Gostei do "Prós e Contras" ontem. Pelo menos até à uma da manhã (hei!), que a seguir já não estava a dar mais. E no meio de tanto argumento demagógico a favor do não, foi bom ver mais outro cair por terra (e não foi só este). Falo daquela ideia da liberalização versus penalização, e de que não existirá, depois da vitória do SIM, quaisquer acções de esclarecimento dirigidas às mulheres que pretendam interromper a gravidez.
Eu também não conhecia a proposta de lei, mas realmente, não há nada como a gente ler e pensar pela nossa cabeça.
terça-feira, janeiro 30, 2007
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Desabafos sobre a IVG
Quando comecei a visitar blogs, este foi um dos que me prenderam a atenção de imediato. Infelizmente chegou ao fim, era muitíssimo bem escrito e mostrava a visão do ser humano que muitas vezes os médicos deixam escondida.
Neste sítio encontram-se duas histórias que, do meu ponto de vista, acabam por completar-se. Ora vejam:
Ela não quer saber
"Tem 21 anos. Está internada no serviço de Puérperas porque nasceu o seu segundo filho. Sabe o que quer, queria ter estes dois filhos, foi tudo planeado. Não foi a uma única consulta com a Médica de Familia ou com um Ginecologista. A gravidez não foi vigiada, não tendo feito qualquer análise ou ecografia ao longo da gravidez. A meio do período gestacional foi internada por ameaça de parto pré-termo, abandonando em seguida o hospital contra as recomendações dos médicos. Alguns meses depois nasceu o bebé, prematuramente. Quando questionada sobre anticoncepção diz que vai tomar a pílula. Pela evidente irresponsabilidade que apresenta sugerimos que colocasse um implante subcutâneo, que a impedirá de engravidar durante 3 anos. Recusa, diz que é muito nova. Basicamente, é daquelas pessoas que "não quer saber". Não quer saber a opinião dos médicos, não quer saber se a gravidez é normal, não quer saber se o bebé está bem ou não, não quer saber se o bebé fica bem ou não. Não quer saber, pura e simplesmente. Sabe o que quer, de momento quer sair novamente do hospital, apesar de ser ainda cedo.Voluntários para dar dois pares de estalos? Eu não posso..."
Permito-me deixar só uma deixa, a discussão fica em aberto, obviamente: A esta mulher, não há Lei nenhuma que a leve a um tribunal ou que a condene. O corpo é dela, a decisão é dela, pode ser negligente à vontade nas suas gestações, e eu pergunto-me, que direito à vida é este, e porque é que também não hão-de haver formas legais para impedir estas atitudes?
E depois, a outra face da moeda:
Já fez abortos?
"Esta pergunta não é feita todos os dias... Não é, também, feita por todas as pessoas. No entanto, os médicos precisam muitas vezes de saber se uma determinada mulher já fez interrupções voluntárias da gravidez (IVG), pelo que é uma pergunta frequente no consultório de um Médico de Família. As respostas, essas, ficam lá dentro. Antes de ser estudante de medicina, não sei se por ser muito novo e inocente ou por contactar pouco com estas realidades, não fazia ideia se eram muitas ou poucas as mulheres que abortam. Devo dizer que fiquei surpreendido com o que encontrei: uma enorme percentagem das mulheres acima dos 25 anos já fez uma IVG. Arrisco afirmar que provavelmente mais de metade das mulheres já o fez... Este número não decorre de nenhum estudo estatístico (se os há), mas apenas do que me apercebo no dia a dia da prática clínica.Antes de chamar a Ana, uma mulher de 42 anos, a minha tutora deu uma vista de olhos no processo. Rapidamente recordámos a história: tinha estado na consulta há cerca de três semanas, grávida. Tinha entrado descontraidamente no consultório com um teste rápido positivo. Na altura pedimos análises laboratoriais e uma ecografia obstétrica. Assim que saiu do consultória a minha tutora afirmou categoricamente: "Vai fazer um aborto.". Era já mãe de dois rapazes, e não tinha planeado engravidar. Não usava qualquer método anticoncepcional apesar da insistência da minha tutora na consulta de planeamento familiar.A minha tutora disse-me "Queres ver como fez um aborto?" e chamou