Após ponderada reflexão e atenta prova de todos os nomeados, foi decidido ser esta a melhor altura para atribuir os há tanto tempo aguardados vencedores do óscar para melhor yogurte.
E na categoria de yogurte sólido, o óscar vai para:
Bio Activia da Danone - Cremosos (porque são docinhos e fazem bem à barriga)
E na categoria de yogurte líquido, o óscar vai para:
Dan'Up morango/banana (porque são magros e nunca enjoam, mesmo bebendo disto todos os dias)
PS: isto da melhor altura é sobretudo porque é Verão, estou de férias, e basicamente não tenho mais assunto nenhum de jeito para pôr aqui!
domingo, agosto 28, 2005
quinta-feira, agosto 25, 2005
40 anos de casa, 65 anos de idade
Ora então, dizem hoje as notícias que o Conselho de Ministros aprovou o diploma que alarga para 65 anos a idade da reforma, e para 40 o número de anos em que é suposto a malta andar a “descontar”.
Isto não é coisa que me preocupe por aí além. Prejudicados a sério devem ficar os colegas que iriam atingir agora, ou nos próximos anos, a idade da reforma de acordo com a anterior legislação. Para esses é que isto é tramado, que já estavam a contar com uma coisa e de repente têm que “amargar” com mais não sei quantos anos…
Agora, euzinha, que ando em funções públicas (não sei porquê isto soa–me algo esquisito…) desde 1993, duvido muito que quando chegar à minha altura este diploma ainda esteja a valer. Aposto que daqui a uns anos, para reduzir o número de desempregados, dão a volta ao disco e desatam a antecipar reformas. Com um bocado de sorte, ainda me mandam para casa mais cedo com indemnização e tudo!
Por outro lado, é algo divertido imaginar-me a poucos anos de me reformar. Ora deixa cá ver: 40 anos de casa. Só vou ter isso em 2033, contarei então a provecta idade de 61 anos. Ou seja, ainda me faltarão mais quatro anos para os 65, que só chegarão em 2037. Por mim, tudo bem. Eu tenho é pena das pessoas que vão estar à minha volta a gramar-me, coitaditas.
Vão sofrer tanto. Vou ser tão impossível de aturar. Se isto já hoje em dia é o que é, quanto mais enrezinada pela idade… Pobres das crianças com o seus 25 anitos de idade que nessa altura estejam sob as minhas ordens. Essas recém-chegadas à Função Pública, que estão hoje em dia a saltar de testículo para testículo, à espera que chegue 2008 para nascerem. E pobres dos jovens trintões dessa altura, ansiosos por uma boa oportunidade profissional, que estarão a salivar pela ocupação do meu posto. Raios partam a puta da velha, é o que dirão os meninos e meninas nascidos em 2000, que hoje em dia vestem bibe e frequentam o Jardim de Infância. Enquanto esta Tiranossaurus Rex não se puser a andar, nunca mais vejo este serviço andar cumadeveser!...
Isto não é coisa que me preocupe por aí além. Prejudicados a sério devem ficar os colegas que iriam atingir agora, ou nos próximos anos, a idade da reforma de acordo com a anterior legislação. Para esses é que isto é tramado, que já estavam a contar com uma coisa e de repente têm que “amargar” com mais não sei quantos anos…
Agora, euzinha, que ando em funções públicas (não sei porquê isto soa–me algo esquisito…) desde 1993, duvido muito que quando chegar à minha altura este diploma ainda esteja a valer. Aposto que daqui a uns anos, para reduzir o número de desempregados, dão a volta ao disco e desatam a antecipar reformas. Com um bocado de sorte, ainda me mandam para casa mais cedo com indemnização e tudo!
Por outro lado, é algo divertido imaginar-me a poucos anos de me reformar. Ora deixa cá ver: 40 anos de casa. Só vou ter isso em 2033, contarei então a provecta idade de 61 anos. Ou seja, ainda me faltarão mais quatro anos para os 65, que só chegarão em 2037. Por mim, tudo bem. Eu tenho é pena das pessoas que vão estar à minha volta a gramar-me, coitaditas.
