo que realmente interessa: como é que me livrei da candida? A resposta é, com a homeopatia. Os tratamentos têm o grande contra de serem muito caros, mas no meu caso foi a única alternativa. Consultei também um alergologista, fiz uma vacina contra o fungo durante quatro anos. Só tive alta recentemente. Fiz análises de tudo e mais alguma coisa e a candida está desaparecida. O alergologista despediu-se de mim, ao fim deste tempo todo dizendo, durante muito tempo, espero que esteja imunizada. Se a coisa voltar, sabe onde me encontrar... Portanto, isto é sempre uma coisa da qual não se está propriamente curada... Mas estou agora há vários anos sem qualquer crise, o que me deixa muito satisfeita e, por outro lado, mais confiante, porque ao mínimo sinal de alarme já saberei agora melhor o que devo fazer.
Quanto à homeopatia, para quem queira seguir esse caminho, a única coisa que aconselho é que procurem profissionais que vos dêem algumas garantias de fidedignidade. O que eu receio nestas medicinas alternativas é a proliferação de pessoas a praticá-las sem que possamos comprovar se prestam para alguma coisa ou não... no meu caso consultei um homeopata em Lisboa, que dá consultas na Ervanária Científica Garcia da Orta, em Alcântara. O nome é Dr. Amândio Marques e a lista para marcação de consultas costuma ser longa. O que ele fez comigo foi muito simples. Deu-me antiácidos, para eliminar a acidez dos próprios alimentos que eu comia. Alguns antifúngicos naturais. E suplementos alimentares para fortalecer a imunidade. Ao fim de pouco tempo comecei a melhorar e até hoje. Quanto ao custo dos medicamentos, pensai cada uma de vós quanto dinheiro já enterrou em medicamentos que não vos trataram, e é uma questão de verem qual o caminho a seguir.
Em relação à alergologia, consultei um médico na Clínica de Santo António, em Sacavém, o nome é Dr. Marques Ferreira. Para mim a surpresa a este nível foi perceber que muitos ginecologistas desconhecem totalmente que existe uma vacina contra a candida albicans... Acho estranho. Mas pelos vistos a medicina também tem as suas quintas, o que nos deixa a nós, doentes, com a obrigação de nos documentarmos e promover a interdisciplinariedade...
Outras dicas importantes. Começo por produtos que não são medicamentos, mas podem ajudar. O Alkagin tornou-se num amigo para a vida. Uso a solução íntima na minha lavagem diária. Quanto ao gel, pode ser um grande alívio para quem se sinta muito "seca", por vezes alguns tratamentos locais podem deixar essa sensação.
Há ainda outro produto excelente, e que me foi aconselhado a dada altura num comentário aqui mesmo no blogue, por um ginecologista, chamado Geliofil. Há nas farmácias convencionais, se não tiverem peçam para encomendarem. É óptimo para limpar logo a seguir ao período e também não tem contra-indicações. Outra curiosidade: na altura em que recebi esta "dica", eu andava em consultas de ginecologia na Maternidade Alfredo da costa. Quando lá cheguei e falei deste medicamento, desconheciam que ele existisse... É verdade que era algo muito recente, mas de novo estranhei que, no sítio que supostamente está na vanguarda, precisasse de uma utente para lhes levar a boa nova...
Isto para dizer que, infelizmente, há muitos ginecologistas que continuam a achar que a candidíase é um problema menor, facilmente tratável, e que não representa nada de especialmente grave. Relativizam o sofrimento por que se passa quando se sucedem os tratamentos sem que hajam melhoras, insinuam que estamos a imaginar coisas (aconteceu-me, mais um bocadinho e dizia que eu
era maluca), e desvalorizam o mal que isto faz à nossa auto-estima quando percebemos que não conseguimos ter uma vida sexual normal. Ignoram que isto nos pode levar à depressão, como chegou a acontecer comigo.
Que conselhos mais vos posso dar? Se o vosso ginecologista desvaloriza o problema, mandem-no passear. Arranjem outro, e outro, e outro, até acertarem. Explorem outras especialidades médicas, especialmente a alergologia, se virem que associados a estes problemas estão outros, tais como pele atópica, intolerância alimentar, alergias. Não me entendam mal, eu nunca desprezei os médicos. Agarrei-me a eles como lapa, faço os exames todos, vou a consultas regulares. E nada do que aqui digo ou sugiro substitui o acompanhamento médico. Absolutamente nada. Mas nenhum médico pode substituir-nos no nosso empenho de zelarmos pelo melhor acompanhamento possível.
Mas não é menos verdade que há coisas muito importantes que só dependem de nós, desde logo os hábitos alimentares. Água, muita água. Chá, bebi litros e litros de chá. A camomila é um anti-inflamatório natural, e eu também gosto muito duma erva chamada tomilho-limão, faz um chá super agradável e o tomilho é anti-fúngico. Há alimentos que é imperativo evitar durante as crises: cogumelos, coisas com amido ou fermento (pão, bolos), álcool, açúcares. Alimentos ácidos, tais como alguns frutos, laranja, limão, ananás. O leite e o café também devem ser evitados.
E finalmente, o mais difícil de tudo: Não nos deixarmos deprimir, porque a depressão também enfraquece a imunidade e é claro, só dá ainda mais força à candida. Se for preciso tomar
anti-depressivos, pois que seja. Tudo o que for preciso para dar cabo dela.
Isto de certa forma resume tudo o que aprendi e vai ao encontro das muitas perguntas que tantas de vós me têm feito sobre este assunto. Espero que o meu testemunho sirva para vos ajudar a encontrar um caminho para um tratamento que resulte convosco, e que não será necessariamente igual ao meu. O meu epílogo está feito. Desejo a todas as que chegaram a este último prágrafo (e só o farão aquelas a quem isto realmente interessa, de certeza), que o vosso epílogo possa ser escrito o mais brevemente possível.
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quinta-feira, agosto 11, 2011
sábado, maio 19, 2007
Candida Albicans, Update
Ou seja, a todos e a todas a quem este problema não diz nada, ainda bem para vocês, podem passar ao blog seguinte e voltar noutro dia qualquer. Para as restantes, e os restantes, que também os há, aqui fica uma actualização do que tem sido a minha relação com esta doença nos últimos tempos.
A minha Candida está, desde Março, controlada. Passei um fase muito má em Janeiro, quando celebrei o 1.º aniversário da dita. Nessa altura voltei à Maternidade Alfredo da Costa, e a seguir fui ao meu médico, que me pôs a anti-depressivos, tal era o estado miserável em que eu me encontrava. Tenho vindo a reduzir, e vou largá-los definitivamente no mês que vem.
Depois de despistar todas as possibilidades e mais alguma de eu ter algum outro problema de saúde que provocasse esta situação (tiróide ou outro distúrbio hormonal, infecção por bactéria, alergia), estou hoje em dia a encarar este problema como uma doença crónica que eu contraí. Daí não dizer que estou curada, porque não estou, mas apenas que consegui arranjar maneira de manter isto controlado. Um controlo muito instável, aliás. Basta comer alguma coisa mais calórica, ingerir menos líquidos, trabalhar mais intensamente, enervar-me, chego ao fim do dia e já estou com mais corrimento, sinal de que a bicha aproveitou logo uma qualquer fraqueza minha para se soltar das rédeas em que está presa.
