terça-feira, dezembro 28, 2010

Case Study?...

Parece-me bem que sim. É impressionante o efeito que isto está a ter na blogoesfera e na web 2.0.

O empenho que a Ensitel está a ter, na sua página do Facebook, em apagar(!) os comentários de desagrado que por lá vão ficando é apenas coerente com as acções que encetou para que a autora deste blog apague(!!!) os relatos da sua má experiência com a empresa.

Está-lhes o tiro a sair pela culatra e este post é mais um tiro na culatra deles...

domingo, dezembro 26, 2010

Versão estafada do Natal

Hoje. Conversa de circunstância, arrematada com um toque de sinceridade:

Eu: Olá, estás boa? Há quanto tempo não te via, vieste passar o Natal com a tua mãe? Está tudo bem?

Ela: Tudo bem, obrigada. Tiveram um bom Natal?

Eu: Sim, tudo bem. E o vosso Natal, também correu bem?

Ela: Sim... E está quase a acabar, graças a Deus!...

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Votos de Boas Festas em tempo de crise

Que tenham todos um Natal sem acumulação de dívidas e que o ano de 2011 seja bastante razoavelzinho!... ;-)

domingo, dezembro 19, 2010

...

Têm sido muitos os murros no estômago, ultimamente. Uns mais fortes do que outros, é verdade. Porém, todos conduzem àquela constatação mais ou menos banal de que a nossa vida vale muito pouco ou nada. E em boa verdade digo hoje em dia, felizes daqueles que acreditam que nada acontece por acaso. Feliz de mim nos tempos em que acreditava, convictamente, que nada acontecia por acaso.

E isto não tem nada a ver com Deus, atenção. Neste contexto, acreditar ou não em Deus é perfeitamente acessório. Mas numa lógica, num tal sentido oculto para as coisas, acreditava sim senhor. Desgraçadamente, estou cada vez mais com o Fernando Pessoa. O único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum. É perfeitamente aleatório. É conforme calha. Tal e qual como os raios quando caem no meio de uma trovoada. E isto é uma coisa que irrita.

Irrita porque levamos a nossa vida inteira a tentar dar-lhe um sentido qualquer, a tentar construir algo, uma identidade, a marcar um percurso, a sermos coerentes. E depois não interessa nada se um tipo é um homem íntegro, bom filho, talentoso, inteligente e bonito, não interessa se só tem 30 anos de idade, toma lá um cancro porque calhou assim, olha, paciência, agora pões aqui a tua vida e a da tua família toda entre parêntesis, a ver quem te mata mais depressa, se o cancro, se a quimioterapia, e vocês todos à volta deste garoto, suspendam a respiração e observem, pode ser que se safe, pode ser que não, agarrem-se a essa ideia absurda de que a lógica da vida certamente não permitirá que o pior aconteça, agarrem-se a isso, se é do que precisam para prosseguirem com as vossas vidas ridículas.

Não interessa nada se um outro homem aos 60 anos de idade tem ainda muito para dar a filhos, a netos, a amigos, não interessa que o seu percurso e as suas opções de vida tenham ajudado a formar o carácter de muitos jovens, ajudado a descobrir talentos, a encontrar vocações. Vem uma qualquer contingência do acaso, baixa-se uma névoa na cabeça deste homem e já não reconhece ninguém, não sabe onde está, nem de onde veio, e tudo o que foi e construiu, para ele já não existe. E a gente pensa, é injusto, e há uma mulher que diz, é injusto, uma mulher com pouco mais de 40 anos que um dia chega a casa e se deita na cama para já não acordar no dia seguinte, a ela calhou-lhe assim, à irmã calhou-lhe meter a chave à porta que estava de reserva "para qualquer eventualidade", porque tinham combinado coisas muito lógicas e coerentes e ela estava atrasada. E foi isto que os acasos da vida deram àquela família.

E eu hoje estou assim muito irritada e revoltada com isto tudo, com as coisas muito importantes às quais me dedico todos os dias, nas quais esgoto as minhas energias enquanto uma parte de mim está 24 horas por dia a dizer-me que o meu pai já tem 79, e a minha mãe já tem 75, e que um dia destes um qualquer acaso vai bater à minha porta, e não necessariamente por causa deles, afinal, também eu posso acordar morta já amanhã.

E fico a pensar que o melhor mesmo era largar esta merda toda, dizer que se foda a tudo na minha vida, arranjar um trabalho a esfregar o mesmo chão todos os dias, alguma coisa que não me desse muito que pensar, que não vale a pena fazer coisas muito relevantes na nossa vida, se tudo se desfaz no minuto a seguir. Penso nisto mas sei que não o farei, porque isso não teria lógica nenhuma, e apesar de tudo, a lógica e a coerência é o que nos faz levantar todos os dias de manhã. Mesmo sabendo que não há coerência, que não há lógica, e que nada faz sentido.

Vivemos de paradoxos. E depois morremos.

quarta-feira, novembro 03, 2010

O dinheiro não traz felicidade mas uma copa B tamanho 36, traz sim senhor

Deram uma reportagem no Canal 1 sobre a felicidade, e coisas que podem contribuir para a mesma. Falaram dos factores que permitem a libertação de serotonina no cérebro, tais como o riso, o amor, até o budismo.

O que eu acho estranho, e abona pouco em favor do rigor da dita reportagem, é que nunca, em momento algum, falaram de uma actividade que potencia a libertação de serotonina em grande escala, e que contribui sempre, mas sempre, para aumentar a felicidade: não, não é isso. Quer dizer, isso também liberta serotonina. Mas no caso em concreto refiro-me a outra coisa: comprar lingerie nova. Nunca falha, o que liberta de serotonina e deixa uma pessoa bem disposta, pá! E não apareceu na reportagem, vá-se lá saber porquê.

E note-se que até tem um efeito que se perpetua no tempo: liberta-se a serotonina quando se compra, quando se veste, e com um bocado de sorte, liberta-se mais serotonina, inclusivamente em mais do que uma pessoa, quando se despe, e por aí fora, é um libertar de serotonina que é tudo uma grande alegria.

Quais anti-depressivos quais quê. Lingerie nova, ouçam o que vos digo. Aliás, bem vistas as coisas, não percebo porque é que, se a Paroxetina é comparticipada, porque raio não há também comparticipação na compra destes produtos aqui ou aqui? Hein?... Pois se também libertam a tal da serotonina?...

Tomai nota, que isto é que tem rigor científico: felicidade. Serotonina. Cuecas e soutiens novos. Tudo a mesma coisa.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Sem sentido

"Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada para compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: -
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas."

Alberto Caeiro
As coisas são o que são, mas a falta de sentido delas não dói todos os dias da mesma maneira.

sábado, setembro 25, 2010

A geografia das emoções

A questão essencial é que voltei à escola e a semana que passou foi a primeira de aulas. Um mestrado há muito desejado, demasiadas vezes adiado e agora, finalmente, encarado de frente, para levar até ao fim.