Vão sofrer tanto. Vou ser tão impossível de aturar. Se isto já hoje em dia é o que é, quanto mais enrezinada pela idade… Pobres das crianças com o seus 25 anitos de idade que nessa altura estejam sob as minhas ordens. Essas recém-chegadas à Função Pública, que estão hoje em dia a saltar de testículo para testículo, à espera que chegue 2008 para nascerem. E pobres dos jovens trintões dessa altura, ansiosos por uma boa oportunidade profissional, que estarão a salivar pela ocupação do meu posto. Raios partam a puta da velha, é o que dirão os meninos e meninas nascidos em 2000, que hoje em dia vestem bibe e frequentam o Jardim de Infância. Enquanto esta Tiranossaurus Rex não se puser a andar, nunca mais vejo este serviço andar cumadeveser!...
terça-feira, agosto 23, 2005
Que gandas broncos!
Já não basta o País estar a arder como está. Andarmos há não sei quantos dias a levar com telejornais inteiros só a mostrar os incêndios todos.
Nota: e eu não sou das que pensam que as televisões devem omitir as imagens dos incêndios, atenção. Acho que as televisões têm que estar lá, e mostrar, e falar do assunto até à exaustão, porque se eles não mostram então é que isto tudo passa mesmo como se não fosse nada. Agora, já estou um bocado farta daquela pornografia jornalística de constantemente se mostrarem pessoas em total desespero porque em minutos perderam tudo o que possuem, e vir uma abécula qualquer de micro na mão perguntar "como é que se sente, e agora o que vai fazer?". É criminoso, a meu ver, e devia ser punido.
Continuando. Já não basta chegarmos à conclusão que, sejam eles cor-de-laranja, cor-de-rosa, azul e amarelo ou cor-de-burro-quando-foge, a incapacidade dos governantes pegarem nos problemas a sério e resolvê-los, é, para mal de todos nós, o denominador comum.
Já não basta isto tudo. E hoje, para comprovar que os Portugueses são uns tristes, a SIC, a propósito dos incêndios, considerou como notícia interessante para incluir no Jornal da Noite, a colaboração que prestaram à Sky News, e mostraram imagens do directo (!) que um jornalista da SIC fez, a falar Inglês (que lindo, ahhh....) para a dita estação televisiva... Tipo, vejam como somos bons, entrámos em directo para a Sky News...
Dir-me-ão, com tantos problemas sérios neste âmbito, este assunto é um fait divers (sim, eu também sou muito culta e evoluída, sei falar Francês, e Inglês também). Com certeza. Mas isto dá conta, a meu ver, da pequenez de espírito que continua a caracterizar os Portugueses. Torna evidente como somos totalmente incapazes de cuidar do que é nosso. E como perdemos tempo precioso da nossa vida a espreitar por cima do ombro, a ver como os outros são bons, a invejá-los, e a ficarmos muito preocupadinhos com o que pensam a nosso respeito.
Não temos o mínimo apreço por aquilo que somos, quanto mais por aquilo que temos. À nossa volta está tudo a arder, mas ao menos somos uma notícia de relevo internacional. Esta canção do Sérgio Godinho vem bem a propósito disto... Que gandas broncos!...
Nota: e eu não sou das que pensam que as televisões devem omitir as imagens dos incêndios, atenção. Acho que as televisões têm que estar lá, e mostrar, e falar do assunto até à exaustão, porque se eles não mostram então é que isto tudo passa mesmo como se não fosse nada. Agora, já estou um bocado farta daquela pornografia jornalística de constantemente se mostrarem pessoas em total desespero porque em minutos perderam tudo o que possuem, e vir uma abécula qualquer de micro na mão perguntar "como é que se sente, e agora o que vai fazer?". É criminoso, a meu ver, e devia ser punido.
Continuando. Já não basta chegarmos à conclusão que, sejam eles cor-de-laranja, cor-de-rosa, azul e amarelo ou cor-de-burro-quando-foge, a incapacidade dos governantes pegarem nos problemas a sério e resolvê-los, é, para mal de todos nós, o denominador comum.