Actualmente o que me preocupa é a dependência dos medicamentos para andar bem. Tenho a sentença lida para tomar Fluconazol uma vez por semana, num período que será de seis meses a um ano. Pode-me dar cabo do fígado? Pois pode. Fui fazer análises recentemente, estou à espera do resultado, para ir monitorizando a minha reacção a uma toma tão regular deste fármaco, e espero que o fígado se vá aguentando. De resto, tenho muitas dúvidas quanto à eficácia disto. Umas vezes acho que me faz bem, outras vezes tenho a impressão que até fico com mais corrimento dois ou três dias depois de o ter tomado, mas também não tenho uma certeza a cem por cento, e por via das dúvidas, vou tomando. Volto à Maternidade em Agosto, logo se verá.
Estou bastante satisfeita com a homeopatia, a minha conta bancária é que fica gravemente doente de cada vez que vou a uma nova consulta. Senti grandes melhoras com o tratamento que o homeopata me prescreveu, e o único problema é que umas semanas depois de o terminar... tive uma recaída. Já vou na segunda dose de um tratamento, que se baseia em dois princípios: fortalecer o meu sistema imunitário e controlar a acidez dos medicamentos que ingiro. Recordo que a Candida não sobrevive em meio alcalino. Logo, se a acidez dos alimentos for reduzida, a bicha fica sem ter do que comer. Isto para mim continua a fazer sentido, independentemente do que o senhor me veja no olho ou não. Ele na altura receitou-me uns óvulos que eu comprei mas não coloquei (ainda), porque não quis continuar a castigar a minha flora vaginal com substâncias, que eu às tantas já não tinha noção do que é que ajudava ou desajudava. De resto, o tratamento que faço é este: Prelief; Stauvita; Sanukehl Cand D6; Caprinol.
Mantenho as idas ao Alergologista. A vacina que comecei em Novembro do ano passado, ainda não chegou à dose mais concentrada, que supostamente começará a ser eficaz. Vou lá de quinze em quinze dias levar uma picadela, de cada uma das vezes a dose vai sendo maior, e no que a isto diz respeito, continuo a pagar para ver.
Bebo dois litros de água por dia. Quando me desleixo, ressinto-me. Não posso abusar dos doces, chocolate então, o melhor é nem o cheirar. Como uma laranja quando o rei faz anos, o leite está praticamente erradicado, é ainda mais raro do que as laranjas, sempre que bebo leite é tiro e queda o acentuar do corrimento. Passei de três cafés para um café diário. Cuecas de algodão, arejar, lavagem íntima sempre com água fria.
O Geliofil, que foi aqui aconselhado por um médico generoso a quem uma vez mais agradeço a simpatia e a atenção, tornou-se num companheiro regular. No final de cada período menstrual, três dias de Geliofil. Só tenho a dizer maravilhas. Disso e do Alkagin. Uso a loção de higiene íntima e o gel de aplicação vulvar. Já vi que a fase mais complicada é sempre a partir dos vinte dias de ciclo, e até aparecer a menstruação. Nessa altura a secura acentua-se, e a aplicação do Alkagin em gel é óptimo, sobretudo antes de deitar.
E agora poderão perguntar-me, mas assim com isso tudo, como é que sabes o que verdadeiramente te está a fazer bem? A resposta é: não sei. Nem sei se é apenas uma coisa, ou precisamente estas coisas todas em conjunto que me têm ajudado a manter algum equilíbrio. O que eu sei é que voltei a uma vida sexual regular, e isso parecendo que não, contribui e muito para a minha sanidade mental. Uma das coisas que me empurrou para a depressão foi precisamente essa incapacidade para o sexo, que era física mas também de uma total ausência de líbido. Isso fazia-me sentir um lixo enquanto mulher, e estive muito perto de me afastar do meu companheiro por causa disto. Felizmente os tempos actuais são bem melhores, que se vier por aí mais uma fase má, pelo menos já há memória de uma fase boa pelo meio.
Nunca esperei, quando falei disto pela primeira vez em Setembro do ano passado, que estivesse ainda hoje a ver aumentar a caixa de comentários deste post. Já vai em mais de 200, e há até quem me sugira a criação de um Fórum sobre este assunto. São muitas as mulheres e homens que se aproximaram de mim por conta desta doença, que comentaram, enviaram e-mails, procuraram, de alguma forma, conversar comigo sobre este assunto. Fico a imaginar quantos têm passado por aqui com o mesmo problema e que não chegaram a dizer nada.
Quanto aos que se chegam à frente, tenho procurado estar disponível para todos, embora sublinhe que estou longe de ser uma especialista na matéria. Agora, estou absolutamente convencida que este não é um problema de minorias. É uma doença grave, que provoca danos físicos e psicológicos profundos, e está em crescimento. O médico que achar que isto é coisa simples de resolver, até pode ser um bom médico, mas não tem condições de ajudar quem esteja com uma infecção recorrente de Candida Albicans.
E no entanto, a única maneira possível de lidar com esta doença é, precisamente, indo ao médico. Se não gostarem, se acharem que são mal acompanhadas, troquem. Vão a outro, e a outro, e a outro, até encontrarem aquele que vos dê a atenção merecida, e nessa altura, agarrem-se a ele com unhas e dentes, se for preciso. Ginecologista, alergologista, dermatologista, endocrinologista, homeopata, psicólogo, psiquiatra, o que for. O único caminho que eu posso sugerir é este: conhecer a fundo o próprio corpo, perceber que problemas de saúde poderão existir em concomitância com a Candida, porque se for um problema hormonal o tratamento é um, se for uma questão alérgica será com certeza outro, e por aí fora. Depois, por tentativa e erro, encontrar os medicamentos, ou produtos, que em cada caso possam ajudar a encontrar o tal equilíbrio. Identificar os hábitos, alimentares ou outros, que contribuem para melhorar a qualidade de vida, e seguir por esse caminho. Não vale a pena pensar em termos de cura. Isto é uma doença crónica, o melhor que se pode alcançar é o seu controle.
E o mais importante de tudo (que serve também para me lembrar a mim, no caso de um dia destes resvalar outra vez para o abismo): Não deixem de gostar de si próprias por causa disto. Perder a auto-estima é uma derrota que não podemos conceder a este fungo, que é desprezível ao ponto de se alimentar com a nossa infelicidade.
(Pode parecer outra vez um grande testamento em torno do mesmo assunto, mas as dezenas de pessoas que aqui vêm parar todos os dias, motivadas pela angústia que este problema produz, merecem-me todo o respeito e solidariedade. A única coisa que posso fazer por elas é dar o meu testemunho, por isso aqui está ele, uma vez mais.)
A minha Candida está, desde Março, controlada. Passei um fase muito má em Janeiro, quando celebrei o 1.º aniversário da dita. Nessa altura voltei à Maternidade Alfredo da Costa, e a seguir fui ao meu médico, que me pôs a anti-depressivos, tal era o estado miserável em que eu me encontrava. Tenho vindo a reduzir, e vou largá-los definitivamente no mês que vem.
Depois de despistar todas as possibilidades e mais alguma de eu ter algum outro problema de saúde que provocasse esta situação (tiróide ou outro distúrbio hormonal, infecção por bactéria, alergia), estou hoje em dia a encarar este problema como uma doença crónica que eu contraí. Daí não dizer que estou curada, porque não estou, mas apenas que consegui arranjar maneira de manter isto controlado. Um controlo muito instável, aliás. Basta comer alguma coisa mais calórica, ingerir menos líquidos, trabalhar mais intensamente, enervar-me, chego ao fim do dia e já estou com mais corrimento, sinal de que a bicha aproveitou logo uma qualquer fraqueza minha para se soltar das rédeas em que está presa.