A outra questão essencial é que voltei a estudar, não na minha querida Faculdade de Letras, mas numa outra Universidade nas imediações, o que significa que, não só voltei a estudar, como voltei a estudar regressando praticamente ao mesmo espaço geográfico, na Cidade Universitária, que me é muito querido e que, às vezes sem que eu me dê conta ou lhe dê o devido valor, na verdade me tocou muito fundo no coração.

De moldes que andei nisto de me deslocar para a Cidade Universitária, vivenciando esta coisa da geografia das emoções, a saber, que chegando nós a um espaço ele nos faz lembrar de coisas há muito esquecidas, e por isso o meu cérebro tem-me oferecido memórias de amigos que nunca mais vi, pormenores distintos de episódios passados nos corredores, nos bares, nas bibliotecas, enfim. Boas recordações.

Porém surgiram outras emoções também. As aulas iniciaram esta semana para todos. Eu, de dentro do meu carro, parada no trânsito e atrasada para chegar ao destino, vou olhando com algum paternalismo para os caloiros de cara pintada e os supostos alunos seniores trajados a rigor, tudo na rua, bebendo cerveja, dizendo e fazendo disparates. Eu passo e o meu cérebro faz-me pensar, porra. Sim, porra pode ser o resultado de um pensamento perfeitamente lógico e dedutivo. Porra, pensava eu. São todos tão novos. Parecem crianças. Não, são mesmo crianças. Então, passo à frente da Faculdade de Letras e fico com uma sensação estranha de que algo não bate certo. Mas o quê? Ah, já estou a ver. O que me causa estranheza são aqueles miúdos pequenos que estão a subir as escadas para entrarem na minha Faculdade. E aqueles outros recém-nascidos além que estão a sair de lá de dentro. Eles entram e saem e parece que vieram todos só fazer uma visita de estudo para cá voltarem um dia, quem sabe...

Um pouco mais à frente vejo edifícios novos que antes não existiam, parques de estacionamento gigantes a pagar (ladrões!) e digo de mim para comim, tem lá calma contigo, mal seria se tudo estivesse exactamente igual ao que estava quando para cá vieste a primeira vez, há... há...

E foi nesta altura que o meu cérebro, literalmente, me deu um murro no estômago. Quando me deu a noção exacta de que o meu primeiro ano de Faculdade foi há vinte anos atrás. Porra.

É claro que outras partes do meu cérebro começaram logo a tagarelar (o nosso cérebro em auto-defesa também é uma coisa muito gira). Então e isso que tem, nem é tanto tempo assim, quantos não passaram por cá também e nunca voltaram, teres esta força de vontade é sinal de vitalidade e até de alguma juventude, e todo um enorme blá, blá, blá, que entretanto, infelizmente, deixei de me conseguir ouvir porque já ia a pé a caminho da escola e passava por mim um cortejo de meninos do infantário, encabeçados por uns miúdos da primária vestidos de negro, que faziam todos muito barulho.

De maneiras que passei esta primeira semana muito contente, sem dúvida, mas também a sentir-me, julgo que pela primeira vez na minha vida, verdadeiramente, incomensuravelmente, velha, velha, velha.

A questão essencial desta semana resume-se afinal a isto: vinte anos. Porra.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Episódios dispersos das férias #4

Tomai cuidado, gente incauta, que nas praias da Costa Alentejana, aos fins-de-semana, circulam pelo areal perigosos hipnotizadores. Atraem-nos com os seus cânticos, subjugam-nos à sua vontade e levam-nos a práticas que vão contra os nossos princípios mais sólidos.

Esvaem-se em fumo, esses princípios, misturam-se na areia e são levados pelo mar, e tudo o que resta é aquela música hipnotizante, que percorre a praia e nos faz correr contra a nossa vontade:

Boliiiinhaaaaas! Boliiiiiiiiiinhaaaaaaaaas! Olha a bolinha de berliiiiiiiimmmmmm!!!

Patifes.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Episódios dispersos das férias #3

Alguém saberá talvez explicar-me que lei de Murphy é esta entre as mulheres e os carros, ou, hipótese mais horripilante ainda, entre os carros e eu?

Explico: há exactamente 5 anos atrás percorri a Costa Alentejana com o meu companheiro. A bordo de um vulgaríssimo Fiat Punto, percorremos caminhos e caminhos, de uma ponta a outra ponta, circulámos por sítios que hesito até em chamar de caminhos. Muitas vezes pensando, ponto 1, vamos ter um pneu furado aqui no meio do nada, ponto 2, vamos ficar atascados porque aquilo é só areia e depois estou para ver quem é que empurra o carro daqui para fora, ponto 3, ao virar daquela curva não há mais nada, é um abismo e vamos direitinhos por ali abaixo, ver a Costa Alentejana mesmo, mesmo, de perto. O que é que nos aconteceu? Rigorosamente nada.

Eu, super-orientada graças ao meu gps (o meu sentido de orientação, melhor dizendo, a ausência do mesmo, a seu tempo terá direito a post próprio), entro numa estradinha de terra batida perfeitamente normal, para aceder a uma das praias mais frequentadas, acontece o quê? Uma coisa espetada no pneu, pois claro. Mas assim, logo da primeira vez que saí do asfalto, não houve cá contemplações!

O meu santo foi forte, porém. A coisa espetou e impediu o ar de sair. Só dei por ela quando ia a 100kms/hora (já no asfalto, nada de maluqueiras) e ouvia persistentemente um flap, flap, flap bastante incomodativo. Mais tarde o condutor do Fiat Punto que este ano ficou em casa fez-me um ultimato pelo telefone no sentido de eu ir a uma oficina resolver aquilo. Que não sei quê de pneus a rebentar e mais uma série de incongruências que se resumiam a, tens que ir à procura de um gajo que te trate disso.

Mulheres deste mundo que tal como eu decidiram que jamais na vossa vida irão trocar um pneu a um carro: alguém já viu o horror que é um pneu furado? O gajo tirou o prego, ou lá o que era aquilo, e o pneu começou a, a, esvair-se, coitadinho. Como é que se resolve? Aumenta-se o buraco à bruta, enfia-se um bocado de borracha lá para dentro com um instrumento parecido com uma agulha de esmirna (a sério, o método é tal e qual como o de fazer os tapetes), depois ficam as pontas do lado de fora, cortam-se, rectifica-se a pressão e pronto, vá à sua vida.

Posso ficar descansada, perguntei eu, mesmo sabendo da inutilidade da pergunta, que o gajo jamais iria responder, não tenho bem a certeza, se fosse a si ia antes a outro lado para confirmar se isto está bem feito... Olhou-me de lado, e respondeu, paternalista, pode ficar descansada. Mas eu dei-lhe luta. Perguntei logo de chofre, armada em engraçadinha e a ver se o apanhava em falso, para o resto da vida?... Olhar passou de paternalismo para desprezo. Para o resto da vida do pneu, respondeu ele.

A sério, este pragmatismo masculino seria coisa para exasperar uma mulher.

Não fosse o caso de eu ter acabado de o ver reparar um pneu furado COM UMA AGULHA DE ESMIRNA!

