sexta-feira, dezembro 29, 2006

Os bois pelos nomes

O colega é um bom colega e a observação foi bem intencionada. A mim é que me soa sempre estranha esta expressão do "namorado", e não é de hoje, não sei explicar porquê mas a palavra dita por mim não me sai bem, deixa-me com a impressão de estar a usar uma roupagem demasiado larga ou demasiado apertada, nunca me parece adequada. Acho preferível, quando me refiro ao dito, usar termos como "parceiro" ou "companheiro".

Mas também estas têm os seus quês. "Parceiro" faz-nos logo pensar em parceiro sexual, e no caso em concreto é muito mais que isso. Já "companheiro", deixa as pessoas a pensar em uniões de facto, e também isso não se aplica. União é com certeza, mas para ser de facto implicaria a partilha de um mesmo espaço em comum e numa base diária, não em tempos e espaços diferenciados, como nós fazemos. Assim como está é uma união com factos, mas alternados. Uma união que alterna, vá. Mas isto daria um trabalhão a explicar a quem não nos conhece assim tão bem, e aliás nem se justificaria. De moldes que, de vez em quando, lá se torna inevitável o recurso à convencional e incómoda palavra "namorado".

Depois por outro lado, este colega, assim como outros que me rodeiam no meu trabalho, conhecem-me desde que eu comecei, aos 19 anos, e dá-me ideia que nunca perderam totalmente a imagem da pouco mais que adolescente que lhes apareceu um dia pela frente. Talvez por isso, logo a seguir ao meu recurso à palavra "namorado", surgiu a tal observação: "Ah, então já namoras?...".

Lá respondi uma qualquer banalidade. E fiquei a pensar neste "já namoras", cuja jovialidade não bate mesmo nada certo com a história que acompanha os meus quase 35 anos de vida (e que o colega, obviamente, desconhece). Se o "namorado" me soa esquisito, o que dizer então deste "já namoras"!...

É a consequência dos novos tempos e destas relações "modernas". Olha, outra palavra bizarra. Deviam inventar-se umas palavras novas, mais apropriadas para caracterizar as relações afectivas entre pessoas adultas. :-)

Adenda: O título dado a este post foi tão infeliz, valha-me Deus. Mas agora, já está, já está, também não me ocorre outro melhor...

4 comentários:

Pedro Aniceto disse...

"Uma unão que alterna", desculparás mas também não foi boa escolha... ;)

blimunda sete luas disse...

Mas essa foi de propósito! ;-)

Anónimo disse...

Continuo a considerar que o termo que deveria ser mais usado é AMANTES, não fora a carga negativa que em má hora lhe é associada.
Amantes é o único termo que unifica duas pessoas e deriva directamente de Amor, todas as outras, ou são vazias de significado como "marido" seja lá o que isso for, ou são usadas, como bem dizes, também em outras situações que não têm nada a ver com relacionamentos sentimentais. Exemplo "parceiro", olha por exemplo num jogo de cartas...

Pedro Aniceto disse...

Parceiros, como diria o meu avô, eram os bois a lavrar...