Actualmente o que me preocupa é a dependência dos medicamentos para andar bem. Tenho a sentença lida para tomar Fluconazol uma vez por semana, num período que será de seis meses a um ano. Pode-me dar cabo do fígado? Pois pode. Fui fazer análises recentemente, estou à espera do resultado, para ir monitorizando a minha reacção a uma toma tão regular deste fármaco, e espero que o fígado se vá aguentando. De resto, tenho muitas dúvidas quanto à eficácia disto. Umas vezes acho que me faz bem, outras vezes tenho a impressão que até fico com mais corrimento dois ou três dias depois de o ter tomado, mas também não tenho uma certeza a cem por cento, e por via das dúvidas, vou tomando. Volto à Maternidade em Agosto, logo se verá.
Estou bastante satisfeita com a homeopatia, a minha conta bancária é que fica gravemente doente de cada vez que vou a uma nova consulta. Senti grandes melhoras com o tratamento que o homeopata me prescreveu, e o único problema é que umas semanas depois de o terminar... tive uma recaída. Já vou na segunda dose de um tratamento, que se baseia em dois princípios: fortalecer o meu sistema imunitário e controlar a acidez dos medicamentos que ingiro. Recordo que a Candida não sobrevive em meio alcalino. Logo, se a acidez dos alimentos for reduzida, a bicha fica sem ter do que comer. Isto para mim continua a fazer sentido, independentemente do que o senhor me veja no olho ou não. Ele na altura receitou-me uns óvulos que eu comprei mas não coloquei (ainda), porque não quis continuar a castigar a minha flora vaginal com substâncias, que eu às tantas já não tinha noção do que é que ajudava ou desajudava. De resto, o tratamento que faço é este: Prelief; Stauvita; Sanukehl Cand D6; Caprinol.
Mantenho as idas ao Alergologista. A vacina que comecei em Novembro do ano passado, ainda não chegou à dose mais concentrada, que supostamente começará a ser eficaz. Vou lá de quinze em quinze dias levar uma picadela, de cada uma das vezes a dose vai sendo maior, e no que a isto diz respeito, continuo a pagar para ver.
Bebo dois litros de água por dia. Quando me desleixo, ressinto-me. Não posso abusar dos doces, chocolate então, o melhor é nem o cheirar. Como uma laranja quando o rei faz anos, o leite está praticamente erradicado, é ainda mais raro do que as laranjas, sempre que bebo leite é tiro e queda o acentuar do corrimento. Passei de três cafés para um café diário. Cuecas de algodão, arejar, lavagem íntima sempre com água fria.
O Geliofil, que foi aqui aconselhado por um médico generoso a quem uma vez mais agradeço a simpatia e a atenção, tornou-se num companheiro regular. No final de cada período menstrual, três dias de Geliofil. Só tenho a dizer maravilhas. Disso e do Alkagin. Uso a loção de higiene íntima e o gel de aplicação vulvar. Já vi que a fase mais complicada é sempre a partir dos vinte dias de ciclo, e até aparecer a menstruação. Nessa altura a secura acentua-se, e a aplicação do Alkagin em gel é óptimo, sobretudo antes de deitar.
E agora poderão perguntar-me, mas assim com isso tudo, como é que sabes o que verdadeiramente te está a fazer bem? A resposta é: não sei. Nem sei se é apenas uma coisa, ou precisamente estas coisas todas em conjunto que me têm ajudado a manter algum equilíbrio. O que eu sei é que voltei a uma vida sexual regular, e isso parecendo que não, contribui e muito para a minha sanidade mental. Uma das coisas que me empurrou para a depressão foi precisamente essa incapacidade para o sexo, que era física mas também de uma total ausência de líbido. Isso fazia-me sentir um lixo enquanto mulher, e estive muito perto de me afastar do meu companheiro por causa disto. Felizmente os tempos actuais são bem melhores, que se vier por aí mais uma fase má, pelo menos já há memória de uma fase boa pelo meio.
Nunca esperei, quando falei disto pela primeira vez em Setembro do ano passado, que estivesse ainda hoje a ver aumentar a caixa de comentários deste post. Já vai em mais de 200, e há até quem me sugira a criação de um Fórum sobre este assunto. São muitas as mulheres e homens que se aproximaram de mim por conta desta doença, que comentaram, enviaram e-mails, procuraram, de alguma forma, conversar comigo sobre este assunto. Fico a imaginar quantos têm passado por aqui com o mesmo problema e que não chegaram a dizer nada.
Quanto aos que se chegam à frente, tenho procurado estar disponível para todos, embora sublinhe que estou longe de ser uma especialista na matéria. Agora, estou absolutamente convencida que este não é um problema de minorias. É uma doença grave, que provoca danos físicos e psicológicos profundos, e está em crescimento. O médico que achar que isto é coisa simples de resolver, até pode ser um bom médico, mas não tem condições de ajudar quem esteja com uma infecção recorrente de Candida Albicans.
E no entanto, a única maneira possível de lidar com esta doença é, precisamente, indo ao médico. Se não gostarem, se acharem que são mal acompanhadas, troquem. Vão a outro, e a outro, e a outro, até encontrarem aquele que vos dê a atenção merecida, e nessa altura, agarrem-se a ele com unhas e dentes, se for preciso. Ginecologista, alergologista, dermatologista, endocrinologista, homeopata, psicólogo, psiquiatra, o que for. O único caminho que eu posso sugerir é este: conhecer a fundo o próprio corpo, perceber que problemas de saúde poderão existir em concomitância com a Candida, porque se for um problema hormonal o tratamento é um, se for uma questão alérgica será com certeza outro, e por aí fora. Depois, por tentativa e erro, encontrar os medicamentos, ou produtos, que em cada caso possam ajudar a encontrar o tal equilíbrio. Identificar os hábitos, alimentares ou outros, que contribuem para melhorar a qualidade de vida, e seguir por esse caminho. Não vale a pena pensar em termos de cura. Isto é uma doença crónica, o melhor que se pode alcançar é o seu controle.
E o mais importante de tudo (que serve também para me lembrar a mim, no caso de um dia destes resvalar outra vez para o abismo): Não deixem de gostar de si próprias por causa disto. Perder a auto-estima é uma derrota que não podemos conceder a este fungo, que é desprezível ao ponto de se alimentar com a nossa infelicidade.
(Pode parecer outra vez um grande testamento em torno do mesmo assunto, mas as dezenas de pessoas que aqui vêm parar todos os dias, motivadas pela angústia que este problema produz, merecem-me todo o respeito e solidariedade. A única coisa que posso fazer por elas é dar o meu testemunho, por isso aqui está ele, uma vez mais.)
terça-feira, março 27, 2007
A minha primeira aventura homeopática
(Depois de passar mais uma série de dias sem acesso à internet, porque a Memória RAM estava a precisar que um especialista em informática passasse cá por casa, a tirasse do sítio, lhe desse uma assopradela, lhe tirasse o pó com um pano macio, e a voltasse a colocar no local respectivo, aqui estou eu uma vez mais.)
Fui ao homeopata. A Albicans sossegou mas não morreu, e vai daí resolvi combater o meu cepticismo com uma resolução que não tem contra-argumentação possível: eu hei-de fazer tudo, mas tudo o que esteja ao meu alcance, para combater esta doença que me assaltou. Porque melhorar não é o mesmo que ficar boa, e melhorar à base de medicamentos que só fazem "festas ao bicho", exigia que eu fosse pelo menos ver o que estava para lá da medicina tradicional.