Já não basta isto tudo. E hoje, para comprovar que os Portugueses são uns tristes, a SIC, a propósito dos incêndios, considerou como notícia interessante para incluir no Jornal da Noite, a colaboração que prestaram à Sky News, e mostraram imagens do directo (!) que um jornalista da SIC fez, a falar Inglês (que lindo, ahhh....) para a dita estação televisiva... Tipo, vejam como somos bons, entrámos em directo para a Sky News...
Dir-me-ão, com tantos problemas sérios neste âmbito, este assunto é um fait divers (sim, eu também sou muito culta e evoluída, sei falar Francês, e Inglês também). Com certeza. Mas isto dá conta, a meu ver, da pequenez de espírito que continua a caracterizar os Portugueses. Torna evidente como somos totalmente incapazes de cuidar do que é nosso. E como perdemos tempo precioso da nossa vida a espreitar por cima do ombro, a ver como os outros são bons, a invejá-los, e a ficarmos muito preocupadinhos com o que pensam a nosso respeito.
Não temos o mínimo apreço por aquilo que somos, quanto mais por aquilo que temos. À nossa volta está tudo a arder, mas ao menos somos uma notícia de relevo internacional. Esta canção do Sérgio Godinho vem bem a propósito disto... Que gandas broncos!...
domingo, agosto 21, 2005
O que eu gosto do campo...
É uma maravilha, a sério. Tirando o calor. E o pó. E as moscas.
Mas de tudo de tudo, aquilo que eu mais gosto do campo, é do banho de imersão que acontece assim que me apanho em casa. Eh pá, essa parte do campo é que eu curto!!
Mas de tudo de tudo, aquilo que eu mais gosto do campo, é do banho de imersão que acontece assim que me apanho em casa. Eh pá, essa parte do campo é que eu curto!!
sexta-feira, agosto 19, 2005
Só mais dois dias úteis
E fico de férias. Vem a carneirada toda trabalhar e lá vou eu. Só mais dois dias, que o de hoje já não conta. Já nem dá para pensar noutra coisa.
quinta-feira, agosto 18, 2005
Silly Season 2
Minhas senhoras e meus senhores, neste que é provavelmente o assunto mais importante alguma vez tratado neste mísero blog, iremos em breve atribuir o ÓSCAR PARA O MELHOR YOGURTE.
E na categoria de yogurte sólido, os nomeados são:
Bio Activia da Danone - Cereais
Bio Activia da Danone - Cremosos (morango, pêra, maçã reineta, manga, todos)
Magro da Yoplait Fruta e Fibras - ananás, maçã e cenoura
Sveltesse - Pedaços de maçã e kiwi
Yogurte batido com pedaços de morango do Pingo Doce
Na categoria de yogurte líquido, os nomeados são:
Dan'Up morango/framboesa
Mimosa Frutos & Cerais - maçã, laranja, alperce e cereais
Dan'Up morango/banana
Cremoso da Adagio com pedacinhos de morango
Corpos Danone - Aloe Vera
O júri vai agora analisar e brevemente serão atribuídos os óscares!...
E na categoria de yogurte sólido, os nomeados são:
Bio Activia da Danone - Cereais
Bio Activia da Danone - Cremosos (morango, pêra, maçã reineta, manga, todos)
Magro da Yoplait Fruta e Fibras - ananás, maçã e cenoura
Sveltesse - Pedaços de maçã e kiwi
Yogurte batido com pedaços de morango do Pingo Doce
Na categoria de yogurte líquido, os nomeados são:
Dan'Up morango/framboesa
Mimosa Frutos & Cerais - maçã, laranja, alperce e cereais
Dan'Up morango/banana
Cremoso da Adagio com pedacinhos de morango
Corpos Danone - Aloe Vera
O júri vai agora analisar e brevemente serão atribuídos os óscares!...
quarta-feira, agosto 17, 2005
Haja paciência!...
Estes pseudo-artistas, mais as exigências do raio que os parta, têm a excentricidade das manias inversamente proporcionais ao talento, digo eu, que ninguém me perguntou nada...