a Ana. Entrou no gabinete com o mesmo ar descontraido da outra vez. Sentou-se, e disse: "Tenho uma coisa que se calhar era melhor falar só com a doutora...". A minha tutora respondeu-lhe que eu já sabia o que era, podia contar à vontade... Confirmava-se: tinha tentado abortar. Foi ao Ginecologista/Obstetra em consulta particular fazer a ecografia obstétrica que tinhamos pedido na consulta anterior, onde confirmou a presença de um saco gestacional. Nada contou ao Ginecologista da sua intenção, e comprou os já famosos comprimidos abortivos (aqueles que servem para as patologias do estômago). Desconheço como obteve acesso aos comprimidos (mas reconheço que não deve ser nada compicado, com mais ou menos dinheiro...), mas ingeriu-os na quantidade que lhe foi recomendada pela vizinha. Pouco tempo depois teve uma pequena hemorragia. Explicou: "Da última vez tinha feito no bidé, e vi sair qualquer coisa. Desta vez não tive coragem, e fui para a sanita...". Não me surpreendi com a recorrência da situação, uma vez que as pessoas facilmente se habituam a utilizar o aborto como "método anticoncepcional"... Já não tinha tido mais perdas de sangue, dores ou corrimentos desde então, e vinha agora pedir as análises laboratoriais que confirmariam o sucesso do aborto. Observei-a, e facilmente senti o fundo uterino. Das duas uma: ou tinha um útero grande ou ainda estava grávida. Não tinhamos o relatório da ecografia obstétrica para tentar avaliar a existência de miomas, uma vez que ela tinha queimado o relatório na lareira para apagar os registos daquela gravidez. Qualquer que fosse a situação, uma certeza eu tinha: aquela gravidez não iria seguir por muito mais tempo... Passámos nova ecografia, desta vez "mascarada" de ecografia pélvica. Pensando alto afirmou que teria que ir a outro Ginecologista, não queria contar ao primeiro o que tinha sucedido. Afirmou ainda que se houvesse algum problema iria às Urgências do Hospital fazer uma "raspagem", mas naturalmente não iria contar a verdade. Expliquei-lhe que tal como nós naquele consultório, também os médicos da Urgência não são polícias. Não nos compete, como médicos, julga-la. Mas é importante que tenhamos em mão toda a informação possível para a tratar convenientemente. Lembrou a mediática história do enfermeiro que denunciou às autoridades uma doente que tinha abortado. Relembrámo-la que o enfermeiro em causa tinha sido penalizado por quebrar o sigilo profissional a que estava obrigado, e que as queixas tinham por isso sido retiradas. Encolheu os ombros, sorriu, e disse que fosse como fosse a situação se resolveria. E saiu, com descontracção semelhante àquela com que havia entrado."
Esta história fala de muitas coisas. Fala de uma pessoa que pelos vistos recorre ao aborto como método anti-concepcional, o que obviamente não é bom. Mas a verdade é que a Lei, tal como está, não impede as pessoas irresponsáveis de terem um comportamento irresponsável. Para ultrapassar estes problemas será necessário trabalhar noutras frentes. O que eu mais retenho, sempre que leio esta história, é o seu final. Que tudo se resolverá. Que de uma maneira ou doutra, uma mulher não queira ser mãe, não vai ser. E enquanto esta Lei estiver como está, há pessoas a enriquecer em grande estilo à custa do aborto clandestino, há mulheres a serem exploradas num momento de grande fragilidade, e depois há muitas delas a engrossarem a despesa do Estado, porque quando as coisas correm mal é lá que vão parar para acabar de resolver.
Educação sexual? Com certeza. Planeamento familiar? O mais possível. Apoio social às famílias que optam pelo nascimento das crianças? Evidentemente. Mas nada disso está actualmente em discussão, pois não?
A Lei actual é injusta, penalizadora, discriminatória. Não protege a vida de ninguém, nem dos que cá estão, nem dos que estão para chegar. Do meu ponto de vista, o VOTO SIM é a forma mais responsável, enquanto cidadã, de defender o direito à vida. Uma vida com mais igualdade, descomplexada, livre de preconceitos morais e religiosos, uma vida com dignidade. Para todas e para todos.
