sexta-feira, novembro 16, 2007

Sobre a inveja

(Abençoadas as amigas, que nos dão inspiração para escrever quando ela teima em não aparecer.)

Sobre a inveja. Também eu já tenho reflectido um bocado sobre esta questão, e acho que este é, possivelmente, o sentimento mais negativo que existe. Muito pior que o ódio, pior até que o rancor (se bem que também este é muito corrosivo, porque nos deixa amarrados a más lembranças e não nos deixa seguir em frente). Estes sentimentos, pelo menos, têm alguma motivação na sua base.

Para mim não é bem inveja essa coisa de olhar para o lado e ver outra pessoa ter, ou conquistar algo que também desejamos para nós próprios. Porque esse olhar em si mesmo não deseja mal à pessoa que o conseguiu, simplesmente nos confronta com as nossas próprias realidades, e pode até servir-nos de bom exemplo, gerando novos desafios que nos levem a firmar objectivos, ou em última análise, a compreender as nossas limitações.

A inveja, não. Ao contrário do que possa parecer, a inveja não tem nenhum objecto ou objectivo, e por isso mesmo é que não passa de uma coisa oca, repleta apenas de más vibrações e eternas frustações. Desengane-se quem pense que o invejoso alguma vez fica contente quando alcança aquilo que inveja. Isso nunca acontece. Ele apenas quer acreditar que isso será suficiente para apaziguar a sua oca existência. Na verdade, o que o invejoso gostava, era de ter tudo o que os outros têm, que os outros perdessem aquilo que têm e isso lhes causasse sofrimento, e que ele pudesse estar a assistir a tudo. E ainda assim, ainda assim, continuaria a invejar o facto de não ter a vida dessas pessoas, sofrimento incluído, de não ser outra pessoa qualquer, que não ele próprio.

Em boa verdade, a inveja não está relacionada com o ter, mas sim com o ser, e mesmo que o pretenso objecto da inveja seja alcançado, o espírito permanece na obscuridade, porque aquilo que o invejoso consegue nunca lhe permite preencher esse imenso buraco-negro que é o seu não-ser.

Como é que isto se combate? Acho que mantendo a maior distância possível dessas pessoas. E quando não se consegue, com a indiferença. Ripostar apenas no caso de nos tentarem fazer mal. Porque de resto, e na maior parte dos casos, são as maiores vítimas delas próprias, que deve ser muito triste olhar para o espelho e ver apenas o reflexo dos outros, sem ser capaz de olhar de frente para si mesmo, e enfrentar aquilo (aquele) que é.

7 comentários:

virilão disse...

Neste momento estou com inveja dos Maquinistas alemães que querem 31% de aumento! (ainda há quem tenha tomates para ir contra a carneirada politica)

...Ou dos políticos alemães que se auto-aumentaram 9,4%!

Detesto invejosos, mas políticos ...ui...bate tudo!

Keratina disse...

Por serem tão insignificantes, nem deveriam ter direito a posts em blogs, eheheheh
Somos e seremos um país cheio deles, é inevitável. Contudo acho que eles nunca chegarão muito longe, perdem-se sempre pelo caminho.

Cati disse...

Já a minha avó dizia... a inveja é um sentimento muito feio. Como vencer a inveja alheia? Dando desprezo. Que é o que os invejosos merecem.

Beijinho, boa semana!

ddm disse...

Dizes tudo! :)

Anónimo disse...

Um poço de virtudes!

blimunda sete luas disse...

E de defeitos, também. Mas não é para todos, nem uns, nem outros. Como a generalidade das pessoas, aliás.

Anónimo disse...

por via das dúvidas, um bocadinho de sal no bolso para prevenir...