E lá fui eu. O doutor foi bem recomendado, professor catedrático e não sei quê. Uma coisa vi eu logo quando lá cheguei: com uma sala de espera tão repleta, desde crianças a velhinhos de bengala, é estatisticamente improvável que tanta gente ande ao engano. Com o meu cepticismo a gritar-me aos ouvidos: "É um charlatão! Vais sair daqui sem um tostãozinho para amostra!", sentei-me e esperei, que as decisões, quando se tomam, são para levar adiante. E esperei. E esperei mais um bocadinho, e continuei a esperar, que pelos vistos aquilo é mesmo assim que funciona.
E lá entrei para falar com o senhor. Expus-lhe o problema Albicans, e da parte dele só ouvi coisas razoáveis, o que me agradou. Propôs-se a reforçar o meu sistema imunitário, mantendo todos os tratamentos que a medicina tradicional me tinha prescrito. "Cada coisa no seu lugar, disse ele". Lembrou que a Candida Albicans não é como uma bactéria estranha ao nosso corpo, que se combate e expulsa, e o problema fica resolvido. A Albicans vive dentro de nós, e a única coisa que se pode fazer é dar ao nosso corpo as ferramentas que e ele precisa para não a deixar andar desgovernada. Que a bicha aprende a criar resistência e depois é uma chatice, quanto mais é agredida, mais ela se revolta. E até aqui tudo bem.
A seguir, manda-me ir para um aparelhómetro, e faz o quê? Observa-me o olho! O olho! E passando desde já à frente de algum pensamento mais brejeiro da parte de quem esteja a ler estas linhas, era um aparelho em tudo semelhante aos que existem nos consultórios de oftalmologia, ok? Fiquei depois a saber que a Iridologia (observação da íris) é uma prática dos médicos homeopatas, porque dizem eles, é possível ver na íris os males do corpo da pessoa. (Estou a escrever isto e ao mesmo tempo o meu cepticismo aperta-me o pescoço, abana-me e dá-me caroladas na cabeça, tudo ao mesmo tempo).
E pronto. Deixei lá ficar quase 200 euros. O doutor mandou-me voltar ao fim de um mês de tratamento para, palavras da funcionária da entrada, "me dar um olhinho". Já a tinha ouvido a utilizar a expressão enquanto esperava pela minha vez, só depois percebi que aquilo tinha um sentido literal!
Já comecei o tratamento. Não fiz alergia até agora, do mal o menos. Quanto aos resultados, vamos lá a ver. Peço desculpa a quem possa estar com vontade de saber o que é que eu ando a tomar, mas acho que não devo dizer. Ainda não sei que efeitos práticos vai ter, não conheço assim tão bem este tipo de medicamentos, e não quero pensar que alguém vá à procura destas coisas, mal informada e na base do desespero. Quando muito, se alguém quiser saber o nome do homeopata, estou à disposição.
Para já, e cepticismos à parte, estou de peito aberto nesta forma alternativa de levar a Albicans ao engano. Quem sabe?...
Fui ao homeopata. A Albicans sossegou mas não morreu, e vai daí resolvi combater o meu cepticismo com uma resolução que não tem contra-argumentação possível: eu hei-de fazer tudo, mas tudo o que esteja ao meu alcance, para combater esta doença que me assaltou. Porque melhorar não é o mesmo que ficar boa, e melhorar à base de medicamentos que só fazem "festas ao bicho", exigia que eu fosse pelo menos ver o que estava para lá da medicina tradicional.
E lá fui eu. O doutor foi bem recomendado, professor catedrático e não sei quê. Uma coisa vi eu logo quando lá cheguei: com uma sala de espera tão repleta, desde crianças a velhinhos de bengala, é estatisticamente improvável que tanta gente ande ao engano. Com o meu cepticismo a gritar-me aos ouvidos: "É um charlatão! Vais sair daqui sem um tostãozinho para amostra!", sentei-me e esperei, que as decisões, quando se tomam, são para levar adiante. E esperei. E esperei mais um bocadinho, e continuei a esperar, que pelos vistos aquilo é mesmo assim que funciona.
E lá entrei para falar com o senhor. Expus-lhe o problema Albicans, e da parte dele só ouvi coisas razoáveis, o que me agradou. Propôs-se a reforçar o meu sistema imunitário, mantendo todos os tratamentos que a medicina tradicional me tinha prescrito. "Cada coisa no seu lugar, disse ele". Lembrou que a Candida Albicans não é como uma bactéria estranha ao nosso corpo, que se combate e expulsa, e o problema fica resolvido. A Albicans vive dentro de nós, e a única coisa que se pode fazer é dar ao nosso corpo as ferramentas que e ele precisa para não a deixar andar desgovernada. Que a bicha aprende a criar resistência e depois é uma chatice, quanto mais é agredida, mais ela se revolta. E até aqui tudo bem.
A seguir, manda-me ir para um aparelhómetro, e faz o quê? Observa-me o olho! O olho! E passando desde já à frente de algum pensamento mais brejeiro da parte de quem esteja a ler estas linhas, era um aparelho em tudo semelhante aos que existem nos consultórios de oftalmologia, ok? Fiquei depois a saber que a Iridologia (observação da íris) é uma prática dos médicos homeopatas, porque dizem eles, é possível ver na íris os males do corpo da pessoa. (Estou a escrever isto e ao mesmo tempo o meu cepticismo aperta-me o pescoço, abana-me e dá-me caroladas na cabeça, tudo ao mesmo tempo).
E pronto. Deixei lá ficar quase 200 euros. O doutor mandou-me voltar ao fim de um mês de tratamento para, palavras da funcionária da entrada, "me dar um olhinho". Já a tinha ouvido a utilizar a expressão enquanto esperava pela minha vez, só depois percebi que aquilo tinha um sentido literal!
Já comecei o tratamento. Não fiz alergia até agora, do mal o menos. Quanto aos resultados, vamos lá a ver. Peço desculpa a quem possa estar com vontade de saber o que é que eu ando a tomar, mas acho que não devo dizer. Ainda não sei que efeitos práticos vai ter, não conheço assim tão bem este tipo de medicamentos, e não quero pensar que alguém vá à procura destas coisas, mal informada e na base do desespero. Quando muito, se alguém quiser saber o nome do homeopata, estou à disposição.
Para já, e cepticismos à parte, estou de peito aberto nesta forma alternativa de levar a Albicans ao engano. Quem sabe?...
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Vivam os anti-depressivos!
Na Segunda-Feira passada cheguei ao pé do meu médico num estado de tal maneira miserável, que ao fim de cinco segundos ele já estava a passar a receita dos comprimidinhos que fazem rir os elefantes. "A pílula da felicidade", foi o que ele lhe chamou. E sim, infelizmente a depressão é mais outro efeito colatoral do problema que já chateia tanto que já nem me apetece pronunciar-lhe o nome. É isso mesmo, olha, vou dar um nome à puta da minha candidíase. Vai passar a chamar-se Voldemort, ou aquela cujo nome não pode ser pronunciado.
Que isto só me faz lembrar aquela anedota do médico que atende um doente com diarreia, e que por engano lhe passa calmantes. Mais tarde quando o encontra e lhe pergunta se está melhor, o doente responde: "muito melhor, senhor doutor. Eu continuo a borrar-me todo, mas agora já não me ralo".
Mas não é que a coisa funciona? Desde Segunda-Feira para cá que já consigo dormir sem pesadelos estúpidos, não ando a chorar por tudo e por nada, tenho as ideias mais claras, e isto é que eu acho fantástico, recebi ontem a convocatória para uma entrevista de emprego, e hoje tive uma conversa com um amigo que pode ter sido uma ajuda preciosa para definir o meu futuro profissional. Ah! E pagaram-me o almoço num restaurante fino dois dias seguidos!