Pfffffffff!...

terça-feira, setembro 07, 2010

Episódios dispersos das férias #2

Ficai a saber que o aparelho que melhor serve o objectivo de uma garota se divertir sozinha é, sem a menor sombra de dúvida, este.

Hein? Pensavam que fosse o quê?...

segunda-feira, setembro 06, 2010

Episódios dispersos das férias #1

Primeira noite. Janelas abertas, que a noite estava quente. Lá fora, apenas o ruído dos grilos cortava o silêncio, todo o espaço ajardinado envolto em calma e paz, convidando ao descanso. As pálpebras começavam a pesar e os pensamentos sucumbiam lentamente ao som dos grilos, quando de repente: Miau. E logo a seguir, outra vez: Miau. E de novo: Miau. Miau. Miau. E pela noite fora assim foi, até que o cansaço acabou por vencer e até os miaus serviram para embalar o sono.

Na noite seguinte, à chegada à hospedaria já depois do jantar, de novo os miaus se faziam ouvir, tristes, lamentosos. Ora eu no que toca a gatos, sou uma sentimental. Quando o dono do estabelecimento me disse que o miau vinha do topo de uma árvore frondosa, comecei a lacrimejar. Então o pobre bichano estava encurralado no topo da árvore desde a noite passada? Um gatinho pequenino sem capacidade para se defender, coitadinho, provavelmente sentindo falta da mãe e dos restantes irmãozinhos, prestes a sucumbir ao pavor, à fome e à sede? Ajoelhei aos pés do estalajadeiro e supliquei clemência para o bichaninho que, no topo da árvore, continuava a cortar a noite com os seus miaus cada vez mais angustiados, sobretudo porque a luz da lanterna devia estar a incomodar-lhe os frágeis olhinhos.

Ok, talvez esteja a dramatizar um bocadinho. Não me ajoelhei nem supliquei, mas devo ter feito uns olhos semelhantes ao do gato das botas no Shrek e o dono da hospedaria foi gentilmente buscar uma escada para tirar o gato da árvore. Ou isso ou levou em consideração que eu não parava de miar ao gato para ele responder, pelo que começava a perspectivar-se uma noite negra em que, já não bastaria ter um gato a miar, quanto mais um gato e uma mulher maluca, os dois a miarem ao desafio. Enfim, fosse por pena do animal, fosse apenas para evitar que os outros clientes, na manhã seguinte, começassem a procurar alojamento noutro sítio, o senhor lá subiu ao escadote para salvar o gatinho da morte certa.

Mal lhe tocou com a ponta dos dedos, o bichano literalmente voou da árvore abaixo, desatando a correr pelo relvado e fugindo pelo portão para a rua, o que me deixou sinceramente aliviada pelo gato finalmente liberto, mas também um pouco na dúvida sobre a sua real incapacidade para sair da árvore quando bem lhe apetecessse. Já o dono da hospedaria parecia não ter dúvidas nenhumas. Fiquei desconfiada disso por conta de um certo enfado na voz quando me disse, Vou arrumar o escadote, boa noite e até amanhã.

Enfim, eu estava contente e mais descansada. Fui para o meu quarto feliz com o desfecho do episódio. Quando me deu o sono deitei-me e dormi, desta vez apenas embalada pelo som dos grilos.

Seria talvez uma hora da manhã quando acordei de novo. Os grilos tinham-se calado.

- Miau.

domingo, setembro 05, 2010

Férias a solo

Por um conjunto de circunstâncias várias, a opção este ano ficou-se entre passar mais um Verão em que o período de férias maior seria passado em casa, do sofá da sala para o computador e vice-versa (o que até não é mau por um período de alguns dias, mas convenhamos, depois começa a chatear) ou, em alternativa, fazer férias sozinha. Segui pela primeira vez a última possibilidade, fiz as malas e lá fui eu uma semana para a Costa Alentejana.

A grande vantagem de estarmos muito tempo sozinhos é que podemos por a conversa em dia connosco próprios. É uma coisa que me parece continuar subvalorizada, desde os tempos de Sócrates (não, não é esse, é o outro), basta ver que o homem levou a vida a dizer "conhece-te a ti mesmo" e ver depois o que lhe aconteceu. Adiante, a mim fez-me muito bem a estadia e a conversa, partindo é claro do princípio que não me vai acontecer o mesmo que aconteceu ao Sócrates (sim, continuo a falar do mesmo).

Para além de um volume significativo de roupa para lavar, vim de lá com novas energias e um conhecimento factual do que foi bom e menos bom nisto de estar de férias sozinha. Com a generosidade que me é característica, mas sobretudo porque estou a fazer tempo para ir tomar banho, passo a descrever as vantagens e as desvantagens.

Ir de férias sozinha é bom porque:

- Fica-se na praia o tempo todo que nos apetecer. Mesmo todo, tipo, até ser de noite e começar a fazer um ventinho frio que nos põe a bater o dente. Sem ninguém que, 2 horas antes de nos apetecer vir embora já está a ladainhar Quando é que vamos embora? Já estamos aqui há horas. Vamos embora... Ainda vais tomar banho? Eu já não vou tomar banho. Se já não vamos tomar banho o que é que estamos aqui a fazer?... Vamos embora.... And soion and soion.

- Não se perde tempo às voltas com o carro à procura de um lugar para estacionar mesmo à porta do restaurante/praia/loja/seja onde for quando duas ruas mais abaixo há resmas de lugares disponíveis, sendo apenas necessário andar a pé 20 metros, se tanto.

- No seguimento do item anterior, percorrem-se calmamente a pé ruas, ruinhas e ruelas só para ver onde é que vão dar, mesmo que seja para concluir que não vão dar a lado nenhum em especial, apreciando as casas só pelo prazer de as ver e imaginando como seria ter uma delas, ali mesmo à beira da praia.

- Enfia-se o nariz em tudo o que são lojas de artesanato, roupas, lembranças, curiosidades e quinquilharias de um modo geral, em alguns casos mais do que uma vez, eventualmente até tomando a decisão de comprar alguma coisa, sem aquela pressão de olharmos para o lado e vermos o nosso companheiro de mãos nos bolsos a olhar o vazio e com uma cara de desespero que nos diz Estou a sofrerrrrrrrrrrrr!.................

- Lê-se muito. As saudades que eu tinha de ler um livro do princípio ao fim! Recomendado aqui, li isto com muita, muita satisfação e acabou por ser a melhor companhia possível nas manhãs e tardes que passei estendida ao sol.

Porém, ir de férias sozinha é mau porque:

- Chega-se a hora de sair para almoçar e jantar, e há qualquer coisa de melancólico em entrar num restaurante e dizer que é só uma pessoa e uma mala grande para sentar, se faz favor. Eu vivo sozinha, comer sozinha é o pão nosso de cada dia (olha que coisa tão apropriada, está giro), mas estar de férias e ter a cadeira à nossa frente vazia, sem ninguém com quem conversar, devo dizer, é uma bela merda.

