quarta-feira, dezembro 28, 2011
Desejos para 2012?
Que não continue vivo aquilo que já estiver morto. Que não morra aquilo que tanta falta faz à vida. Que não falte a capacidade para lidar com a dor dos desejos concretizados. Que não falte a coragem para reconstruir a dura realidade dos dias.
terça-feira, novembro 29, 2011
Zézé Camarinha, volta que estás perdoado
Pois que estou por aqui a puxar pela cabeça, e não me ocorre nenhuma tradução possível para Inglês, da nossa portuguesa expressão "vou andando". Então como é que estás, e tal, e a malta responde, "vou andando", mas se quisermos responder isto em Inglês, não sei realmente como fazê-lo.
Já a malta que domina mal o Inglês não tem problema destes. À cortez pergunta "how are you?", responderão prontamente, "I'm coming".
Pergunto-me o que terá ficado a pensar o interlocutor, face à resposta dada. É que, das duas uma, ou está a chegar, ou está-se a vir!... :-)
Já a malta que domina mal o Inglês não tem problema destes. À cortez pergunta "how are you?", responderão prontamente, "I'm coming".
Pergunto-me o que terá ficado a pensar o interlocutor, face à resposta dada. É que, das duas uma, ou está a chegar, ou está-se a vir!... :-)
terça-feira, novembro 22, 2011
Da solidão e outros demónios
Perguntaram-lhe uma vez, se sentia raiva. Disse que não, que não tinha raiva. Tinha pragmatismo. E algum cinismo, também. A vida é o que é, e muitas vezes é uma merda, foi a brilhante conclusão a que chegou depois de ler todos os livros de auto-ajuda do mundo. Deitou-os fora logo a seguir, juntamente com a Bíblia, o Amor de Perdição, o Kama Sutra, a Crítica da Razão Pura e o Plano Oficial de Contabilidade. Guardou só os livros do Fernando Pessoa, que diziam que toda a metafísica do mundo estava na confeitaria, que vivem em nós inúmeros, que o único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum, e que nada mais restava do que ser eu mesma, que remédio.
Depois perguntaram-lhe, nesse caso, sem psicologia, nem deus, nem amor, nem sexo, sem filosofia e sem organização, como sobrevives. Ela respondeu que quando está fraca, come chocolates, toma ansiolíticos, engorda e tenta convencer-se de que está tudo bem. E quando ganhas forças. Nessa altura, respondeu, as frustações substituem-se por muitas horas de ginásio, livros que ensinem a pensar, activismo social, e no tempo que reste, contemplação das coisas bonitas do mundo, que em regra nada nos devem nem nós a elas, e por isso tudo é perfeito. Vais ver o mar, perguntaram, e ela disse, vou ver o mar.
Disseram-lhe, mas ninguém pode ser feliz com tanta solidão. Ela disse, não me venhas falar em solidão. Que sabes tu sobre a solidão? Deixa-me a mim dizer-te o que é isso. Solidão não é não ter ninguém com quem falar. É engolir as próprias angústias e auto censurar-se, ficar calada para não o aborrecer mais, coitado, já tem tantos problemas a atormentá-lo. É enganar-se e inventar desculpas, porque ele nem reparou que estava cansada, que estava triste, que estava bem disposta, que tinha ido arranjar o cabelo. Solidão não é estar sozinha. É estar acompanhada mas não ter companhia para o pequeno almoço, é pedir por favor, que ao menos hoje não te aborreças com o senhor do restaurante, porque faço anos e quero jantar em paz.
Celibato? Onde te convenceram que o celibato é solidão? Ficar a um canto com a vida entre parêntesis, e ver ao longe o homem que se ama a passar, na companhia da mulher que ele escolheu, isso sim, é solidão.
Então e no meio de tudo isso, a felicidade, achas que existe? Tenho a certeza que sim. Em alguns momentos, já nos temos encontrado.
Mas não sorriu quando respondeu.
Depois perguntaram-lhe, nesse caso, sem psicologia, nem deus, nem amor, nem sexo, sem filosofia e sem organização, como sobrevives. Ela respondeu que quando está fraca, come chocolates, toma ansiolíticos, engorda e tenta convencer-se de que está tudo bem. E quando ganhas forças. Nessa altura, respondeu, as frustações substituem-se por muitas horas de ginásio, livros que ensinem a pensar, activismo social, e no tempo que reste, contemplação das coisas bonitas do mundo, que em regra nada nos devem nem nós a elas, e por isso tudo é perfeito. Vais ver o mar, perguntaram, e ela disse, vou ver o mar.
Disseram-lhe, mas ninguém pode ser feliz com tanta solidão. Ela disse, não me venhas falar em solidão. Que sabes tu sobre a solidão? Deixa-me a mim dizer-te o que é isso. Solidão não é não ter ninguém com quem falar. É engolir as próprias angústias e auto censurar-se, ficar calada para não o aborrecer mais, coitado, já tem tantos problemas a atormentá-lo. É enganar-se e inventar desculpas, porque ele nem reparou que estava cansada, que estava triste, que estava bem disposta, que tinha ido arranjar o cabelo. Solidão não é estar sozinha. É estar acompanhada mas não ter companhia para o pequeno almoço, é pedir por favor, que ao menos hoje não te aborreças com o senhor do restaurante, porque faço anos e quero jantar em paz.
Celibato? Onde te convenceram que o celibato é solidão? Ficar a um canto com a vida entre parêntesis, e ver ao longe o homem que se ama a passar, na companhia da mulher que ele escolheu, isso sim, é solidão.
Então e no meio de tudo isso, a felicidade, achas que existe? Tenho a certeza que sim. Em alguns momentos, já nos temos encontrado.
Mas não sorriu quando respondeu.
quarta-feira, novembro 02, 2011
Constatação após 4 horas seguidas de pesquisa bibliográfica
EU NÃO VOU TER TEMPO DE LER ISTO TUDO!!!!!............ :-(
segunda-feira, outubro 31, 2011
sábado, outubro 22, 2011
segunda-feira, outubro 10, 2011
Reclama as tuas infoexclusões porque elas pertencem-te #3
O que raio é #FF no Twitter!!!???... Hein?!... Devo ficar contente ou responder "VAI TU!!..."??
Reclama as tuas infoexclusões porque elas pertencem-te #2
Quero criar uma corrente no Facebook. Vai-se chamar "se receber mais outra corrente no Facebook vou-me tornar numa potencial assassina de criancinhas". Como é que se faz?
E já agora, alguém que me explique...
... porque carga d'água é que Steve Jobs parece ser o novo Jesus Cristo?...
(Eu disse que hoje estou em dia não, no que às tecnologias diz respeito. Cinco horas depois, ainda não me passou.)
(Eu disse que hoje estou em dia não, no que às tecnologias diz respeito. Cinco horas depois, ainda não me passou.)
Reclama as tuas infoexclusões porque elas pertencem-te
Agendas electrónicas não são para mim. Em papel é que é bom. Tivesse eu a minha agendazinha comigo no dia em que, de férias e em casa, liguei a marcar uma consulta de oftalmologia, e não teria acabado por faltar à dita.
Desde Agosto à procura, na agenda do telefone, da data, meu deus, da data da consulta, que eu ia jurar que tinha escrito ali no telemóvel, mas onde, mas onde. É em Outubro mas quando, meu deus, mas quando.
Era hoje. Disse o sofisticado BlackBerry, fazendo emergir do vale dos mortos a informação perdida e tantas vezes procurada, quando faltavam apenas 15 MINUTOS e cerca de 30 QUILÓMETROS para a dita cuja.
Hoje estou muito agastada com as tecnologias em geral e com as agendas telefónicas em particular.
Desde Agosto à procura, na agenda do telefone, da data, meu deus, da data da consulta, que eu ia jurar que tinha escrito ali no telemóvel, mas onde, mas onde. É em Outubro mas quando, meu deus, mas quando.
Era hoje. Disse o sofisticado BlackBerry, fazendo emergir do vale dos mortos a informação perdida e tantas vezes procurada, quando faltavam apenas 15 MINUTOS e cerca de 30 QUILÓMETROS para a dita cuja.
Hoje estou muito agastada com as tecnologias em geral e com as agendas telefónicas em particular.
sexta-feira, setembro 30, 2011
Sinto
A roda do destino em movimento. No entretanto, a vida segue o seu ritmo normal, mas por baixo do ruído do dia-a-dia, oiço o ranger da engrenagem e sinto o chão a tremer debaixo dos pés.
terça-feira, setembro 13, 2011
Porque isto é mesmo muito bonito
há sempre um sítio pra fugir,
se queres saber um sítio onde podes descansar.
há sempre alguém pra te agarrar, pra te esconder.
se vais cair eu vou-te ver antes da dança, antes da fuga, eu sei-te ver.
antes do tempo te mudar eu vou saber, antes da névoa te vestir e te levar,
há um sítio onde o escuro não chegou pra onde podes ir, um rio pra libertar.
há sempre alguém pra te salvar, se queres saber, se queres sentir a todo o gás.
há sempre alguém pra te dizer se vais cair pra te travar e adormecer.
antes do dia, antes da luta, eu sei-te ver.
antes da noite te sarar eu vou saber, antes da chuva te romper e te lavar,
há um sítio onde a estrada te deixou por onde tens que ir se te queres libertar.
e tudo o que for por bem, tudo o que der razão pelo ponto vai ligar.
tudo te vai unir, tudo se faz canção, no caminho de voltar, no caminho de voltar.
há sempre paz noutro lugar, entre nuvens,
um sítio onde podes perceber que há sempre alguém para te ver,
em segredo, te descobrir e renovar, e renovar.
te descobrir e renovar.
te descobrir e renovar.
te descobrir e renovar
se queres saber um sítio onde podes descansar.
há sempre alguém pra te agarrar, pra te esconder.
se vais cair eu vou-te ver antes da dança, antes da fuga, eu sei-te ver.
antes do tempo te mudar eu vou saber, antes da névoa te vestir e te levar,
há um sítio onde o escuro não chegou pra onde podes ir, um rio pra libertar.
há sempre alguém pra te salvar, se queres saber, se queres sentir a todo o gás.
há sempre alguém pra te dizer se vais cair pra te travar e adormecer.
antes do dia, antes da luta, eu sei-te ver.
antes da noite te sarar eu vou saber, antes da chuva te romper e te lavar,
há um sítio onde a estrada te deixou por onde tens que ir se te queres libertar.
e tudo o que for por bem, tudo o que der razão pelo ponto vai ligar.
tudo te vai unir, tudo se faz canção, no caminho de voltar, no caminho de voltar.
há sempre paz noutro lugar, entre nuvens,
um sítio onde podes perceber que há sempre alguém para te ver,
em segredo, te descobrir e renovar, e renovar.
te descobrir e renovar.
te descobrir e renovar.
te descobrir e renovar
Tiago Bettencourt, "Caminho de Voltar"
quinta-feira, setembro 08, 2011
By location
De vez em quando lá vou espreitar no site meter os visitantes que aqui chegam, ao que vêm e vindos de onde. Já me habituei às muitas visitas do Brasil, esporadicamente lá surgem visitantes de outros países por este mundo fora.