É o que diz a minha irmã. À conta dos anti-depressivos ainda vendo a casa já esta semana!...
Que isto só me faz lembrar aquela anedota do médico que atende um doente com diarreia, e que por engano lhe passa calmantes. Mais tarde quando o encontra e lhe pergunta se está melhor, o doente responde: "muito melhor, senhor doutor. Eu continuo a borrar-me todo, mas agora já não me ralo".
Mas não é que a coisa funciona? Desde Segunda-Feira para cá que já consigo dormir sem pesadelos estúpidos, não ando a chorar por tudo e por nada, tenho as ideias mais claras, e isto é que eu acho fantástico, recebi ontem a convocatória para uma entrevista de emprego, e hoje tive uma conversa com um amigo que pode ter sido uma ajuda preciosa para definir o meu futuro profissional. Ah! E pagaram-me o almoço num restaurante fino dois dias seguidos!
É o que diz a minha irmã. À conta dos anti-depressivos ainda vendo a casa já esta semana!...
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Aos médicos
Especialmente ginecologistas, que ainda acham que a infecção por Candida Albicans é um problema simples de solucionar:
É só para dizer que este post já atingiu os 100 comentários.
E que se for mesmo só de 5% a percentagem de mulheres que vivem anos a fio com este problema, e que não conseguem encontrar a cura com os tristemente famosos imidazólicos e triazólicos, então meus amigos, deu-se esta coisa extraordinária de boa parte delas vir parar aqui a este tasco. À procura de respostas que tardam, aproveitando o espaço para chorar as mágoas, trocar umas ideias, enfim, à procura da luz ao fundo do túnel.
Vendo isto, vendo que mais de metade das minhas visitas hoje em dia provêm de pesquisas relacionadas com este problema, fico a perguntar-me: seremos afinal uns bichos assim tão raros? Cada vez estou mais convencida que não...
A Candida continua a marcar pontos.
É só para dizer que este post já atingiu os 100 comentários.
E que se for mesmo só de 5% a percentagem de mulheres que vivem anos a fio com este problema, e que não conseguem encontrar a cura com os tristemente famosos imidazólicos e triazólicos, então meus amigos, deu-se esta coisa extraordinária de boa parte delas vir parar aqui a este tasco. À procura de respostas que tardam, aproveitando o espaço para chorar as mágoas, trocar umas ideias, enfim, à procura da luz ao fundo do túnel.
Vendo isto, vendo que mais de metade das minhas visitas hoje em dia provêm de pesquisas relacionadas com este problema, fico a perguntar-me: seremos afinal uns bichos assim tão raros? Cada vez estou mais convencida que não...
A Candida continua a marcar pontos.
quinta-feira, novembro 30, 2006
Maldita Candida
Entre 14 de Outubro e 15 de Novembro entupi-me de medicamentos. Diflucan (fluconazol) 150 mg uma vez por semana, e nos primeiros seis dias, comprimidos vaginais Gyno-Trosyd (tioconazol) 100 mg, um por dia. Foi este o tratamento que me recomendaram na Maternidade Alfredo da Costa. Dois dias depois de terminar os comprimidos vaginais a inflamação voltou.
Uma semana depois voltei à carga com o Gyno-Trosyd, desta vez em creme, que dá para enfiar 300 mg de uma vez. Quatro dias depois, mais 300 mg. Melhorei, muito, menstruação, novo tratamento de prevenção durante quatro dias.
Estive bem durante 10 dias (é o máximo de tempo em que me consigo manter bem). Já voltou tudo ao mesmo outra vez. Era suposto ficar sem medicamento durante um mês, ou seja, entre menstruações, continuando a tomar o Diflucan uma vez por mês durante três meses. Bem que eu gostaria de cumprir esse tratamento. Que ele fosse suficiente. Mas nunca é suficiente, estou como os toxicodependentes, já não vivo sem a droga.
Comecei uma vacina contra a bicha. Alergologista espera assim dar o seu contributo para que eu veja este problema pelas costas. Para já levo a vacina uma vez por semana e ainda só lá fui duas vezes, de modo que não sei ainda que resultado irá isso dar.
A pergunta volta sempre e pesa como um fardo de toneladas. Isto terá alguma vez um fim? As alternativas possíveis vão caindo por terra, uma a uma. Já lá vai quase um ano. Estou farta de dar voltas. E de gastar dinheiro. Basicamente, estou farta.
Uma semana depois voltei à carga com o Gyno-Trosyd, desta vez em creme, que dá para enfiar 300 mg de uma vez. Quatro dias depois, mais 300 mg. Melhorei, muito, menstruação, novo tratamento de prevenção durante quatro dias.
Estive bem durante 10 dias (é o máximo de tempo em que me consigo manter bem). Já voltou tudo ao mesmo outra vez. Era suposto ficar sem medicamento durante um mês, ou seja, entre menstruações, continuando a tomar o Diflucan uma vez por mês durante três meses. Bem que eu gostaria de cumprir esse tratamento. Que ele fosse suficiente. Mas nunca é suficiente, estou como os toxicodependentes, já não vivo sem a droga.
Comecei uma vacina contra a bicha. Alergologista espera assim dar o seu contributo para que eu veja este problema pelas costas. Para já levo a vacina uma vez por semana e ainda só lá fui duas vezes, de modo que não sei ainda que resultado irá isso dar.
A pergunta volta sempre e pesa como um fardo de toneladas. Isto terá alguma vez um fim? As alternativas possíveis vão caindo por terra, uma a uma. Já lá vai quase um ano. Estou farta de dar voltas. E de gastar dinheiro. Basicamente, estou farta.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Tempo
É coisa que me anda a fugir por entre os dedos. Os dias passam a uma velocidade vertiginosa, em menos de um nada são horas de levantar, em ainda menos que isso já estou a caminho da cama para dormir outra vez, e pelo meio fica uma sequência atabalhoada de acontecimentos, de correrias, não só no trabalho mas também nele, e no final do dia, uma sensação de que não fiz rigorosamente nada, a não ser este andar a correr de uns lugares para os outros. Sinto-me especialmente cansada esta semana.
No outro dia olhei para o calendário e apercebi-me que já estamos no final do ano outra vez. Senti-me como o personagem principal do filme "Click", que tem um comando e faz "fast foward" na vida dele sempre que quer passar por cima de algo que não lhe interessa. Senti-me acabadinha de chegar de um "fast foward" desses.
Para onde foi este ano que está quase a chegar ao fim? Não sei. Fiz tanta coisa interessante, diverti-me, tenho montes de coisas boas para reter na memória, mas a triste verdade é que em todos os momentos a grande preocupação era a Candida, e mesmo em períodos de diversão e alegria, foram sempre filtrados pela Candida, e este será, definitivamente, o ano da Candida. Nela se tem consumido grande parte do meu tempo e das minhas energias. É definitivamente a personagem principal do meu filme deste ano. Já só me resta esperar que em 2007 saia de cartaz.
No outro dia olhei para o calendário e apercebi-me que já estamos no final do ano outra vez. Senti-me como o personagem principal do filme "Click", que tem um comando e faz "fast foward" na vida dele sempre que quer passar por cima de algo que não lhe interessa. Senti-me acabadinha de chegar de um "fast foward" desses.