- Numa zona tão pródiga em praias escondidas, cada uma com as suas belezas peculiares, esqueçam. Praias isoladas perdem todo o seu encanto quando se está sozinha. Eu fui lá, atenção. Mas chegando lá, começaram a surgir pensamentos do tipo, então e se agora me aparece aqui alguém mal intencionado? Então e se eu entrar no mar e me engasgar ou torcer um pé, quem é que me vale e quem é que sabe que estou aqui? A vaca que está lá em cima a pastar e me viu estacionar o carro não me pareceu ser muito dada a intrigas. Comecei a lembrar-me da Bridget Jones e do seu receio em que a encontrassem um mês depois de morta, meio comida por lobos da alsácia, agarrei nos trapinhos e voltei para as praias vigiadas, repletas de gente barriguda e crianças barulhentas. Estava-se melhor.

- Não há sexo. Quer dizer, isto é claro decorre de uma opção individual, se eu quisesse sexo tinha-o arranjado, já para não falar do próprio onanismo, que está no fundo dentro do espírito socrático e, como tal, na minha opinião devia ter mais reconhecimento pelo valor que tem. Mas partindo do princípio que ir para outro lado não significa ser outra pessoa, o facto é que não há sexo. E não haver sexo, especialmente quando se está de férias, fisica e psicologicamente disponível é, também, uma grande merda.

- Não há ninguém que nos chame à razão e trave as idas demasiado frequentes à gelataria, não há ninguém que nos espalhe creme nas costas, não há ninguém que chame a atenção para as coisas em que não reparámos mas que teríamos gostado de ver, se as víssemos.

- Não há partilha. E quando damos por isso, instalou-se uma saudadezinha irritante das coisas que diariamente nos irritam e nos dão vontade de estarmos sozinhos. Ou seja, estar sozinha de férias fez-me ter saudades de andar irritada. Sinceramente, essa parte foi uma coisa que me irritou um bocado.

Seguir-se-ão nos próximos dias alguns posts mais breves (ficai descansados) sobre pequenos episódios que me foram acontecendo. Mas no essencial é isto.

Em circunstâncias semelhantes, voltarei de certeza a ir de férias sozinha.

Irei já com o conhecimento de causa, de que a experiência é bastante melhor do que se espera, não sendo tão boa quanto se imagina.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Dúvidas da sociedade de consumo #4

Se já há ambientadores que esguicham o seu perfume para o ar quando pressentem movimento, qual será a especial dificuldade de criar um dispositivo semelhante para o autoclismo?

Um sistema que detecte movimentos ao redor da sanita e que accione o autoclismo automaticamente uns minutinhos depois, não deve ser uma coisa assim tão complexa de inventar pelos gajos que inventam estas coisas. A sério, espero sinceramente que isto já exista, porque uma coisa destas numa casa faz de certeza maravilhas pela relação homem / mulher.

Então isto não será uma coisa muito mais útil do que esguichinhos da treta para disfarçar o cheiro a casa-de-banho-de-centro-comercial-ao-fim-de-semana que invade a nossa querida casa de banho criteriosamente acabada de limpar e desinfectar, depois do nosso querido cada uma sabe muito bem que nome tem lá ter ido? E que, confrontado com a calamidade pela qual é responsável, tudo o que dá de resposta é um encolher de ombros e um descontraído esqueci-me...

Gente que inventa coisas. Pensem nisto. Ou melhor, mulheres que inventam coisas. Pensem nisto. Autoclismos com detectores de movimento. Accionados automaticamente.

Ah, a casa de banho do futuro liberta-nos de perseguir o impossível...

quarta-feira, agosto 18, 2010

Filosofia para massas (mas não menos relevante)

"As we drive along this road called life, ocasionally a gal will find herself a little lost. And when that happens, I gess she has to let go of the coulda, shoulda, woulda, bukle up and just keep going."
Carrie Bradshaw
(the one and only)

segunda-feira, agosto 09, 2010

Objectividade, no fundo

O meu endocrinologista pesou-me e concluiu que perdi 2 kgs em três meses.

As balanças nas farmácias dizem que eu tenho mais 1,5 kgs do que a balança do meu endocrinologista.

O meu endocrinologista diz coisas sobre o meu peso que fazem dele um homem extremamente atraente.

As balanças das farmácias estão calibradas de forma a deprimir-nos e a levar-nos a adquirir comprimidos de dieta. São umas mentirosas e não têm qualquer credibilidade.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Dúvidas da sociedade de consumo #3


O que é feito das canetas Pentel? Percorro Jumbos, percorro Modelos, Pingos Doces, Staples e nada de canetas Pentel. Onde andam elas? A marca faliu, mandou gente para o desemprego, o que é que foi que se passou? Sou obcecada por canetas de ponta fina e aquelas eram mesmo boas.

Dou alvíssaras na forma de canetas de variadas formas e feitios de ponta grossa que não me servem para nada, a quem me indicar superfície comercial na Grande Lisboa que tenha canetas Pentel.

Agradecida, do fundo do coração.

domingo, agosto 01, 2010

Dúvidas da sociedade de consumo #2

Porque é que há tanta gente aos gritos na publicidade das rádios*?

Julgo que os supra-sumo disto são os gajos da MediaMarkt, marca na qual me recuso solenemente a gastar um tostão que seja por causa das campanhas publicitárias para atrasados mentais que sistematicamente são produzidas. E é claro, por causa dos gritos.

Actualmente são as raspadinhas mais os saldos do Freeport que, a passarem constantemente, por vezes um spot a seguir ao outro, dão cabo da paciência a um santo. A sério, será que a malta que trabalha nisto acha que a falta de criatividade se compensa com gritaria? Ou que por não haver imagem só mesmo aos gritos é que se capta a atenção do ouvinte?

Tenho uma novidade para vocês: detesto gritos e não devo ser a única. Não raras vezes desligo o rádio no momento em que passam os spots por já não suportar mais tanta agressão auditiva. E depois esqueço-me de o voltar a ligar.


* Sou uma ouvinte de rádio preguiçosa. Aliás, nem posso dizer que seja ouvinte de uma rádio. Sou ouvinte do Pedro Ribeiro e como ele está na Comercial, é a rádio que ouço. No resto do tempo, tenho preguiça de mudar de posto. Mas julgo que para a questão em apreço, é tudo igual.

terça-feira, julho 27, 2010

Dúvidas da sociedade de consumo #1

Porque é que os produtos em promoção vêm embalados de tal forma que parece que, depois de os pagarmos, continuamos a não ter direito a eles?

Ele é um plástico duríssimo, ele é cola que para se tirar arranca os rótulos, quase destrói as embalagens... Eh pá, não querem vender aquilo àquele preço não vendam!...

Hoje para finalmente separar duas embalagens de champô Pantene, teve que ser com uma faca de cozinha das grandes, depois de concluir que à dentada não dava e com golpes de artes marciais também não... :-)

segunda-feira, julho 12, 2010

Que não se lixe o romantismo!



Muitos países deste mundo suspiram porque gostariam de estar no lugar da Espanha. Muitas mulheres deste mundo suspiram porque gostariam de estar no lugar da Sara Carbonero.

Que linda forma de terminar o Mundial de Futebol!! :-)

domingo, julho 11, 2010

Má onda

O Restaurante da Praia da Princesa, na Costa da Caparica, é provavelmente o sítio onde fui mais mal servida e mal atendida nos últimos anos.

