domingo, maio 19, 2013

De madrasta a madrinha

Esta é uma história de amor. E todas as histórias de amor merecem, mais tarde ou mais cedo, que venha o mundo a conhecê-las, não por vaidade de quem as vive, mas apenas porque de desgraça e miséria já todos andamos fartos, e temos por isso obrigação de apontar o dedo às coisas bonitas e boas que sempre sucedem, e que tantas vezes teimamos em não ver.

Há coisa de dois anos atrás, chorava assim a dor de uma separação que parecia inevitável, indo naturalmente a reboque de outra. Só que não foi isso que aconteceu.

Menosprezamos muito as crianças, nós, arrogantes adultos. Devo a este meu amigo para a vida o não se ter conformado com a aparente inevitabilidade de nunca mais me encontrar. Recusou-se, o fedelho, a perder-me o rasto, e com dez anos de idade veio no meu encalço para me dizer que tinha saudades. E eu também as tinha, tantas. Não tinha era a coragem que ele teve. Então, juntaram-se vontades e ultrapassaram-se barreiras para que pudéssemos continuar amigos, pois se isso dava alegria a todos.

É redundante dizer que este é um menino especial, todos o são, aos olhos dos que tenham a sorte de estar por perto a olhá-los. Este para quem eu olho, é mesmo muito determinado, e estava hoje imensamente feliz, porque conquistou algo que para ele tem uma grande importância.

Eu não compreendo que razões levam um pré-adolescente dos dias de hoje a fazer tanta questão de ser baptizado. Nada me diz essa instituição chamada Igreja Católica, onde ele hoje me levou, para participar num ritual onde são ditas coisas que nem consigo ter palavras para classificar. A igreja fala uma linguagem que eu não compreendo. Mas julgo que compreendi desde o início a linguagem dele, no laço que ele quis estabelecer comigo, através deste ritual do baptismo.

Poderá dizer-se que fui bastante hipócrita perante os crentes, aceitando um papel de destaque numa casa que não é minha, ainda para mais carregando tanta objecção de consciência a tudo o que por ali se passa.

Porém, acredito que nesta história de amor tão bonita, em que passei de madrasta a madrinha, fala-se numa linguagem que Deus, se existisse, certamente iria compreender.

quarta-feira, maio 01, 2013

A minha carta para o Tiago Bettencourt

(Vamos passar à frente o facto de estar há meses sem publicar aqui nada? Vamos. Até porque na verdade ninguém está ralado com isso, nem sequer eu).

Meus amigos, concorri ao passatempo da Rádio Comercial para ir ao concerto mais pequeno do mundo com o Tiago Bettencourt, de quem sou grande fã e groupie em espírito (não posso ser mais do que isso, tenho que trabalhar para viver), e o impossível aconteceu: não fui seleccionada.

O passatempo pedia que escrevêssemos uma versão alternativa da "Carta", o que fiz de forma entusiasmada, mas cujo resultado final parece afinal ter sido sobrevalorizado. Por mim, claro está.

Como não tenho mesmo vergonha nenhuma na cara, aqui fica o que remeti para concurso mas que, infelizmente, não me deu direito a ficar ao colo do Tiago Bettencourt durante um concerto e a passar uma noite com ele num hotel. (Hã?... como assim, nunca seria exactamente isso?...)

Bem, aqui está a minha versão da "Carta":

Não falei contigo
Com medo de não me sair nada de jeito
E de cair aos teus pés…

 
Acredito e entendo
Que toda a gente queira mais ou menos
O mesmo que eu
Um lugarzinho no concerto...

 
Vontade é o que vai
Aumentando a toda a hora
De cada vez que te oiço
Na Rádio Comercial

Mas sinto que sabes que se chegar a estar no Acústico,
Também vai ser bom para ti
E mesmo que não seja….
Para mim vai ser de certeza.
 
É que hoje acordei e lembrei-me
Que imaginação é coisa que não me falta
E posso pôr tudo numa folha de papel
Nela viajo para as Caldas
Para as Caaaaldas,
Para ver o Tiago Bettencourt!....

Desconfio que ainda não reparaste
Que estou mesmo disposta a levar isto por diante
E a garantir o meu lugar
No Concerto Mais Pequeno do Mundo.
E que para isso não me importo mesmo nada
De destruir uma canção tão bonita como a Carta,
Mas o que é que queres,
Foi o que mandaram a malta fazer.
 
Anseio o dia em que vou pôr os meus pezinhos
No SANA Silver Coast das Caldas da Rainha
É que o programa é mesmo perfeito.
Já sei as músicas todas de cor, aliás
Vou ter que fazer um esforço para me controlar
Não dar barraca e ser chata para as outras pessoas.

É que hoje acordei e lembrei-me
Que imaginação é coisa que não me falta
Que posso pôr tudo numa folha de papel
Nela viajo para as Caldas
Para as Caaaaldas,
Para ver o Tiago Bettencourt!....
No Concerto Mais Pequeno do Mundo.
 
Desculpa se suspirar muito alto
Quando cantares o "Caminho de Voltar"
Ou o "Chocámos tu e eu"
Mas isso são coisas que eu cá sei
 
Desculpa se a Rádio Comercial
Fizer o disparate de não me seleccionar
Logo a mim, que passo a vida a partilhar
As tuas músicas no facebook...
 
É que hoje acordei e lembrei-me
Que imaginação é coisa que não me falta...
 
Nela viajo para as Caldas
Para as Caaaaldas,
Para ver o Tiago Bettencourt!....
No Concerto Mais Pequeno do Mundo.

Agora que isto está despachado
Tenho que te confessar uma coisa
Agora que isto está despachado...
 
Estou bastante convencida
Que tens covinhas por baixo da barba.
É uma ideia que eu tenho...
É uma ideia que eu tenho...

... E é isto. Então até daqui a cinco meses, sim?...