Para onde foi este ano que está quase a chegar ao fim? Não sei. Fiz tanta coisa interessante, diverti-me, tenho montes de coisas boas para reter na memória, mas a triste verdade é que em todos os momentos a grande preocupação era a Candida, e mesmo em períodos de diversão e alegria, foram sempre filtrados pela Candida, e este será, definitivamente, o ano da Candida. Nela se tem consumido grande parte do meu tempo e das minhas energias. É definitivamente a personagem principal do meu filme deste ano. Já só me resta esperar que em 2007 saia de cartaz.
quarta-feira, outubro 11, 2006
A minha pobre vagina
Que tantas alegrias me tem dado no passado, continua doente. E como qualquer mulher que se preze precisa de viver com uma vagina em condições, fui ontem com ela à Maternidade Alfredo da Costa, porque se há sítio neste País que perceba de vaginas, é lá de certeza absoluta.
A assim foi. Esperado o tempo regulamentar entrámos as duas no gabinete para a consulta, mas foi preciso alguma presença de espírito para não dar meia-volta e fugir logo no primeiro embate. É que à espera da minha vagina estavam dois pénis acabadinhos de sair da faculdade, de tal maneira novinhos, que de certeza absoluta, já a minha vagina menstruava e aqueles pénis ainda não tinham nascido.
Era evidente para todos naquela sala que aqueles dois pénis inexperientes não tinham arcaboiço para se aguentarem com uma vagina como a minha, nem mesmo com ela boa de saúde, quanto mais cheia de complicações como ela anda. Mas mesmo assim, confiei. Afinal, todos nós já passámos pelo tempo em que as nossas vaginas e os nossos pénis podiam contar apenas com muita informação teórica e pouca ou nenhuma experiência prática. E não há inexperiência que não se possa compensar com entusiasmo, vontade de experimentar coisas novas e é claro, alguma humildade.
Foi o caso. Depois de fazer o relatório de tudo aquilo por que a minha vagina já passou, ambos os pénis abandonaram o gabinete por uns cinco minutos. Estou capaz de apostar que foram ter com alguma vagina mais velha, algum pénis mais rodado, que lhes dissesse o que fazer com a minha pobre vagina. Voltaram de lá com um tratamento bem estruturado, que me deu, pelo menos para já, a esperança de uma recuperação.
Que ao menos haja essa esperança. Já que nos últimos tempos a única coisa boa que resta à minha pobre vagina e ao pobre pénis que tantas noites dorme ao lado dela, é a lembrança de tempos muito mais felizes...
A assim foi. Esperado o tempo regulamentar entrámos as duas no gabinete para a consulta, mas foi preciso alguma presença de espírito para não dar meia-volta e fugir logo no primeiro embate. É que à espera da minha vagina estavam dois pénis acabadinhos de sair da faculdade, de tal maneira novinhos, que de certeza absoluta, já a minha vagina menstruava e aqueles pénis ainda não tinham nascido.
Era evidente para todos naquela sala que aqueles dois pénis inexperientes não tinham arcaboiço para se aguentarem com uma vagina como a minha, nem mesmo com ela boa de saúde, quanto mais cheia de complicações como ela anda. Mas mesmo assim, confiei. Afinal, todos nós já passámos pelo tempo em que as nossas vaginas e os nossos pénis podiam contar apenas com muita informação teórica e pouca ou nenhuma experiência prática. E não há inexperiência que não se possa compensar com entusiasmo, vontade de experimentar coisas novas e é claro, alguma humildade.
Foi o caso. Depois de fazer o relatório de tudo aquilo por que a minha vagina já passou, ambos os pénis abandonaram o gabinete por uns cinco minutos. Estou capaz de apostar que foram ter com alguma vagina mais velha, algum pénis mais rodado, que lhes dissesse o que fazer com a minha pobre vagina. Voltaram de lá com um tratamento bem estruturado, que me deu, pelo menos para já, a esperança de uma recuperação.
Que ao menos haja essa esperança. Já que nos últimos tempos a única coisa boa que resta à minha pobre vagina e ao pobre pénis que tantas noites dorme ao lado dela, é a lembrança de tempos muito mais felizes...
segunda-feira, outubro 09, 2006
Pescadinha de rabo na boca
A flora vaginal é naturalmente ácida. É neste ambiente que se desenvolvem os bacilos Doderlein, essenciais para combater infecções por bactérias e outras porcarias.
Quando se tem uma infecção por bactérias, é preciso tomar antibiótico. Os antibióticos enfraquecem o sistema imunitário.
Quando se toma antibiótico para eliminar as bactérias, o sistema imunitário enfraquece e o organismo fica mais sujeito a infecções por fungos, como a Candida Albicans.
Quando se combate a Candida, altera-se o PH vaginal, porque o fungo não sobrevive em ambiente alcalino.
Quando se eleva o PH vaginal, matam-se os bacilos Doderlein que combatem as infecções por bactérias. As bactérias dão-se bem com ambiente alcalino.
Quando se tem uma infecção por bactérias é preciso tomar antibiótico...
Quando se tem uma infecção por bactérias, é preciso tomar antibiótico. Os antibióticos enfraquecem o sistema imunitário.
Quando se toma antibiótico para eliminar as bactérias, o sistema imunitário enfraquece e o organismo fica mais sujeito a infecções por fungos, como a Candida Albicans.
Quando se combate a Candida, altera-se o PH vaginal, porque o fungo não sobrevive em ambiente alcalino.
Quando se eleva o PH vaginal, matam-se os bacilos Doderlein que combatem as infecções por bactérias. As bactérias dão-se bem com ambiente alcalino.
Quando se tem uma infecção por bactérias é preciso tomar antibiótico...
terça-feira, setembro 05, 2006
O meu nome é Albicans. Candida Albicans.
E tem licença para me atormentar. Ando há sete meses a lutar contra uma inflamação vaginal provocada por este fungo e estou cada vez mais desesperada. Nada resolve o problema. Já tenho que puxar muito pela cabeça para me recordar de todos os tratamentos que já fiz, de todas as substâncias que já ingeri ou apliquei, tudo o que consigo após cada tratamento são alguns dias, desta última vez então, apenas algumas horas de alívio até a inflamação voltar, sempre com mais força.
A minha esperança era que, quando me sentasse para escrever sobre este problema fosse uma coisa do género, aconteceu-me isto, resolvi desta maneira assim, assim. Um pouco até para ajudar uma desgraçada qualquer que, tal como eu, ande a circular pela internet à procura de alguma resposta que ainda ninguém deu, alguma substância activa que ainda não se experimentou, qualquer coisa, que eu por mim falo, se por esta altura me garantirem que para resolver o problema o melhor é saltar de um sítio qualquer alto, eu vou direitinha à Ponte 25 de Abril, atiro-me e nem discuto.
Mas não. Não tenho solução para apresentar. Antes agradeço qualquer contributo que surja de quem já tenha passado pelo mesmo ou saiba do que é que eu estou a falar. Porque eu já não sei o que hei-de fazer mais.
Os primeiros sintomas surgiram em finais de Janeiro. Comichão, ardor, não me espantou por aí além, eu fazia natação três vezes por semana (fazia, porque entretanto já abandonei) e as mulheres têm a chamada porta aberta para o mundo. Nestas circunstâncias, uma inflamação por Cândida é coisa corriqueira. Fui ao meu médico que me mandou aplicar o “Gyno-Pevaril” (Nitrato de Econazol). Não passou. Voltei lá, para ouvir o primeiro disparate de todo este processo. E ainda me custa mais, vindo de um médico que já me conhece há anos, e que até costuma ser tão cauteloso nos diagnósticos. Enfim. Que não havia nenhum fungo. Que o que eu tinha provavelmente era alguma ferida, provocada por uma incompatibilidade anatómica entre mim e o meu parceiro(?!). Mandou-me aplicar um outro creme, desta vez o “Travocort” (Nitrato de Isoconazol + Valerianato de Diflucortolona).
