Quando há sete anos atrás comprei esta casa que agora vendi, foi tudo muito diferente. Estava a sair de casa dos meus pais, a casa que então encontrasse era o meu primeiro espaço próprio, para eu (me) construir de raiz. Na altura foi relativamente fácil, encontrei a casa que quis, pedi o empréstimo ao banco, e depois pronto.
Desta vez é tudo muito diferente, e hoje confesso que estou particularmente vulnerável. Estive dois anos à espera de vender esta casa, a fazer planos sobre o lugar para onde iria viver a seguir. Sendo que o lugar para onde se vai viver é um lugar onde nós estamos todos os dias, uma casa não é apenas uma casa, é uma coisa que ao longo do tempo se incorpora em nós, ganha o nosso cheiro, reflecte os nossos hábitos, é ao mesmo tempo palco dos nossos melhores e piores momentos, é refúgio, local onde acontecem as nossas maiores intimidades, onde só entra quem a gente quer, onde está grande parte daquilo que somos.
Já dei comigo a olhar à minha volta, aqui no meu T1 que eu quero muito ver pelas costas, e a sentir alguma nostalgia a escorrer pelas paredes abaixo, uma sensação de perca que se instala ao fim do dia, quando o sol começa a desaparecer na cozinha, uma impressão parva de invasão de privacidade quando o comprador me telefona a dizer que já deu esta morada em alguns lugares, que se faz favor o avise no caso de chegar correio para ele.
E agora, para onde é que eu vou? Todas as hipóteses são boas e más, nenhuma é o ideial alimentado ao longo destes dois anos, e por outro lado, todas representam oportunidades de negócio tão boas, mas tão boas, que é difícil discernir qual é a melhor oferta de todas. Os vendedores de casas são muito faladores. E têm sempre qualquer coisa na manga, à espera do momento certo para nos manipularem. São simpáticos e assertivos até ao limite da exaustão. E não têm muitos compradores, então mergulham de cabeça em cima dos poucos que existem. Mergulham de cabeça em cima de mim, portanto.
Com os bancos posso eu bem, fazem-se as contas e pronto, também aí já vi que quem precisa está sempre lixado, mesmo... É como ter um cobertor demasiado curto, é só uma questão de perceber o que é que preferimos ter destapado, se a cabeça ou os pés.
E então especialmente hoje, quando já quase tinha tomado uma decisão, eis que surge uma nova proposta para baralhar e tornar a dar. Fazendo da minha futura casa uma oportunidade de negócio, uma oportunidade de negócio para eu depois transformar num lar. Como é que eu sei, de entre tantas e tão boas oportunidades de negócio, qual a melhor opção para que daqui a uns tempos eu me sinta, novamente, na minha casa? E de preferência, sem que as paredes assistam logo de início a lágrimas de arrependimento?...
PS: Eu sei que isto são dilemas dos bons, quem sou eu para me estar aqui a queixar. Mas a verdade é que esta semana tenho dormido muito mal à conta desta questão. E se por um lado, estar de férias tem sido óptimo para tratar de tudo com tempo, há se calhar demasiado tempo livre entre mãos para matutar nisto. E isso também tem o seu lado negro, sem dúvida...
9 comentários:
Percebo, em absoluto, o teu dilema. E até acho que leio nas entrelinhas.
(um bom retrato à primeira casa)
Li, uma vez, algures, que quando estamos à procura do nosso vestido de noiva, há sempre uma emoção mais forte ou uma lágrima que cai quando se encontra o que se procura, ou seja, é mais o vestido que nos escolhe a nós.
Pergunto-me se será assim com uma casa. Se calhar, deve ser. Quer dizer, um vestido de noiva é algo para um dia maravilhoso, mas uma casa quer-se para uma vida maravilhosa, ou pelo menos, é isso que queremos fazer dela.
Desejo muito boa sorte a Blimunda nesta odisseia e que aquelas lágrimas de arrependimento não cheguem nunca! Antes as de felicidade!
Fizeste bem! E vai tudo correr bem!
E agora vamos tratar da inauguração. :D
É isso mesmo mamã Xana, tenho ouvido falar de tudo, sendo que é 50 vezes de cada coisa, mas a mesa e as cadeiras pá mal ir pá lá comer, nikles
Eu já avisei 1.ºs 15 dias vou me mudar à hora as refeições, tipo é mais almoço e jantar by garden...
Uma mudança de casa é sempre complicado.. Há emoções, há sentimentos, há memórias..
Que faças a melhor escolha.
bjnho
como não sei se ainda andas de férias deixo aqui a mensagem.
vê o DR de hoje. O de hoje é que é!!!!
Pode ser que ajude na escolha da cas.
Muito obrigada, PP. Não há fome que não dê em fartura, é o que é! Amanhã já regresso ao serviço, beijos.
Pois...eu é mais alugar e alugar e alugar, a cada ano uma.
É diferente, mas, julgo, ainda mais violento...
beijo e boa sorte
Hei malta vem já aí outro.... o quê? não sei mas que vem aí vem.... tipo post
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