Neste sítio encontram-se duas histórias que, do meu ponto de vista, acabam por completar-se. Ora vejam:
Ela não quer saber
"Tem 21 anos. Está internada no serviço de Puérperas porque nasceu o seu segundo filho. Sabe o que quer, queria ter estes dois filhos, foi tudo planeado. Não foi a uma única consulta com a Médica de Familia ou com um Ginecologista. A gravidez não foi vigiada, não tendo feito qualquer análise ou ecografia ao longo da gravidez. A meio do período gestacional foi internada por ameaça de parto pré-termo, abandonando em seguida o hospital contra as recomendações dos médicos. Alguns meses depois nasceu o bebé, prematuramente. Quando questionada sobre anticoncepção diz que vai tomar a pílula. Pela evidente irresponsabilidade que apresenta sugerimos que colocasse um implante subcutâneo, que a impedirá de engravidar durante 3 anos. Recusa, diz que é muito nova. Basicamente, é daquelas pessoas que "não quer saber". Não quer saber a opinião dos médicos, não quer saber se a gravidez é normal, não quer saber se o bebé está bem ou não, não quer saber se o bebé fica bem ou não. Não quer saber, pura e simplesmente. Sabe o que quer, de momento quer sair novamente do hospital, apesar de ser ainda cedo.Voluntários para dar dois pares de estalos? Eu não posso..."
Permito-me deixar só uma deixa, a discussão fica em aberto, obviamente: A esta mulher, não há Lei nenhuma que a leve a um tribunal ou que a condene. O corpo é dela, a decisão é dela, pode ser negligente à vontade nas suas gestações, e eu pergunto-me, que direito à vida é este, e porque é que também não hão-de haver formas legais para impedir estas atitudes?
E depois, a outra face da moeda:
Já fez abortos?
"Esta pergunta não é feita todos os dias... Não é, também, feita por todas as pessoas. No entanto, os médicos precisam muitas vezes de saber se uma determinada mulher já fez interrupções voluntárias da gravidez (IVG), pelo que é uma pergunta frequente no consultório de um Médico de Família. As respostas, essas, ficam lá dentro. Antes de ser estudante de medicina, não sei se por ser muito novo e inocente ou por contactar pouco com estas realidades, não fazia ideia se eram muitas ou poucas as mulheres que abortam. Devo dizer que fiquei surpreendido com o que encontrei: uma enorme percentagem das mulheres acima dos 25 anos já fez uma IVG. Arrisco afirmar que provavelmente mais de metade das mulheres já o fez... Este número não decorre de nenhum estudo estatístico (se os há), mas apenas do que me apercebo no dia a dia da prática clínica.Antes de chamar a Ana, uma mulher de 42 anos, a minha tutora deu uma vista de olhos no processo. Rapidamente recordámos a história: tinha estado na consulta há cerca de três semanas, grávida. Tinha entrado descontraidamente no consultório com um teste rápido positivo. Na altura pedimos análises laboratoriais e uma ecografia obstétrica. Assim que saiu do consultória a minha tutora afirmou categoricamente: "Vai fazer um aborto.". Era já mãe de dois rapazes, e não tinha planeado engravidar. Não usava qualquer método anticoncepcional apesar da insistência da minha tutora na consulta de planeamento familiar.A minha tutora disse-me "Queres ver como fez um aborto?" e chamou a Ana. Entrou no gabinete com o mesmo ar descontraido da outra vez. Sentou-se, e disse: "Tenho uma coisa que se calhar era melhor falar só com a doutora...". A minha tutora respondeu-lhe que eu já sabia o que era, podia contar à vontade... Confirmava-se: tinha tentado abortar. Foi ao Ginecologista/Obstetra em consulta particular fazer a ecografia obstétrica que tinhamos pedido na consulta anterior, onde confirmou a presença de um saco gestacional. Nada contou ao Ginecologista da sua intenção, e comprou os já famosos comprimidos abortivos (aqueles que servem para as patologias do estômago). Desconheço como obteve acesso aos comprimidos (mas reconheço que não deve ser nada compicado, com