Ao contário deste episódio, em que as bizarrias só deram mais charme ao local e aí sim, comemos principescamente, hoje fomos parar a uma espelunca em que tudo falhou. Trouxeram bebidas quando pedimos que só viessem com a comida e, quando veio a comida, a bebida não aparecia. Estivemos perto de uma hora à espera de quatro sardinhas e três carapaus, que ainda assim vieram mal grelhados, alguns ainda em sangue, impossíveis de comer. Quando perguntei por batatas cozidas (o peixe veio só com salada) fizeram um ar de pânico como se nunca tivessem ouvido falar, nos dias da vida, em batatas cozidas a acompanhar peixe grelhado. Quando vieram vinham quase cruas. Tenho o hábito de temperar com azeite e limão (vinagre em cru é coisa de que não gosto), pedi meio limão que, está claro, nunca chegou a aparecer. Levantámo-nos e fomos buscar pão a outra mesa, a bebida acabámos por ir buscar ao balcão, porque tudo o que pedíamos levava eternidades a chegar!...

Na mesa ao lado, outro desgraçado reclamava ainda com mais angústias que nós face à demora, já que tinha crianças a quem alimentar...

A sério. Que saudades da Praia da Mata, onde hoje não consegui estacionar. No restaurante de lá, a decoração é tosca, não há música ambiente, nem sofázinhos nem panos a esvoaçar à entrada. Mas a comida é boa e vem bem servida.

Fica o aviso à navegação. Restaurante da Praia da Princesa, na Costa da Caparica, é um sítio a evitar. Por mim, a visita valeu por três: foi a primeira, a única e a última...

quarta-feira, julho 07, 2010

Esta insatisfação

Os dias tranquilos são os que se passam de bem com o presente que temos.

Os dias intranquilos são quando o passado nos faz recordar, com saudade, de um presente que nunca chegou a ser.

O futuro é aquilo que ainda não foi, não se pode contar com ele. Mas impõe-se na intranquilidade dos dias e pergunta por vezes, que futuro serei eu, se este presente deixar de te bastar.

sexta-feira, junho 18, 2010

1922-2010


Julgo já ter dito em momento anterior que no ano de 1988, para o bem e para o mal, me transformei eu na pessoa que sou hoje, e a isso não foram alheios os professores que me calharam naquele ano escolar, nem tão pouco os livros que na altura me pus a ler. Foi numa das muitas incursões que nessa altura fiz à biblioteca da minha escola que, aos 16 anos de idade, li pela primeira vez O Memorial do Convento.

Como quem roda a chave numa fechadura, aquele livro abriu portas dentro da minha cabeça que eu não sabia que existiam. Hoje, sentada aqui no meu escritório de casa, olho para a prateleira onde tenho perfiladas as obras do José Saramago que pela minha vida fora têm continuado a abrir-me portas e janelas na cabeça: Terra do Pecado (Romance); Os Poemas Possíveis (Poesia); Provavelmente Alegria (Poesia); Deste Mundo e do Outro (Crónicas); A Bagagem do Viajante (Crónicas); O Ano de 1993 (Conto); Manual de Pintura e Caligrafia (Romance); Objecto Quase (Contos); A Noite (Teatro); Levantado do Chão (Romance); Que Farei com Este livro? (Teatro); Viagem a Portugal (Crónicas); Memorial do Convento (Romance); O Ano da Morte de Ricardo Reis (Romance); A Jangada de Pedra (Romance); A Segunda Vida de Francisco de Assis (Teatro); História do Cerco de Lisboa (Romance); O Evangelho Segundo Jesus Cristo (Romance); In Nomine Dei (Teatro); Cadernos de Lanzarote I a V (diário); Ensaio Sobre a Cegueira (Romance); Todos os Nomes (Romance); Discursos de Estocolmo; O Conto da Ilha Desconhecida (Conto); Folhas Políticas 1976-1998 (Crónicas); A Caverna (Romance); A Maior Flor do Mundo (Conto); O Homem Duplicado (Romance); Ensaio sobre a Lucidez (Romance); Don Giovanni ou O dissoluto absolvido (Teatro); As Intermitências da Morte (Romance); As Pequenas Memórias (Memórias); A Viagem do Elefante (Romance); O Caderno (Blog); Caim (Romance). Olho para todas estas obras e pergunto-me se, por esta altura, já terão decidido ou não decretar o luto nacional. Arrisco-me a pensar que o próprio José Saramago daria pouco ou nenhum valor a tal decisão, vá ela num sentido ou noutro. Imagino-o a dizer aos senhores ministros que não se incomodem em reunir-se só por causa da simples morte de um escritor, ainda para mais quando, por este dias, têm tantas coisas importantes em que pensar.

Volto aos livros. Ao primeiro que li, O Memorial do Convento. Que reli vezes e vezes sem conta e que tantas vezes me fez rir e chorar. Recordo como me emocionei há uns anos atrás quando, no Palácio de Mafra, assisti a esta história contada em Teatro, essa mesma história que vi há poucos dias, numa Escola Secundária, representada por jovens alunos que ainda apenas puderam dizer as palavras, sem maturidade para compreender tudo o que elas significam. Mas lá chegarão, estou certa, assim não lhes falte a vontade que põe passarolas a voar.

Volto ao Levantado do Chão, que me ensinou coisas de um tempo que os meus olhos já não viram. Coisas de quando estivemos atirados ao chão e tivemos que nos levantar. Sim, é claro, é panfletário, o homem eram comunista. Pois era. Mas "se podes olhar, vê. Se podes ver, repara" (Ensaio sobre a Cegueira). A pensar pela minha cabeça, ouvi a história que o Saramago me contou.

Volto ao Evangelho Segundo Jesus Cristo, tal como os anteriores, colado na lombada com fita cola, páginas amarelas e gastas do uso. Ao Ensaio Sobre a Cegueira, assinado pelo próprio a 26 de Outubro de 1995, guardo-o com carinho, mesmo não sendo muito dada a autógrafos.

Já se sabe que mais tarde ou mais cedo todos morremos, e hoje morreu ele. Então eu acho que a maior homenagem que se lhe pode prestar é lê-lo, sem complexos de ordem política ou religiosa, sem puritanismos de linguística e de amor aos pontos e às vírgulas e aos travessões e aos parágrafos. Porque o que vai naquelas páginas é muito superior a tudo isso.

"Enquanto não alcançares a verdade, não poderás corrigi-la. Porém, se a não corrigires, não a alcançarás. Entretanto, não te resignes." (História do Cerco de Lisboa). Julgo que não se resignou ele, isso não se lhe poderá apontar. A sua herança, para todos quantos apreciem a sua obra, será talvez esta condição de não-resignação, mesmo que por vezes a resignação fosse o mais dócil dos caminhos.

Não falemos por isso da imortalidade da sua obra, do valioso património cultural que deixa a este País, da referência literária mundial que representa, ou outras eventuais palavras de peso, com todas as vírgulas nos seus devidos lugares (nada de maluqueiras à Saramago), que amplamente serão ditas pelos próximos dias afora.

