sábado, novembro 21, 2009

Cinco estágios para a dor

Negação. Ira. Negociação. Depressão. Aceitação.

Diz-se por aí que perante a morte, todos nós passamos por pelo menos dois, independentemente da ordem, independentemente da intensidade. Perante qualquer sofrimento, diria eu, se quisermos entender a morte como o fim de algo em definitivo.

Nunca se está preparado para determinados graus de sofrimento.

Para o momento em que metemos os nossos pais num carro para nunca mais voltarem à sua casa, dizendo para nós próprios repetidamente que essa é a coisa certa a fazer.

Para o momento em que as opiniões se chocam e se dizem coisas, e se fazem coisas que conseguem pôr em causa relações que se diriam impossíveis de abalar. Deixando cicatrizes para o resto da vida.

Para o momento em que a morte se apresenta de tal forma real que se diria ser possível estender a mão e tocar-lhe, e de repente tudo o que nos resta é a escuridão de se estar à porta de um hospital pela madrugada fora, a rezar a um Deus que não se sabe bem se existe, mas ainda assim rezando porque já nada mais resta, a não ser suplicar por misericórdia.

Para o momento em que novamente temos que dar tudo de nós, esgravatar no fundo do poço os restos de ânimo e de disposição, para tentar corrigir o que já sabemos que não tem conserto, mais uma viagem pelo túnel sem que se veja a luz ao fundo.

Para os poucos de vós que se perguntem as razões de tanto tempo de silêncio, saibam que tenho andado algures entre a negação, a ira, a negociação, a depressão e a aceitação. Vou saltando de uns para outros, como diz nos livros que acontece às pessoas, e tem sido assim o passar dos meus dias.

É que ao longo deste ano que passou, não me tenho conseguido livrar das coisas que sou capaz de aguentar. Vai melhorar, eu sei. Um dia destes. Mas por enquanto, ainda não.

quinta-feira, novembro 05, 2009

aldeia global?...

O assunto da acção de formação é a world wide web, as potencialidades das redes sociais, esta imensa aldeia global em que qualquer um de nós, simples formigas, fechados no nosso quarto, comunicamos com todó mundo.

E tudo isto é dado adquirido, coisa vulgar, do dia-a-dia.

De repente, o impossível acontece: um outro formando começa a falar connosco e descobrimos que vivemos no mesmo concelho. Aliás, na mesma cidade. Aliás, no mesmo bairro. Aliás, frequentamos o mesmo cafezinho ao pé de casa.

Que eu tenha visitantes aqui no tasco vindos de Caraguatatuba (São Paulo, Brazil) ou de Naters (Valais, Suíça), ainda vá que não vá.

Agora, ir daqui para uma formação sobre a grandiosidade das redes de comunicação, e de repente aparecer-nos o vizinho do lado, é coisa para meter medo a uma pessoa.