mais ou menos dinheiro...), mas ingeriu-os na quantidade que lhe foi recomendada pela vizinha. Pouco tempo depois teve uma pequena hemorragia. Explicou: "Da última vez tinha feito no bidé, e vi sair qualquer coisa. Desta vez não tive coragem, e fui para a sanita...". Não me surpreendi com a recorrência da situação, uma vez que as pessoas facilmente se habituam a utilizar o aborto como "método anticoncepcional"... Já não tinha tido mais perdas de sangue, dores ou corrimentos desde então, e vinha agora pedir as análises laboratoriais que confirmariam o sucesso do aborto. Observei-a, e facilmente senti o fundo uterino. Das duas uma: ou tinha um útero grande ou ainda estava grávida. Não tinhamos o relatório da ecografia obstétrica para tentar avaliar a existência de miomas, uma vez que ela tinha queimado o relatório na lareira para apagar os registos daquela gravidez. Qualquer que fosse a situação, uma certeza eu tinha: aquela gravidez não iria seguir por muito mais tempo... Passámos nova ecografia, desta vez "mascarada" de ecografia pélvica. Pensando alto afirmou que teria que ir a outro Ginecologista, não queria contar ao primeiro o que tinha sucedido. Afirmou ainda que se houvesse algum problema iria às Urgências do Hospital fazer uma "raspagem", mas naturalmente não iria contar a verdade. Expliquei-lhe que tal como nós naquele consultório, também os médicos da Urgência não são polícias. Não nos compete, como médicos, julga-la. Mas é importante que tenhamos em mão toda a informação possível para a tratar convenientemente. Lembrou a mediática história do enfermeiro que denunciou às autoridades uma doente que tinha abortado. Relembrámo-la que o enfermeiro em causa tinha sido penalizado por quebrar o sigilo profissional a que estava obrigado, e que as queixas tinham por isso sido retiradas. Encolheu os ombros, sorriu, e disse que fosse como fosse a situação se resolveria. E saiu, com descontracção semelhante àquela com que havia entrado."
Esta história fala de muitas coisas. Fala de uma pessoa que pelos vistos recorre ao aborto como método anti-concepcional, o que obviamente não é bom. Mas a verdade é que a Lei, tal como está, não impede as pessoas irresponsáveis de terem um comportamento irresponsável. Para ultrapassar estes problemas será necessário trabalhar noutras frentes. O que eu mais retenho, sempre que leio esta história, é o seu final. Que tudo se resolverá. Que de uma maneira ou doutra, uma mulher não queira ser mãe, não vai ser. E enquanto esta Lei estiver como está, há pessoas a enriquecer em grande estilo à custa do aborto clandestino, há mulheres a serem exploradas num momento de grande fragilidade, e depois há muitas delas a engrossarem a despesa do Estado, porque quando as coisas correm mal é lá que vão parar para acabar de resolver.
Educação sexual? Com certeza. Planeamento familiar? O mais possível. Apoio social às famílias que optam pelo nascimento das crianças? Evidentemente. Mas nada disso está actualmente em discussão, pois não?
A Lei actual é injusta, penalizadora, discriminatória. Não protege a vida de ninguém, nem dos que cá estão, nem dos que estão para chegar. Do meu ponto de vista, o VOTO SIM é a forma mais responsável, enquanto cidadã, de defender o direito à vida. Uma vida com mais igualdade, descomplexada, livre de preconceitos morais e religiosos, uma vida com dignidade. Para todas e para todos.
terça-feira, janeiro 23, 2007
Os tectos
São as barreiras que nos impedem de subir mais alto. Lembrei-me hoje de um colega de faculdade que era brilhante em todas as áreas de estudo, e que se lamentava muito da prisão que representavam os tectos. Isto porque havia professores de certas cadeiras que não davam mais de 17. E 17, para este meu colega que tinha capacidade para muitíssimo mais, era o tecto que o deixava inerte, injustamente associado a um nível que era manifestamente pouco para as suas reais capacidades.