Confesso no entanto que dois locais em particular andam a intrigar-me. Vai por isso daqui o desafio para que se manifestem os meus leitores assíduos provenientes de Moutain View na California, e do mais que improvável Kuwait!
E sejam bem-vind@s, é claro! :-)
Confesso no entanto que dois locais em particular andam a intrigar-me. Vai por isso daqui o desafio para que se manifestem os meus leitores assíduos provenientes de Moutain View na California, e do mais que improvável Kuwait!
E sejam bem-vind@s, é claro! :-)
quarta-feira, setembro 07, 2011
Igualdade "my ass"
Conheço uma pessoa que costuma dizer uma coisa muito pertinente: as mulheres fazem tudo o que os homens fazem, e ainda por cima de saltos altos!
Eu acrescento: e às vezes, em cima disso tudo, estamos também menstruadas...
Eu acrescento: e às vezes, em cima disso tudo, estamos também menstruadas...
segunda-feira, setembro 05, 2011
Constatação de um fim-de-semana prolongado
Eu sou uma pessoa que necessita possuir uma casa ao pé do mar. :-s
terça-feira, agosto 30, 2011
Coisas que me fascinam #3
Material escolar novinho em folha, nas suas variadas formas, feitios, cores e cheiros.
quarta-feira, agosto 24, 2011
domingo, agosto 14, 2011
A teoria do alçapão
É uma teoria que eu já tenho há algum tempo, e que sempre fica reforçada nesta altura do ano, em que as televisões generalistas se desdobram em programas em directo do género "Verão Total", e outros cujo nome felizmente não retenho. Também sai reforçada pelo facto de ter passado as últimas semanas de férias, logo com mais disponibilidade para estar em frente à televisão, e de vez em quando lá me distraio e sintonizo demasiado cedo (antes dos telejornais da hora de almoço) estes maravilhosos canais.
Neste programas das manhãs e das tardes proliferam actuações de pessoas denominadas de "artistas", e todos cumprem mais ou menos o mesmo padrão: as músicas passam em play-back. Os homens suam dos sovacos à bruta e têm ar de ter saído de trás da banca da feira onde vendem cassetes-pirata, directamente para a frente da câmara da televisão. Muitos deles precisam de arranjar os dentes. As mulheres vestem coisas demasiado justas e curtas, repletas de cores vivas e lantejoulas, usam demasiada maquilhagem e parecem ter saído directamente, não da banca da venda de música, mas talvez da esquina mais próxima. A música que ecoa tem sempre uma base de ter-lin-tin-tin constante, e os "performers" saltitam furiosamente de um lado para o outro, com um grupo de duas ou três bailarinas atrás.
Olho para aquilo como quem abranda o carro para ver um desastre e sempre me surgem os mesmos três pensamentos. O primeiro é, que horror. O segundo, mas quem são estas pessoas? E por fim, de onde é que vêm e para onde é que voltam quando terminam a sua actuação saltitante?
Sim, quem são estas pessoas? Onde é que os canais de televisão os desencantam nesta altura do ano, porque embora sejam todos mais ou menos iguais, a verdade é que existem numa quantidade absurda, em diferentes feitios, tamanhos e cores. É aí que surge a minha teoria do alçapão dos cantores pimba.
Tomai atenção, porque este pode muito bem ser o segredo mais bem guardado de sempre das televisões generalistas. Existe um alçapão, a porta de entrada para um buraco bem fundo debaixo do chão. É lá que estão enterrados todos os cantores pimba deste país. RTP, SIC e TVI partilham este segredo e só existem 3 chaves para o alçapão, presas ao pescoço do Jorge Gabriel, da Júlia Pinheiro e do Manuel Luís Goucha. Os cantores pimba na verdade não são pessoas, são bonecos de corda. Antes de cada programa em directo, eles abrem o alçapão, tiram cá para fora aqueles de que necessitam, tiram-lhes o pó, dão-lhes corda e eles vão a saltitar directamente para a frente das câmaras. Fazem lá aquela cena que eles fazem e logo que termina, voltam a empurrá-los para o buraco. Por isso é que depois já ninguém mais os vê ou ouve falar deles.
É disto que se alimentam as televisões generalistas, meus amigos. Bonecos de corda escondidos em buracos. Só que isto nem sempre corre bem. Já houve casos de alguns que fugiram numa das vezes em que os deixaram sair. Fazem concertos regulares, atraem multidões e enchem pavilhões. Aprenderam a dar corda a eles próprios e agora já ninguém os consegue agarrar.
Neste programas das manhãs e das tardes proliferam actuações de pessoas denominadas de "artistas", e todos cumprem mais ou menos o mesmo padrão: as músicas passam em play-back. Os homens suam dos sovacos à bruta e têm ar de ter saído de trás da banca da feira onde vendem cassetes-pirata, directamente para a frente da câmara da televisão. Muitos deles precisam de arranjar os dentes. As mulheres vestem coisas demasiado justas e curtas, repletas de cores vivas e lantejoulas, usam demasiada maquilhagem e parecem ter saído directamente, não da banca da venda de música, mas talvez da esquina mais próxima. A música que ecoa tem sempre uma base de ter-lin-tin-tin constante, e os "performers" saltitam furiosamente de um lado para o outro, com um grupo de duas ou três bailarinas atrás.
Olho para aquilo como quem abranda o carro para ver um desastre e sempre me surgem os mesmos três pensamentos. O primeiro é, que horror. O segundo, mas quem são estas pessoas? E por fim, de onde é que vêm e para onde é que voltam quando terminam a sua actuação saltitante?
Sim, quem são estas pessoas? Onde é que os canais de televisão os desencantam nesta altura do ano, porque embora sejam todos mais ou menos iguais, a verdade é que existem numa quantidade absurda, em diferentes feitios, tamanhos e cores. É aí que surge a minha teoria do alçapão dos cantores pimba.
Tomai atenção, porque este pode muito bem ser o segredo mais bem guardado de sempre das televisões generalistas. Existe um alçapão, a porta de entrada para um buraco bem fundo debaixo do chão. É lá que estão enterrados todos os cantores pimba deste país. RTP, SIC e TVI partilham este segredo e só existem 3 chaves para o alçapão, presas ao pescoço do Jorge Gabriel, da Júlia Pinheiro e do Manuel Luís Goucha. Os cantores pimba na verdade não são pessoas, são bonecos de corda. Antes de cada programa em directo, eles abrem o alçapão, tiram cá para fora aqueles de que necessitam, tiram-lhes o pó, dão-lhes corda e eles vão a saltitar directamente para a frente das câmaras. Fazem lá aquela cena que eles fazem e logo que termina, voltam a empurrá-los para o buraco. Por isso é que depois já ninguém mais os vê ou ouve falar deles.
É disto que se alimentam as televisões generalistas, meus amigos. Bonecos de corda escondidos em buracos. Só que isto nem sempre corre bem. Já houve casos de alguns que fugiram numa das vezes em que os deixaram sair. Fazem concertos regulares, atraem multidões e enchem pavilhões. Aprenderam a dar corda a eles próprios e agora já ninguém os consegue agarrar.
sexta-feira, agosto 12, 2011
quinta-feira, agosto 11, 2011
Candida Albicans, epílogo
Já se passaram quase cinco anos sobre este post. Na altura, escrevia com o peso de um problema que parecia não ter solução à vista, quando tudo o que queria era poder descrever de que maneira ele tinha ficado resolvido. A conversa com um amigo fez-me hoje reflectir que ainda nunca escrevi este epílogo, e sobretudo numa fase em que os epílogos parecem avolumar-se na minha vida, aqui fica registado mais um, na forma de um resumo do que passei durante mais de um ano em que vivi com uma inflamação vaginal por candida albicans.
Devo dizer, aliás, que este blog acabou por se tornar (sem que fizesse mais por isso do que o conjunto de posts relativos ao assunto) num ponto de referência, ponto de encontro, muro de lamentações, eu sei lá, para muitas centenas de mulheres desesperadas e angustiadas com um problema de saúde que é de facto desesperante e angustiante, e que estranhamente parece continuar a ser pouco valorizado. Essas mulheres que aqui vêm também já mereciam este post, até porque muitas delas têm-me contactado por email ou através dos comentários no blogue, pedindo ajuda, informações, ou apenas alguma forma de apoio moral. A muitas tenho respondido, à medida do que também me vai sendo possível. No conjunto de posts sob o marcador "candida albicans" registo, à data de hoje, 1095 comentários. Mil-e-noventa-e-cinco.
A minha infecção por candida albicans surgiu em Janeiro de 2006 e durou até Março de 2007. Hoje em dia está ultrapassada, mas infelizmente a medicina convencional não chegou para resolver o problema. Costumo dizer que passei das drogas leves (gino-canesten, gino-pevaryl) às drogas duras
(fluconazol) no que aos tratamentos possíveis para a candida dizem respeito e, ao fim de um tempo, tinha a sensação de que quanto mais medicamento tomava ou aplicava, pior me sentia.
Na verdade, tudo começou por ser uma infecção mista (bactéria e fungo), o que só piorou as coisas. Piorou porque para se tratar uma coisa foi inevitável piorar a outra. Ou seja, para matar a bactéria com antibióticos tive que enfraquecer (ainda mais) o sistema imunitário, o que fortaleceu a candida. A candida é um fungo, não é tratável com antibióticos. Ela habita no nosso organismo naturalmente. Se o nosso sistema imunitário estiver a funcionar bem, mantém a cândida a níveis controlados. Se o sistema imunitário enfraquecer (e isso sucede muitas vezes com a toma de antibióticos), é natural que a cândida tenha terreno para se esticar. Foi o que me aconteceu.
Informação importante que acho que qualquer mulher deve conhecer sobre este problema e, de resto, sobre a nossa flora vaginal, é que o princípio de combate à candida é na verdade muito básico: a nossa flora vaginal é naturalmente ácida, porque a acidez destrói as bactérias. É um sistema de defesa natural do nosso organismo, que tem uma "porta aberta para o mundo". Mas os fungos florescem em ambiente ácido. Logo, para combater um fungo, é necessário aumentar o ph da flora vaginal. Ou de todo o organismo, se o fungo estiver a generalizar-se pelo corpo, através do intestino.
