Estou de acordo com a realização de novo referendo sobre a questão da Interrupção Voluntária da Gravidez. É uma das últimas heranças do Eng.º Guterres, a meu ver. O primeiro é que escusava de ter sido feito. Agora, depois de ter havido um referendo, e de a resposta ser não, não se pode alterar o sentido dessa resposta sem se voltar a perguntar. É uma questão de respeito pela própria população, julgo eu.
Fomos a referendo a primeira vez por um único motivo: o Primeiro-Ministro da altura era católico. E não quis assumir uma alteração à lei com a qual ele próprio não concordava. O cenário hoje em dia é diferente, mas infelizmente, os termos que são utilizados para defender o "sim" ou o "não" são exactamente os mesmos.
Já começou, aliás. Acho que o "suquete" do Gato Fedorento sobre o Prós e Contras em que se debateu a questão ilustra bem como é que as partes argumentam. Com muitos fundamentalismos, quanto menos esclarecimento melhor (de parte a parte, atenção!), muito alarido, muita mão no coração, direito à vida e Deus Nosso Senhor.
Eu espero sinceramente que a campanha desta vez seja diferente, mas estou convencida que vai ser o mesmo circo da outra vez. Já nem tenho paciência para os ouvir discutir. Ah e tal, porque a vida começa às dez semanas, porque começa antes disso, porque a vida é logo no momento da fecundação, porque a vida, porque a vida. Só me apetece partir para o disparate. Se há vida na fecundação, então é inquestionável que há vida no espermatozóide e no óvulo. Isso quer dizer que de todas as vezes que eu faço um broche e engulo, cometo um infanticídio?...
Não discutam a moral, nem o moralismo, porque a questão do referendo não tem a ver com moral(ismos). Não discutam a religião, porque muito menos tem a ver com a religião. Nem tem a ver com ética, nem com biologia, nem com a consciência invidual. Estes aspectos merecem-me todo o respeito mas são do domínio da nossa individualidade. Reportam-se ao modo como vivemos a nossa existência e às opções que daí decorrem. Todos eles são ulteriores à questão colocada e à própria lei que venha a ser criada.
A questão do referendo é de carácter jurídico e legislativo, tem a ver com saúde pública e com os direitos dos cidadãos. Porque estamos num Estado laico que tem a obrigação de preservar, como princípios fundamentais, a liberdade e o respeito pelas diferentes opções individuais.
E portanto, lá terá que ser o referendo. Cá estamos de novo.
9 comentários:
Subscrevo inteiramente!
Boa onda. Já agora, e se não incomodar, que votem mais de 50% das pessoas, tá bem?
a ideia dos referendos é apenas arranjar maneira de dar mais dinheiro aos partidos! sempre que há eleições os partidos ganham dinheiro com isso.
um governo que já tomou tantas decisões duras e anti-populares, fica de repente cheio de escrupulos e decide dar o "poder" ao povo?...querem mas é mais mama, daquela que nunca falha.
Meu caro Virilão, a saber:
Os referendos são uma espécie de oscultação popular, sem intermediários, ou seja, o Governo pergunta e a malta responde.
Os partidos politicos mesmo que queiram manifestar a sua opinião, e ou moldar as opiniões dos cidadãos, não tem qualquer vínculo com a decisão dos mesmos.
Logo os referendos não são patrocinados nem patrocinadores de qualquer partido político.
Assim, podem existir muitos argumentos para a não realização do Referendo, mas o que o meu caro amigo apontou não serve, de todo.
Já agora eu sou a favor do Referendo, e sou a favor da despenalização, assim como, nunca neguei que já fiz, em tempos idos, um aborto, por motivos que só a mim interessam, e garanto que não é coisa que se vá a correr fazer só porque está despenalizado. No entanto, concordo que se deve manter e aumentar a educação sexual e pró-saúde, quer em jovens, quer em adultos.
DISSE.
eu sou contra. aqui na net devo ser caso unico lol. se puderes passa pelo meu blog para conheceres a minha opiniao. beijinhos
um adulto deve ter responsabilidades do que fez como o faz. a desculpa de dizer que não vem em boa altura é só culpa de quem não tomou o que devia ou que não teve tempo para vestir o careca porque a coisa estava quente. quando se é uma miúda ainda há desculpa, ou que um medicamento cortou o efeito da pílula, agora porque não houve responsabilidade, é "foda". eu votarei a favor porque vão continuar a fazer abortos mal feitos e morrer mais jovens por isso.
não aceito que mulheres adultas, ou homens, que digam que aconteceu porque não se preparou.
minha cara "pois claro que sou eu",
eu sei o que é um referendo.
-os partidos são financiados sempre que há eleições e este referendo não será excepção
quando digo "partidos" refiro-me a todos e não apenas ao do largo do rato . Não como do bornal, apenas pago e deixo outros comer.
Produzo a minha parte para esta sociedade, cumpro com as minhas obrigações exijo os meus direitos, respeito e faço por ser respeitado.
Concordo com referendos e não tomo opinião publica nem pelo sim nem pelo não.
Como em todas as eleições/referendos, a minha opinião/voto guardo-a/o para mim. não tento impingir nada a ninguém até porque sempre fui mau vendedor.
Caro Virilão,
Até onde sei, não existe financiamento partidário, e mais uma vez me estou a referir a todos os Partidos, nos casos de Referendo.
É só isso.
Negociatas e aldrabices são a melhor especialidade deste País, que começou com o filho a bater na mãe e nunca mais se endireitou :-):-):-):-):-):-):-):-):-):-):-):-):-)
Enviar um comentário