Hoje puseram-me debaixo de um tecto novo. Chamaram-me a atenção para a qualidade do estuque que o ornamenta, para a iluminação e para o facto de estar pintado de fresco, de uma cor que vai mesmo bem com os meus olhos verdes. Eu olhei para cima e vi exactamente aquilo que é, um tecto, nada mais que isso. A mesma pressão claustrofóbica a manter-me bem rentinha ao chão, onde permaneça debaixo d'olho e não possa fazer muitas ondas.
Está bem. Que seja. Há já muito tempo que ando a escavar um buraco na parede, e os tectos só seguram quem se acomoda a eles.
Não é o caso.
Hoje puseram-me debaixo de um tecto novo. Chamaram-me a atenção para a qualidade do estuque que o ornamenta, para a iluminação e para o facto de estar pintado de fresco, de uma cor que vai mesmo bem com os meus olhos verdes. Eu olhei para cima e vi exactamente aquilo que é, um tecto, nada mais que isso. A mesma pressão claustrofóbica a manter-me bem rentinha ao chão, onde permaneça debaixo d'olho e não possa fazer muitas ondas.
Está bem. Que seja. Há já muito tempo que ando a escavar um buraco na parede, e os tectos só seguram quem se acomoda a eles.
Não é o caso.
sábado, janeiro 20, 2007
Posts por escrever
Tenho andado pouco motivada para a escrita aqui nesta chafarica. Por vários motivos. Por um lado, porque deixei de ter acesso à internet em casa. Eu era das últimas pessoas (na volta era mesmo a última) a ter acesso à net pela linha telefónica da PT, usando um modem convencional. Como eu costumava dizer, que funcionava a carvão. Amigos que me tentavam mandar ficheiros pelo messenger chegavam a perguntar-me se eu estava a pedalar do lado de cá enquanto decorria a transferência :-). Enfim, fartei-me de ser chulada pela PT e dei baixa do telefone. Vou mudar para a netcabo. Um dia. Porque me revoltam os fígados aquela taxa de 25€ inicial, e ainda não me decidi a isso. E assim, sobra-me pouco tempo para escrever coisas mais elaboradas, que exigiriam alguma concentração. Só posso postar em casa de alguém (como é agora o caso) ou no trabalho, e no trabalho estou também um pouco limitada no tempo, porque, tipo, tenho que estar lá a trabalhar. Eu sei, é uma escandaleira, mas não posso fazer nada para o evitar.
Depois, continuo com as mesmas preocupações de saúde de há meses e meses, e não quero passar a vida a usar este espaço para bater mais no ceguinho. Já me basta pensar nisto 24 horas por dia, às vezes escrever sobre a coisa alivia, outras vezes só me faz ainda pior, entre uma coisa e outra fica muitas vezes o silêncio.
Quero escrever em breve alguma coisa sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, agora que estamos a entrar num período de campanha, e este é um assunto que eu considero de enorme importância. Sei o que tenho para dizer, mas vou ter que fazer um esforço para pôr de lado os problemas já mencionados e abordar o tema com a seriedade e o tempo que ele merece. Ainda não é hoje. Hoje é mesmo só isto, um post sobre o que poderia ser e não é...
Depois, continuo com as mesmas preocupações de saúde de há meses e meses, e não quero passar a vida a usar este espaço para bater mais no ceguinho. Já me basta pensar nisto 24 horas por dia, às vezes escrever sobre a coisa alivia, outras vezes só me faz ainda pior, entre uma coisa e outra fica muitas vezes o silêncio.
Quero escrever em breve alguma coisa sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, agora que estamos a entrar num período de campanha, e este é um assunto que eu considero de enorme importância. Sei o que tenho para dizer, mas vou ter que fazer um esforço para pôr de lado os problemas já mencionados e abordar o tema com a seriedade e o tempo que ele merece. Ainda não é hoje. Hoje é mesmo só isto, um post sobre o que poderia ser e não é...
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Guilty Pleasure
Novelas brasileiras. Acho que são bem feitas, e mais do que as histórias, o que eu gosto mesmo de apreciar são as interpretações, algumas delas a atingirem verdadeiros níveis de excelência. Quanto às portuguesas não me dizem nada, primeiro porque eu tenho uma aversão intestina à TVI, e depois porque sinceramente acho que aqueles textos são uma miséria.