E agora, aquilo que realmente interessa: como é que me livrei da candida? A resposta é, com a homeopatia. Os tratamentos têm o grande contra de serem muito caros, mas no meu caso foi a única alternativa. Consultei também um alergologista, fiz uma vacina contra o fungo durante quatro anos. Só tive alta recentemente. Fiz análises de tudo e mais alguma coisa e a candida está desaparecida. O alergologista despediu-se de mim, ao fim deste tempo todo dizendo, durante muito tempo, espero que esteja imunizada. Se a coisa voltar, sabe onde me encontrar... Portanto, isto é sempre uma coisa da qual não se está propriamente curada... Mas estou agora há vários anos sem qualquer crise, o que me deixa muito satisfeita e, por outro lado, mais confiante, porque ao mínimo sinal de alarme já saberei agora melhor o que devo fazer.
Quanto à homeopatia, para quem queira seguir esse caminho, a única coisa que aconselho é que procurem profissionais que vos dêem algumas garantias de fidedignidade. O que eu receio nestas medicinas alternativas é a proliferação de pessoas a praticá-las sem que possamos comprovar se prestam para alguma coisa ou não... no meu caso consultei um homeopata em Lisboa, que dá consultas na Ervanária Científica Garcia da Orta, em Alcântara. O nome é Dr. Amândio Marques e a lista para marcação de consultas costuma ser longa. O que ele fez comigo foi muito simples. Deu-me antiácidos, para eliminar a acidez dos próprios alimentos que eu comia. Alguns antifúngicos naturais. E suplementos alimentares para fortalecer a imunidade. Ao fim de pouco tempo comecei a melhorar e até hoje. Quanto ao custo dos medicamentos, pensai cada uma de vós quanto dinheiro já enterrou em medicamentos que não vos trataram, e é uma questão de verem qual o caminho a seguir.
Em relação à alergologia, consultei um médico na Clínica de Santo António, em Sacavém, o nome é Dr. Marques Ferreira. Para mim a surpresa a este nível foi perceber que muitos ginecologistas desconhecem totalmente que existe uma vacina contra a candida albicans... Acho estranho. Mas pelos vistos a medicina também tem as suas quintas, o que nos deixa a nós, doentes, com a obrigação de nos documentarmos e promover a interdisciplinariedade...
Outras dicas importantes. Começo por produtos que não são medicamentos, mas podem ajudar. O Alkagin tornou-se num amigo para a vida. Uso a solução íntima na minha lavagem diária. Quanto ao gel, pode ser um grande alívio para quem se sinta muito "seca", por vezes alguns tratamentos locais podem deixar essa sensação.
Há ainda outro produto excelente, e que me foi aconselhado a dada altura num comentário aqui mesmo no blogue, por um ginecologista, chamado Geliofil. Há nas farmácias convencionais, se não tiverem peçam para encomendarem. É óptimo para limpar logo a seguir ao período e também não tem contra-indicações. Outra curiosidade: na altura em que recebi esta "dica", eu andava em consultas de ginecologia na Maternidade Alfredo da costa. Quando lá cheguei e falei deste medicamento, desconheciam que ele existisse... É verdade que era algo muito recente, mas de novo estranhei que, no sítio que supostamente está na vanguarda, precisasse de uma utente para lhes levar a boa nova...
Isto para dizer que, infelizmente, há muitos ginecologistas que continuam a achar que a candidíase é um problema menor, facilmente tratável, e que não representa nada de especialmente grave. Relativizam o sofrimento por que se passa quando se sucedem os tratamentos sem que hajam melhoras, insinuam que estamos a imaginar coisas (aconteceu-me, mais um bocadinho e dizia que eu
era maluca), e desvalorizam o mal que isto faz à nossa auto-estima quando percebemos que não conseguimos ter uma vida sexual normal. Ignoram que isto nos pode levar à depressão, como chegou a acontecer comigo.
Que conselhos mais vos posso dar? Se o vosso ginecologista desvaloriza o problema, mandem-no passear. Arranjem outro, e outro, e outro, até acertarem. Explorem outras especialidades médicas, especialmente a alergologia, se virem que associados a estes problemas estão outros, tais como pele atópica, intolerância alimentar, alergias. Não me entendam mal, eu nunca desprezei os médicos. Agarrei-me a eles como lapa, faço os exames todos, vou a consultas regulares. E nada do que aqui digo ou sugiro substitui o acompanhamento médico. Absolutamente nada. Mas nenhum médico pode substituir-nos no nosso empenho de zelarmos pelo melhor acompanhamento possível.
Mas não é menos verdade que há coisas muito importantes que só dependem de nós, desde logo os hábitos alimentares. Água, muita água. Chá, bebi litros e litros de chá. A camomila é um anti-inflamatório natural, e eu também gosto muito duma erva chamada tomilho-limão, faz um chá super agradável e o tomilho é anti-fúngico. Há alimentos que é imperativo evitar durante as crises: cogumelos, coisas com amido ou fermento (pão, bolos), álcool, açúcares. Alimentos ácidos, tais como alguns frutos, laranja, limão, ananás. O leite e o café também devem ser evitados.
E finalmente, o mais difícil de tudo: Não nos deixarmos deprimir, porque a depressão também enfraquece a imunidade e é claro, só dá ainda mais força à candida. Se for preciso tomar
anti-depressivos, pois que seja. Tudo o que for preciso para dar cabo dela.
Isto de certa forma resume tudo o que aprendi e vai ao encontro das muitas perguntas que tantas de vós me têm feito sobre este assunto. Espero que o meu testemunho sirva para vos ajudar a encontrar um caminho para um tratamento que resulte convosco, e que não será necessariamente igual ao meu. O meu epílogo está feito. Desejo a todas as que chegaram a este último prágrafo (e só o farão aquelas a quem isto realmente interessa, de certeza), que o vosso epílogo possa ser escrito o mais brevemente possível.
Devo dizer, aliás, que este blog acabou por se tornar (sem que fizesse mais por isso do que o conjunto de posts relativos ao assunto) num ponto de referência, ponto de encontro, muro de lamentações, eu sei lá, para muitas centenas de mulheres desesperadas e angustiadas com um problema de saúde que é de facto desesperante e angustiante, e que estranhamente parece continuar a ser pouco valorizado. Essas mulheres que aqui vêm também já mereciam este post, até porque muitas delas têm-me contactado por email ou através dos comentários no blogue, pedindo ajuda, informações, ou apenas alguma forma de apoio moral. A muitas tenho respondido, à medida do que também me vai sendo possível. No conjunto de posts sob o marcador "candida albicans" registo, à data de hoje, 1095 comentários. Mil-e-noventa-e-cinco.
A minha infecção por candida albicans surgiu em Janeiro de 2006 e durou até Março de 2007. Hoje em dia está ultrapassada, mas infelizmente a medicina convencional não chegou para resolver o problema. Costumo dizer que passei das drogas leves (gino-canesten, gino-pevaryl) às drogas duras
(fluconazol) no que aos tratamentos possíveis para a candida dizem respeito e, ao fim de um tempo, tinha a sensação de que quanto mais medicamento tomava ou aplicava, pior me sentia.
Na verdade, tudo começou por ser uma infecção mista (bactéria e fungo), o que só piorou as coisas. Piorou porque para se tratar uma coisa foi inevitável piorar a outra. Ou seja, para matar a bactéria com antibióticos tive que enfraquecer (ainda mais) o sistema imunitário, o que fortaleceu a candida. A candida é um fungo, não é tratável com antibióticos. Ela habita no nosso organismo naturalmente. Se o nosso sistema imunitário estiver a funcionar bem, mantém a cândida a níveis controlados. Se o sistema imunitário enfraquecer (e isso sucede muitas vezes com a toma de antibióticos), é natural que a cândida tenha terreno para se esticar. Foi o que me aconteceu.
Informação importante que acho que qualquer mulher deve conhecer sobre este problema e, de resto, sobre a nossa flora vaginal, é que o princípio de combate à candida é na verdade muito básico: a nossa flora vaginal é naturalmente ácida, porque a acidez destrói as bactérias. É um sistema de defesa natural do nosso organismo, que tem uma "porta aberta para o mundo". Mas os fungos florescem em ambiente ácido. Logo, para combater um fungo, é necessário aumentar o ph da flora vaginal. Ou de todo o organismo, se o fungo estiver a generalizar-se pelo corpo, através do intestino.
E agora, aquilo que realmente interessa: como é que me livrei da candida? A resposta é, com a homeopatia. Os tratamentos têm o grande contra de serem muito caros, mas no meu caso foi a única alternativa. Consultei também um alergologista, fiz uma vacina contra o fungo durante quatro anos. Só tive alta recentemente. Fiz análises de tudo e mais alguma coisa e a candida está desaparecida. O alergologista despediu-se de mim, ao fim deste tempo todo dizendo, durante muito tempo, espero que esteja imunizada. Se a coisa voltar, sabe onde me encontrar... Portanto, isto é sempre uma coisa da qual não se está propriamente curada... Mas estou agora há vários anos sem qualquer crise, o que me deixa muito satisfeita e, por outro lado, mais confiante, porque ao mínimo sinal de alarme já saberei agora melhor o que devo fazer.
Quanto à homeopatia, para quem queira seguir esse caminho, a única coisa que aconselho é que procurem profissionais que vos dêem algumas garantias de fidedignidade. O que eu receio nestas medicinas alternativas é a proliferação de pessoas a praticá-las sem que possamos comprovar se prestam para alguma coisa ou não... no meu caso consultei um homeopata em Lisboa, que dá consultas na Ervanária Científica Garcia da Orta, em Alcântara. O nome é Dr. Amândio Marques e a lista para marcação de consultas costuma ser longa. O que ele fez comigo foi muito simples. Deu-me antiácidos, para eliminar a acidez dos próprios alimentos que eu comia. Alguns antifúngicos naturais. E suplementos alimentares para fortalecer a imunidade. Ao fim de pouco tempo comecei a melhorar e até hoje. Quanto ao custo dos medicamentos, pensai cada uma de vós quanto dinheiro já enterrou em medicamentos que não vos trataram, e é uma questão de verem qual o caminho a seguir.
Em relação à alergologia, consultei um médico na Clínica de Santo António, em Sacavém, o nome é Dr. Marques Ferreira. Para mim a surpresa a este nível foi perceber que muitos ginecologistas desconhecem totalmente que existe uma vacina contra a candida albicans... Acho estranho. Mas pelos vistos a medicina também tem as suas quintas, o que nos deixa a nós, doentes, com a obrigação de nos documentarmos e promover a interdisciplinariedade...
Outras dicas importantes. Começo por produtos que não são medicamentos, mas podem ajudar. O Alkagin tornou-se num amigo para a vida. Uso a solução íntima na minha lavagem diária. Quanto ao gel, pode ser um grande alívio para quem se sinta muito "seca", por vezes alguns tratamentos locais podem deixar essa sensação.
Há ainda outro produto excelente, e que me foi aconselhado a dada altura num comentário aqui mesmo no blogue, por um ginecologista, chamado Geliofil. Há nas farmácias convencionais, se não tiverem peçam para encomendarem. É óptimo para limpar logo a seguir ao período e também não tem contra-indicações. Outra curiosidade: na altura em que recebi esta "dica", eu andava em consultas de ginecologia na Maternidade Alfredo da costa. Quando lá cheguei e falei deste medicamento, desconheciam que ele existisse... É verdade que era algo muito recente, mas de novo estranhei que, no sítio que supostamente está na vanguarda, precisasse de uma utente para lhes levar a boa nova...
