quarta-feira, março 17, 2010

Trocas-te



A speaker prepara-se para anunciar um qualquer evento. Descobre naquele preciso momento que não sabe onde está, ignora que iniciativa é aquela, desconhece o nome das pessoas a quem irá passar a palavra e quando o tenta fazer, falando de improviso, fá-lo tão mal que ao tomar da palavra, a individualidade abdica do seu próprio discurso e do assunto que a trazia ali, para pedir desculpas publicamente pelo mau desempenho da speaker, assumindo a responsabilidade pela má imagem transmitida, em nome da instituição que representa. Acordei com suores frios, na noite em que sonhei isto. E suei frio ontem à noite quando vi este episódio, porque desgraçadamente, alguém passou na vida real por aquilo que - acredito -, seja o pesadelo de qualquer pessoa que faça apresentação de eventos.

Façam os juízos de valor que quiserem, quem os quiser fazer. Isto é mais ou menos como os acidentes de carro, só não os tem quem não conduz ou não anda de automóvel. Quem faz este trabalho não está livre, e não é assim tão improvável de acontecer.

Não sei se foi isto que sucedeu. Mas estou mesmo a imaginar as brincadeiras na fase de testes de som, os nomes que se dizem quando ainda não está ninguém na sala, eventualmente até algum excesso de confiança porque já se fez a mesma coisa tantas e tantas vezes, o diabo do piloto automático, no fundo...

Não conheço a pessoa de lado nenhum. Estou completamente a especular mas não acredito, de todo, na teoria da conspiração de que aquilo foi de propósito. A não ser que o speaker conjugue um ódio profundo ao Eng.º José Sócrates (Sócrates, Sócrates, Sócrates...) e, simultaneamente, um prémio no euromilhões na passada 6.ª Feira. De outra forma, quem por vontade própria faz aquilo no desempenho da sua própria profissão?

Agora, este episódio é paradigmático e semelhante ao que se costuma dizer dos jornalistas, de que quando estes últimos são eles próprios a notícia, algo vai mal. Também neste caso estamos perante um trabalho em que a perfeição está na invisibilidade. Se ficou bem feito, não existe. Se algo corre mal, aparece no Jornal da Noite.

Vão daqui umas palavrinhas de solidariedade a quem teve este grande azar. Eu por mim, não me consigo rir disto, porque só posso imaginar a aflição que deve ter sido. De resto, peço aos santinhos todos para que não me aconteça a mim...

1 comentário:

Dylan disse...

Azar?! Hum..., não me parece.