Aos meses e meses que não aparecia nenhuma que me interessasse. Desde a "Senhora do Destino" que eu não ficava "agarrada" a nenhuma. E agora chega "Páginas da Vida". E é ver-me por estes dias em frente à televisão, lavada em lágrimas, o ranho a escorrer-me pelo nariz, um divertimento, portantos.
A sério. Eu acho que ontem chorei copiosamente desde o início do episódio até ao final. Houve um personagem que teve um enfarte. Se aquilo continua assim, acho que ainda tenho um também!
Aos meses e meses que não aparecia nenhuma que me interessasse. Desde a "Senhora do Destino" que eu não ficava "agarrada" a nenhuma. E agora chega "Páginas da Vida". E é ver-me por estes dias em frente à televisão, lavada em lágrimas, o ranho a escorrer-me pelo nariz, um divertimento, portantos.
A sério. Eu acho que ontem chorei copiosamente desde o início do episódio até ao final. Houve um personagem que teve um enfarte. Se aquilo continua assim, acho que ainda tenho um também!
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Aos médicos
Especialmente ginecologistas, que ainda acham que a infecção por Candida Albicans é um problema simples de solucionar:
É só para dizer que este post já atingiu os 100 comentários.
E que se for mesmo só de 5% a percentagem de mulheres que vivem anos a fio com este problema, e que não conseguem encontrar a cura com os tristemente famosos imidazólicos e triazólicos, então meus amigos, deu-se esta coisa extraordinária de boa parte delas vir parar aqui a este tasco. À procura de respostas que tardam, aproveitando o espaço para chorar as mágoas, trocar umas ideias, enfim, à procura da luz ao fundo do túnel.
Vendo isto, vendo que mais de metade das minhas visitas hoje em dia provêm de pesquisas relacionadas com este problema, fico a perguntar-me: seremos afinal uns bichos assim tão raros? Cada vez estou mais convencida que não...
A Candida continua a marcar pontos.
É só para dizer que este post já atingiu os 100 comentários.
E que se for mesmo só de 5% a percentagem de mulheres que vivem anos a fio com este problema, e que não conseguem encontrar a cura com os tristemente famosos imidazólicos e triazólicos, então meus amigos, deu-se esta coisa extraordinária de boa parte delas vir parar aqui a este tasco. À procura de respostas que tardam, aproveitando o espaço para chorar as mágoas, trocar umas ideias, enfim, à procura da luz ao fundo do túnel.
Vendo isto, vendo que mais de metade das minhas visitas hoje em dia provêm de pesquisas relacionadas com este problema, fico a perguntar-me: seremos afinal uns bichos assim tão raros? Cada vez estou mais convencida que não...
A Candida continua a marcar pontos.
Aborto no Coito
Dizem-me que ontem à noite, nas notícias, apareceu um bispo qualquer que foi pregar contra o aborto lá para os lados de Vila Nova do Coito. Nome sugestivo, não é? Também sempre achei. Por acaso conheço o sítio, fica perto de Almoster e até tenho por lá alguns familiares.
Muito apropriado, mas acho que os movimentos pelo sim também deverão obrigatoriamente passar por Vila Nova do Coito. Acho que tem tudo a ver.
Hoje à noite, jantar do movimento Cidadania pelo Sim no Mercado da Ribeira. Lá estarei.
Muito apropriado, mas acho que os movimentos pelo sim também deverão obrigatoriamente passar por Vila Nova do Coito. Acho que tem tudo a ver.
Hoje à noite, jantar do movimento Cidadania pelo Sim no Mercado da Ribeira. Lá estarei.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Desgaste rápido
Para todos os que consideram que a profissão de futebolista é de desgaste rápido...
... Experimentem trabalhar numa Autarquia Local.
E já agora, não deixem de estudar só porque dão uns pontapés numa bola, que assim quando a carreira de futebolista acabar talvez não sejam uma cambada de inúteis, e preparem-se mas é para o que têm que fazer da vidinha depois do futebol se acabar.