No início de Março, já a dizer mal da minha vida, virei-me para o ginecologista. Ao princípio a coisa parecia bem encaminhada. De acordo com a observação, o meu mal era Thricomonas, independentemente da existência do fungo. Lá fui eu recambiada, com comprimidos “Flagentyl” (Secnidazol) para tomar, eu e o meu parceiro, e mais 10 dias a aplicar óvulos “Flagyl”, com a mesma substância activa. Nesta altura entraram as alergias ao barulho, e já não consegui concluir o tratamento. A alergia aos óvulos foi de tal maneira que o simples facto de me limpar com papel higiénico deixava-me a amarinhar pelas paredes com comichão e ardor. Fui ter com o ginecologista de urgência que me passou para o creme “Gino-Canesten” (Clotrimazol). Melhorei. No fim deste tratamento fui fazer um exsudado vaginal pela primeira vez, e para mal dos meus pecados, cedo demais. Assim, quando me cheguei ao senhor doutor com uma análise negativa, mas a dizer-lhe que continuava a não me sentir bem, ele preferiu acreditar na análise e não em mim. Veio a segunda dose de disparates. Que eu precisava de me descontrair. Não foi por estas palavras, mas no fundo o que me foi transmitido é que o problema já não estava na vagina, mas sim na cabeça. E eu, estúpida, deixei-me convencer daquilo. Fui para casa esperar pelo resultado da citologia, tentando convencer-me que os sintomas eram todos psicológicos.
Em Abril voltei ao mesmo médico, porque me sentia cada vez pior. Fui lá perder o meu tempo e o dele. Que eu não me podia andar a lavar com anti-sépticos. Que era por isso que eu não melhorava. Areje, não se lave muito, descontraia-se, adeus e um queijo. Em Maio passei para outro ginecologista, nesta altura já totalmente deprimida. Na observação estava tudo bem, não havia motivos para. Fiquei de lhe levar o resultado da citologia, que tardava. Fui lá na semana seguinte, com mais outro resultado negativo. Palavra de honra que eu nunca imaginei receber resultados de análises que diziam estar tudo bem, e ficar desesperada a chorar agarrada aos papéis. As análises diziam uma coisa mas eu sentia outra totalmente diferente.
Acabei a repetir o esxudado por minha própria conta. E já armada em médica de mim mesma, enquanto esperava pelo resultado, comprei uma embalagem de “Sporanox” (Itraconazol), e só no primeiro dia tomei 400 mg. A seguir, 100 mg por dia, durante cinco dias. Enfim, mal não fez, mas também não resolveu.
Parei com a pílula e abandonei definitivamente a piscina (também, as vezes que lá consegui ir nos meses anteriores contaram-se pelos dedos). Em finais de Maio mudei para uma ginecologista que pelo menos tem a virtude de partilhar a minha frustração perante os insucessos. Levei-lhe uma análise positiva para Candida Albicans. Vim de lá cheia de esperança que desta vez é que era. Anti-inflamatório “Maxilaze” (Alfa-Amilase) + anti-alérgico “Xyzal” (Cloridrato de levocetirizina) durante 10 dias, seguidos de 12 dias a aplicar óvulos “Dafnegil” (Nifuratel + Nistatina). Ao mesmo tempo, uma droga nova para fazer as vezes de vacina. “Baciginal Oral”, um suplemento alimentar com probióticos, ainda pouco conhecido, e que ao fim de 12 dias me deixou cheia de urticária. Era suposto tomar aquilo 45 dias seguidos. Deixei de os tomar, terminei o resto do tratamento e tudo até levava a crer que estava resolvido, finalmente.
Tive descanso durante 10 dias. Quando fui repetir a análise já ia com a certeza do que é que me esperava. Lá voltou o resultado positivo para Candida, e a uma pesquisa por Chlamydia e por Mycoplasma, veio o resultado negativo para a primeira (alívio), mas positivo para o segundo, com um bicharoco chamado “Ureaplasma urealyticum”.
A última consulta foi em Agosto. Com a médica a dizer que já não sabe o que me há-de fazer. Tomei antibiótico “Vibramicina” (Doxicilina) para ver se mato o Mycoplasma, e tomei o “Rapamic” (Cetoconazol) durante 11 dias. A seguir reforcei com mais 12 dias de “Dafnegil”. Bastou tomar um comprimido de cada para a alergia se manifestar outra vez. Felizmente consegui controlá-la, mas só recorrendo a mais medicamento, desta feita “Atarax” (Hidroxizina). Terminei no Sábado passado, e desta vez nem tive direito a descanso. Os sintomas nunca chegaram a desaparecer totalmente, e foi uma questão de horas até se afirmarem definitivamente, a uma velocidade que eu considero ao mesmo tempo assustadora e impressionante.
Já na base do desespero vou dobrar a dose diária de “Rapamic” e engolir mais uns tantos comprimidos nos próximos dias. Anti-inflamatório “Nimed” (Nimesulida), porque não, já agora marcha também. Nesta altura já estou a rezar para não acordar amanhã de manhã cheia de manchas pelo corpo todo, mas desconfio que é o que tenho mais certo. Dizem que aplicar iogurte natural às vezes ajuda, vou experimentar isso também. E depois lá tenho eu que esperar 15 dias para repetir a análise, agora com um teste de resistência aos antifúngicos, para ver se ando a tomar alguma coisa que em vez de matar, esteja a dar de comer à bicha.
Entretanto vou virar-me também para o alergologista, porque sei lá, às tantas ando a comer alguma coisa à qual sou alérgica, e não tenho dúvidas que por esta altura o meu sistema imunitário está a precisar de uma ajuda qualquer.
O que é que falta? Qual é a análise, qual é a droga, produto químico, natural ou assim, assim, seja o que for, eu estou disposta a tudo. Haverá algum médico que saiba mais do que estes que eu tenho visitado, e tenha na manga algum tratamento eficaz para me devolver a uma vida normal? Aquela vida normal que eu passei tantos, demasiados anos sem ter, e que agora teria, não fosse isto.
O pior de tudo é pensar na possibilidade que mais me atormenta, a de que se calhar não há nada a fazer, e que a minha vida não vai passar disto. Sei que estes pensamentos negativos não me ajudam em nada. Mas a verdade é que, se há dias em que vou buscar forças não sei onde, optimismo não sei a quê, e a coisa leva-se, outros há em que já não me sinto capaz de nada. Só de me estender ali no sofá, fechar os olhos e deixar-me dormir.
A minha esperança era que, quando me sentasse para escrever sobre este problema fosse uma coisa do género, aconteceu-me isto, resolvi desta maneira assim, assim. Um pouco até para ajudar uma desgraçada qualquer que, tal como eu, ande a circular pela internet à procura de alguma resposta que ainda ninguém deu, alguma substância activa que ainda não se experimentou, qualquer coisa, que eu por mim falo, se por esta altura me garantirem que para resolver o problema o melhor é saltar de um sítio qualquer alto, eu vou direitinha à Ponte 25 de Abril, atiro-me e nem discuto.
