segunda-feira, maio 29, 2006

Da Vinci


Fui ver o filme sem grande expectativa. De moldes que a decepção não chegou a existir. O que falha no filme, a meu ver, é aquilo que falha no livro, que é uma tentativa algo patética de fazer uma trama policial atractiva, e a verdade é que aquela narrativa não tem pés nem cabeça. Onde não é incongruente, é previsível. E o filme vai por arrasto. É fraquinho. São fraquinhos.

Aquilo que realmente me interessa é a análise deste fresco do Da Vinci. Para mim, que sempre encarei "A Última Ceia" como o quadro perfeito para colocar a enfeitar a despensa, ler e ver agora no filme todas as interpretações possíveis de fazer a esta imagem, isso sim é que me deixa com os neurónios aos saltos.

Eu não sei se Jesus deixou descendência ou não, nem ninguém pode afirmar, com certezas, seja o que for que confirme ou desminta essa possibilidade. Agora, olhando para esta imagem, não tenho a menor dúvida que à direita do Senhor, senta-se uma mulher. E que aquele "V" entre as duas figuras não é inocente. Como também não o é a mão que emerge junto à mesa, abaixo de Pedro empunhando uma faca e que pertence, basicamente a... ninguém. E que Pedro faz um gesto agressivo ao pescoço da figura feminina, como se quisesse ver aquela cabeça cortada. E que Jesus e a figura à sua direita estão vestidos a fazer "pendant", ele de vermelho e azul, ela de azul e vermelho... Além disso, que melhor vaso para conter o sangue de Jesus, senão o vaso do ventre de uma mulher?...

Acho que é neste despertar de consciências que reside todo o mérito de "O Código Da Vinci". Que o próprio Da Vinci teve alguma intenção com tudo isto, sem dúvida alguma. Se calhar queria apenas gozar com os dogmas que lhe impunham, mas todos sabemos que a ironia e o humor são óptimas armas para acordar os espíritos.

Sinceramente... Alguém ainda acha que a vida de Jesus se passou tal e qual como é contada pelos Evangelhos do Novo Testamento? Hein?... Acham?... Que pessoas tão piedosas que sedes todos vozes... Abençoados sejam...

sábado, maio 27, 2006

Bandeiras

Cada um com a sua.

Hoje olhei para a varanda de um vizinho e lá estava ela, mais uma bandeira pendurada da varanda, exibindo o que vai no coração das gentes daquela casa.

A marcar a sua presença, que em Portugal o Mundial não se faz só de verde e vermelho, lá está ela, a bandeira da Selecção de Angola.

domingo, maio 21, 2006

Má-criação em directo na SIC

Acabei de assistir a mais uma pérola de patriotismo na nossa televisão. Numa altura em que se procura exaltar tanto aquilo que é Português, a fadista Mariza começa a sua actuação na Gala dos Globos de Ouro e toca de cortar o pio a uma das cantoras mais talentosas do nosso País, e isto para entrar o quê? A publicidade, pois claro.

Será que vão fazer o mesmo à mocinha cujo nome agora não me lembro e que vai cantar o "first day of my life"? Não me parece...

Estragaram tudo. Aquilo até estava giro, e tal. Mas isto é falta de educação. Borraram a pintura toda.

quinta-feira, maio 18, 2006

Parece mentira, mas não é

Palavras não eram ditas, e pelos vistos mais valia ter estado calada, o carro avariou. Ontem. O que soma mais um aos filhos da &%#"?=, mais o &$»?/&#$ dos azares que me vêem sucedendo desde o início do ano.

E depois, a mística dos números. Por uma razão qualquer que desconheço, há uns tantos números sempre presentes, e sempre determinantes na minha vida, um assunto que um dia destes vou abordar com mais pormenor. É o caso do número 17. A cada dia 17, sempre acontece algo marcante, quase sempre para o bem, algumas vezes para o mal. Ontem foi dia 17 e aconteceram várias coisas, se calhar umas boas e outras manifestamente más, como foi o caso do carro.

