Ontem de manhã, enquanto assistia à realização de provas de conhecimento de um concurso para a entrada na Função Pública, pus-me a pensar que já lá vão alguns anos desde o tempo em que eu própria estive "daquele lado".
Tive muita sorte. Entrei para os quadros sem grande esforço, e até sem ter grande consciência da importância que isso poderia ter na minha vida. Tinha 20 anos, fiquei em 22.º lugar no concurso. Naquela altura as carências de pessoal eram muitas, e ninguém falava em cortar despesas.
As minhas dificuldades vieram depois, também não perderam pela demora, e foi a pulso que me afirmei profissionalmente. Tive que prestar mais provas, de conhecimento e das outras, provas de profissionalismo, provas de carácter, provas de nervos, muitas vezes. Nada de especial, no fundo fiz-me à vida. E mais uma vez tive sorte. Os obstáculos foram muitos mas também houve quem me ajudasse a ultrapassá-los. A gente precisa sempre de alguém que nos ajude.
Olhando para trás, parece que esse tempo em que estava na mesma posição daqueles concorrentes de ontem, está a 300 anos-luz de distância. Hoje em dia ocupo o meu lugar confortavelmente, e sei que podia apenas instalar-me e deixar o tempo passar, usufruir do que conquistei. Mas não dá.
Quem aos 20 anos me ensinou a trabalhar, sempre disse umas palavras sábias de "puta velha" (no bom sentido). Dizia ela, faças o que fizeres, não calces as pantufas, que é como quem diz, parar é morrer. Com apenas 13 anos de carreira, longe de mim a ideia de calçar as pantufas. Quero mais, posso mais, preciso de mais. E por causa disso, vejo-me novamente num qualquer ponto de partida, que felizmente não é já nenhum dos que já passei, mas outro.
Tenho tido sorte. Espero continuar a tê-la. E gente para me ajudar. Afinal não estou num plano assim tão diferente das pessoas que prestaram provas ontem, cá ando a fazer pela vida, que por enquanto ainda é cedo para calçar as pantufas.
PS: É muito triste, por outro lado, saber que daquele grupo de concorrentes só podemos escolher um. E saber que se viessem 2 ou 3 havia trabalho para todos. Fico a perguntar-me que mais-valias teríamos, em termos de serviço, que resultados poderíamos obter se escolhêssemos, não o melhor, mas os 3 melhores, para virem trabalhar connosco. Se pudesse ser assim em todo o lado. Será que os níveis de desenvolvimento que obtínhamos não compensariam o acréscimo da despesa pública?...
6 comentários:
Fazendo as contas estás na casa dos 30, correccto? Tmabém começei a trabalhar nessa altura e não era só na função pública que as coisas eram menos complicadas. Era em todo o lado. Se houve coisa que na altura não tinha era dificuldade em arranjar trabalho. Andei uns bons 6 anos a saltitar de um lado para o outro até me fixar à 11 na palhota onde trabalho ainda hoje. e tenho a perfeita noção de que se um dia saír daqui me vou ver grega para arranjar outra coisa!
Atão não é que eu farto-me de tentar calçar as pantufas, até porque às vezes é o que já me apetece, e não consigo!...
Dá-me uma crise de nervoso e lá vou eu salvar o mundo (do trabalho) que até parece que comecei a trabalhar agora...
E mesmo tentando não pensar nisso, já ando nestas e noutras guerras há 27 anos, UFA!
Viva a reforma, ou seja, viva o espírito da reforma!
Viva quem não se rala, que são sempre os mais espertos!
Vivam os incompetentes, que são eles que sobem nas carreiras (não nos autocarros)!
Vivam os lambe botas (lambe tudo o que houver), que são eles que também sobem nas carreiras!
Vivam as galinhas, que são elas que também sobem nas carreiras, seja lá qual for a posição escolhida (para a subida, claro)!
Enfim, e retirando a parte do dinheirito, ai que contente que eu fico com minha evolução-zita, e por este frenesim interior que não me deixa calçar as pantufas. Acrecentando-se que toda a minha subida foi sempre de pé(nada de maus pensamentos), ou seja, sempre verticalmente comigo própria e com os outros. AH! Suas mentes depravadas.
GANDAS VELHAS!!!!!casas dos 30, 40.....
Ai a nostalgia!!!!!
Eu que estou aki farta de aturar stores de meia idade, burros k nem um calhau(ainda para mais temos de ser nós a explicar a matéria)e sem ganhar nenhum com ixo e ainda oiço coisas destas!
PANTUFAS?Tá certo até tem andado fresco e tudo!Se não as calçarem apanham uma constipaxão e não podem ganhar o dinheirinho e dpois como é k é!BLIMUNDA TENS UMA SOBRINHA não para criar mas PARA MIMAR!!!
VIVA OS XUTOS!!!e a minha tia....e o pai do amigo da minha tia!
"E saber que se viessem 2 ou 3 havia trabalho para todos", porque é a função pública. Se fosse uma empresa privada despediriam 5 ou 6 dos que aí trabalham e os outros que ficassem lá teriam que suportar as consequências. Ou estou enganado?!
Também há cá desses, Alexandre, não te retiro a razão. Mas olha que, já sem contar com esses que podiam ir à vida, continuava a haver trabalho para mais uns tantos. Por isso é que, doa a quem doer, sou a favor da avaliação dos funcionários públicos com base no desempenho e nos resultados.
Estou à espera do governante que tenha tomates para levar isso a sério e avançar com a coisa. É uma guerra do caraças, não duvides, mas a ser feita como deve ser, sem caça às bruxas, pode vir a rentabilizar alguns recursos.
E anda aí muito funcionário público a precisar de um apertão, a ver se descalça as pantufas! Lá isso é verdade...
Já viste, se houvesse avaliação dos funcionários públicos ficariamos sem governantes, presidentes de câmaras, etc. Se calhar é por isso que eles não avançam com essa ideia:)
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