Isto para dizer que, infelizmente, há muitos ginecologistas que continuam a achar que a candidíase é um problema menor, facilmente tratável, e que não representa nada de especialmente grave. Relativizam o sofrimento por que se passa quando se sucedem os tratamentos sem que hajam melhoras, insinuam que estamos a imaginar coisas (aconteceu-me, mais um bocadinho e dizia que eu
era maluca), e desvalorizam o mal que isto faz à nossa auto-estima quando percebemos que não conseguimos ter uma vida sexual normal. Ignoram que isto nos pode levar à depressão, como chegou a acontecer comigo.
Que conselhos mais vos posso dar? Se o vosso ginecologista desvaloriza o problema, mandem-no passear. Arranjem outro, e outro, e outro, até acertarem. Explorem outras especialidades médicas, especialmente a alergologia, se virem que associados a estes problemas estão outros, tais como pele atópica, intolerância alimentar, alergias. Não me entendam mal, eu nunca desprezei os médicos. Agarrei-me a eles como lapa, faço os exames todos, vou a consultas regulares. E nada do que aqui digo ou sugiro substitui o acompanhamento médico. Absolutamente nada. Mas nenhum médico pode substituir-nos no nosso empenho de zelarmos pelo melhor acompanhamento possível.
Mas não é menos verdade que há coisas muito importantes que só dependem de nós, desde logo os hábitos alimentares. Água, muita água. Chá, bebi litros e litros de chá. A camomila é um anti-inflamatório natural, e eu também gosto muito duma erva chamada tomilho-limão, faz um chá super agradável e o tomilho é anti-fúngico. Há alimentos que é imperativo evitar durante as crises: cogumelos, coisas com amido ou fermento (pão, bolos), álcool, açúcares. Alimentos ácidos, tais como alguns frutos, laranja, limão, ananás. O leite e o café também devem ser evitados.
E finalmente, o mais difícil de tudo: Não nos deixarmos deprimir, porque a depressão também enfraquece a imunidade e é claro, só dá ainda mais força à candida. Se for preciso tomar
anti-depressivos, pois que seja. Tudo o que for preciso para dar cabo dela.
Isto de certa forma resume tudo o que aprendi e vai ao encontro das muitas perguntas que tantas de vós me têm feito sobre este assunto. Espero que o meu testemunho sirva para vos ajudar a encontrar um caminho para um tratamento que resulte convosco, e que não será necessariamente igual ao meu. O meu epílogo está feito. Desejo a todas as que chegaram a este último prágrafo (e só o farão aquelas a quem isto realmente interessa, de certeza), que o vosso epílogo possa ser escrito o mais brevemente possível.
sexta-feira, agosto 05, 2011
Mas afinal que karma é este com as ecografias à tiróide?
Que eu tenho, de um modo geral, sempre histórias ridículas para contar em torno de exames médicos. Na verdade não é preciso serem ecografias à tiróide. É um karma cujo sentido cósmico ainda não alcancei, quem sabe quando um dia destes for fazer um retiro espiritual para o Tibete consiga almejar a sua compreensão, por enquanto, permaneço na ignorância.
No caso das ecografias à tiróide, a primeira que fiz, aos 19 anos, entrei na sala para o dito e prontamente disseram-me, "dispa-se da cintura para baixo". Confesso que fiquei ali uns segundos a fazer contas de cabeça e a pensar que eu afinal era tão ignorante em matéria de saúde que chegava ao consultório convencida que a tiróide era no pescoço. Ou que de alguma forma perversa, para chegarem à observação da tiróide tinham que ir por... ou pelo... bem, não interessa, a situação foi rapidamente esclarecida com um "ai desculpe lá, mas hoje têm sido tantas grávidas...".
Hoje. 20 anos depois. Ecografia à tiróide e às partes moles do pescoço, que é logo um exame com uma designação algo deprimente, porque uma pessoa tem consciência que, aos 39 anos e daqui para a frente, o que não faltarão são partes moles observáveis, no pescoço e em todo o lado... E face ao humilhante nome do exame, perguntarão os estimados leitores, pode ficar pior? A resposta é: pode sim senhor.
Ora deixa cá ver o recibo: eco tiroideia e eco prostática. "Eco prostática?", penso eu, e de novo aqueles segundos para fazer contas de cabeça. Mas como é que?... E por onde?...
Quando retomei a compostura, fui acertar contas com a recepcionista. Bati com o recibo no balcão e gritei em plenos pulmões, ó sua cabra, corrija-me lá isto ó fáxavor, porque das partes moles já eu sei que não me livro e ao menos são minhas, agora próstata, nesta encarnação que eu saiba não me calhou nenhuma!...
No caso das ecografias à tiróide, a primeira que fiz, aos 19 anos, entrei na sala para o dito e prontamente disseram-me, "dispa-se da cintura para baixo". Confesso que fiquei ali uns segundos a fazer contas de cabeça e a pensar que eu afinal era tão ignorante em matéria de saúde que chegava ao consultório convencida que a tiróide era no pescoço. Ou que de alguma forma perversa, para chegarem à observação da tiróide tinham que ir por... ou pelo... bem, não interessa, a situação foi rapidamente esclarecida com um "ai desculpe lá, mas hoje têm sido tantas grávidas...".
Hoje. 20 anos depois. Ecografia à tiróide e às partes moles do pescoço, que é logo um exame com uma designação algo deprimente, porque uma pessoa tem consciência que, aos 39 anos e daqui para a frente, o que não faltarão são partes moles observáveis, no pescoço e em todo o lado... E face ao humilhante nome do exame, perguntarão os estimados leitores, pode ficar pior? A resposta é: pode sim senhor.
Ora deixa cá ver o recibo: eco tiroideia e eco prostática. "Eco prostática?", penso eu, e de novo aqueles segundos para fazer contas de cabeça. Mas como é que?... E por onde?...
Quando retomei a compostura, fui acertar contas com a recepcionista. Bati com o recibo no balcão e gritei em plenos pulmões, ó sua cabra, corrija-me lá isto ó fáxavor, porque das partes moles já eu sei que não me livro e ao menos são minhas, agora próstata, nesta encarnação que eu saiba não me calhou nenhuma!...
quarta-feira, agosto 03, 2011
quinta-feira, julho 28, 2011
Desabafos da sociedade de consumo
Chateia-me este espírito das empresas de telecomunicações, em tudo semelhante ao genericamente atribuído a pessoas de uma certa etnia que normalmente vendem em mercados e em feiras.
Algumas destas empresas, das quais sou cliente há muitos anos, descobriram agora recentemente que eu sou "muito importante" para eles. Mas só sou importante agora, que lhes telefonei a dizer que o meu dinheirinho vai passar a ir para outro lado.
Primeiro, foi o telemóvel. Alterei tarifário, ao fim de pouco tempo lá veio o telefonema preocupado de alguém para quem eu sou muito importante, especialmente porque lhes dava mensalmente mais dinheiro do que o serviço do qual necessito.
Agora, foi a televisão e a internet cá de casa. Já tinha conseguido uma redução de 5€ no operador ao qual aderi, simplesmente por dizer que ia telefonar ao meu operador actual pedindo preços para as mudanças que pretendo fazer, e comparar. Hoje, quando liguei a desactivar o serviço, caíram do céu aos trambolhões duas propostas com reduções mensais e ofertas de tudo e mais alguma coisa, porque "a senhora é uma cliente muito importante para nós". Pois. Mas só sou importante quando digo que me vou embora. Antes disso posso continuar a pagar o mundo e mais um par de botas, e para descobrires que estás mal, estás sozinha nessa luta.
Não há dúvida, eu tenho é pouca paciência para me movimentar neste mundo de ciganagem, pouca paciência e pouco tempo. Mas o que eu devia fazer (o que devíamos todos fazer!) era apontar já na agenda, daqui a 2 anos, que é quando termina o contrato de fidelização que agora assinei, estar a fazer uns telefonemas a dizer que me vou embora de volta para outro operador qualquer. Que é para continuar a ser importante para esta gentalha.
Algumas destas empresas, das quais sou cliente há muitos anos, descobriram agora recentemente que eu sou "muito importante" para eles. Mas só sou importante agora, que lhes telefonei a dizer que o meu dinheirinho vai passar a ir para outro lado.
Primeiro, foi o telemóvel. Alterei tarifário, ao fim de pouco tempo lá veio o telefonema preocupado de alguém para quem eu sou muito importante, especialmente porque lhes dava mensalmente mais dinheiro do que o serviço do qual necessito.
Agora, foi a televisão e a internet cá de casa. Já tinha conseguido uma redução de 5€ no operador ao qual aderi, simplesmente por dizer que ia telefonar ao meu operador actual pedindo preços para as mudanças que pretendo fazer, e comparar. Hoje, quando liguei a desactivar o serviço, caíram do céu aos trambolhões duas propostas com reduções mensais e ofertas de tudo e mais alguma coisa, porque "a senhora é uma cliente muito importante para nós". Pois. Mas só sou importante quando digo que me vou embora. Antes disso posso continuar a pagar o mundo e mais um par de botas, e para descobrires que estás mal, estás sozinha nessa luta.
Não há dúvida, eu tenho é pouca paciência para me movimentar neste mundo de ciganagem, pouca paciência e pouco tempo. Mas o que eu devia fazer (o que devíamos todos fazer!) era apontar já na agenda, daqui a 2 anos, que é quando termina o contrato de fidelização que agora assinei, estar a fazer uns telefonemas a dizer que me vou embora de volta para outro operador qualquer. Que é para continuar a ser importante para esta gentalha.
segunda-feira, julho 18, 2011
O encantador de serpentes
Este menino que eu conheço é pestanudo, fala demasiado alto e tem um sorriso encantador. De manhã acorda sempre com uma energia incontrolável e embora se esforçasse muitas vezes por nos deixar dormir mais um bocado, acabava sempre por vir ao quarto fazer-nos perguntas tontas, que mais não eram do que a sua vontade de nos ver a pé. É viciado em jogos de computador e isso preocupa-nos.
Este menino que eu conheço já soma muitos azares trazidos pelas perversidades da vida, mas ainda não cresceu o suficiente para os compreender plenamente, e por isso não tem mágoas, nem ressentimentos, nem sabe ainda o que isso é.