Quanto a mim, prefiro recordar-me de mim própria com os tais 16 anos, sentada cá fora nos intervalos das aulas a ler o Memorial do Convento, deslumbrada com os mundos que tinha por descobrir. Prefiro falar das vontades.

"Dentro de nós existem vontade e alma, a alma retira-se com a morte, vai lá para onde as almas esperam o julgamento, ninguém sabe, mas a vontade, ou se separou do homem estando ele vivo, ou a separa dele a morte, é ela o éter, é portanto a vontade dos homens que segura as estrelas, é a vontade dos homens que Deus respira (...)" (Memorial do Convento).

Para o José Saramago

domingo, junho 13, 2010

Demasiado tempo entre mãos

(mudei o layout desta porra. Queria personalizar isto um bocado mas quanto mais mexo pior fica. E já não consigo voltar para o modelo antigo que tinha. Agora isto parece que não é o meu blog. Mas que se lixe, agora fica como está. Vou-me deitar. Ou jogar mais supaplex.)

sábado, junho 12, 2010

O vício, meu deus

Não sei se isto está ao nível de cromo para a caderneta do Nuno Markl. Só sei que voltou um enorme vício da minha adolescência, o Supaplex! Eternamente grata a quem mo instalou de volta, já são muitas as horas dedicadas a este jogo que corre em MS DOS, do mais básico que há (para alguns), mas que a mim me fascina, enerva, vicia até não poder mais. Já nem a internet me diz nada, meus amigos. Melhor que isto, só mesmo se voltasse um jogo de pinball que era com um dragão, e que também recordo com saudade.

PlayStation o quê? Vão-se lixar. Supaplex. Grande domínio.

domingo, junho 06, 2010

Up your ass

São os meus sinceros votos para o responsável, na sua génese, pela ideia das vuvuzelas.

sexta-feira, junho 04, 2010

Do Alentejo profundo

Fim de semana em Moura, restaurante de qualidade, conversa com empregado de mesa digna de suquete do Gato Fedorento.

Primeiro momento não sei quê:
Nós: para beber, queremos litro e meio de água...
Ele (com ar circunspecto): A questão é que só há garrafas de litro e meio de plástico...
Nós: Então, mas... por nós tudo bem...
Ele (explicando-se finalmente): Sim, mas por lei não podemos ter garrafas de plástico (novo ênfase no plástico, com ar ligeiramente enojado), só podemos ter de vidro, e de vidro a maior é de um litro...

Segundo momento não sei quê, já depois de adjudicada a garrafa de vidro de um litro de água:
Nós: Queremos o lombo de porco...
Ele (escandalizado): Lombo de porco? Mas nós não temos lombo de porco!...
Nós: Não tem? Mas ainda agora disse que havia, até está escrito na ementa e tudo...
Ele: Não, não, temos lombinhos de porco, não é a mesma coisa...
(e de facto, não é)

Terceiro momento não sei quê, com água em garrafa de vidro e dose generosa e de lombinhos de porco na mesa:
Nós: Podia trazer metade de um limão, se faz favor...
Ele (abana consternado a cabeça em negativa, como se tivesse acabado de lhe morrer um parente próximo)
Nós (já com medo do que é que ali vem, questionando-nos que alarvidade gastronómica teremos acabado de cometer, ao querer juntar limão aos lombinhos de porco depois de termos começado por os insultar tratando-os por lombos)
Ele (esclarecendo, de novo com um certo delay, a razão do seu desapontamento): Peço muita desculpa mas não temos limão, acabou-se...

Suspirámos de alívio e continuámos a comer, que a comida era maravilhosa. E o atendimento também, temos é que dar tempo ao tempo. Amanhã vamos lá outra vez!... :-)

quinta-feira, junho 03, 2010

quarta-feira, maio 12, 2010

Eu não ACREDITO...

... Que mataram o Sayid! Não, não, é demais para mim, eu não aguento... De uma maneira tão estúpida, tão estúpida...

Estou com verdadeiro e profundo ódio aos autores de Lost. Se é para matar toda a gente não vale a pena ver isto até ao fim, xiça!!!

domingo, abril 25, 2010

Todo o mundo é composto de mudança

Eram unha com carne. No caminho para a escola, sentadas lado a lado nas aulas durante anos, no recreio, nas horas livres, as melhores amigas desde sempre.

Depois, é claro, veio a vida. A adulta, bem entendido, que antes dessa também de vida se tratava. E daí, talvez não fosse.

Será que se pode chamar vida àquele planar inconsciente pelos dias, pelas estações do ano, em que quase nada era exigido, todos nos protegiam dos males do mundo e por isso o pior que nos podia acontecer era sermos enfarinhadas pelo Carnaval. Será que se pode chamar vida a uma existência em que tudo o que interessava era que ao fim-de-semana havia desenhos animados e tortas com creme (e nunca mais, nenhuma terá o sabor que aquelas tinham), e o bife com batatas fritas já vinha cortado e sabia ao amor com que nos era posto no prato. Vida seria, mas numa estranha forma, porque a simplicidade do mundo era o desconhecimento do mundo, e por isso é que, necessariamente, quando se alcança uma coisa perde-se a outra, afinal não é preciso ler a bíblia para ficar a conhecer a história de Adão e Eva, olhe-se para uma criança e lá estará.

Onde isto nos levou, onde nos levará. Falava-se de duas amigas de infância, as melhores do mundo, que à medida que o foram descobrindo, se foram afastando. Esta é afinal a mais banal de todas as histórias, repetidamente acontecida na vida de qualquer um de nós.

Reencontraram-se estas amigas algures no tempo, e no olhar de ambas uma alegria genuína pelo reencontro, mas também uma certa amargura por tudo o que já não existe. Veio à memória o tempo em que tudo era simples, porque quase nada se sabia, apenas as letras das canções das doce, cantadas nos intervalos para toda a escola ouvir. As duas amigas inseparáveis permanecem nesse tempo, nessa vida, não nesta.

Nesta vida, a adulta por assim dizer, resta apenas a conversa de circunstância. Pergunta uma, no que é que trabalhas, e a outra responde, não trabalho, tenho filhos. E pergunta a outra por sua vez, já tens filhos, e a resposta é que não, tenho um trabalho. Nesta vida de gente crescida, estas duas mulheres já não têm nada em comum.

Mas não façamos da vida adulta a grande culpada de todos os males. Existe, ainda assim, a vontade. O livre-arbítrio. Foram este e a falta daquela os verdadeiros responsáveis pelo fim da amizade que, a dado momento, se deixou de cultivar. Não se colhe aquilo que não se semeia.

Quando nos pomos a pensar nisso, vivem-se muitas vidas pela vida fora. E encontram-se muitas pessoas diferentes, por vezes várias dentro da mesma pessoa. Começando em cada um de nós, todo o mundo é composto de mudança.

domingo, abril 18, 2010

A verdadeira revolução tecnológica

... E ao mesmo tempo um importante passo nos caminhos da igualdade: uma engenhoca de fazer ecografias pélvicas que não obrigue as mulheres não grávidas a irem para lá a torcer as pernas e com a bexiga prestes a rebentar.

