quarta-feira, setembro 08, 2010

Episódios dispersos das férias #3

Alguém saberá talvez explicar-me que lei de Murphy é esta entre as mulheres e os carros, ou, hipótese mais horripilante ainda, entre os carros e eu?

Explico: há exactamente 5 anos atrás percorri a Costa Alentejana com o meu companheiro. A bordo de um vulgaríssimo Fiat Punto, percorremos caminhos e caminhos, de uma ponta a outra ponta, circulámos por sítios que hesito até em chamar de caminhos. Muitas vezes pensando, ponto 1, vamos ter um pneu furado aqui no meio do nada, ponto 2, vamos ficar atascados porque aquilo é só areia e depois estou para ver quem é que empurra o carro daqui para fora, ponto 3, ao virar daquela curva não há mais nada, é um abismo e vamos direitinhos por ali abaixo, ver a Costa Alentejana mesmo, mesmo, de perto. O que é que nos aconteceu? Rigorosamente nada.

Eu, super-orientada graças ao meu gps (o meu sentido de orientação, melhor dizendo, a ausência do mesmo, a seu tempo terá direito a post próprio), entro numa estradinha de terra batida perfeitamente normal, para aceder a uma das praias mais frequentadas, acontece o quê? Uma coisa espetada no pneu, pois claro. Mas assim, logo da primeira vez que saí do asfalto, não houve cá contemplações!

O meu santo foi forte, porém. A coisa espetou e impediu o ar de sair. Só dei por ela quando ia a 100kms/hora (já no asfalto, nada de maluqueiras) e ouvia persistentemente um flap, flap, flap bastante incomodativo. Mais tarde o condutor do Fiat Punto que este ano ficou em casa fez-me um ultimato pelo telefone no sentido de eu ir a uma oficina resolver aquilo. Que não sei quê de pneus a rebentar e mais uma série de incongruências que se resumiam a, tens que ir à procura de um gajo que te trate disso.

Mulheres deste mundo que tal como eu decidiram que jamais na vossa vida irão trocar um pneu a um carro: alguém já viu o horror que é um pneu furado? O gajo tirou o prego, ou lá o que era aquilo, e o pneu começou a, a, esvair-se, coitadinho. Como é que se resolve? Aumenta-se o buraco à bruta, enfia-se um bocado de borracha lá para dentro com um instrumento parecido com uma agulha de esmirna (a sério, o método é tal e qual como o de fazer os tapetes), depois ficam as pontas do lado de fora, cortam-se, rectifica-se a pressão e pronto, vá à sua vida.

Posso ficar descansada, perguntei eu, mesmo sabendo da inutilidade da pergunta, que o gajo jamais iria responder, não tenho bem a certeza, se fosse a si ia antes a outro lado para confirmar se isto está bem feito... Olhou-me de lado, e respondeu, paternalista, pode ficar descansada. Mas eu dei-lhe luta. Perguntei logo de chofre, armada em engraçadinha e a ver se o apanhava em falso, para o resto da vida?... Olhar passou de paternalismo para desprezo. Para o resto da vida do pneu, respondeu ele.

A sério, este pragmatismo masculino seria coisa para exasperar uma mulher.

Não fosse o caso de eu ter acabado de o ver reparar um pneu furado COM UMA AGULHA DE ESMIRNA!

Pfffffffff!...

2 comentários:

ddm disse...

Caramba! Tu realmente comprovas a Lei de Murphy. :D

blimunda sete luas disse...

É, não é?... :-)