Li-lhe muitas histórias à noite (enquanto ele não as soube ler sozinho) e também ajudei a inventar outras, para os trabalhos da escola. "O pai é bom na matemática mas na língua portuguesa tu és melhor!". Ri até às lágrimas de cada vez que lhe perguntávamos que cores de comportamento tinha ele na escola, invariavelmente verde pelas suas palavras, mas que gritava "nããããooooo!...." angustiado, quando dizíamos que íamos à escola ver o quadro onde estavam as cores!... :-)
Num aniversário ofereci-lhe um passeio de teleférico na Expo e ele disse-me que tinha sido o melhor presente de sempre. Outra vez levei-o a andar de comboio no lugar do maquinista, porque houve um tempo em que não havia nada mais belo no mundo do que os comboios. Foi assim que ele me levou a andar de teleférico e a andar de comboio, no lugar do maquinista.
Este menino que eu conheço falava mais baixinho quando me pedia para eu lhe dar um irmão.
No meio dos desencantos, penso nele. Para além das saudades, conforta-me o pensamento de que sempre honrei a amizade inocente que ele me entregou, sem hesitações. Tenho o meu quinhão de erros cometidos ao longo da vida. Mas com ele, sei que não falhei. Tenho a certeza.
Foi graças ao pequeno encantador de serpentes que algumas vezes consegui ser uma pessoa melhor.
Este menino que eu conheço já soma muitos azares trazidos pelas perversidades da vida, mas ainda não cresceu o suficiente para os compreender plenamente, e por isso não tem mágoas, nem ressentimentos, nem sabe ainda o que isso é.
Li-lhe muitas histórias à noite (enquanto ele não as soube ler sozinho) e também ajudei a inventar outras, para os trabalhos da escola. "O pai é bom na matemática mas na língua portuguesa tu és melhor!". Ri até às lágrimas de cada vez que lhe perguntávamos que cores de comportamento tinha ele na escola, invariavelmente verde pelas suas palavras, mas que gritava "nããããooooo!...." angustiado, quando dizíamos que íamos à escola ver o quadro onde estavam as cores!... :-)
Num aniversário ofereci-lhe um passeio de teleférico na Expo e ele disse-me que tinha sido o melhor presente de sempre. Outra vez levei-o a andar de comboio no lugar do maquinista, porque houve um tempo em que não havia nada mais belo no mundo do que os comboios. Foi assim que ele me levou a andar de teleférico e a andar de comboio, no lugar do maquinista.
Este menino que eu conheço falava mais baixinho quando me pedia para eu lhe dar um irmão.
No meio dos desencantos, penso nele. Para além das saudades, conforta-me o pensamento de que sempre honrei a amizade inocente que ele me entregou, sem hesitações. Tenho o meu quinhão de erros cometidos ao longo da vida. Mas com ele, sei que não falhei. Tenho a certeza.
Foi graças ao pequeno encantador de serpentes que algumas vezes consegui ser uma pessoa melhor.
sexta-feira, julho 15, 2011
De volta à estaca zero
Limpar as feridas, sacudir a saia, ajeitar o cabelo. Só chorar à noite. Seguir em frente.
("carrega no batom, abusa do verniz, nem Deus tem o dom de escolher quem vai ser feliz")
terça-feira, junho 28, 2011
Com 75 e 79 anos de idade...
... A minha mãe e o meu pai continuam a dar-me lições de vida. E a encherem-me de orgulho. :-)
sábado, junho 18, 2011
Sobre a morte de um amigo ou Nunca deixamos de ser crianças com medo do escuro
É verdade que em algumas coisas na vida tenho tido muita sorte. Noutras nem tanto, o que no fundo faz de mim uma pessoa perfeitamente igual a tantas outras, apenas mudam as coisas nas quais uns têm sorte e outros nem tanto. Por exemplo, eu tenho tido muita sorte na minha vida profissional. Sim, claro, tenho trabalhado para isso e não sei quê, a sorte dá trabalho, tá bem tá bem, mas eu cheguei aos dias de hoje sem nunca saber o que é estar desempregada. Sem saber o que é não ter perspectiva de emprego. E isto a mim, especialmente nos dias de hoje, parece-me algo que não posso ignorar e muito menos desvalorizar.
Tenho tido menos sorte no que toca a relacionamentos, por exemplo. A esse nível, como diz a canção do Rui Veloso, má fortuna, erros meus, de tudo um bocadinho se calhar, tem levado a uma existência menos feliz, mais sofrida.
Outra coisa na qual tenho tido uma sorte tremenda: cheguei quase aos 40 anos de idade sem saber o que era morrer-me alguém de quem eu gostasse mesmo muito. Sim, claro, morreram pessoas que eu conhecia, umas melhor que outras, que lamentei, que me causaram pesar e tal, mas morrer alguém que me fizesse mesmo mossa no coração, que me abrisse um buraco cá dentro, nunca me tinha acontecido até muito recentemente, e vejo agora quanta sorte tem sido a minha, e que agora se acabou, com a morte de um amigo que me fez perceber um bocado melhor o que é isso de nos morrer alguém e o que é isso de ter saudades de alguém que deixou de existir.
A amizade é uma coisa muito gira, porque toca-se no amor em muitos aspectos, não é? Em relação a muitas coisas, é igual. É talvez consumada de maneira diferente, mas o bem que desejamos a alguns amigos, o bem que nos faz estarmos com eles, não é assim tão desvalorizável em relação ao amor. Acho eu. Depois, aquela sensação mágica que temos em relação a certas pessoas, que podemos ter conhecido nem há cinco minutos e que percebemos no mesmo instante que a amizade sempre esteve lá, apenas não nos conhecíamos, e que os laços são tão fortes que são mesmo para a vida toda, até que a morte nos separe.
Tenho muita sorte porque consigo aqui puxar pela cabeça e lembrar-me de várias pessoas na minha vida a quem estou ligada por estes laços assim. Que já eram meus amigos e amigas desde sempre, muito antes do momento em que se sentaram à minha frente numa secretária para trabalharmos juntas, muito antes de nos juntarmos às 3.ªs e às 6.ªs Feiras para fazer um espectáculo de teatro, muito antes de sermos apresentados na rádio local, muito antes de eu ter nascido. Muito antes de muitos acontecimentos que apenas foram as circunstâncias que nos permitiram descobrir e vivenciar uma amizade que sempre existiu.
Não sei se é sorte ou falta dela, mas esta semana estou a descobrir coisas, sentimentos que não conhecia, dos quais apenas tinha ouvido falar. Desconhecia que podia ser assim. Não sabia que a nossa cabeça continua durante muito tempo sem conseguir compreender uma determinada realidade mesmo que ela apareça crua na frente dos nossos olhos, mesmo que falemos dela conscientemente todos os dias. Já tinha ouvido falar do vazio da perda, mas não sabia que isso era na verdade um enorme silêncio que nada consegue preencher, já tinha ouvido falar em saudades, mas desconhecia que isso fosse afinal uma tão grande escuridão interior.
É bonito dizer que o nosso amigo estará sempre vivo nas nossas recordações, nos nossos corações. Mais difícil é falar da parte de nós que morreu com ele. Contudo, parece-me ser tão verdadeira uma como a outra. Tive tanta, tanta sorte em tê-lo conhecido, que chega a ser igualmente uma sorte e um privilégio ter agora morrido um bocadinho com ele.
Tenho tido menos sorte no que toca a relacionamentos, por exemplo. A esse nível, como diz a canção do Rui Veloso, má fortuna, erros meus, de tudo um bocadinho se calhar, tem levado a uma existência menos feliz, mais sofrida.
Outra coisa na qual tenho tido uma sorte tremenda: cheguei quase aos 40 anos de idade sem saber o que era morrer-me alguém de quem eu gostasse mesmo muito. Sim, claro, morreram pessoas que eu conhecia, umas melhor que outras, que lamentei, que me causaram pesar e tal, mas morrer alguém que me fizesse mesmo mossa no coração, que me abrisse um buraco cá dentro, nunca me tinha acontecido até muito recentemente, e vejo agora quanta sorte tem sido a minha, e que agora se acabou, com a morte de um amigo que me fez perceber um bocado melhor o que é isso de nos morrer alguém e o que é isso de ter saudades de alguém que deixou de existir.
A amizade é uma coisa muito gira, porque toca-se no amor em muitos aspectos, não é? Em relação a muitas coisas, é igual. É talvez consumada de maneira diferente, mas o bem que desejamos a alguns amigos, o bem que nos faz estarmos com eles, não é assim tão desvalorizável em relação ao amor. Acho eu. Depois, aquela sensação mágica que temos em relação a certas pessoas, que podemos ter conhecido nem há cinco minutos e que percebemos no mesmo instante que a amizade sempre esteve lá, apenas não nos conhecíamos, e que os laços são tão fortes que são mesmo para a vida toda, até que a morte nos separe.
Tenho muita sorte porque consigo aqui puxar pela cabeça e lembrar-me de várias pessoas na minha vida a quem estou ligada por estes laços assim. Que já eram meus amigos e amigas desde sempre, muito antes do momento em que se sentaram à minha frente numa secretária para trabalharmos juntas, muito antes de nos juntarmos às 3.ªs e às 6.ªs Feiras para fazer um espectáculo de teatro, muito antes de sermos apresentados na rádio local, muito antes de eu ter nascido. Muito antes de muitos acontecimentos que apenas foram as circunstâncias que nos permitiram descobrir e vivenciar uma amizade que sempre existiu.
Não sei se é sorte ou falta dela, mas esta semana estou a descobrir coisas, sentimentos que não conhecia, dos quais apenas tinha ouvido falar. Desconhecia que podia ser assim. Não sabia que a nossa cabeça continua durante muito tempo sem conseguir compreender uma determinada realidade mesmo que ela apareça crua na frente dos nossos olhos, mesmo que falemos dela conscientemente todos os dias. Já tinha ouvido falar do vazio da perda, mas não sabia que isso era na verdade um enorme silêncio que nada consegue preencher, já tinha ouvido falar em saudades, mas desconhecia que isso fosse afinal uma tão grande escuridão interior.
É bonito dizer que o nosso amigo estará sempre vivo nas nossas recordações, nos nossos corações. Mais difícil é falar da parte de nós que morreu com ele. Contudo, parece-me ser tão verdadeira uma como a outra. Tive tanta, tanta sorte em tê-lo conhecido, que chega a ser igualmente uma sorte e um privilégio ter agora morrido um bocadinho com ele.
sábado, maio 28, 2011
Todo um national geographic a acontecer à volta da minha casa
De entre a comunidade felina autócnone do espaço verde exterior ao meu prédio, há um jovem macho que anda a ser vítima de bullying por parte de um outro gato, três vezes maior do que ele, que não é de cá e que só aparece para roubar a comida dos outros e arranjar confusões.
sexta-feira, maio 20, 2011
Sempre fui, sempre serei uma betinha marrona
Mal habituada que venho com as notas do 1.º semestre, ontem calhou-me uma classificação insatisfatória que, embora positiva, não corresponde aos meus próprios padrões de exigência... Levo tudo demasiado a sério, eu sei. Mas há coisas numa pessoa que não mudam...
segunda-feira, maio 09, 2011
Peso à portuguesa, com certeza
Isto da globalização cultural tem coisas muito boas mas a bem da verdade também pode ser uma chatice. Porque como temos cada vez mais acesso à versão original de certos produtos televisivos, quando estes chegam a Portugal é mais ou menos como aquela carne supostamente fresca que nos querem impingir no supermercado, mas que como veio importada de Timbuktu e demorou uma semana a cá chegar, de fresca já só tem o nome e a luz fluorescente avermelhada que lhe põem por cima, para ela ficar mais corderosinha, no balcão onde a gente encosta a barriga.