A sério. Com tanta tecnologia a germinar por aí e ainda ninguém foi capaz de se concentrar neste problema? Hein?...

Havia outra maneira de contornar a questão, era os exames realizarem-se realmente nas horas para que estão marcados, mas isso julgo que já é esperar demasiado do mundo em que vivemos. Venha de lá a tecnologia super avançada que não obrigue a gente a ir para lá aflitinhas.

E a ter que ir a correr para a casa de banho dois minutos antes de finalmente nos chamarem.

E a ter que voltar a emborcar água como se não houvesse amanhã para nova espera interminável que por pouco não resultava num remake do cenário anterior...

A vontade das mulheres em não terem que passar esta provação é tal que chega a gerar mitos urbanos: uma colega contou-me que ouviu falar de uma pessoa que conhece uma médica numa clínica que consegue fazer ecografias a mulheres não grávidas, sem que elas precisem de encher a bexiga.

Pois, pois. Por onde andará essa messias dos exames ginecológicos?...

domingo, abril 04, 2010

Superstar

Sempre que chega a Páscoa lembro-me desta obra de génio. Qual Dan Brown qual carapuça, quem atentar nas letras deste musical encontra muitas das questões em aberto, para quem não se contenta com a versão que a Igreja quer (em muitos momentos da História à força) que seja a única em que acreditemos.

"Everything's Alright" é mais um exemplo. Um Jesus apaixonado e sem ilusões. Um Judas comunista. E uma mulher a fazer o que as mulheres sempre fizeram pelo tempo fora: tentar que o mundo permaneça em equilíbrio. Para que tudo fique bem, quando enfim, na realidade, não está nem vai estar. Porque a vontade das mulheres também não chega.

Try not to get worried. E Boa Páscoa.

quarta-feira, março 31, 2010

Choque de gerações



... Deve ser isto. Quem são estes, ou estas, ou assim-assim? Hein? Uma palavra: porquê?

Mas no fundo compreendo, a sério.

Tempos houve em que achava que todos os homens lindos eram heterossexuais, incluindo estes:

E que queriam ambos casar e ter filhos comigo.

Só muito mais tarde vim a saber a terrível verdade e por isso tenho pena das pobres criaturas acampadas no Pavilhão Atlântico (e também tenho pena dos pais delas, mas isso seria outro post), ainda ofuscadas pelo volume e pelo gel fixante.

Mas ainda hoje acho o artista um excelente artista, atenção.

E sei as letras todas de cor.

quarta-feira, março 17, 2010

Trocas-te



A speaker prepara-se para anunciar um qualquer evento. Descobre naquele preciso momento que não sabe onde está, ignora que iniciativa é aquela, desconhece o nome das pessoas a quem irá passar a palavra e quando o tenta fazer, falando de improviso, fá-lo tão mal que ao tomar da palavra, a individualidade abdica do seu próprio discurso e do assunto que a trazia ali, para pedir desculpas publicamente pelo mau desempenho da speaker, assumindo a responsabilidade pela má imagem transmitida, em nome da instituição que representa. Acordei com suores frios, na noite em que sonhei isto. E suei frio ontem à noite quando vi este episódio, porque desgraçadamente, alguém passou na vida real por aquilo que - acredito -, seja o pesadelo de qualquer pessoa que faça apresentação de eventos.

Façam os juízos de valor que quiserem, quem os quiser fazer. Isto é mais ou menos como os acidentes de carro, só não os tem quem não conduz ou não anda de automóvel. Quem faz este trabalho não está livre, e não é assim tão improvável de acontecer.

Não sei se foi isto que sucedeu. Mas estou mesmo a imaginar as brincadeiras na fase de testes de som, os nomes que se dizem quando ainda não está ninguém na sala, eventualmente até algum excesso de confiança porque já se fez a mesma coisa tantas e tantas vezes, o diabo do piloto automático, no fundo...

Não conheço a pessoa de lado nenhum. Estou completamente a especular mas não acredito, de todo, na teoria da conspiração de que aquilo foi de propósito. A não ser que o speaker conjugue um ódio profundo ao Eng.º José Sócrates (Sócrates, Sócrates, Sócrates...) e, simultaneamente, um prémio no euromilhões na passada 6.ª Feira. De outra forma, quem por vontade própria faz aquilo no desempenho da sua própria profissão?

Agora, este episódio é paradigmático e semelhante ao que se costuma dizer dos jornalistas, de que quando estes últimos são eles próprios a notícia, algo vai mal. Também neste caso estamos perante um trabalho em que a perfeição está na invisibilidade. Se ficou bem feito, não existe. Se algo corre mal, aparece no Jornal da Noite.

Vão daqui umas palavrinhas de solidariedade a quem teve este grande azar. Eu por mim, não me consigo rir disto, porque só posso imaginar a aflição que deve ter sido. De resto, peço aos santinhos todos para que não me aconteça a mim...

quinta-feira, março 11, 2010

Duzentas mil!!!...

... e trezentas e não sei quantas! Visitas! Já houve tempos em que eram mais, já houve tempos em que eram menos, e apesar do intervalo entre posts ser cada vez maior, especialmente nos últimos dois anos, é incrível como é que, todos os dias, cá vêm parar cerca de 150 pessoas.

Já reflecti muito sobre o que fazer com este espaço, hoje em dia não tenho, de forma alguma, o mesmo tempo e a capacidade mental para me dedicar a ele que já tive e que gostaria de continuar a ter... Já pensei em fechar a porta aqui e abrir outra chafarica noutro lado qualquer, chamada "mulherdomedico.blogspot.com", ou assim (a sério, lembrei-me disto agora, se existe algum blog chamado assim, não sou eu), já pensei em desistir por completo, mas a verdade é esta. Adoro a blogosfera.

Sim, sim, o Facebook e não sei quê, também ando por lá, é giro e tal, do Twitter não percebo nada (embora a nível profissional tenha a certeza que não pode ser ignorado), mas este site mais simples do que pode haver, de layout despretencioso que eu nunca me dei sequer ao trabalho de mudar, esta possibilidade de estar aqui no conforto da minha casa a escrever aquilo que me apeteça, sabendo que nas próximas horas, nos próximos dias, gente do Brasil, dos Estados Unidos, por uma qualquer razão ou por razão nenhuma virão aqui parar e tomar contacto com o que eu tenho a dizer, e ainda por cima, poderem dizer de sua justiça, é algo que me agrada muito, muito. É extraordinário.

Tinha pensado, se tivesse tempo (que não tenho), recompensar os meus 200.000 leitores com algo de diferente, uns contos um pouco mais longos do que aqueles que aqui coloco sob o item "verdades ficcionadas". Quando dei por mim já isto ia em 200 mil e 300, e um desses contos que vai sendo preparado continua rabiscado e muito, muito pela rama. Ou seja, perdeu-se a oportunidade.

Dir-me-ão, então e não tens outros já feitos, a verdade é que sim, que os tenho. Mas também por outro lado, receio pelos plágios e de maneiras que a coisa vai andando mais ou menos assim. Pode ser que um dia destes esta chafarica traga algo de verdadeiramente interessante do ponto de vista literário. Ou não.