E depois ainda há aqueles que precisavam mesmo era de estarem internados. Uma criatura que se entretém a destruir comida da forma como é descrito, isso sim deixa-me chocada. E eu nem sei o que é pior... Se é tal pessoa fazer aquelas coisas, se é os outros à volta aceitarem tanta demência sem se revoltarem nem fazerem nada. Tipo, abaná-lo e dar-lhe um estalo, ou arranjar-lhe uma mãe que lhe dê amor, ou simplesmente alguém para se rir a bom rir daquele boneco ridículo. Agora, dar-lhe comida para ele se entreter a pisar, tenham paciência!...
"Quem é mais louco? O louco ou aquele que o segue?..."
E depois ainda há aqueles que precisavam mesmo era de estarem internados. Uma criatura que se entretém a destruir comida da forma como é descrito, isso sim deixa-me chocada. E eu nem sei o que é pior... Se é tal pessoa fazer aquelas coisas, se é os outros à volta aceitarem tanta demência sem se revoltarem nem fazerem nada. Tipo, abaná-lo e dar-lhe um estalo, ou arranjar-lhe uma mãe que lhe dê amor, ou simplesmente alguém para se rir a bom rir daquele boneco ridículo. Agora, dar-lhe comida para ele se entreter a pisar, tenham paciência!...
"Quem é mais louco? O louco ou aquele que o segue?..."
terça-feira, agosto 16, 2005
Mas quem é que me manda a mim...
... Ir comer porcarias?...
Eu já sei que não posso. Que me faz mal. Mas lá uma vez em cada dois anos cometo o erro crasso de entrar num MacDonalds. Ah e tal, que eles agora têm isto e aquilo, que já não é bem o mesmo...
Pois, pois. Quando saí de lá pensei que só tinha apanhado uma barrigada de fome. Mas antes estivesse já com fome. Estou aqui com uma náusea de tal ordem que se passar hoje o dia sem me vomitar toda já estou eu com sorte.
É bem feita. Um dia destes, pode ser que aprenda. Ah, e fica o aviso: os PitMac têm um molho duvidoso tipo "bomba", que deixa o estômago às voltas. Meu rico dinheiro.
Eu já sei que não posso. Que me faz mal. Mas lá uma vez em cada dois anos cometo o erro crasso de entrar num MacDonalds. Ah e tal, que eles agora têm isto e aquilo, que já não é bem o mesmo...
Pois, pois. Quando saí de lá pensei que só tinha apanhado uma barrigada de fome. Mas antes estivesse já com fome. Estou aqui com uma náusea de tal ordem que se passar hoje o dia sem me vomitar toda já estou eu com sorte.
É bem feita. Um dia destes, pode ser que aprenda. Ah, e fica o aviso: os PitMac têm um molho duvidoso tipo "bomba", que deixa o estômago às voltas. Meu rico dinheiro.
sábado, agosto 13, 2005
Somos todos cegos que vêem
Ontem fui ver “Ensaio sobre a Cegueira”, uma adaptação para teatro do romance do Saramago, com o mesmo nome. Este valente desafio foi agarrado pelo Teatro O Bando, e está em cena no Teatro da Trindade até 18 de Setembro.
Para os poucos incautos que ainda não tenham percebido, aqui a dona deste estabelecimento é uma grande admiradora de (leia-se: tem uma grande panca por) José Saramago. No caso concreto deste romance, Ensaio sobre a Cegueira (que apenas tive coragem para ler duas vezes), considero ser um dos textos mais geniais do nosso Nobel. Genial sim, mas também um dos mais inquietantes, mais angustiantes, mais complexos, e diria eu, mais impossíveis de adaptar para Teatro.
Fui então ver a peça, munida do meu pessimismo céptico, ou em alternativa, do meu cepticismo pessimista. E estive para não ir. Pensava eu, se aquilo tentar ser fiel ao texto vai ser uma porcaria, se aquilo não for fiel ao texto vai ser uma banhada sem jeito nenhum. Ainda por cima, tinha visto há pouco tempo em DVD a decepcionante adaptação para cinema de A Jangada de Pedra, de moldes que já tinha os pés todos atrás que tinha para ter…
… E fiquei tão esmagada pela peça quanto fiquei já pelo livro. Que enorme coragem teve aquele grupo de pessoas para montar um espectáculo assim! Conseguiram reproduzir toda a história na íntegra, com momentos tão brutais quantos os do próprio livro em si. Quem sabe se até mais brutais ainda, porque ali estamos perante todo o espectáculo da miséria humana ao vivo e a cores, com imagens, sons e cheiros. E o espaço cénico, meus amigos, é extraordinário!