E quanto se acende luz avisadora que indica que algo não vai bem, o que é que se faz? Vai-se ao livro de instruções ver o que é aquilo. A luz que acendeu correspondia a que número? Número 17, pois claro. Não podia ser outro.

segunda-feira, maio 15, 2006

As escolhas de Scolari

Então, parece que ficámos hoje a saber quem vai representar-nos no Mundial de Futebol. E que o Scolari já escolheu, e tal. Muito se tem dito sobre os critérios de selecção mas eu devo dizer que, na minha opinião, faltou ao Mister um critério absolutamente essencial, que é o critério estético. E assim, não vamos a lado nenhum no Futebol. Estamos perante um conjunto de seleccionados muito irregular, com homens verdadeiramente bonitos, outros em que a gente faz de conta que não vê a cara em nome das pernas e do... enfim, do resto, mas depois temos outros que pelamordedeus, que é aquilo.

Passo a explicar.

Guarda-redes:
Ricardo (Sporting). Eu acho que ele é giro. Jeitoso. Por mim, foi bem escolhido. Um grande guarda-redes.

Quim (Benfica). Também lhe acho piada. Não é tão bonito quanto o Ricardo, e sem dúvida que o Vítor Baía fazia uma falta enorme a esta Selecção, porque é de longe o mais lindo deles todos. Para mim, a falta do Baía é a primeira grande falha do Mister. Com todo o respeito.

Bruno Vale (Estrela da Amadora). Começou o disparte. Favor ver acima argumentação a favor de Vítor Baía

Defesas:
Miguel (Valência). Este moço é muito giro. Excelente defesa. Muito bem escolhido.

Paulo Ferreira (Chelsea). Tem cara de beto, mas está bem. Despenteado, com a barba por fazer, podia ser que marchasse.

Ricardo Carvalho (Chelsea). Ehrrr... Este rapaz é feio, peço imensa desculpa. Não pode ser.

Fernando Meira (Estugarda). Conheço mal, e as fotos não ajudam. Mas quer-me cá parecer que está aqui outro grande disparate...

Ricardo Costa (FC Porto). Estou a ver que tenho mesmo que chamar o Mister à razão, este grupo de defesas, mas o que é isto?...

Caneira (Sporting). Sem comentários.

Nuno Valente (Everton). Eh pá, se não forem os avançados que nos safem... Falta muito para chegar ao Figo?...

Médios:
Costinha (Dínamo de Moscovo). AAARGHHH!!!....

Petit (Benfica). Até que enfim, uma cara conhecida. Tem a sua piada. Mas eu, na verdade, tenho uns gostos às vezes meio esquisitos.

Maniche (Chelsea). Eh pá, por favor. Mas onde é que este homem estava com a cabeça...

Tiago (Lyon). É engraçado. Pode ficar.

Deco (FC Barcelona). Muito giro. Sim senhor. Percebe-se perfeitamente que esteja na Selecção.

Hugo Viana (Valência). Hum... Nunca tinha reparado neste... Não me parece nada mal...

Avançados:
Figo (Inter de Milão). Como o próprio nome indica. (suspiro). (suspiro mais prolongado). Adiante.

Cristiano Ronaldo (Manchester United). Há quem o ache giro. Eu cá não acho. E já agora, para que é que esta malta quer tanto dinheiro? Já não ganhou o suficiente para pagar uma cirurgia plástica que o livre daquelas marcas do acne, e já agora, arranjar os dentes? Hein?...

Boa Morte (Fulham). Não lhe desejo mal nenhum. Mas o que é que ele está a fazer neste grupo? Não sei.

Simão (Benfica). O saboroso. Dizem. Que eu nunca provei. Mas não há dúvida que esteticamente está aprovado.

Nuno Gomes (Benfica). Outro clássico. Para mim tem um ar demasiado efeminado. Mas enfim, são gostos. É bonitinho. Demasiado bonitinho.

Pauleta (Paris SG). É um dos meus preferidos. De alguma maneira estranha, este rapaz consegue ser parecido com o vocalista dos "Maroon 5" e com o "Jack" dos "Perdidos"...

Hélder Postiga (St. Etienne). Este moço não é giro, mas é querido. E gosto muito de o ver a correr por ali a fora, é uma presença muito alegre. E isso também conta.

E prontos, Scolari. Toma e embrulha. Querem ter mulheres a apoiar a Selecção? Então ó faxavor, vamos lá a ter em conta os critérios estéticos. Mainada.

Porque a verdade tem que ser dita

E esta malta da publicidade tem que perceber, duma vez por todas, que há limites para tudo.

Não, não falo daquele anúncio do carro em que o gajo vai devolver a mulher ao pai, depois de a ter experimentado três dias. Até aí ainda vamos, meus amigos.