Ora barriga foi mesmo a deixa que veio a calhar para falar do "Peso Pesado", que começa logo mal pelo título que lhe deram, porque pese embora (isto é um tema que se presta mesmo a umas bocas bem metidas, e olha já aqui mais outra) se compreenda que "The Biggest Loser" seria algo impossível de traduzir de forma adequada para o nosso Português, não percebo porque raio não chamaram ao programa "Peso Certo". Porquê? Por ser o título de um espectáculo de revista do Fernando Mendes? É que "Peso Certo" seria muito mais apropriado ao espírito do programa, julgo eu. "Peso Pesado"?... Enfim, não percebo.
(Mas isto das decepções com as versões portuguesas de alguns programas não é a primeira vez que me acontece. Quem como eu seguiu avidamente na TV espanhola a primeiríssima edição da "Operación Triunfo" (e que pena que eu tenho de não arranjar aquilo em dvd, que comprava, palavra de honra), percebe bem as diferenças. Embora por cá as primeiras edições também tenham valido a pena, enfim, sempre achei uma pena que o Jorge Gabriel não tivesse apresentado a OT por cá. Ou mais recentemente a versão do "Project Runway", um programa tão giro, como é que foi possível fazer em Portugal... bem, aquilo que se viu, ou que eu só vi o primeiro programa, porque a seguir desisti logo).
Adiante. Tal como já receava, grande fã que sou do "Biggest Loser", esta versãozinha à portuguesa está-me a sair uma coisa desnxaibida e sem ritmo, de brandos costumes, repleta de concorrentes "mais ou menos", de esforços moderadamente difíceis e com uns desafios razoaveizinhos, mas nada de muito extremado, que isto é só para parecer que nos estamos aqui a esforçar muito e o verdadeiramente importante neste programa é, já se sabe, chorar. Chorar muito. Tudo bem, já perdi a virgindade há uns anos, também não tenho a ilusão de que os americanos se esfalfem até ao limite do absurdo, mas pelo menos disfarçam melhor, caraças! Embora, diga-se em abono da verdade, na versão original eles também choram que se fartam, coisa que aliás é a única que me chateia em todo o programa. É a choradeira que para ali vai do princípio ao fim.
(o que me leva a uma reflexão que já tinha antes de iniciar a versão portuguesa: então mas será que não se arranja um raio de um obeso que diga assim, estou gordo porque como até me fartar e aquilo sabe-me bem! Não tive nenhum trauma de infância, a minha família não morreu toda, não estou chateado com a vida, sou sexualmente activo - sim, é que dá a sensação que os obesos não têm vida sexual, e desconfio que isso não seja verdade - simplesmente o meu metabolismo, os meus hábitos de alimentação, a minha vida sedentária, levaram-me a uma obesidade que está descontrolada e aqui estou, alegre e contente, de cabeça resolvida, pronto para mudar de vida! Qualquer coisa assim, um concorrente especial que nunca chorasse, era do meu ponto de vista um bom contributo para este programa. Fica a sugestão, para o vazio das pessoas pertinentes para tomarem esta decisão e que nunca irão ler este texto.)
Então e os treinadores? Os treinadores, pelamordedeus. A forma como a treinadora (ainda não sei como se chama) dizia há bocado para um concorrente da equipa castanha qualquer coisa como "vá, dá o teu máximo, esforça-te", parecia qualquer coisa como, "vá, um bracinho a seguir ao outro meu querido, agora a perninha para a direita, a outra perninha para a esquerda". O texto foi decorado e é dito ainda com menos expressividade que a do Mourinho nos anúncios do BCP. E isto eu nunca pensei que fosse possível ver em televisão.
(Embora o Mourinho se tenha uma vez mais superado. Levou os anúncios a bancos protagonizados por gente do futebol para todo um outro nível, muito para além do Ronaldo que tem o dinheiro no Bejarender. Mas continua brutalmente atrante. O Mourinho, nada de confusões. O outro nem calado marchava.)
Onde é que eu ia? Ah! A treinadora. A senhora a incentivar os concorrentes durante o treino parece aquelas meninas do call-center que falam connosco sempre com a mesma entoação que aprenderam no workshop e que se desmancham à primeira pergunta que a gente lhe faça e que não esteja no guião. Do treinador ainda não vi o suficiente. Mantiveram o padrão, o homem é o bonzinho, ela é a cabra. Não consegui ainda perceber se ele vai fazer bem de bonzinho. Mas ela enquanto cabra, meu deus, tragam cá a Jillian e ela que dê um treino de gritaria e de asneirada a esta treinadora que arranjaram, a ver se melhora o interesse e os concorrentes transpiram mais um bocadinho.
E depois, é claro, a apresentadora. O que dizer sobre a apresentadora? Porquê, pergunto eu, porque é que hoje, Domingo à noite, refastelada no meu sofá a empaturrar-me com amêndoas de chocolate que sobraram da Páscoa enquanto vejo um programa sobre perca de peso e aquisição de hábitos de vida saudável, porque é que de repente tive a sensação de que estava a ver um qualquer programa das tardes ou das manhãs de um qualquer canal generalista? "Então, concorrente "xpto", estou a vê-la com uma carinha tão triste, o que é que se passa?...". E depois os concorrentes, como são portugueses, dizem coisas extremamente assertivas, como "não se passa nada de especial", ou, "estou assim mais ou menos". Exacto. Pois. Disseram à Júlia Pinheiro para moderar o tom de voz. Mas quase que preferia vê-la aos gritos como o costume. Seria mais autêntico.
Mais outra coisinha: o programa de hoje foi demasiado longo. É muito encher de chouriço num programa que se destina a perder peso, a sério. Não teve ritmo nenhum, o realizador também devia ir aprender umas coisas lá com os americanos. E aquela conversinha a puxar a lamúria como se fossem as "Tardes da Júlia", com uns concorrentes totalmente embaraçados, mal preparados, que poucas palavras conseguem pronunciar, dão uma comichão nos dedos para mexer no comando da televisão e ver o que está a dar na FoxLive que eu nem vos digo. Bem sei que ao Domingo são só séries repetidas. Mas estão tão bem feitas que são como a comidinha caseira, mesmo requentada, raramente decepciona.
quarta-feira, maio 04, 2011
Às vezes a vida não é tão difícil assim
Aluna: Professor, sobre aquele livro que fez circular na aula anterior...
Professor: Sim?...
Aluna: Deve ser muito recente, porque procurei por ele aqui na biblioteca da Faculdade, e não estava lá...
Professor: ...
Aluna: Pode dizer-me onde consigo encontrá-lo, ou talvez emprestar-me o seu?...
Professor: Não deve ser necessário... Eu comprei o meu no Pingo Doce...
Professor: Sim?...
Aluna: Deve ser muito recente, porque procurei por ele aqui na biblioteca da Faculdade, e não estava lá...
Professor: ...
Aluna: Pode dizer-me onde consigo encontrá-lo, ou talvez emprestar-me o seu?...
Professor: Não deve ser necessário... Eu comprei o meu no Pingo Doce...
sexta-feira, abril 22, 2011
Culinária, essa arte abominável
Julgo não ter ainda explanado nesta minha chafarica o quanto eu detesto, odeio, abomino cozinhar. Preparem-se então as almas, pois hoje é chegado o dia.
Seriously. Dêem-me casas de banho para limpar e é verem-me a esfregar sanitas e bidés com alegria, se estiver para aí virada, com a música em altos berros, dando piruetas e cantando em plenos pulmões enquanto loiças, espelhos e azulejos resplandecem à passagem das minhas mãos, frementes por higiene radical.
Agora na cozinha, é o horror. Para começar, convenhamos que mexer em carne e em peixe crú é um grandessíssimo nojo. Basicamente, a carne e o peixe, quando estão crús, cheiram mal. E escorregam das mãos, e têm gorduras, e escamas, e outras porcarias agarradas, o que me deixa logo com uma enorme vontade de ir fazer qualquer outra coisa, menos mexer naquilo.
Depois, é todo aquele mundo das receitas, quantas vezes ainda mais incompreensíveis e impossíveis de decifrar do que o estado das finanças do País. A ver se vos consigo explicar mais ou menos como sou eu a ler uma receita:
Ingrediente A: "não tenho"
Ingrediente B: "não tenho"
Ingrediente C: "não tenho e não sei onde se compra"
Ingrediente D: "não sei o que é"
Quando eventualmente consigo ultrapassar esta parte dos ingredientes, passo à parte da descrição da receita propriamente dita:
"Misture o ingrediente A com o ingrediente D e reserve. De seguida faça um não sei quê com os ingredientes B e C e depois de esperar 10 min...", não costumo ler muito mais que isto. ´É mais ou menos nesta altura que ponho de lado e desisto, exaurida só de pensar no trabalho que aquilo me vai dar.
E por outro lado, julgo que da mesma forma que um qualquer animal pressente as pessoas que não gostam dele, e reage a isso mesmo, acho que as cozinhas e os alimentos de um modo geral também pressentem esta minha aversão a eles. Só assim se explica que quando me dedico a cozinhar algo, os ovos explodam, o óleo espirre, o caldo entorne, as colheres e as tampas caiam para o chão com grande estrondo, para além de outras coisas imprevisíveis que sempre me acontecem.
Aqui há uns tempos atrás, resolvi fazer puré de batata. Sobrevivi. Mas estraguei dois passe-vites e depois de almoço andei a limpar puré de batata dos móveis da cozinha, em sítios que ainda hoje me parece que desafiaram as mais elementares leis da física...
Depois, há todo um drama a acontecer em torno dos filetes de pescada, não sei se alguém já reparou. Vivi num paraíso durante anos, porque havia isto, que era só meter no forno e eram mesmo bons. Ultimamente passo noites sem dormir, sem qualquer explicação que venha acalmar a minha angústia, porque deixei de os encontrar à venda. Não há filetes de pescada destes em lado nenhum! :-( Senhores da Pescanova: por favor, por favor, não os retirem do mercado. Agora só encontro pázadas disto e não me venham com conversas, porque não é a mesma coisa. Consequência: fazer filetes em casa à boa maneira tradicional (pois, pois...). Com óleo gordurento e de comportamento irrascível, a salpicar-me e a causar dores alucinantes, já para não falar da farinha espalhada por todo o lado, o polme que encaroça com a farinha, e no fim, já se sabe, toda uma cozinha imersa na maior imundície. Parecia que tinha acontecido um tornado de gorduranga por aquela bancada fora. Depois desta última experiência horripilante, concluo que só me restam duas alternativas, se quiser continuar a comer filetes de pescada. Ou descubro um ninho de filetes da Pescanova (mas terá que ser noutro lugar para além deste, julgo eu), ou compro um fato de astronauta para usar da próxima vez que os for fazer. Não me livra da cozinha destruída, mas pelo menos protege-me das queimaduras do óleo e da necessidade de tomar um banho de imersão e de por a roupa toda para lavar.