Da parte de mais esta cega que vê, aqui fica a minha humilde vénia para todos os elementos d’“O Bando”, que para além de terem concebido e montado o espectáculo, ainda lhes sobra força anímica para o levar à cena todos os dias. Olhem que é preciso terem uns tomates muito rijos e muito pretos.
Ah! Escusado será dizer que o meu pessimismo e cepticismo saíram do Teatro ontem com o rabo entre as pernas, mudos e quietos, e ainda hoje não abriram a boca. Estão pr’áli enfiados no canto mais escuro da casa, com uma grande crise de amuo. Tadinhos.
Para os poucos incautos que ainda não tenham percebido, aqui a dona deste estabelecimento é uma grande admiradora de (leia-se: tem uma grande panca por) José Saramago. No caso concreto deste romance, Ensaio sobre a Cegueira (que apenas tive coragem para ler duas vezes), considero ser um dos textos mais geniais do nosso Nobel. Genial sim, mas também um dos mais inquietantes, mais angustiantes, mais complexos, e diria eu, mais impossíveis de adaptar para Teatro.
Fui então ver a peça, munida do meu pessimismo céptico, ou em alternativa, do meu cepticismo pessimista. E estive para não ir. Pensava eu, se aquilo tentar ser fiel ao texto vai ser uma porcaria, se aquilo não for fiel ao texto vai ser uma banhada sem jeito nenhum. Ainda por cima, tinha visto há pouco tempo em DVD a decepcionante adaptação para cinema de A Jangada de Pedra, de moldes que já tinha os pés todos atrás que tinha para ter…
… E fiquei tão esmagada pela peça quanto fiquei já pelo livro. Que enorme coragem teve aquele grupo de pessoas para montar um espectáculo assim! Conseguiram reproduzir toda a história na íntegra, com momentos tão brutais quantos os do próprio livro em si. Quem sabe se até mais brutais ainda, porque ali estamos perante todo o espectáculo da miséria humana ao vivo e a cores, com imagens, sons e cheiros. E o espaço cénico, meus amigos, é extraordinário!
Da parte de mais esta cega que vê, aqui fica a minha humilde vénia para todos os elementos d’“O Bando”, que para além de terem concebido e montado o espectáculo, ainda lhes sobra força anímica para o levar à cena todos os dias. Olhem que é preciso terem uns tomates muito rijos e muito pretos.
Ah! Escusado será dizer que o meu pessimismo e cepticismo saíram do Teatro ontem com o rabo entre as pernas, mudos e quietos, e ainda hoje não abriram a boca. Estão pr’áli enfiados no canto mais escuro da casa, com uma grande crise de amuo. Tadinhos.
sexta-feira, agosto 12, 2005
É deprimente
O maior dá hoje destaque a este artigo. Mesmo correndo o risco de ser redundante, aqui fica ele destacado também neste humilde barraco.
Li isto e fiquei deprimida. Não só pelo tema em si, que já dá motivo de sobra para esse efeito. Também por causa deste malvado modo de ser português (e contra mim falo), que se dá ao luxo de saber sempre tudo o que está mal, conhecer os esquemas todos, e por sistema encolher os ombros e optar pela inércia.
Ao menos que se vá denunciando. Sempre se pode optar por ser incómodo e maçador, qual moscardo zumbindo aos ouvidos do gigante adormecido...
Li isto e fiquei deprimida. Não só pelo tema em si, que já dá motivo de sobra para esse efeito. Também por causa deste malvado modo de ser português (e contra mim falo), que se dá ao luxo de saber sempre tudo o que está mal, conhecer os esquemas todos, e por sistema encolher os ombros e optar pela inércia.
Ao menos que se vá denunciando. Sempre se pode optar por ser incómodo e maçador, qual moscardo zumbindo aos ouvidos do gigante adormecido...
quinta-feira, agosto 11, 2005
Duas mulheres e um carro sem gasóleo
- Xô Dona Blimunda, preciso que vá comigo a Lisboa...