Agora, vamos ser sérios, sim? É que não há mulher nenhuma deste mundo que, com um bolo daqueles no frigorífico, o ponha de lado para comer cereais. Nenhuma. Aquele anúncio é uma vergonha. Os tipos da Kellogs deviam era ser processados por inventarem uma tal infâmia, e tentarem enganar assim as pessoas.

Cambada.

sexta-feira, maio 12, 2006

Mudança de Instalações

Quatro anos e quatro meses numas instalações que sempre detestei. Parece que finalmente vamos para outro lado.

Não era bem esta a mudança que eu queria, mas ao menos é uma mudança. E mudar é sempre bom, nem que seja para pior.

terça-feira, maio 09, 2006

Não pirilamparás

Sinceramente. Eu sei que a causa é nobre, e tal. Mas eu acho que é um disparate de dinheiro aquilo que pedem pelo raio do pirilampo mágico. E ainda por cima o bicho é feio. E fica mal em todo o lado. E é uma autêntica praga, que começam a acumular-se de uns anos para os outros.

E no entanto, não faço mais nada na minha vida que me deixe com esta sensação clara de que vou de certezinha para o inferno, do que mentir descaradamente a todas aquelas pessoas que nos assaltam diariamente a tentar vender o pirilampo.

Mesmo assim, desde que começou a campanha, de todas as vezes que me tentam vender uma coisa daquelas, digo com o ar mais seguro deste mundo, já comprei, muito obrigada. E as pessoas ficam com um ar tão feliz, coitadas. Não presto mesmo para nada.

domingo, maio 07, 2006

Day After

Terminou ontem. Desde há oito anos para cá que sou responsável por esta iniciativa, que é uma espécie de Fórum Estudante à escala municipal, e que está dirigida a jovens a partir dos 15 anos. O objectivo é dar informação a estes garotos sobre o que poderão vir a fazer das suas vidas no futuro, seja pela via do prosseguimento de estudos, ou pelo ingresso directo na vida profissional. Paralelamente, estes mesmos jovens têm oportunidade de actuar num palco “à séria”, e durante estes quatro dias foram actores, cantores, bailarinos e modelos de passerelle.

A maior dificuldade tem sido sempre a falta de meios. Este ano então, a única coisa de que nos pudemos gabar de continuar a ter com fartura, foi a nossa própria boa vontade. De resto, tivemos paus e pedras para trabalhar. Mas hoje, depois de tudo ter corrido pelo melhor, e recuperadas que estão as horas de sono perdidas, não consigo pensar muito nas dificuldades diárias, nem nas frustrações e aborrecimentos. Isso fica para amanhã.

Só consigo pensar num dos miúdos que desfilaram ontem, na passagem de modelos que encerrou o evento. Conheci-o em 2002, quando ele tinha talvez uns 12 ou 13 anos. Juntamente com outro irmão, estava no grupo de teatro da Escola Básica que frequentava na altura, e eram bem patentes as carências económicas que a família dele deveria enfrentar. Mas ali estava ele, pronto para fazer teatro, e para nos ajudar no que fosse preciso para erguer esta outra iniciativa que também promovemos anualmente, e que consiste em juntar os grupos de teatro das Escolas Básicas e Secundárias do Concelho, apresentando os seus espectáculos a toda a comunidade.

O caso dele não é diferente de tantos outros, apenas sei dele um pouco mais do que sei dos outros. E apenas posso imaginar quantas coisas ele gostaria de ter e não pode, que esforços serão necessários à família para o manter na Escola, assim como aos outros irmãos, que são uma data deles, e como aquele dia-a-dia deve ser difícil.

Quase todos os anos o tenho visto em cima dos palcos que nós lhe proporcionamos. Ontem então, quando o vi aparecer já tão crescido (deve andar pelo 11.º Ano), maquilhado e penteado, desfilando formoso e seguro por aquela passerelle fora, senti outra vez aquela satisfação do dever cumprido, e formulei novamente um pensamento que sempre me acompanha nestas ocasiões. Haverá quem beneficie do nosso esforço sem o merecer. Mas estes miúdos merecem tudo o que a gente possa fazer por eles. Ali, em cima daquele palco, estive ontem a ver desfilar o verdadeiro pagamento que eu recebo pelo meu trabalho.