Mas a verdade é que é Páscoa. E por motivos emocionais que agora não vêm ao caso, germina em mim um imperativo categórico para que não passe mais esta ocasião festiva sem que se faça arroz doce cá em casa. Assim será. Mas palavra de honra, receio pela minha integridade física e pela daqueles que me estão próximos...
Seriously. Dêem-me casas de banho para limpar e é verem-me a esfregar sanitas e bidés com alegria, se estiver para aí virada, com a música em altos berros, dando piruetas e cantando em plenos pulmões enquanto loiças, espelhos e azulejos resplandecem à passagem das minhas mãos, frementes por higiene radical.
Agora na cozinha, é o horror. Para começar, convenhamos que mexer em carne e em peixe crú é um grandessíssimo nojo. Basicamente, a carne e o peixe, quando estão crús, cheiram mal. E escorregam das mãos, e têm gorduras, e escamas, e outras porcarias agarradas, o que me deixa logo com uma enorme vontade de ir fazer qualquer outra coisa, menos mexer naquilo.
Depois, é todo aquele mundo das receitas, quantas vezes ainda mais incompreensíveis e impossíveis de decifrar do que o estado das finanças do País. A ver se vos consigo explicar mais ou menos como sou eu a ler uma receita:
Ingrediente A: "não tenho"
Ingrediente B: "não tenho"
Ingrediente C: "não tenho e não sei onde se compra"
Ingrediente D: "não sei o que é"
Quando eventualmente consigo ultrapassar esta parte dos ingredientes, passo à parte da descrição da receita propriamente dita:
"Misture o ingrediente A com o ingrediente D e reserve. De seguida faça um não sei quê com os ingredientes B e C e depois de esperar 10 min...", não costumo ler muito mais que isto. ´É mais ou menos nesta altura que ponho de lado e desisto, exaurida só de pensar no trabalho que aquilo me vai dar.
E por outro lado, julgo que da mesma forma que um qualquer animal pressente as pessoas que não gostam dele, e reage a isso mesmo, acho que as cozinhas e os alimentos de um modo geral também pressentem esta minha aversão a eles. Só assim se explica que quando me dedico a cozinhar algo, os ovos explodam, o óleo espirre, o caldo entorne, as colheres e as tampas caiam para o chão com grande estrondo, para além de outras coisas imprevisíveis que sempre me acontecem.
Aqui há uns tempos atrás, resolvi fazer puré de batata. Sobrevivi. Mas estraguei dois passe-vites e depois de almoço andei a limpar puré de batata dos móveis da cozinha, em sítios que ainda hoje me parece que desafiaram as mais elementares leis da física...
Depois, há todo um drama a acontecer em torno dos filetes de pescada, não sei se alguém já reparou. Vivi num paraíso durante anos, porque havia isto, que era só meter no forno e eram mesmo bons. Ultimamente passo noites sem dormir, sem qualquer explicação que venha acalmar a minha angústia, porque deixei de os encontrar à venda. Não há filetes de pescada destes em lado nenhum! :-( Senhores da Pescanova: por favor, por favor, não os retirem do mercado. Agora só encontro pázadas disto e não me venham com conversas, porque não é a mesma coisa. Consequência: fazer filetes em casa à boa maneira tradicional (pois, pois...). Com óleo gordurento e de comportamento irrascível, a salpicar-me e a causar dores alucinantes, já para não falar da farinha espalhada por todo o lado, o polme que encaroça com a farinha, e no fim, já se sabe, toda uma cozinha imersa na maior imundície. Parecia que tinha acontecido um tornado de gorduranga por aquela bancada fora. Depois desta última experiência horripilante, concluo que só me restam duas alternativas, se quiser continuar a comer filetes de pescada. Ou descubro um ninho de filetes da Pescanova (mas terá que ser noutro lugar para além deste, julgo eu), ou compro um fato de astronauta para usar da próxima vez que os for fazer. Não me livra da cozinha destruída, mas pelo menos protege-me das queimaduras do óleo e da necessidade de tomar um banho de imersão e de por a roupa toda para lavar.
Mas a verdade é que é Páscoa. E por motivos emocionais que agora não vêm ao caso, germina em mim um imperativo categórico para que não passe mais esta ocasião festiva sem que se faça arroz doce cá em casa. Assim será. Mas palavra de honra, receio pela minha integridade física e pela daqueles que me estão próximos...
Estar velha é...
... Aceitar pedidos de amizade no Facebook vindos de criaturas que fomos visitar à maternidade quando tinham menos de uma semana de vida!... :-)
terça-feira, abril 19, 2011
Coisas que me fascinam #1
Cães vadios que vão às passadeiras de peões quando querem atravessar a estrada.
sexta-feira, abril 15, 2011
Pragmatismo e desencanto
Não me mintas, pá. Não me canses a beleza com conversinhas de merda, não me esgotes as energias do dia com promessas do céu e da lua que já sabes de antemão que não vais poder cumprir.
Se como julgo, só me queres para um encontro ocasional e depois estás-te a borrifar para o que eu sinto, para o que eu penso, para quem eu sou e se fico bem ou mal, ao menos diz-me isso mesmo, que sempre fico a saber com o que posso contar. Confia em mim, a sério. Sou crescidinha, tenho muito juizinho, tenhas tu coragem para dizer as coisas como elas são, eu terei as forças para (me) aguentar.
Agora, não me digas que estás cá para mim para depois me ignorares no momento a seguir, quando eu mais precisar. Se não tens nada para me dizer, não me digas que depois falamos. Se os teus interesses são outros, não faças de conta que te interesso para alguma coisa, que eu dispenso essa tua condescendência. Dares-me um pouco da tua atenção não é um favor que me faças, percebes? É para essas merdas todas que já não há pachorra.
Não me queiras iludir, que eu já não tenho idade para isso e isso sim, é que me ofende. Ofende-me na minha inteligência e na minha dignidade. Sei que acima de tudo, dependo de mim própria. Não estou à espera que me venhas salvar a vida. Por isso, fala claro comigo.
É tudo o que te peço, querido futuro governante do meu País.
Se como julgo, só me queres para um encontro ocasional e depois estás-te a borrifar para o que eu sinto, para o que eu penso, para quem eu sou e se fico bem ou mal, ao menos diz-me isso mesmo, que sempre fico a saber com o que posso contar. Confia em mim, a sério. Sou crescidinha, tenho muito juizinho, tenhas tu coragem para dizer as coisas como elas são, eu terei as forças para (me) aguentar.
Agora, não me digas que estás cá para mim para depois me ignorares no momento a seguir, quando eu mais precisar. Se não tens nada para me dizer, não me digas que depois falamos. Se os teus interesses são outros, não faças de conta que te interesso para alguma coisa, que eu dispenso essa tua condescendência. Dares-me um pouco da tua atenção não é um favor que me faças, percebes? É para essas merdas todas que já não há pachorra.
Não me queiras iludir, que eu já não tenho idade para isso e isso sim, é que me ofende. Ofende-me na minha inteligência e na minha dignidade. Sei que acima de tudo, dependo de mim própria. Não estou à espera que me venhas salvar a vida. Por isso, fala claro comigo.
É tudo o que te peço, querido futuro governante do meu País.
quarta-feira, abril 06, 2011
Alegrias da sociedade de consumo
Entrar numa pequena papelaria de bairro e descobrir um ninho de canetas Pentel!...
quinta-feira, março 31, 2011
É incrível
A falta de humildade, o fingimento, a cobardia, a incapacidade de reconhecer os próprios erros que existe neste mundo.
Vejo e no fundo não é que me surpreenda, mas ainda assim não consigo deixar de pensar, é incrível.
Vejo e no fundo não é que me surpreenda, mas ainda assim não consigo deixar de pensar, é incrível.
terça-feira, março 29, 2011
Don't stand so close to me
A religião católica determina que tanto é pecado pensar como fazer. Felizmente, não professo tal religião. Dentro da minha cabeça, sou uma libertina!... :-)
domingo, março 06, 2011
A luta é alegria!!!
Kirikirikirikiriki! Os homens da luta ganharam o festival da canção e foi o povo que lhes deu a vitória. O que quererá dizer esta vitória, pergunto eu? Quer dizer que estamos perante mais outro exemplo do poder das redes sociais e de quem delas souber fazer bom uso face aos seus objectivos? Pergunto-me: quantas pessoas que votaram nos homens da luta através da internet para o apuramento inicial, e esta noite pelo telefone, quantas delas foram às urnas no passado dia 23 de Janeiro para eleger o Presidente da República?
Quererá dizer apenas que o povo agarrou finalmente a oportunidade de gozar com aquele festivalzinho de merda, pouco diferente desde 1964 só que agora com piores canções e piores cantores (excepção e honra feita ao Nuno Norte e à Wanda Stuart)? Pergunto-me: esta gente ainda acha que ganha concursos a gritar em plenos pulmões?
Quererá dizer que o povo quis levar este gozo para além do festivalzinho de merda que tem cá, e finalmente dizer aos senhores da Eurovisão que enfiem o Festival onde melhor lhes aprouver?
Ou quererá dizer que "Os Homens da Luta" têm a energia e a criatividade suficientes para agitar, incomodar a portugalidade balofa que se vê nas canções do Festival da Canção e no nosso dia-a-dia?
É tão irónico que seja justamente à Alemanha que a Luta agora vá chegar. E foi muito giro de ver hoje, depois dos resultados apurados, a tensão no Teatro Camões, o nervosismo da apresentadora, os olhares incomodados, os apupos. São uns palhaços, as canções não prestam. A crise não se resolve de megafone na mão, a dizer disparates e a cantar cantigas.
Dizem que no tempo do Zeca Afonso também era assim.
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
terça-feira, fevereiro 22, 2011
Mr. Darcy
Nota: O acesso a esta cena deixou de se poder incorporar, para ver no youtube, vão por aqui: http://www.youtube.com/watch?v=_vhtqVQIBZA
Estou apaixonada por Mr. Darcy. Desde sempre, aliás, já nasci apaixonada por ele. Por este conceito de homem seguro de si próprio até aos limites da arrogância, mas capaz da maior das sensibilidades, ainda que quase sempre dissimulada. Há muitos exemplos de Mr. Darcy por este mundo fora, mas este aqui de cima é para mim o melhor de todos. Melhor ainda que este Mr. Darcy:
Ou este outro Mr. Darcy:
Passo a explicar porque é que me parece que aquele Mr. Darcy do filme "Orgulho e Preconceito", representado por Matthew Macfadyen, é o melhor de todos, e porque é que acho esta cena em particular um verdadeiro espectáculo de representação.