Para já, para já, era isto. Muito obrigada, do fundo do coração, e continuem à procura, olhem que há por aí uns blogues que são mesmo, mesmo bons, aliás, alguns deles estão já aqui indicados na barra da direita.

PS: Já agora, esta história do acordo ortográfico é uma bela merda.

domingo, fevereiro 28, 2010

38


"Bem sei que as meias solas que deitei
Nas botas aprazadas não resistem
À calçada do tempo que discorro.

Talvez parado as botas me durassem,
Mas quieto quem pode, mesmo vendo
Que é desta caminhada que me morro."

José Saramago, Os Poemas Possíveis

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Sinto-me perdida


Especialmente porque ainda não vi a Temporada 5. E portantos, estou perdida no sentido literal.

E perdida também por estes olhos negros, esta tez morena, o ar desalinhado, a barba por fazer e tudo e tudo de um modo geral neste indivíduo.

De maneiras que se matam o Sayid não sei o que faço a esta gente. Tou já a avisar. Não se metam com uma mulher quando todas as hormonas do seu corpo gritam "procria, procria, que os indianos é que têm bons genes!"

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Mas é que eu acredito mesmo nisto #2

Os fins-de-semana deviam ter três dias sempre. A sério. Não me importo de trabalhar cinco dias, mas o fim-de-semana, devia ter três dias.

Semanas de oito dias, já.

Como é que se faz uma petição no facebook para isto?

Mas é que eu acredito mesmo nisto #1

Independência para a Madeira, já. A sério. Porque é que não se tornam num estado independente?

A Madeira assim governava-se com a própria receita e livrava-se dos erros catastróficos do País de origem. O Continente livrava-se da despesa. Não era bom para todos?

Como é que se começa uma petição no facebook para isto?

sábado, janeiro 30, 2010

Falar é fácil!...



Se calhar já não é novidade para muitos, mas eu só vi isto ontem à noite e fez-me rir à gargalhada. Um conceito muito bem pensado. :-)

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Piloto Automático

E digo isto perfeitamente consciente do perigo. Mas o facto é que na maior parte dos dias, no regresso a casa, sinto que venho no mais completo "piloto automático".

Entro no carro, ligo o carro e desligo a mente. Só torno a ligá-la quando estaciono ao pé de casa. Tento pensar no trajecto e não me recordo de nada, é como se estivesse naquele filme em que o tipo tinha um comando e fazia "fast foward".

Durante aquele percurso, a cabeça vagueia pelo que foi, pelo que está para ser, pelos dias que faltam para o fim-de-semana, pelas histórias que vejo na televisão e pelas que quero eu inventar, em suma, pelos mundos que não cabem dentro do automóvel. No entretanto, só uma parte muito restrita do cérebro reage às luzes de stop e aos semáforos, mete mudanças, trava. E quando chego, olho para trás e não sei dizer nada daquele pedaço de tempo que passou por mim, sem que eu passasse por ele.

É certo que o caminho é curto (apenas 9 kms) e já se percorre diariamente há muitos anos. E é também verdade que vou muitas vezes muito cansada. Mas ainda assim, preocupa-me este modo de piloto automático em que caio quase sempre, e preocupa-me também o esforço de concentração brutal que tenho que fazer, para o combater.

Um dia destes ainda sou obrigada a acordar à bruta, é o que é. Uma coisa é certa: o carro não sabe o caminho sozinho.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Era o vinho, senhor, era o vinho

E era bom, por acaso. Um litro e meio dele, oferta de Natal.

A garrafa esperou pacificamente o meu regresso ao local de trabalho, onde me aguardava. Comigo saiu a caminho de casa, viajou na bagageira do carro, esperou mais um pouco pelo meu regresso da aula de ginástica, qual será hoje o meu destino, poderia pensar, se houvesse a possibilidade das garrafas de vinho pensarem. Mesmo as de litro e meio não chegam a tanto.

Lá veio comigo pela mão até à entrada do prédio, a caixa com a garrafa, a mochila da ginástica ao ombro, a mala de mão (gira!) também oferecida pelo Natal, a caixa da sopa para comer a seguir à ginástica (numa vã ilusão de alimentação saudável) também na mão, outra malinha de mão com coisas necessárias quando se passa a noite fora de casa...

Ora deixa cá ver. Duas mãos. Quatro coisas nas mãos e outra no ombro. Caixa do correio. Necessário chegar às chaves de casa para abrir a caixa do correio. Mudança de coisas de umas mãos para as outras porque está a chover e tudo o que se põe no chão fica enlameado. Capacidade de raciocínio: igual à da garrafa de vinho, ou seja nenhuma.

Resultado previsível: caixa de vinho caída no chão. Mar de vinho tinto surge repentinamente à porta do prédio. E um cheiro a taberna que não se aguenta. Donde se conclui que o vinho, quando cai ao chão, não vale a pena ser bom, que cheira a taberna na mesma.

Litro e meio de vinho. Se era para cair, uma de 75 cl tinha dado menos trabalho a limpar... Mas do mal o menos. Dizem que é sinal de boa sorte a nível económico! Pelo sim pelo não, registei o euromilhões logo nesse dia, que isto não foi um entornãozito pequenino, isto foi um entornanço de vinho que tem obrigação de render muito dinheiro!...

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Do ano novo

É de notar como os anos novos são sempre muito sobrecarregados pelas pessoas. Ainda se está na contagem decrescente, ainda nem se registaram os primeiros segundos, titubeantes como é de esperar de qualquer coisa que acabou de nascer, e já para ele projectamos todas as nossas expectativas, esperanças, confianças, não esperamos do novo ano nada de mau, apenas tudo de bom, maravilhoso, perfeito. É muita pressão para qualquer recém-nascido. Desilude-nos sempre, é inevitável, mas a culpa não é do ano novo, a culpa é nossa, que colocamos a fasquia demasiado elevada.

Não fujo à regra. Sobretudo quando a primeira coisa boa que encontro em 2010 é que finalmente acabou com 2009. Ponho os olhos neste renascimento da fénix com data marcada no calendário e desejo, com todas as minhas forças, que o ano novo traga vivências mais felizes. Mesmo sabendo que os acontecimentos importantes da vida não se compadecem de datas marcadas no calendário. Os acontecimentos que realmente mudam alguma coisa, às vezes para melhor, às vezes para pior, não estão à espera de dias feriados, meses específicos ou fins-de-semana em que dê mais jeito. Acontecem e pronto, e não temos outro remédio que aguentarmo-nos à bronca, porque nessas alturas já ninguém está de copo de champanhe numa mão e 12 passas na outra.

Que seja melhor, deseja-se sem dúvida. Mas sem muita pressão sobre o infante ano. Há elevadas possibilidades de ser pior que o anterior. E não se lhe poderá atirar muitas culpas para cima.

Apenas uma certeza: é em cada momento determinante, em que o ano novo deixa de o ser, que se vê de que matéria é feito. O ano. Nós próprios.