Mas não. Não tenho solução para apresentar. Antes agradeço qualquer contributo que surja de quem já tenha passado pelo mesmo ou saiba do que é que eu estou a falar. Porque eu já não sei o que hei-de fazer mais.
Os primeiros sintomas surgiram em finais de Janeiro. Comichão, ardor, não me espantou por aí além, eu fazia natação três vezes por semana (fazia, porque entretanto já abandonei) e as mulheres têm a chamada porta aberta para o mundo. Nestas circunstâncias, uma inflamação por Cândida é coisa corriqueira. Fui ao meu médico que me mandou aplicar o “Gyno-Pevaril” (Nitrato de Econazol). Não passou. Voltei lá, para ouvir o primeiro disparate de todo este processo. E ainda me custa mais, vindo de um médico que já me conhece há anos, e que até costuma ser tão cauteloso nos diagnósticos. Enfim. Que não havia nenhum fungo. Que o que eu tinha provavelmente era alguma ferida, provocada por uma incompatibilidade anatómica entre mim e o meu parceiro(?!). Mandou-me aplicar um outro creme, desta vez o “Travocort” (Nitrato de Isoconazol + Valerianato de Diflucortolona).
No início de Março, já a dizer mal da minha vida, virei-me para o ginecologista. Ao princípio a coisa parecia bem encaminhada. De acordo com a observação, o meu mal era Thricomonas, independentemente da existência do fungo. Lá fui eu recambiada, com comprimidos “Flagentyl” (Secnidazol) para tomar, eu e o meu parceiro, e mais 10 dias a aplicar óvulos “Flagyl”, com a mesma substância activa. Nesta altura entraram as alergias ao barulho, e já não consegui concluir o tratamento. A alergia aos óvulos foi de tal maneira que o simples facto de me limpar com papel higiénico deixava-me a amarinhar pelas paredes com comichão e ardor. Fui ter com o ginecologista de urgência que me passou para o creme “Gino-Canesten” (Clotrimazol). Melhorei. No fim deste tratamento fui fazer um exsudado vaginal pela primeira vez, e para mal dos meus pecados, cedo demais. Assim, quando me cheguei ao senhor doutor com uma análise negativa, mas a dizer-lhe que continuava a não me sentir bem, ele preferiu acreditar na análise e não em mim. Veio a segunda dose de disparates. Que eu precisava de me descontrair. Não foi por estas palavras, mas no fundo o que me foi transmitido é que o problema já não estava na vagina, mas sim na cabeça. E eu, estúpida, deixei-me convencer daquilo. Fui para casa esperar pelo resultado da citologia, tentando convencer-me que os sintomas eram todos psicológicos.
Em Abril voltei ao mesmo médico, porque me sentia cada vez pior. Fui lá perder o meu tempo e o dele. Que eu não me podia andar a lavar com anti-sépticos. Que era por isso que eu não melhorava. Areje, não se lave muito, descontraia-se, adeus e um queijo. Em Maio passei para outro ginecologista, nesta altura já totalmente deprimida. Na observação estava tudo bem, não havia motivos para. Fiquei de lhe levar o resultado da citologia, que tardava. Fui lá na semana seguinte, com mais outro resultado negativo. Palavra de honra que eu nunca imaginei receber resultados de análises que diziam estar tudo bem, e ficar desesperada a chorar agarrada aos papéis. As análises diziam uma coisa mas eu sentia outra totalmente diferente.
Acabei a repetir o esxudado por minha própria conta. E já armada em médica de mim mesma, enquanto esperava pelo resultado, comprei uma embalagem de “Sporanox” (Itraconazol), e só no primeiro dia tomei 400 mg. A seguir, 100 mg por dia, durante cinco dias. Enfim, mal não fez, mas também não resolveu.
Parei com a pílula e abandonei definitivamente a piscina (também, as vezes que lá consegui ir nos meses anteriores contaram-se pelos dedos). Em finais de Maio mudei para uma ginecologista que pelo menos tem a virtude de partilhar a minha frustração perante os insucessos. Levei-lhe uma análise positiva para Candida Albicans. Vim de lá cheia de esperança que desta vez é que era. Anti-inflamatório “Maxilaze” (Alfa-Amilase) + anti-alérgico “Xyzal” (Cloridrato de levocetirizina) durante 10 dias, seguidos de 12 dias a aplicar óvulos “Dafnegil” (Nifuratel + Nistatina). Ao mesmo tempo, uma droga nova para fazer as vezes de vacina. “Baciginal Oral”, um suplemento alimentar com probióticos, ainda pouco conhecido, e que ao fim de 12 dias me deixou cheia de urticária. Era suposto tomar aquilo 45 dias seguidos. Deixei de os tomar, terminei o resto do tratamento e tudo até levava a crer que estava resolvido, finalmente.
Tive descanso durante 10 dias. Quando fui repetir a análise já ia com a certeza do que é que me esperava. Lá voltou o resultado positivo para Candida, e a uma pesquisa por Chlamydia e por Mycoplasma, veio o resultado negativo para a primeira (alívio), mas positivo para o segundo, com um bicharoco chamado “Ureaplasma urealyticum”.
A última consulta foi em Agosto. Com a médica a dizer que já não sabe o que me há-de fazer. Tomei antibiótico “Vibramicina” (Doxicilina) para ver se mato o Mycoplasma, e tomei o “Rapamic” (Cetoconazol) durante 11 dias. A seguir reforcei com mais 12 dias de “Dafnegil”. Bastou tomar um comprimido de cada para a alergia se manifestar outra vez. Felizmente consegui controlá-la, mas só recorrendo a mais medicamento, desta feita “Atarax” (Hidroxizina). Terminei no Sábado passado, e desta vez nem tive direito a descanso. Os sintomas nunca chegaram a desaparecer totalmente, e foi uma questão de horas até se afirmarem definitivamente, a uma velocidade que eu considero ao mesmo tempo assustadora e impressionante.
Já na base do desespero vou dobrar a dose diária de “Rapamic” e engolir mais uns tantos comprimidos nos próximos dias. Anti-inflamatório “Nimed” (Nimesulida), porque não, já agora marcha também. Nesta altura já estou a rezar para não acordar amanhã de manhã cheia de manchas pelo corpo todo, mas desconfio que é o que tenho mais certo. Dizem que aplicar iogurte natural às vezes ajuda, vou experimentar isso também. E depois lá tenho eu que esperar 15 dias para repetir a análise, agora com um teste de resistência aos antifúngicos, para ver se ando a tomar alguma coisa que em vez de matar, esteja a dar de comer à bicha.
Entretanto vou virar-me também para o alergologista, porque sei lá, às tantas ando a comer alguma coisa à qual sou alérgica, e não tenho dúvidas que por esta altura o meu sistema imunitário está a precisar de uma ajuda qualquer.
O que é que falta? Qual é a análise, qual é a droga, produto químico, natural ou assim, assim, seja o que for, eu estou disposta a tudo. Haverá algum médico que saiba mais do que estes que eu tenho visitado, e tenha na manga algum tratamento eficaz para me devolver a uma vida normal? Aquela vida normal que eu passei tantos, demasiados anos sem ter, e que agora teria, não fosse isto.
O pior de tudo é pensar na possibilidade que mais me atormenta, a de que se calhar não há nada a fazer, e que a minha vida não vai passar disto. Sei que estes pensamentos negativos não me ajudam em nada. Mas a verdade é que, se há dias em que vou buscar forças não sei onde, optimismo não sei a quê, e a coisa leva-se, outros há em que já não me sinto capaz de nada. Só de me estender ali no sofá, fechar os olhos e deixar-me dormir.
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