quinta-feira, dezembro 15, 2005

A minha primeira festa do croquete com gente que sai nas revistas


Fui parar ontem à tarde a uma singela cerimónia de apresentação de uma artista, e pude estar ali, a minha própria pessoa, em convivência com algumas das figuras que costumam sair nas revistas, a dizerem coisas para eu me entreter enquanto bebo o meu cafezinho e preciso de qualquer coisa para ler que me descanse o cérebro.

Enfim, agora não fiquem a pensar que era assim uma coisa com muita VIPalhada. O Castelo Branco não estava lá, a Lili Caneças também não, ou seja, era uma festa do croquete sem dúvida, mas não era uma festa do croquete a que se possa chamar de profissional. Cada macaco no seu galho, que o respeitinho é muito bonito. Quando eu digo VIP's, quero dizer que estavam para lá uns comediantes e uns apresentadores de televisão, uns radialistas muito intermitentes, umas actrizes de telenovela, enfim, malta que no ranking dos VIP's deve estar uns lugarezitos cá mais para baixo. Assim tipo, uns VIP's de baixa cotação, os melhorzinhos que se puderam arranjar para a ocasião, enfim...

Pois meus amigos, aprendi muitas coisas naquele tempo que lá passei. Altamente pedagógico. Fiquei a saber que tudo o que os tipos dizem enquanto estão a ser fotografados para as revistas é "ok, vamos lá então a rir com um ar muito natural, e fazer de conta que estamos práqui a conviver uns com os outros e a tagarelar, e que nem estamos a reparar que estamos a ser fotografados, eh eh eh". Ah! E tenho agora a prova provada que não vale a pena ler os textos das revistas. Só lá vão os fotógrafos tirar o boneco, o texto deve ser todo inventado com o cu bem assente à secretária. Jornalista, não vi nenhum. Só se estivesse camuflado de pessoa normal, tal como eu.

Mas vi outras coisas. Vi que famoso que é famoso, às vezes também fica sozinho. E também se encosta à parede com ar circunspecto a pensar "Bolas, ninguém fala comigo, ninguém me liga nenhuma... Ninguém me pergunta o que é que eu tenho! E agora?...".

Em festa de gente importante come-se de pé. A sopa vem em copos de whiskey. Não há guardanapos, porque o glamour é tanto que a malta come sem sujar as mãos. São pessoas muito talentosas que conseguem, em simultâneo, segurar o prato da comida, um copo de vinho ou outra bebida a gosto, o casaco, a mala (no caso das senhoras), e mesmo assim sorrir e ter conversas muito interessantes e divertidas. Já vos disse que esteve tudo de pé, horas a fio? E aquela gente sempre impecável, são mesmo admiráveis! Já eu, que sou uma reles criatura, a esta hora ainda me doem os pés e as costas... Por causa disto tudo é que o mundo do espectáculo não é para mim... Eu muitas horas em pé não maguento... E quando cheguei a casa tinha um buraco na meia, no dedo grande do pé, que me estava a deixar doida...

Mas não me interpretem mal. A artista é uma boa artista. E acima de tudo é uma pessoa cumadeveser. Com um modo de sorrir que não é artificial, não se põe com parvoíces, trata a malta toda da mesma forma, e por isso é que a gente depois gosta dela e coiso. Dela e dos outros VIP's que a rodeavam ontem, que pelos vistos grande parte deles também sofrem desta coisa esquisita que não é costume dar aos famosos. Essa coisa, de se acharem pessoas normais, de se apresentarem com uma humildade genuína (e não postiça), e não incharem perante o enorme talento, que por acaso efectivamente têm.

VIP's de segunda, portanto... Alguns deles até se dão ao trabalho de virem aqui a esta espelunca meter o nariz!! Corja!...

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