Primeiro que tudo, a voz. Com uma voz daquelas, o tipo podia segredar-me ao ouvido "o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos", ou até uma letra de uma qualquer canção dos GNR, que eu ia para a cama com ele na mesma. É mesmo assim, não há nada mais a dizer.
Mas de regresso a esta cena em particular, independentemente dos atributos físicos (a voz e... e... bem, tudo o resto) o tipo tem aqui um trabalho de actor muito, muito bom. Ok, ela por acaso também não vai mal, mas o ressentimento e outros sentimentos muito negativos levam-me a colocar isso de lado. Ignoremos pois a cabra que teve a oportunidade de uma vida de representar uma cena destas e voltemos ao que interessa. Reparai como ele (Mr. Darcy, o personagem) começa o discurso que tinha previamente decorado ("Miss Elisabeth..."), seguro de que ia despejar tudo de seguida e que iria manter o seu ar altivo de quem comanda tudo. E depois cai o boneco ao segundo 00:43 quando finalmente se confessa: "I love you...". Reparem como de seguida, o "most ardently" é trespassado de emoção, completamente diferente do discurso inicial. E depois, entre o minuto 3:40 e 3:57, quase sem palavras, vejam: tristeza, desilusão; amor; desejo; e finalmente, de novo o orgulho e a altivez. Espectacular. Lindo. Homens, aprendam: é disto que se fazem os sonhos!.. (suspiro).
Pesquisando um pouco mais sobre o amor da minha vida, constato que este Mr. Darcy, pasmem-se as almas, é casado. E fico a perguntar-me: haverá ainda neste mundo algum Mr. Darcy que não o seja?... ;-)
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
Meio comida por lobos da alsácia
Estamos em 2052. Tenho 80 anos de idade. Nunca casei, nunca tive filhos. Os pais desapareceram há muito, a irmã já falecida também. Restam dois sobrinhos, com um deles não falo há cerca de 50 anos, outra perdi-lhe o rasto, falámos pela última vez no Natal, ao telefone, está tudo bem, está, e contigo, também, cá vamos. Estou sozinha. E então? Não estamos todos?
A vista já me cansa muito, não consigo estar muito tempo ao computador, onde há muitos anos atrás comunicava para o mundo inteiro que me quisesse ouvir, e que eu ouvia sempre que queria escutar. Estou sempre a enganar-me a digitar as letras e isso irrita-me, eu que dantes conseguia que os dedos corressem velozes e certeiros pelo teclado, à mesma velocidade do pensamento. A internet é demasiado rápida e já me cansa tanta informação.
Mas continuo amiga das tecnologias. Conforme fui envelhecendo tratei de pôr as facturas todas a descontar directamente na conta bancária. A pensão vai para lá todos os meses, também. A casa ficou paga no ano em que comemorei 74 anos de idade, grande conquista, nesse ano fiz uma viagem à Escócia. Sozinha.
Agora já não viajo. Estou em casa. Resisti até ao limite à ida para aquele sítio a que chamam de "lar", um dia destes irei, tenho dito sempre, mas nunca fui. Não conheço os meus vizinhos. Eles também não me conhecem a mim.
Daqui a uns anos, daqui a uns dias, horas, minutos, algo irá acontecer-me e serei mais uma versão patética dos piores receios da Bridget Jones, que temia ser encontrada morta no chão do apartamento, meio comida por lobos da alsácia. Presunçosa rapariga! Até na morte se achava uma grande coisa, porque haveriam de ser lobos da alsácia, e não vulgares cães de rua?
A mim, quando me acontecer isso, nem cães para me virem comer. Não tenho bichos. Melhor assim. A mim, quando me acontecer, continuarei a pagar as minhas dívidas a tempo e horas, muito tempo poderá passar até que alguém, se é que alguém, dê pela minha falta. Até que finalmente alguém diga, olha, está morta, e então sim, passar realmente e estar. Porque até que alguém o diga não é claro que verdadeiramente o esteja.
Estarei morta? Se calhar já estou morta. E então? Não estaremos todos?
A vista já me cansa muito, não consigo estar muito tempo ao computador, onde há muitos anos atrás comunicava para o mundo inteiro que me quisesse ouvir, e que eu ouvia sempre que queria escutar. Estou sempre a enganar-me a digitar as letras e isso irrita-me, eu que dantes conseguia que os dedos corressem velozes e certeiros pelo teclado, à mesma velocidade do pensamento. A internet é demasiado rápida e já me cansa tanta informação.
Mas continuo amiga das tecnologias. Conforme fui envelhecendo tratei de pôr as facturas todas a descontar directamente na conta bancária. A pensão vai para lá todos os meses, também. A casa ficou paga no ano em que comemorei 74 anos de idade, grande conquista, nesse ano fiz uma viagem à Escócia. Sozinha.
Agora já não viajo. Estou em casa. Resisti até ao limite à ida para aquele sítio a que chamam de "lar", um dia destes irei, tenho dito sempre, mas nunca fui. Não conheço os meus vizinhos. Eles também não me conhecem a mim.
Daqui a uns anos, daqui a uns dias, horas, minutos, algo irá acontecer-me e serei mais uma versão patética dos piores receios da Bridget Jones, que temia ser encontrada morta no chão do apartamento, meio comida por lobos da alsácia. Presunçosa rapariga! Até na morte se achava uma grande coisa, porque haveriam de ser lobos da alsácia, e não vulgares cães de rua?
A mim, quando me acontecer isso, nem cães para me virem comer. Não tenho bichos. Melhor assim. A mim, quando me acontecer, continuarei a pagar as minhas dívidas a tempo e horas, muito tempo poderá passar até que alguém, se é que alguém, dê pela minha falta. Até que finalmente alguém diga, olha, está morta, e então sim, passar realmente e estar. Porque até que alguém o diga não é claro que verdadeiramente o esteja.
Estarei morta? Se calhar já estou morta. E então? Não estaremos todos?
sábado, janeiro 29, 2011
Rapunzel revisitada
A verdade é que já lhe fiz o mesmo a ele. Logo, tive que pôr de lado as recriminações, amuos, recusa de sexo para castigo, e coisas do género a que me apeteceu recorrer. Com pena, mas em nome da mais elementar justiça, lá teve que ser.
Mas a verdade é que, sendo eu despistada, tenho um homem muito mais despistado do que eu. Assim despistado ao nível de estratosférico. Porque se é verdade que eu própria já saí de minha casa e o deixei a ele a dormir trancado do lado de fora, porque quando saí me esqueci completamente que ele lá tinha ficado dentro, quando chegou a vez dele me fazer o mesmo levou isto para toda uma nova dimensão.
Passo a explicar. Em casa dele, ele saiu e eu fiquei. Acordei já atrasada, vesti-me preparei-me para sair, puxo pela porta e ela não mexe. Trancada. Bonito. Puxo do telemóvel a pensar, vais ouvir das boas e agora voltas para trás que te lixas. Telefone começa a tocar e eu oiço: ti-ni-ni-ni-ni. Ti-ni-ni-ni-ni. Estou trancada em casa dele. E aquela besta deixou cá o telemóvel! Não sei a que horas volta. Não tenho como falar com ele.
Senti-me como uma Rapunzel dos tempos modernos, só que a realidade é menos romântica e bem mais ridícula. Solução? Ligar a uma irmã que depois de controlar o riso que a levou às lágrimas (é sempre bom pôr alguém bem disposto às 08h30 da manhã), ligou à mãe que por sorte estava em casa e por sorte tinha a chave suplente que lá costuma estar, não vá ele esquecer-se da dele em algum lado... Coisa que, como facilmente se imagina, nunca acontece!...
A pobre senhora lá veio a pé, empenhada no meu salvamento e depois de me libertar do meu cativeiro ia dizendo, conforme descia as escadas, e depois diz-me o meu filho que eu estou a ficar senil e que me esqueço de tudo...
Fui-me embora a pensar que está na hora desta minha relação dar um passo em frente. Quero uma chave da casa dele. Não é para entrar quando quiser. É para sair quando precisar! :-)
Mas a verdade é que, sendo eu despistada, tenho um homem muito mais despistado do que eu. Assim despistado ao nível de estratosférico. Porque se é verdade que eu própria já saí de minha casa e o deixei a ele a dormir trancado do lado de fora, porque quando saí me esqueci completamente que ele lá tinha ficado dentro, quando chegou a vez dele me fazer o mesmo levou isto para toda uma nova dimensão.
Passo a explicar. Em casa dele, ele saiu e eu fiquei. Acordei já atrasada, vesti-me preparei-me para sair, puxo pela porta e ela não mexe. Trancada. Bonito. Puxo do telemóvel a pensar, vais ouvir das boas e agora voltas para trás que te lixas. Telefone começa a tocar e eu oiço: ti-ni-ni-ni-ni. Ti-ni-ni-ni-ni. Estou trancada em casa dele. E aquela besta deixou cá o telemóvel! Não sei a que horas volta. Não tenho como falar com ele.
Senti-me como uma Rapunzel dos tempos modernos, só que a realidade é menos romântica e bem mais ridícula. Solução? Ligar a uma irmã que depois de controlar o riso que a levou às lágrimas (é sempre bom pôr alguém bem disposto às 08h30 da manhã), ligou à mãe que por sorte estava em casa e por sorte tinha a chave suplente que lá costuma estar, não vá ele esquecer-se da dele em algum lado... Coisa que, como facilmente se imagina, nunca acontece!...
A pobre senhora lá veio a pé, empenhada no meu salvamento e depois de me libertar do meu cativeiro ia dizendo, conforme descia as escadas, e depois diz-me o meu filho que eu estou a ficar senil e que me esqueço de tudo...
Fui-me embora a pensar que está na hora desta minha relação dar um passo em frente. Quero uma chave da casa dele. Não é para entrar quando quiser. É para sair quando precisar! :-)
quarta-feira, janeiro 05, 2011
segunda-feira, janeiro 03, 2011
Realidades distorcidas e ligeiramente doentias :-)
Tendo em consideração que já oiço esta pessoa desde os tempos do Correio da Manhã Rádio, nos inícios dos anos 90, é justo afirmar que tenho acordado mais vezes com ele do meu lado do que com qualquer outro que já tenha passado pela minha vida.
É, portanto, a relação mais duradoura e mais funcional que alguma vez estabeleci em toda a minha vida adulta!...
(eu comecei por dizer que era ligeiramente doentio, certo?...) :-)
É, portanto, a relação mais duradoura e mais funcional que alguma vez estabeleci em toda a minha vida adulta!...
(eu comecei por dizer que era ligeiramente doentio, certo?...) :-)
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