segunda-feira, abril 04, 2016

Mesmo ausente há tanto tempo, não perco a oportunidade de vos causar uma má impressão

Querid@s leitor@s, quem vos fala é uma pessoa com uma licenciatura, uma pós-graduação e um mestrado. Alguém dotado de elevadas capacidades intelectuais que se tornou possuidora de uma impressora, gentilmente cedida pela sua irmã, que desde logo alertou para prolongado desuso do dito equipamento, e que por isso carecia de lhe serem colocados novos tinteiros.

Hoje, munida da referência precisa da impressora, lá foi a licenciatura, pós-graduação e etecetera comprar os tinteiros que serviriam na dita cuja. E por favor, não me ofendam com essa ideia mesquinha de que não fui capaz de comprar os tinteiros certos. É só saber ler, pelamordedeus, entra-se na loja, olha-se para as embalagens, vê-se a marca e o modelo e voilá, toma lá 57€, dá cá os tinteiros.

Cheguei a casa. Abri a impressora e fui colocar os tinteiros. Não serviam de maneira nenhuma.
E atenção, eu não sou propriamente inexperiente nisto de colocar tinteiros em impressoras. Já tive várias e sempre fui garota de colocar os meus próprios tinteiros nos respetivos lugares que lhes competem. Nunca, mas nunca, ficou um tinteiro por colocar. Hoje, depois de meia hora a marrar com a bicha do demónio sob o nome infame de "HP Photosmart", com as mãos, impressora e tudo à volta esborratado de tinta, cartuchos teimosamente a não encaixar em lado nenhum, descabelada e furiosa, fiz a primeira de duas coisas razoáveis desde que tinha chegado a casa: primeiro, chamei a minha sobrinha, pedindo ajuda ao mesmo tempo que me lamentava do triste karma da minha vida, sobre como tudo à minha volta é castastrófico e nada me corre bem. A miúda, perante o meu desespero e suponho que o receio de que eu pegasse fogo à casa, vestiu-se a correr e descambou pela rua abaixo, com risco da própria vida. A seguir, fui à internet.

O resultado da minha pesquisa levou-me a um brasileiro no youtube a explicar como se punham tinteiros em impressoras de uma forma que me era claramente dirigida, já que parecia que ele falava para um qualquer atrasado mental. Embora o tom paternalista estivesse apenas a contribuir para aumentar o meu estado de nervos, continuei a ver. Poucos segundos depois, já enrubescida pela humilhação, voltei a olhar para o cu da minha impressora. Os tinteiros velhos ainda lá estavam. Os tinteiros velhos ainda lá estavam.

OS TINTEIROS VELHOS AINDA LÁ ESTAVAM.

Removi os tinteiros velhos. Introduzi os tinteiros novos. Imprimi a folha de teste. Quando a minha sobrinha chegou ofegante e pronta para me levar para o hospital, encontrou-me na cozinha a lavar as mãos com água quente, detergente da loiça e um esfregão abrasivo.