terça-feira, novembro 07, 2006

Referendo, lá terá que ser

Estou de acordo com a realização de novo referendo sobre a questão da Interrupção Voluntária da Gravidez. É uma das últimas heranças do Eng.º Guterres, a meu ver. O primeiro é que escusava de ter sido feito. Agora, depois de ter havido um referendo, e de a resposta ser não, não se pode alterar o sentido dessa resposta sem se voltar a perguntar. É uma questão de respeito pela própria população, julgo eu.

Fomos a referendo a primeira vez por um único motivo: o Primeiro-Ministro da altura era católico. E não quis assumir uma alteração à lei com a qual ele próprio não concordava. O cenário hoje em dia é diferente, mas infelizmente, os termos que são utilizados para defender o "sim" ou o "não" são exactamente os mesmos.

Já começou, aliás. Acho que o "suquete" do Gato Fedorento sobre o Prós e Contras em que se debateu a questão ilustra bem como é que as partes argumentam. Com muitos fundamentalismos, quanto menos esclarecimento melhor (de parte a parte, atenção!), muito alarido, muita mão no coração, direito à vida e Deus Nosso Senhor.

Eu espero sinceramente que a campanha desta vez seja diferente, mas estou convencida que vai ser o mesmo circo da outra vez. Já nem tenho paciência para os ouvir discutir. Ah e tal, porque a vida começa às dez semanas, porque começa antes disso, porque a vida é logo no momento da fecundação, porque a vida, porque a vida. Só me apetece partir para o disparate. Se há vida na fecundação, então é inquestionável que há vida no espermatozóide e no óvulo. Isso quer dizer que de todas as vezes que eu faço um broche e engulo, cometo um infanticídio?...

Não discutam a moral, nem o moralismo, porque a questão do referendo não tem a ver com moral(ismos). Não discutam a religião, porque muito menos tem a ver com a religião. Nem tem a ver com ética, nem com biologia, nem com a consciência invidual. Estes aspectos merecem-me todo o respeito mas são do domínio da nossa individualidade. Reportam-se ao modo como vivemos a nossa existência e às opções que daí decorrem. Todos eles são ulteriores à questão colocada e à própria lei que venha a ser criada.

A questão do referendo é de carácter jurídico e legislativo, tem a ver com saúde pública e com os direitos dos cidadãos. Porque estamos num Estado laico que tem a obrigação de preservar, como princípios fundamentais, a liberdade e o respeito pelas diferentes opções individuais.

E portanto, lá terá que ser o referendo. Cá estamos de novo.

9 comentários:

Célia disse...

Subscrevo inteiramente!

Bart Simpson disse...

Boa onda. Já agora, e se não incomodar, que votem mais de 50% das pessoas, tá bem?

virilão disse...

a ideia dos referendos é apenas arranjar maneira de dar mais dinheiro aos partidos! sempre que há eleições os partidos ganham dinheiro com isso.

um governo que já tomou tantas decisões duras e anti-populares, fica de repente cheio de escrupulos e decide dar o "poder" ao povo?...querem mas é mais mama, daquela que nunca falha.

Anónimo disse...

Meu caro Virilão, a saber:

Os referendos são uma espécie de oscultação popular, sem intermediários, ou seja, o Governo pergunta e a malta responde.

Os partidos politicos mesmo que queiram manifestar a sua opinião, e ou moldar as opiniões dos cidadãos, não tem qualquer vínculo com a decisão dos mesmos.

Logo os referendos não são patrocinados nem patrocinadores de qualquer partido político.

Assim, podem existir muitos argumentos para a não realização do Referendo, mas o que o meu caro amigo apontou não serve, de todo.

Já agora eu sou a favor do Referendo, e sou a favor da despenalização, assim como, nunca neguei que já fiz, em tempos idos, um aborto, por motivos que só a mim interessam, e garanto que não é coisa que se vá a correr fazer só porque está despenalizado. No entanto, concordo que se deve manter e aumentar a educação sexual e pró-saúde, quer em jovens, quer em adultos.
DISSE.

clara disse...

eu sou contra. aqui na net devo ser caso unico lol. se puderes passa pelo meu blog para conheceres a minha opiniao. beijinhos

fernando lucas disse...

um adulto deve ter responsabilidades do que fez como o faz. a desculpa de dizer que não vem em boa altura é só culpa de quem não tomou o que devia ou que não teve tempo para vestir o careca porque a coisa estava quente. quando se é uma miúda ainda há desculpa, ou que um medicamento cortou o efeito da pílula, agora porque não houve responsabilidade, é "foda". eu votarei a favor porque vão continuar a fazer abortos mal feitos e morrer mais jovens por isso.
não aceito que mulheres adultas, ou homens, que digam que aconteceu porque não se preparou.

virilão disse...

minha cara "pois claro que sou eu",
eu sei o que é um referendo.
-os partidos são financiados sempre que há eleições e este referendo não será excepção
quando digo "partidos" refiro-me a todos e não apenas ao do largo do rato . Não como do bornal, apenas pago e deixo outros comer.
Produzo a minha parte para esta sociedade, cumpro com as minhas obrigações exijo os meus direitos, respeito e faço por ser respeitado.
Concordo com referendos e não tomo opinião publica nem pelo sim nem pelo não.
Como em todas as eleições/referendos, a minha opinião/voto guardo-a/o para mim. não tento impingir nada a ninguém até porque sempre fui mau vendedor.

Anónimo disse...

Caro Virilão,

Até onde sei, não existe financiamento partidário, e mais uma vez me estou a referir a todos os Partidos, nos casos de Referendo.
É só isso.

Anónimo disse...

Negociatas e aldrabices são a melhor especialidade deste País, que começou com o filho a bater na mãe e nunca mais se endireitou :-):-):-):-):-):-):-):-):-):-):-):-):-)