E no entretanto paguem o mesmo que os outros, que deve ter ficado muito boa gente no desemprego, saídos da Opel, que viram de repente as suas carreiras profissionais interrompidas, vão ter que começar tudo do zero, e não me consta que tenham tido qualquer regime especial de impostos.
Coitadinhos dos futebolistas. Tenho tanta peninha deles. E se fizerem greve, que grande transtorno que isso vai trazer à minha vida e à da população em geral, o caos nos transportes, nos hospitais, nas repartições públicas, vão faltar bens essenciais nos supermercados...
Haja paciência.
... Experimentem trabalhar numa Autarquia Local.
E já agora, não deixem de estudar só porque dão uns pontapés numa bola, que assim quando a carreira de futebolista acabar talvez não sejam uma cambada de inúteis, e preparem-se mas é para o que têm que fazer da vidinha depois do futebol se acabar.
E no entretanto paguem o mesmo que os outros, que deve ter ficado muito boa gente no desemprego, saídos da Opel, que viram de repente as suas carreiras profissionais interrompidas, vão ter que começar tudo do zero, e não me consta que tenham tido qualquer regime especial de impostos.
Coitadinhos dos futebolistas. Tenho tanta peninha deles. E se fizerem greve, que grande transtorno que isso vai trazer à minha vida e à da população em geral, o caos nos transportes, nos hospitais, nas repartições públicas, vão faltar bens essenciais nos supermercados...
Haja paciência.
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Para 2007
Desejei, claro. Toda a gente deseja, porque não eu? Este ano as primeiras coisas que desejei foram o reflexo das minhas principais preocupações. Mais saúde, mais dinheiro. Alguém ao meu lado acrescentou, "mais homens!". E agora a correr os blogs vi que a minha amiga Xana pediu para ter sorte.
Fiquei a pensar nisto. Eu também devia ter pedido isso, porque raio é não me ocorreu? A resposta é simples: eu nunca me lembro da sorte porque isso é coisa que para mim é como se não existisse. Sabem aquela canção brasileira, "se há sorte, eu não sei, nunca vi"?. Pois. Estou tão habituada a que a minha vida seja uma espécie de corrida de obstáculos, e que cada objectivo alcançado seja tirado a ferros, com muito tempo de esforço e de sofrimento, de tal maneira que às vezes o destino só me concede as coisas porque é vencido pelo cansaço, que eu nem me dá para pensar em conseguir as coisas à conta de mera sorte.
Por isso, aqui vai atrasado mais este desejo para 2007: alguma coisa que eu deseje alcançar, que ao menos uma vez na vida me caia do céu aos trambolhões, fácil, fácil, sem esforço absolutamente nenhum, à conta da mais despudorada sorte. Para eu saber como é que é isso, essa coisa de se ter sorte.
Agora fiquei com uma vozinha cá dentro a dizer, "cuidado com o que desejas, que a Deusa pode conceder-to". Está bem, prontos. Que seja. Mas então, ficamos assim: saúde, dinheiro e sorte. Obrigadinha.
Fiquei a pensar nisto. Eu também devia ter pedido isso, porque raio é não me ocorreu? A resposta é simples: eu nunca me lembro da sorte porque isso é coisa que para mim é como se não existisse. Sabem aquela canção brasileira, "se há sorte, eu não sei, nunca vi"?. Pois. Estou tão habituada a que a minha vida seja uma espécie de corrida de obstáculos, e que cada objectivo alcançado seja tirado a ferros, com muito tempo de esforço e de sofrimento, de tal maneira que às vezes o destino só me concede as coisas porque é vencido pelo cansaço, que eu nem me dá para pensar em conseguir as coisas à conta de mera sorte.
Por isso, aqui vai atrasado mais este desejo para 2007: alguma coisa que eu deseje alcançar, que ao menos uma vez na vida me caia do céu aos trambolhões, fácil, fácil, sem esforço absolutamente nenhum, à conta da mais despudorada sorte. Para eu saber como é que é isso, essa coisa de se ter sorte.
Agora fiquei com uma vozinha cá dentro a dizer, "cuidado com o que desejas, que a Deusa pode conceder-to". Está bem, prontos. Que seja. Mas então, ficamos assim: saúde, dinheiro e sorte. Obrigadinha.
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