(fazendo vénia até ao chão):
- Com certeza, xô Dona Doutora Assessora, Excelentíssima e coiso! Vou imediatamente buscar uma viatura que nos carregue a ambas as duas por estes caminhos fora até ao destino!
(raios partam esta m..., era só o que me faltava, já não bastava o calor, agora ainda tenho que aturar isto, ainda por cima não gosto nada de conduzir em Lisboa, que sou uma valente azelha sem o menor sentido de orientação...)
(Viatura na mão, aqui vamos nós. Viatura sem gasóleo, logo, paragem na bomba mais próxima para meter. Gasóleo.)
- Ó xô Dona Blimunda, então estamos há vinte minutos paradas na bomba porquê? Assim nunca mais chegamos a Lisboa, e eu sou uma mulher ocupadíssima, não posso estar aqui assim!
- Pois... A xô Dona Doutora e etecetera vai-me desculpar a minha incompetência e incapacidade de corresponder às suas expectativas, mas eu para meter gasóleo tenho que abrir a portinhola lá de fora que permite enfiar a coisa no coiso, e eu até sei que aqui por dentro deve haver um botão que faz isso, só que como sou muito burra não estou a dar com ele, por acaso a xô Dona Doutora na sua incomensurável sabedoria não saberá onde é que está o botãozinho?... Também não?... Pois, realmente, é uma chatice, mas olhe que o botão deve estar mesmo aqui por perto, de certeza...
(mas onde é que se meteu o &%?!$# do botão, que &%?!$#! Estou capaz de "#$%& esta ?/&%$# toda, o meu carro tem o botão mesmo aqui... MAS PORQUE É QUE NÃO FAZEM OS CARROS TODOS IGUAIS? MAS PORQUE É QUE O COLEGA QUE COSTUMA ABASTECER OS CARROS DE SERVIÇO E FAZER AS VEZES DE MOTORISTA FOI DE FÉRIAS? ONDE É QUE ESTÁ O C&%$#"& DO BOTÃO?)
- Ah! Achei o botão! Estava mesmo aqui, do lado oposto àquele onde eu estava a procurar...
(cinco minutos depois da meia hora que demorou a encontrar o botão que abriu o depósito do gasóleo)
- Já podemos ir, xô Dona Doutora. Eu vou é com um ligeiro pivete a gasóleo, que o manípulo quando eu peguei nele, foi com um bocadito de força a mais, eh eh eh, já estava um bocadito enervada e tal com isto do botão, e o coiso de meter gasóleo tinha um bocadito de combustível residual que saiu disparado, eu ainda me desviei, mas um braço e as mãos, foi inevitável, mas não se preocupe, está tudo controlado, agora vai correr tudo bem, na pior das hipóteses quando for a hora de regressar apanhamos uma operação stop...
... o que veio a verificar-se. Ele há dias...
(fazendo vénia até ao chão):
- Com certeza, xô Dona Doutora Assessora, Excelentíssima e coiso! Vou imediatamente buscar uma viatura que nos carregue a ambas as duas por estes caminhos fora até ao destino!
(raios partam esta m..., era só o que me faltava, já não bastava o calor, agora ainda tenho que aturar isto, ainda por cima não gosto nada de conduzir em Lisboa, que sou uma valente azelha sem o menor sentido de orientação...)
(Viatura na mão, aqui vamos nós. Viatura sem gasóleo, logo, paragem na bomba mais próxima para meter. Gasóleo.)
- Ó xô Dona Blimunda, então estamos há vinte minutos paradas na bomba porquê? Assim nunca mais chegamos a Lisboa, e eu sou uma mulher ocupadíssima, não posso estar aqui assim!
- Pois... A xô Dona Doutora e etecetera vai-me desculpar a minha incompetência e incapacidade de corresponder às suas expectativas, mas eu para meter gasóleo tenho que abrir a portinhola lá de fora que permite enfiar a coisa no coiso, e eu até sei que aqui por dentro deve haver um botão que faz isso, só que como sou muito burra não estou a dar com ele, por acaso a xô Dona Doutora na sua incomensurável sabedoria não saberá onde é que está o botãozinho?... Também não?... Pois, realmente, é uma chatice, mas olhe que o botão deve estar mesmo aqui por perto, de certeza...
(mas onde é que se meteu o &%?!$# do botão, que &%?!$#! Estou capaz de "#$%& esta ?/&%$# toda, o meu carro tem o botão mesmo aqui... MAS PORQUE É QUE NÃO FAZEM OS CARROS TODOS IGUAIS? MAS PORQUE É QUE O COLEGA QUE COSTUMA ABASTECER OS CARROS DE SERVIÇO E FAZER AS VEZES DE MOTORISTA FOI DE FÉRIAS? ONDE É QUE ESTÁ O C&%$#"& DO BOTÃO?)
- Ah! Achei o botão! Estava mesmo aqui, do lado oposto àquele onde eu estava a procurar...
(cinco minutos depois da meia hora que demorou a encontrar o botão que abriu o depósito do gasóleo)
- Já podemos ir, xô Dona Doutora. Eu vou é com um ligeiro pivete a gasóleo, que o manípulo quando eu peguei nele, foi com um bocadito de força a mais, eh eh eh, já estava um bocadito enervada e tal com isto do botão, e o coiso de meter gasóleo tinha um bocadito de combustível residual que saiu disparado, eu ainda me desviei, mas um braço e as mãos, foi inevitável, mas não se preocupe, está tudo controlado, agora vai correr tudo bem, na pior das hipóteses quando for a hora de regressar apanhamos uma operação stop...
... o que veio a verificar-se. Ele há dias...
quarta-feira, agosto 10, 2005
Os Australianos é que têm o frio todo!
Boa. Afinal, na próxima vaga de calor (que parece que está para breve) já sei para onde vou emigrar. Ou então não...
terça-feira, agosto 09, 2005
segunda-feira, agosto 08, 2005
Corta Mato
- Boa tarde. É para fazer depilação, por favor…
- Com certeza, minha senhora...
(dois erros numa única frase: não sou dela, e também não sou uma senhora. Mas adiante.)
- ... vem para fazer meia-perna, perna inteira?...
(mais outro disparate pegado. As pernas, sejam inteiras ou às metades, são minhas e já estão feitas, que diabo!...)
- Ó fáxavor, deixemo-nos de mariquices. É para arrancar pêlo, começando nos tornozelos e terminando junto ao umbigo, sim? Pode ser já?... Óptimo, vamos lá a isto, então...
- Com certeza, minha senhora...
(dois erros numa única frase: não sou dela, e também não sou uma senhora. Mas adiante.)
- ... vem para fazer meia-perna, perna inteira?...
(mais outro disparate pegado. As pernas, sejam inteiras ou às metades, são minhas e já estão feitas, que diabo!...)
- Ó fáxavor, deixemo-nos de mariquices. É para arrancar pêlo, começando nos tornozelos e terminando junto ao umbigo, sim? Pode ser já?... Óptimo, vamos lá a isto, então...
sexta-feira, agosto 05, 2005
Mais um poema existencialista
Álvaro de Campos:
"Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo -
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ... "
40 graus. Nimed. Zyrtec. Unisedil: sou eu, à espera de melhores dias...
"Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo -
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ... "
40 graus. Nimed. Zyrtec. Unisedil: sou eu, à espera de melhores dias...
quinta-feira, agosto 04, 2005
40 Graus!
Hoje dão 40 graus de máxima para Lisboa. E amanhã outros 40. Ora, isto é coisa para me derreter os já poucos neurónios que ainda teimam em habitar o meu cérebro tresloucado.
Detesto estes calores disparatados. Fico capaz de emigrar para qualquer sítio do mundo, desde que por lá esteja frio. Quantos dias é que teremos que aturar isto desta vez? Hein?...
Detesto estes calores disparatados. Fico capaz de emigrar para qualquer sítio do mundo, desde que por lá esteja frio. Quantos dias é que teremos que aturar isto desta vez? Hein?...
quarta-feira, agosto 03, 2005
Cântico Negro
"«Vem por aqui» --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí."
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí."
José Régio, Poemas de Deus e do Diabo
segunda-feira, agosto 01, 2005
A melhor invenção desde a roda
Ena! O bem que isto poderá vir a fazer em prol das relações interpessoais! Extremamente positivo!
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